Núcleo de Estudos Guevaristas: laboratório político-teórico

Neste 14 de junho, data que marca a memória dos 95 anos de nascimento do Comandante Ernesto Guevara de La Serna em Rosário, na Argentina, anunciamos com entusiasmo o início das atividades do Núcleo de Estudos Guevaristas, um laboratório político-teórico de estudos e pesquisas sobre o guevarismo e as lutas revolucionárias na América Latina. Afirmar a importância e a atualidade da estratégia guevarista é afirmar a vigência do marxismo revolucionário latino-americano, da guerra revolucionária como caminho de libertação dos povos e de um projeto socialista para nosso continente. O Núcleo de Estudos Guevaristas é uma iniciativa da Casa da Resistência, do Editorial Adandé e do Movimento de Unidade Popular que tem como objetivo principal fomentar, a partir do guevarismo, o debate estratégico sobre a Revolução Brasileira e a construção de uma corrente revolucionária no país. Além de promover iniciativas editoriais como a Coleção Guevarismo e a Revista Bacuri, o Núcleo de Estudos Guevaristas se dedica ao estudo e a pesquisa da estratégia guevarista a partir de temas como a Revolução Cubana de 1959, dirigida pelo Movimiento 26 de Julio, a Rebelião Simba de 1964, na República Democrática do Congo, as experiências internacionalistas da Organização de Solidariedade aos Povos da África, Ásia e América Latina (OSPAAAL) de 1966 e da Organização Latino-Americana de Solidariedade (OLAS) de 1967, além da Guerrilha de Ñancahuazú com o ELN na Bolívia (1966-67). A permanência da estratégia guevarista na América Latina, em iniciativas como a Junta de Coordenação Revolucionária (JCR) que em 1972 reuniu o PRT-ERP, o MIR chileno, o MLN-Tupamaros e o ELN ou o Batalhão América, que coordenou o M-19, o Movimiento Armado Quintín Lame, o MRTA do Peru e a guerrilha equatoriana Alfaro Vive ¡Carajo! em 1986, até movimentos insurgentes atuais como o ELN da Colômbia e o Exército do Povo Paraguaio (EPP), são alguns dos temas fundamentais para a construção revolucionária que o Núcleo de Estudos Guevaristas assume como missão. CHE VIVE E VENCERÁ!

Apresentação e chamada da Revista Bacuri

O Comandante Bacuri completaria 80 anos em 2025. Eduardo Collen Leite, nascido em 28 de agosto de 1945, foi um guerrilheiro operário que comandou importantes ações da luta armada contra a ditadura militar fascista, fundador da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR) e da Resistência Democrática (REDE), organização que se integrou à Ação Libertadora Nacional (ALN) através da Frente Armada Revolucionária, foi assassinado em 8 de dezembro de 1970, após ser brutalmente torturado por 109 dias. Nossa revista, que orgulhosamente carrega o nome do Comandante Bacuri, é uma publicação de teoria, política e história com caráter militante e não acadêmico, que tem como objetivo principal propor, debater e fomentar, a partir de uma linha editorial socialista, anticolonial e anti-imperialista, a atualidade da estratégia para a Revolução Brasileira, dialogando com as experiências revolucionárias de nosso continente e dos povos do mundo, resgatando também o debate e a memória das organizações da esquerda armada brasileira. Com periodicidade semestral, em edição impressa e versão digital, a Revista Bacuri se propõe a ser um instrumento de formação política e propaganda revolucionária, que visa reunir militantes, pesquisadores, movimentos e organizações afins ao nosso projeto identificado principalmente com o marxismo revolucionário, as lutas anticoloniais e os movimentos insurgentes em nosso continente, assumindo também uma função organizativa como espaço de diálogo e construção teórica, com o objetivo de avançar na formação de uma rede solidária de militantes e organizações revolucionárias no Brasil. Organizada pelo Editorial Adandé e convidados/as, com coedição do Núcleo de Estudos Guevaristas, a primeira edição da Revista Bacuri, com capa ainda provisória, tem lançamento previsto para agosto de 2025, tendo como tema central a experiência de unidade da Frente Armada Revolucionária e o debate sobre a atualidade da Revolução Brasileira, seguindo aberta à participação, envio de artigos e colaboração de militantes, pesquisadores, coletivos e organizações. CHAMADA PARA A PRIMEIRA EDIÇÃO Diferentemente dos modelos de chamadas públicas ou editais de periódicos acadêmicos, fazemos um convite aberto para participação na revista destinado a militantes, pesquisadores, movimentos e organizações seguindo critérios simples de publicação e a concordância com nossa política editorial. Nessa primeira edição da Revista Bacuri, com lançamento para o início de dezembro, podem ser enviados artigos, resenhas de livros ou trabalhos gráficos e fotográficos até o dia 7 de julho de 2025. Critérios de publicação: — Artigos dentro da temática da edição com 2 a 6 laudas, que devem ter linguagem simples e formato não acadêmico, evitando excessos de notas de rodapé e citações de autores ou necessidade de bibliografia, com obras e autores devendo constar no próprio corpo do texto. — A temática da primeira edição da Revista Bacuri abrange questões como a resistência armada contra a ditadura militar fascista no Brasil, debates sobre a realidade brasileira, marxismo revolucionário, anticolonialismo, anti-imperialismo, América Latina e sul global. — Além dos textos que entrarão na primeira edição, podem ser enviados artigos em qualquer data para publicação no site, seguindo as mesmas indicações de produção textual e as seções da revista impressa. — As seções da Revista para as quais podem ser enviadas contribuições incluem Memória, com biografias curtas de militantes, organizações revolucionárias e lutas insurgentes; Realidade Brasileira, onde podem ser feitas análises históricas ou conjunturais de aspectos da nossa realidade; Documentos Históricos, podendo ser enviados documentos recuperados e pesquisas históricas temáticas; em Literatura Revolucionária são bem-vindos contos, ensaios, crônicas e poemas; em Resenhas, podem ser enviadas resenhas críticas ou apresentações de livros, e em Internacionalismo, cabem análises históricas ou conjunturais de temas internacionais. COMANDANTE BACURI, VIVE E VENCERÁ! Contatos em revistabacuri@editorialadande.com

