Paraguai: crise sanitária e insurreição popular contra o governo genocida

O povo paraguaio toma as ruas da capital Assunção, Cidade do Leste, na fronteira com o Brasil, e outras cidades do país desde o início desse mês de março para derrubar o governo neofascista de Mario Abdo Benítez, reacionário neoliberal que assim como seu aliado Jair Bolsonaro, faz uma gestão desastrosa e genocida da pandemia de Covid-19 no país. Sob os gritos de “Que se vayan todos” e “ANR nunca más” (sigla do Partido Colorado) o povo em revolta fez a polícia de Assunção recuar exigindo a saída do presidente, o fim da corrupção, a vacinação em massa da população, melhores condições para atendimentos aos doentes, visto que assim como o Brasil, o Paraguai tem seu sistema de saúde colapsado e vacinou apenas cerca de 0,1% da população até agora. Mario Abdo Benítez, filho do braço direito do ditador, pedófilo e estuprador Alfredo Stroessner, que comandou a brutal e corrupta ditadura mais longa da América do Sul entre 1954 e 1989, tentou vender seu governo como um modelo de gestão da pandemia em 2020, usando as medidas sanitárias para aumentar a repressão contra o povo pobre. Após o relaxamento das medidas no segundo semestre de 2020 o país assistiu um aumento vertiginoso dos números de internados e mortos por Covid-19, além de registrar diversos casos de corrupção com os recursos da saúde pública. Com o início das manifestações combativas do sofrido povo paraguaio, Mario Abdo que se encontra encurralado e refém da ala do Partido Colorado comandada pelo oligarca reacionário e ex-mandatário Horacio Cartes, para evitar um impeachment tenta se segurar no cargo demitindo o ministro da saúde, seu chefe de gabinete e pedindo para que outros ministros entreguem os cargos. O levante popular que demonstra a coragem e a disposição heroica do povo enfrentando a repressão acontece de forma espontânea, com atos autoconvocados pela internet, a despeito do imobilismo, como aqui no Brasil, da esquerda institucional paraguaia. O governo reacionário de Mario Abdo Benítez já havia enfrentado fortes protestos com o escândalo de corrupção envolvendo o governo Bolsonaro e a hidrelétrica de Itaipu em 2019, quando o governo brasileiro usou inclusive como moeda de troca presos acusados de relações com a organização insurgente Exército do Povo Paraguaio (EPP) que se encontravam encarcerados no Brasil. A Asociación Nacional Republicana (ANR) que é nome oficial Partido Colorado, é o mesmo partido fascista da ditadura sanguinária de Stroessner que atualmente é dominado por duas alas conservadoras, uma ligada ao ex-presidente corrupto e fascista Horácio Cartes e outra ao próprio Benítez, que é também responsável pelo assassinato brutal e desaparecimento das crianças da família Villalba. Lilian Mariana Villalba e María Carmen Villalba, ambas de 11 anos, foram assassinadas no dia 2 de setembro de 2020 em uma operação da corrupta e narcoterrorista Força Tarefa Conjunta (FTC), que também sequestrou a menina de 14 anos, Carmen Elizabeth Oviedo Villalba, vista pela última vez no dia 30 de novembro de 2020, além disso o governo Benítez prendeu Laura Villalba. Lilian e María Carmen eram filha e sobrinha de Laura, assim como, sobrinhas de Carmen Villalba. Carmen Elizabeth é filha Carmen Villalba e Alcides Oviedo, comandante do EPP e preso político. Desde a prisão, Carmen Villalba que é porta-voz do EPP e enfrenta um complô jurídico-midiático juntamente com Alcides e outros presos políticos epepistas, enviou uma carta às mobilizações populares onde que afirma que “democracia com fome, sem trabalho, sem saúde, sem terra, sem moradia não é democracia, é ditadura do capital e sua elite parasita que eterniza este mal sobre as grandes maiorias populares. Hoje, apenas um objetivo deve nos manter unidos. Todo o poder ao povo pobre mobilizado e organizado. Por uma assembleia popular permanente e mobilizada, até que colocar absolutamente todos para fora. […] Revolução ou revolução!”

Memória e justiça: 7 anos do assassinato brutal de Cláudia Ferreira

Cláudia Silva Ferreira, conhecida como Cacau, era mãe de quatro filhos e cuidava de outros quatro sobrinhos. Foi assassinada pela Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro quando caminhava para comprar comida para seus filhos na manhã do dia 16 de março de 2014. Morta pela PMERJ durante uma operação no Morro da Congonha, zona norte do Rio de Janeiro, Cláudia Silva Ferreira teve seu corpo colocado dentro da mala da viatura pelos PMs, que alegavam prestar socorro, e durante o trajeto o porta-malas do carro abriu, o corpo de Claudia caiu na pista e ficou preso por um pedaço de roupa, resultando nas imagens brutais do seu corpo sendo arrastado por 350m na estrada Intendente Magalhães. A trabalhadora negra, que era auxiliar de serviços gerais em um hospital, foi assassinada aos 28 anos. Até hoje os policiais que mataram Cacau seguem impunes, todos os envolvidos seguem trabalhando normalmente na PMERJ, sem receber qualquer tipo punição criminal ou administrativa. Durante esses 7 anos de processo, apenas uma audiência sobre o caso foi realizada. Respondem pela morte de Claudia, o capitão Rodrigo Medeiros Boaventura e os policiais Zaqueu de Jesus Pereira Bueno, Adir Serrano, Rodney Archanjo, Alex Sandro da Silva e Gustavo Ribeiro Meirelles. A LUTA DO POVO VINGARÁ SUA MORTE! CLÁUDIA FERREIRA, PRESENTE!ABAIXO O GENOCÍDIO DO POVO NEGRO NAS FAVELAS E PERIFERIAS!