Chile: uma nova rebelião contra a brutalidade policial e a repressão

O assassinato brutal de Francisco Martínez Romero, um jovem artista de rua de 24 anos na última sexta-feira (dia 5 de fevereiro) pela polícia em Panguipulli, cidade de Valdivia, na região sul do país, faz novamente o Chile arder em chamas com a revolta popular. O assassinato de Pancho (ou Franco), como era conhecido o malabarista, por um carabineiro (nome dado a polícia chilena) foi filmando em plena luz do dia e logo se espalhou pelo país, causando uma nova onda de protestos e confrontos. O povo chileno em uma nova jornada de lutas, também pela libertação dos presos políticos da revolta popular, ergue barricadas nas ruas e toma praças públicas. Em Panguipulli, a prefeitura e a comissaria de polícia arderam em chamas, o Tribunal de Justiça e outros prédios públicos também foram incendiados em uma reposta contundente e decidida do povo trabalhador e da juventude combativa para exigir justiça por Francisco Romero. Diversas organizações combativas chilenas convocam jornadas para que a revolta de Panguipulli se estenda por todo o país, tomando a forma de Greve Geral e uma nova fase da rebelião. O governo de Sebastián Piñera novamente treme dentro do palácio de La Moneda, herdeiro da ditadura brutal do narcotraficante Augusto Pinochet que assassinou mais de 30 mil pessoas e introduziu a gestão neoliberal no nosso continente, e que conhecemos bem, visto que o atual ministro da economia de Bolsonaro, Paulo Guedes, trabalhou para a ditadura chilena. A fúria popular no Chile que se iniciou em outubro de 2019, a partir dos protestos contra o aumento das passagens de ônibus e metro em Santiago, tomou forma de uma rebelião permanente e durou até o início da pandemia de Covid-19. A repressão covarde do governo, forças armadas e da polícia resultou em cerca de 200 denúncias de violência sexual praticada pelos agentes do Estado, 450 atos de torturas, 800 de uso excessivo da força, além de 32 mortos e mártires da revolta, com centenas e centenas de feridos. Para criminalizar as lutas do povo, 25 mil pessoas foram processadas e 2.500 foram colocadas em prisão preventiva, com a acusação de participarem dos protestos por direitos sociais e vida digna para o povo chileno. Não por acaso, Pancho, que foi falsamente acusado de porte de arma branca para justificar seu assassinato covarde, era tio do jovem Anthony, um menor de idade que caiu da ponte Pio Nono no rio Mapocho em outubro do ano passado tentando escapar da repressão de carabineiros durante os protestos. Com o regime político acuado e mesmo tentando ceder com o processo constituinte ou reformas na polícia e forças armadas, o governo reacionário, corrupto, neoliberal e fascista de Piñera, que também é responsável por uma gestão desastrosa da pandemia, ver nascer uma nova chama de revolta popular. Que a justiça seja feita para Francisco Martínez e todos os mártires do heroico povo chileno. Que a rebelião, o socialismo e a revolução social sejam os caminhos para os povos. JUSTIÇA PARA FRANCISCO MARTÍNEZ ROMERO!LIBERDADE AOS PRESOS POLÍTICOS DA REVOLTA POPULAR!ABAIXO A REPRESSÃO E O GOVERNO REACIONÁRIO DE PIÑERA!POR UMA SAÍDA REVOLUCIONÁRIA E SOCIALISTA PARA O CHILE!