O que é uma editora autogestionária?

Nas novas impressões do nosso catálogo de 2024 passamos a utilizar um selo em nossos livros: “Autogestão, produzido sem patrão”. Mas o que é uma editora autogestionária? Qual o conceito que nos difere das editoras da esquerda pequeno-burguesa ou mesmo de outras pequenas editoras independentes? Qual nosso papel na socialização da literatura revolucionária e no enfrentamento às editoras capitalistas e distribuidoras multinacionais que dominam o mercado editorial? Primeiro é necessário localizarmos nosso projeto editorial politicamente e nosso modesto papel na luta de classes. Somos uma cooperativa editorial formada por trabalhadores gráficos e intelectuais militantes, que conjuga o trabalho manual e teórico combatendo a divisão social do trabalho, com o estudo e a pesquisa tendo a mesma importância que a execução de técnicas como impressão e design gráfico. Como uma cooperativa anticapitalista somos contra a lógica do lucro, por isso é nosso princípio manter valores acessíveis e tentar garantir uma remuneração digna para o trabalho empregado na produção. Nossa gráfica existe em uma ocupação urbana conquistada pela luta popular combativa e nos identificamos com o povo pobre e trabalhador, principalmente afroindígena, tendo como objetivo central contribuir com a construção da revolução brasileira. Defendemos o copyleft e somos contra a legislação burguesa sobre os direitos autorais. A defesa de uma linha revolucionária também nos impõe a demanda de combater a degeneração liberal em todos os seus aspectos e a contrarrevolução teórica antimarxista, da mesma forma que rejeitamos os desvios próprios da pequena-burguesia progressista ou radical e do pensamento acadêmico que reproduz invariavelmente a lógica da universidade burguesa. Nossa editora autogestionária assume então a dupla tarefa de enfrentar a lógica capitalista na produção editorial de um lado, e de outro, a hegemonia classe média e reformista sobre o pensamento socialista, superando na prática a contradição de terceirizar a produção em grandes gráficas, onde trabalhadores explorados produzem livros marxistas sobre mais-valia. LIBERTAR A LITERATURA REVOLUCIONÁRIA!

Mostra virtual e permanente Olney São Paulo

A Sala Popular de Cinema da Casa da Resistência apresenta a Mostra virtual permanente Olney São Paulo, com a filmografia completa de Olney São Paulo disponível online e gratuitamente em plataformas de vídeo, além de exibições gratuitas dos filmes de Olney São Paulo e rodas de conversa no cineclube comunitário da Sala Popular de Cinema. Olney Alberto São Paulo foi um cineasta sertanejo, precursor da produção documental no Brasil. Com uma formação influenciada pelo neorrealismo italiano e o western norte-americano, o cinema marginal de Olney São Paulo lhe rendeu a alcunha de “cineasta maldito do sertão”, por seus temas subversivos e questionamentos da realidade social brasileira. Representante da segunda fase do Cinema Novo dirigiu 14 filmes e segundo Glauber Rocha: “Olney é a Metáfora de uma Alegorya – o cineasta foi perseguido, preso e torturado. Manhã Cinzenta é o grande filmexplosão de 1968. Panfleto bárbaro e sofisticado, revolucionário a ponto de provocar prisão, tortura e iniciativa mortal no corpo do Artysta.” Ícone do audiovisual militante brasileiro, Olney São Paulo nasceu em Riachão do Jacuípe, em 7 de agosto de 1936, e se mudou com a família ainda adolescente para Feira de Santana, onde estudou, participou do grêmio e do jornal da escola. Foi acompanhando as filmagens de “A Rosa dos Ventos” em 1954, que se decidiu pelo mundo do cinema. Muito ativo na militância cultural, se envolveu com teatro amador, foi redator do jornal “O Coruja”, criou o programa de rádio “Cinerama” e se tornou cineasta autodidata. Dirigiu o curta “Um crime na rua” em 1955 e nesse mesmo período participou da Associação Cultural Filinto Bastos, criou a Sociedade Cultural e Artística (SCAFS) e o Teatro de Amadores (TAFS). Conquistou prêmios nacionais escrevendo contos e também foi autor do roteiro do documentário “O Bandido Negro”, sobre o escravo rebelde Lucas de Feira. No início dos anos 1960, Olney entra em contato com o Cinema Novo e começa também a publicar a revista literária Sertão. Em 1964 dirige “O Grito da Terra”, seu primeiro longa-metragem, baseado no romance “Caatinga” de Ciro de Carvalho Leite. Em 1969 lança “Manhã Cinzenta”, filme que lhe rendeu reconhecimento internacional, foi censurado e distribuído clandestinamente, sendo o motivo da sua prisão e tortura pela ditadura militar fascista. Faleceu em 15 de fevereiro de 1978 em decorrência de problemas de saúde causados pelas torturas.