Homenagem ao revolucionário Felipe Quispe, El Mallku

Nessa quinta-feira, dia 21 de janeiro, foi sepultado com grandes manifestações de apreço e comoção popular, umas das figuras mais extraordinárias mas também menos conhecidas da história recente da América Latina. Felipe Quispe Huanca, “El Mallku”, foi o mais emblemático dirigente indígena do país e morreu na terça-feira (19/01) aos 78 anos na enorme periferia de El Alto, bastião da luta indígena e popular na Bolívia. El Mallku, como ficou conhecido, é o termo aymara que significa “O Condor”, um título dado às lideranças máximas reconhecidas pelo povo no altiplano boliviano. Quispe, indígena aymara, nasceu numa pequena cidade próxima a La Paz e logo se envolveu nas lutas do país. Foi fundador em 1978 do Movimiento Indígena Túpac Katari, no qual se formaram vários combatentes do Ejército Guerrillero Túpac Katari (criado em 1986), e do qual fez parte inclusive o ex-vice-presidente de Evo Morales, Álvaro García Linera. Quispe teve que se exilar depois do violento golpe de Estado do general narcotraficante García Meza em 1980, e passou por diversos países latino-americanos, tendo atuado inclusive nas guerrilhas da Frente Farabundo Martí em El Salvador e do Ejército Guerrillero de los Pobres na Guatemala. De volta à Bolívia em 1983, passou a defender abertamente a luta armada como caminho de luta para os indígenas, camponeses e trabalhadores, ao mesmo tempo que atuava nas grandes organizações sindicais do país, como a Confederación Sindical Única de Trabajadores Campesinos de Bolivia (CSUTCB), a principal organização dos povos indígenas bolivianos na época. Foi preso em 1988 e depois em 1992, e mesmo na prisão formou-se historiador pela Universidad Mayor de San Andrés. Ao ser libertado em 1998, foi eleito secretário executivo da CSUTCB. Destacou-se nas grandes mobilizações indígenas e populares do final dos anos 1990 e início dos 2000, inclusive nas célebres Guerras da Água e do Gás. Sua figura combativa estava sempre presente nos bloqueios e barricadas. Foi oposição à esquerda a Morales e Linera, mas esteve novamente à frente nos protestos de rua contra o golpe de Estado fascista dos militares e da presidente fantoche Jeanine Áñez em 2019. FELIPE QUISPE “EL MALLKU”, PRESENTE!