Curso de Formação: Organização Territorial e Poder Comunitário

A organização comunitária e a luta nos territórios têm profundas raízes em nossa história como povo brasileiro. Desde a resistência dos diversos povos indígenas contra a dominação colonial, as lutas do povo negro e a formação dos primeiros quilombos, que foram comunidades rebeldes e livres para resistir à escravidão, passando pelas irmandades, os ateneus e as associações mutualistas, nossa gente vem se organizando a partir dos territórios e locais de moradia para lutar coletivamente, defender os direitos sociais e enfrentar os opressores.         É o sentido de coletividade e solidariedade que nos torna humanos. É a dominação capitalista que divide a espécie humana em opressores e oprimidos, exploradores e explorados, senhores e escravos. A desigualdade provocada pelo capitalismo, que se amplia em países subdesenvolvidos como o Brasil, submete a maioria do nosso povo a condições desumanas, sobrevivendo como pode de forma precária, com o trabalho sem direitos, enfrentando o desemprego, a extrema pobreza e até mesmo a fome. Convivemos todos os dias com a falta de saneamento básico, o transporte público precário, as dificuldades com a saúde pública e a educação de nossas crianças e jovens, além da violência desenfreada em nossas comunidades e o descaso com nossas vidas por parte do Estado, dos governos e dos poderosos. Somos nós, o povo trabalhador, que pagamos pela crise capitalista, com a inflação e a carestia, o desemprego e o trabalho informal. Sofremos em conjunto com a brutalidade neoliberal, o genocídio e a negação de direitos sociais, por isso, nossa resposta enquanto povo precisa ser coletiva e a unidade popular deve ser nosso ponto de partida.  A única saída para conquistar uma vida digna é a luta organizada, através da política comunitária e da organização popular, em oposição à política dos partidos da ordem e dos políticos corruptos desse sistema apodrecido. Nas comunidades pobres e bairros populares, os territórios onde vivemos, encontramos toda a diversidade de nossa gente, o trabalhador, a dona de casa, o desempregado, os jovens, as crianças e os idosos. Nosso povo se constitui na diversidade, somos negros, caboclos, brancos pobres e mestiços, homens e mulheres que formam a classe trabalhadora, lutando todos os dias para sobreviver e sustentar nossas famílias. A solidariedade popular é a chave para enfrentar os poderosos e derrotar esse sistema de opressão e exploração.     A luta comunitária como conhecemos hoje é um fenômeno relativamente recente no Brasil e tem raízes no processo de urbanização desordenada, crescimento das cidades e industrialização dos anos 1950.  As primeiras associações de moradores foram criadas ainda na década de 1940, se expandiram pelo país e tiveram importante atuação até os anos 1960, também sofrendo com a repressão após o golpe de 1964. Nos anos 1970, ainda durante a ditadura militar fascista, o movimento comunitário ganhou novo fôlego com o Movimento Contra Carestia e o protagonismo das mulheres trabalhadoras e dos Clubes de Mães, além da importante atuação das Comunidades Eclesiais de Base, as CEBs. Nos anos 1980 foi fundada a Confederação Nacional das Associações de Moradores e o movimento comunitário exerceu um importante papel, juntamente com os sindicatos, as mobilizações operárias e da juventude, nas lutas que puseram fim ao regime militar. Nos anos 1990 e 2000, as lutas por terra e moradia, também organizadas a partir dos territórios, passaram a ter um maior protagonismo, pautando a reforma agrária e o direto à cidade.     Atualmente, cerca de 85% da população brasileira vive em áreas urbanas, concentrada principalmente em bairros periféricos e favelas das grandes e médias cidades, com diferenças nos níveis de urbanização em cada região do país. A organização territorial nas cidades continua sendo um importante instrumento para avançar nas reivindicações populares e conquistar direitos sociais, mas ao mesmo tempo, enfrenta problemas diversos como a desarticulação enquanto movimento social que organiza a classe trabalhadora a partir dos territórios e a falta de um horizonte programático que relacione as lutas imediatas e os serviços comunitários com a transformação social revolucionária e um projeto de poder do povo. O diálogo permanente e a articulação das lutas entre as comunidades pobres, as organizações da juventude proletária e os estudantes do povo, os sindicatos combativos e os coletivos de trabalhadores, são essenciais para nossa marcha até a emancipação popular. Importantes iniciativas de organização nos territórios também acontecem no campo, com a atuação das associações rurais, organizações camponesas, indígenas e quilombolas. A unidade entre o campo e a cidade é também fundamental para o avanço de nosso processo de libertação e construção de uma nova sociedade baseada na justiça e no socialismo.     O curso de formação política e educação militante “Organização Territorial e Poder Comunitário” é oferecido pela Escola de Formação Mário Alves e uma iniciativa do Movimento de Unidade Popular (MUP), com o apoio do Centro Popular George Américo. Formado por quatros módulos e com duração flexível (entre 2 e 4 encontros), nosso curso tem como objetivo oferecer ferramentas teóricas e práticas para a atuação de militantes de base e lideranças populares nos bairros periféricos, favelas, ocupações de luta por moradia, associações e núcleos comunitários. O curso de caráter intensivo contempla todos os elementos fundamentais que envolvem a dimensão político-social do trabalho comunitário-territorial a partir de 4 eixos básicos: métodos de organização interna, relações intracomunitárias e atores externos; finanças, gestão de recursos e questões jurídicas/institucionais; comunicação popular, agitprop e formação política; mobilização de base, serviços comunitários e autodefesa popular. O primeiro módulo do curso é iniciado com uma apresentação dos participantes e dos materiais de formação, além de uma introdução geral, histórica e político-teórica do tema, seguido do levantamento dos elementos da realidade local e da formação social do território. O segundo módulo segue com a conclusão sobre a realidade local, trabalhando dados político-econômicos, relações sociorraciais, contradições e atores sociais, geografia e outros elementos, passando à construção de propostas comunitárias temáticas a partir das demandas levantadas, que podem envolver questões como a educação comunitária e a cultura, o associativismo e a economia popular, a saúde pública, a luta contra a brutalidade policial e o genocídio negro, a comunicação popular, organização de

Jornadas Só o Povo Salva o Povo: Contra o genocídio e o fascismo neoliberal! Fora Bolsonaro/Mourão!

Aos trabalhadores e trabalhadoras do campo e da cidade,Aos desempregados e desempregadas,Aos moradores das favelas, periferias e ocupações urbanasAos estudantes do povo,Aos camponeses e camponesas, famílias assentadas e sem-terras,Às comunidades tradicionais, povos indígenas e quilombolas,Aos grupos radicais, antifas, comunistas e anarquistas,Aos lutadores e lutadoras que enfrentam todas as formas de opressão e exploração. No mês de junho de 2020, completam-se dez anos desde os primeiros esforços organizativos que dariam origem à Federação das Organizações Sindicalistas Revolucionárias do Brasil (FOB). Neste mesmo mês, completam-se sete anos desde as batalhas conhecidas como Jornadas de Junho de 2013, a maior rebelião popular no Brasil nas últimas décadas. É também um mês em que lembramos quatro anos do massacre de Caarapó, que vitimou guerreiros da resistência Guarani e Kaiowá. No mesmo espírito da insurgência negra que tem tomado cidades de diversos países após o assassinato de George Floyd e que, no Brasil, reivindica também a memória de diversos homens e mulheres, adolescentes e crianças pobres e negras vitimados pela violência racista da polícia brasileira, nos levantamos em mais um junho de lutas. Estamos observando o crescimento da pandemia que, em meio a luta de classes, tem assumido características de guerra biológica, no sentido da pressão pela infecção em larga escala ser conscientemente promovida por setores da classe dominante para “salvar a economia”. A população mais pobre é e será a mais afetada. A situação piora com a precariedade da saúde pública, as demissões e falta de auxílio adequado dos governos. As condições dos trabalhadores brasileiros mais do que justificam, exigem, a rebelião. As decisões de governantes como Bolsonaro, Mourão, governadores e prefeitos sobre as restrições e permissões durante a pandemia de Covid-19 mostram claramente não passam de capachos dos empresários e proprietários. Já somam quase 40 mil mortos subnotificados no país, a maioria, trabalhadores pobres, negros e negras e moradores de periferias. Esse trágico número de mortes não é uma fatalidade. É uma escolha política e econômica. E aqueles que escolheram, devem pagar por isso. Nós não temos dúvidas: a única forma de fazer com que os ricos paguem pelo sofrimento que causam ao nosso povo é a rebelião. É incendiar os guetos e os centros urbanos, assim como, levantar as terras indígenas e quilombolas, contra a pobreza, o racismo, as demissões e cortes salariais, contra a negligência dos governantes com a saúde do povo e contra a ganância dos empresários parasitas. Só um movimento de resistência de massas pode deter os policiais que assassinam nosso povo e os ricos que mandam que eles nos matem. Por que até agora, governo nenhum, por mais democrático que se diga, impediu o genocídio. Não acreditamos nas eleições, não acreditamos no pacifismo. Acreditamos na força do povo em fúria, organizado e capaz de se autodefender e conquistar por si mesmo os seus direitos, sua liberdade e uma vida justa. Convidamos a todos os lutadores e organizações radicais que estão furiosos com o governo assassino de Bolsonaro e Mourão, com os governadores, prefeitos, patrões e fazendeiros e que sabem que é preciso reagir para se juntar a nós em uma Jornada de lutas nacional, entre os dias 13 e 23 de junho. Com essas atividades e protestos, denunciaremos as medidas dos poderes políticos e econômicos em relação a saúde pública, condições sanitárias, trabalho e renda e, com isso, esperamos oferecer ainda mais inspiração para a rebelião das grandes massas de nossa classe contra o racismo, o fascismo e toda a podridão capitalista. Porque só a luta muda a vida e só o povo salva o povo! Avante, camaradas! POR TRABALHO, RENDA E SAÚDE PARA O POVO!

Balanço, prestação e próximos passos do Comitê de Solidariedade Popular

Desde que iniciamos o trabalho de organização e mobilização do nosso Comitê de Solidariedade Popular, na segunda quinzena de março, para apoiar e proteger a vida do nosso povo nas comunidades pobres de Feira de Santana diante da crise sanitária e social, da ausência do Estado e da política genocida dos governos e da burguesia, arrecadamos em doações R$ 1.050,00 e alguns materiais de higiene. Com isso conseguimos iniciar nossas atividades, comprar e montar kits de higiene e limpeza para a distribuição comunitária e iniciar a mobilização nas periferias, de sem-tetos e de catadores/as. Cabe também destacarmos aqui a importância da ação política e comunitária das mulheres do povo, na melhor tradição quilombista, tanto nas doações como na organização das nossas atividades. Cada kit de higiene e limpeza contém água sanitária, detergente, sabonetes e barras de sabão. Até o momento, foram doados 50 kits através da Escola Comunitária Joquielson Batista do Quilombo Lucas da Feira, ocupação urbana com 50 famílias, 50 kits através da Associação Comunitária do George Américo (ASCOMGA), 20 kits através para catadores da COOBAFS (Cooperativa de Badameiros de Feira de Santana), além de mais 30 kits doados para famílias vulneráveis e demais materiais estamos utilizando na instalação de pontos com água e sabão para pessoas em situação de rua lavarem as mãos. Totalizamos 150 kits de higiene e limpeza doados e que custaram R$ 850,00, com mais R$ 200,00 sendo usados para transporte e compra de outros materiais, fechando nosso caixa das primeiras doações. Também conseguimos, com o importante apoio da Marmitex Light doando quentinhas prontas, distribuir até agora 250 almoços entre moradores do George Américo e do Quilombo Lucas da Feira, fechando essa primeira etapa de distribuição comunitária e mobilização. Em nossas atividades comunitárias, além das doações, são passadas informações sobre cuidados com saúde e como utilizar os materiais corretamente, como acessar os auxílios disponíveis, as famílias são cadastradas para receberem informações e participarem da mobilização comunitária para exigir do poder público cestas básicas e assistência social para nosso povo, realizamos também conversas sobre a organização e a articulação das lutas e comunidades através do Comitê de Solidariedade Popular. Iniciamos a produção de um boletim informativo em áudio para circular nas listas de transmissão e grupos de aplicativos de mensagem e facilitar as informações para quem tem dificuldades com leitura. Em parceria com a ASCOMGA estamos iniciando a produção comunitária de máscaras de proteção, nos somando ao projeto que a Associação Comunitária do George Américo havia iniciado para ampliar a produção e a distribuição. Começamos também a montagem de uma Cozinha Comunitária na Casa da Resistência para produzir as quentinhas para as ações solidárias nas comunidades e para população em situação de rua. Também publicamos nosso primeiro comunicado “Defenestrar Bolsonaro, criar uma Alternativa Revolucionária de Poder do Povo”, de março/abril de 2020, que pode ser baixado em formato de fanzine. Um documento programático onde desde uma perspectiva popular e revolucionária analisamos os cenários da conjuntura nacional diante da crise sanitária e social e esboçamos um programa que envolve a construção de organismos de poder do povo e a conjugação das lutas imediatas com um horizonte de ruptura revolucionária, onde o processo de auto-organização popular que se inicia através das ações de solidariedade e da mobilização comunitária-territorial, materializando a consigna “Só o Povo Salva o Povo!” e ocupando o vazio deixado pelo Estado na assistência social e na proteção da vida de nossa gente, a construção da Greve Geral pela Vida e Contra o Capital e a preparação das Brigadas de Autodefesa para enfrentar e vencer a brutalidade e a repressão em uma iminente situação de caos social que se avizinha cada vez mais, são as condições prévias para no momento do colapso das instituições de dominação do sistema capitalista-estatal poder abrir uma situação de poder dual (poder do povo versus poder estatal-capitalista) e impor através de uma insurreição popular uma nova gestão da sociedade, dos serviços e da produção com a coletivização e o autogoverno popular, repartindo a riqueza, o poder e o trabalho através da revolução socialista e da emancipação e libertação do nosso povo. Vamos também dando seguimento às intervenções de agitação e propaganda da campanha “Fora Bolsonaro, Poder para o Povo” com pixações, faixas, colagens, impressos e escrachos, que iremos incrementar a partir de agora ampliando a denúncia do caráter genocida desse governo neofascista de sociopatas, a serviço dos capitalistas e que põem o lucro acima da vida do povo, além de induzir nosso povo à contaminação e à morte, assim como, denunciar a conduta irresponsável e criminosa do prefeito Colbert Martins Filho, que mente sobre achatamento da curva de contaminação na cidade e acaba na prática com a quarentena liberando o comércio, não toma qualquer medida real contra o vírus e será o responsável por milhares de mortes em Feira de Santana, que poderiam ser evitadas. Concluímos o nosso Programa pela Vida com medidas sanitárias e sociais urgentes e planejamento estratégico para combater o Covid-19 e evitar milhares de mortes em Feira de Santana (que também pode ser baixado em formato de fanzine), com as propostas debatidas entre as organizações do povo sendo protocoladas oficialmente para a Prefeitura de Feira de Santana e encaminhadas para a Câmara Municipal, no sentido de tentar estabelecer um diálogo institucional formal por parte do Comitê de Solidariedade Popular com o poder público municipal, mas sem ilusões com a disposição da Prefeitura em proteger a vida do nosso povo no lugar dos lucros dos empresários assassinos, visto que apenas a ação direta, a auto-organização e a luta combativa do povo podem reverter essa situação de desastre iminente em Feira de Santana. Aguardamos da prefeitura também a resposta urgente para a solicitação de 270 cestas básicas para famílias vulneráveis, cadastradas e organizadas pelo Comitê e as organizações comunitárias. NOVOS PROJETOS E PRÓXIMOS PASSOS DO NOSSO COMITÊ Abrimos agora neste fim de abril e começo de maio uma nova etapa das nossas atividades. Iremos expandir as ações solidárias para mais regiões pobres de Feira de Santana, avançar na articulação de organizações comunitárias através

Programa pela Vida: medidas sanitárias e sociais urgentes em Feira de Santana

PROGRAMA PELA VIDA: MEDIDAS SANITÁRIAS E SOCIAIS URGENTES E PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO PARA COMBATER A COVID-19 E EVITAR MILHARES DE MORTES EM FEIRA DE SANTANA Comitê de Solidariedade Popular – Covid-19 Feira de Santana, abril de 2020. Ao poder público municipal, ao prefeito Colbert Martins Filhos, à Câmara Municipal de Feira de Santana, às instituições e organizações da sociedade civil feirense. A pandemia de Covid-19 é um acontecimento com dimensões ainda imensuráveis e devastadoras em todo o mundo que expõe todas as contradições civilizatórias que vivemos até agora. Uma crise sanitária, social e econômica sem precedentes, que no Brasil se apresenta ainda em sua inicial e exige dos poderes públicos e da sociedade a responsabilidade para preservar vidas e evitar o que pode ser a maior catástrofe da nossa história, assim como, o estabelecimento de novos paradigmas para tratar das questões socioambientais, dos serviços públicos e das condições de vida da maioria da população. As relações destrutivas com o meio ambiente e a lógica imposta pela mercantilização da vida que vem produzindo diversas doenças e epidemias nas últimas décadas precisam ser superadas e o desafio de reconstruir a sociedade pós-coronavírus sobre novas bases está colocada agora de forma imperativa. O Brasil vive nesse momento o início de uma tragédia anunciada, agravada pela ação irresponsável e genocida de governantes e setores empresariais, que se somam a ignorância e a falta de informação de parte da população. Elementos esses que se agravam diante das condições de vida precárias da grande maioria do nosso povo. Não possuímos dimensão alguma do estágio atual da contaminação no país (menos de 1% dos casos são notificados) e não temos qualquer informação próxima da realidade sobre a quantidade real de mortes que a Covid-19 já produziu, sendo a subnotificação uma realidade que se reproduz no nosso estado e na nossa cidade, principalmente pela falta de testes em massa e condições precárias da rede de saúde pública. Essa crise que pode durar até 2 anos, entre a descoberta da cura e a vacinação em massa da população, pode também nos arrastar para um colapso civilizatório e uma situação de caos social. As medidas adotadas pela Prefeitura de Feira de Santana até o momento, no nosso entender, ainda são insuficientes, errôneas ou irresponsáveis, e nesse sentido, como setores organizados do povo em grupos e organizações comunitárias e de trabalhadores/as propomos nesse documento uma série de medidas, como propostas e exigências ao poder público municipal, no sentido de evitar um cenário devastador e com milhares de mortes em nossa cidade. Feira de Santana é a segunda maior cidade da Bahia e 34º município do país em população, com cerca de 700 mil habitantes atualmente, é também o maior entroncamento rodoviário do Norte e Nordeste e líder de uma macrorregião integrada por 96 municípios com uma população de aproximadamente 3 milhões de pessoas, possuindo o maior PIB do interior do Nordeste e uma receita anual que supera 1,2 bilhão de reais. O retrato da grandeza de nossa cidade pode ser também o infeliz espelho do tamanho da nossa tragédia. Por isso, propomos desde já a adoção pelo poder municipal de um planejamento estratégico para combater a Covid-19 com medidas sanitárias e sociais, para isolar a contaminação, cuidar dos doentes, garantir direitos sociais e condições básicas de sobrevivência para nossa gente, para vencer o vírus com prevenção, informação e os cuidados necessários de saúde e medidas sanitárias. Nesse sentido, acreditamos que Prefeitura deve constituir e coordenar um Gabinete de Crise com a participação das instâncias do poder público, de instituições locais como as Universidades e das organizações da sociedade civil, mobilizando toda a sociedade feirense para enfrentar essa grave situação. As ações contra a Covid-19 devem partir de uma lógica planificada e precisam ser efetivas e urgentes, com delegações de forças-tarefas para resolução de cada tema importante. A prevenção, informação e garantia de uma estrutura para as ações devem ser a base de uma mobilização social e comunitária que deve se iniciar nos bairros através dos Comitês de Saúde, pois é onde se encontra a população pobre e vulnerável que pelas condições precárias de vida deve ser a maior vítima do coronavírus. A aplicação dos recursos deve obedecer a critérios racionais, de planejamento e transparência. O fechamento do comércio deve ser decretado por tempo indeterminado e as restrições ampliadas, acabando com a pressão genocida de empresários a cada fim de prazo do decreto. O relaxamento das restrições ao comércio nesse novo decreto do dia 15/04 é uma política genocida, cujas mortes provocadas pelo que na prática é o fim do isolamento social serão de responsabilidade da Prefeitura e dessa gestão. A entrega de cestas básicas deve ser no mínimo 10 vezes maior que as 8 mil anunciadas até o momento. A quarentena deve se tornar obrigatória, com todas as medidas sociais necessárias implementadas, utilizando métodos coercitivos apenas em último caso, mas garantindo o cumprimento das medidas por toda a população. Todas essas medidas sugeridas aqui devem se encaminhar no sentido de decretar períodos de lockdown, com paralisação de todas as atividades, com estrita exceção das relacionadas ao combate do vírus, até que finalmente possamos acabar com a contaminação na cidade. Feira de Santana até o momento foi prejudicada no repasse de recursos do governo estadual e as verbas do governo federal são insuficientes, sendo necessárias gestões e pressão para exigir mais verbas, cuja utilização deve ser necessariamente transparente e democrática, incluindo os quase R$ 400 milhões do orçamento para a saúde, segundo a Lei Orçamentária Anual (LOA) municipal. Todos os cortes orçamentários possíveis devem ser feitos, como nos cargos comissionados, nas verbas de gabinete, eventos cancelados, etc. com as verbas devendo ser colocadas à disposição do combate a Covid-19 e às medidas sociais. Alugar um hospital particular abandonado como o Hospital Mater Dei é um erro absurdo que precisa ser desfeito, caso contrário indica improbidade administrativa, e a verba destinada deve retornar para as ações de combate a pandemia na cidade. Todas as UTIs da rede particular devem ser requisitadas por decreto

RETOMAR A QUILOMBAGEM!

Comunicado sobre a retomada das atividades do Coletivo Quilombo na Bahia. Entre barricadas, atos de rua, ocupações e trabalho militante cotidiano o Coletivo Quilombo se desenvolveu como uma referência de ação direta popular e luta libertária. Fundado em 2007, ainda como um pequeno grupo de estudantes de História da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), o Coletivo Quilombo teve importante presença nas lutas populares locais. Foram lutas da juventude e dos estudantes pobres, das mulheres trabalhadoras, nas periferias, pelos direitos LGBT e contra a homofobia, por transporte público, pelo direito à cidade, nas lutas do povo preto e contra o racismo, em ocupações urbanas e rurais, em trabalhos de educação popular, nas lutas dos povos originais e em diversas atividades de solidariedade com os de baixo até 2012, quando perdemos a regularidade das nossas atividades e nossa organicidade. Desde o ano passado reabrirmos as discussões em torno do nosso projeto, a partir de um necessário balanço e de uma profunda autocrítica e agora com ânimo renovado anunciamos publicamente que estamos retomando o Coletivo Quilombo. Retomando um processo interrompido. Retomando a construção de um programa desde as lutas concretas e imediatas até o projeto de ruptura revolucionária de longo prazo. Reconstruir os mocambos, fortificar nossas defesas. Nosso projeto segue anticapitalista e libertário, acreditando na necessidade do protagonismo popular, nas formas horizontais de organização e no empoderamento real de nosso povo através dos espaços de auto-organização nas favelas e comunidades, nas ocupações, nas escolas e universidades, no campo, nas fábricas e locais de trabalho.       Um trabalho duro nos espera para reconstruir nossas frentes sociais e retomar a regularidade em nossas atividades, que vamos seguindo com humildade e persistência nos caminhos, lutas e sonhos de libertação e emancipação popular, tendo sempre como horizonte criar um povo forte. Também retomamos o funcionamento e as atividades em nossa sede, a Casa da Resistência, que é um centro social ocupado desde 2009 e funciona como um espaço solidário no centro da cidade de Feira de Santana. Além disso, apontamos a necessidade da abertura de um processo de debate e construção de unidade entre os setores militantes combativos e autônomos para a formação de um novo campo político-social libertário na Bahia que possa se colocar enquanto alternativa para os novos tempos de luta, assim como, fomentar um processo mais amplo sobre a necessidade de uma frente anticapitalista, da esquerda antigovernista e dos movimentos sociais combativos que possa dar respostas à ofensiva da direita e da extrema-direita no país, aos ataques dos governos aos direitos sociais e a violência estatal e paraestatal contra o povo pobre, preto e periférico e as comunidades tradicionais.    É isso, estamos de volta e continuamos gritando: LUTAR! CRIAR! PODER POPULAR!    Protagonismo popular, pelo fim de um povo figurante!Coletivo Quilombo – Construindo Resistência Popular Maio de 2015