GREVE GERAL PELA VIDA, BOLSONARO GENOCIDA

DERROTAR COM AÇÃO DIRETA E REBELIÃO O GOVERNO BOLSONARO/MOURÃO E A AGENDA NEOLIBERAL E GENOCIDA Comunicado Nacional da FOB – Janeiro/Fevereiro de 2021 A tragédia de Manaus, que assistimos com muita dor e indignação, confirma o caráter abertamente genocida e anti-povo desse governo. Transformar essa indignação em luta e organizar nosso ódio contra os inimigos do povo é a tarefa histórica que esse momento catastrófico nos impõem. O governo de Bolsonaro, Mourão, Paulo Guedes, dos militares e demais facínoras, a serviço dessa burguesia doente e da agenda neoliberal, é um governo assassino. Não nos resta qualquer dúvida, a sucessão de desgraças contra o nosso povo pode ser revertida apenas com a luta coletiva e radical dos trabalhadores e trabalhadoras, da juventude combativa e das comunidades pobres da cidade e do campo, com a ação direta popular, a Greve Geral e a rebelião. É preciso romper com o imobilismo e a conciliação covarde da esquerda institucional, das centrais sindicais e das direções pelegas. É preciso tomar as ruas, organizar a revolta, erguer barricadas, enfrentar a repressão e paralisar o país com greves e ocupações. É preciso resistir e atacar quem nos mata para defender a vida de nosso povo. Qualquer caminho que não seja da luta radical contra esse governo fascista e genocida precisa ser rejeitado. As centenas de milhares de mortes por culpa da irresponsabilidade e da ingerência do governo federal e dos governos locais da pandemia de Covid-19, o avanço a passos largos da fome e da miséria, o maior nível de desemprego da história do país, o fim do auxílio emergencial e do programa de manutenção do emprego, as demissões em massa, a explosão da inflação e o aumento vertiginoso do custo de vida, as privatizações entreguistas, os ataques aos serviços públicos e aos servidores, a retirada de direitos dos trabalhadores e a precarização, as tragédias e destruição ambiental, os despejos, os assassinatos e prisões racistas, os feminicídios, a violência contra o povo negro e pobre, os camponeses e os povos indígenas precisam ser respondidas com a nossa luta popular e revolucionária, radical e combativa, sem as ilusões vendidas pela esquerda eleitoral e legalista e essa oposição covarde e conciliatória. O governo assassino Bolsonaro/Mourão só será derrubado com a luta radicalizada do povo organizado. É através da mobilização de base e da agitação de massas que devemos avançar para uma rebelião popular nas ruas, com paralisações das categorias, ocupações de terras, fábricas, empresas e instituições, sabotagens, barricadas, trancamento de vias e a Greve Geral insurrecional. Por isso, nossas organizações de base territoriais, de estudantes do povo e de trabalhadores e trabalhadoras, que constroem a FOB em diversos estados do país, estamos convocando os lutadores e lutadoras do povo para iniciar a construção da Greve Geral. Não devemos esperar que a Greve Geral caia dos céus ou da boa vontade das centrais sindicais oficiais. Ela não virá de cima para baixo. A Greve Geral precisa ser construída de baixo para cima. Da agitação e propaganda para conscientizar e da organização para criar as condições de sua realização que precisam ser construídas por todas as partes do país, nas cidades ou no campo, por iniciativa de coletivos autônomos, grupos de base, movimentos e organizações populares ou mesmo de militantes independentes ou não-organizados, mas dispostos a lutar com métodos combativos. Mais de dois companheiros ou companheiras já podem começar um comitê ou núcleo de base, em um bairro, no trabalho, no transporte público, uma comunidade da zona rural ou da periferia, chamando colegas da escola ou da universidade, ou mesmo convocado mais companheiros/as com afinidade e dispostos/as a organizar as lutas. A Greve Geral é unidade de ação do povo pobre e trabalhador. Uma arma de resistência generalizada que rompe o atual cenário que estamos divididos e isolados e assim somos facilmente conquistados e dominados. A Greve Geral precisa de independência de classe, autonomia frente aos partidos e aos governos e métodos combativos. A Greve Geral deve ser o resultado do crescimento da luta. As pequenas e médias mobilizações devem estimular o ânimo, a moral e as condições para a Greve Geral. Organizar a agitação e a propaganda de massas, realizar intervenções de rua diversas, ações e atos locais de luta direta, mobilização de base e sabotagens, e também preparar a autodefesa popular e participar das iniciativas contra os governos e capitalistas em um calendário nacional de lutas. A tônica da Campanha pela Greve Geral pela Vida deve ser a ação, a iniciativa, a ousadia e a inovação nos métodos, toda ação é importante, desde a mais simples ação de propaganda como uma panfletagem ou colagens e pixações, até uma grande ação de mais impacto, que precisa ser melhor organizada e planejada. Como nos ensinou o herói do povo brasileiro e comandante da Ação Liberadora Nacional, Carlos Marighella: “Todos nós devemos nos preparar para combater. É o momento de trabalhar pela base, mais e mais pela base. Chamemos os nossos amigos mais dispostos, tenhamos decisão, mesmo que seja enfrentando a morte, porque para viver com dignidade, para conquistar o poder para o povo, para viver em liberdade, construir o socialismo, o progresso, vale mais a disposição.” (Manifesto ao Povo Brasileiro, ALN, 1969) Propomos desde já iniciar a campanha, que deve ser impulsionada desde as bases pelas organizações ou com a criação de comitês locais para a construção da Greve Geral e da Rebelião com um programa reivindicativo pelos direitos do povo e um horizonte revolucionário e socialista. Mas também que prepare a resistência contra repressão, o Estado policial e um possível fechamento do regime. Partimos da necessidade da unidade tática de setores combativos e apontando para uma coordenação revolucionária, socialista e anti-imperialista das lutas, sem sectarismos e com disposição para o diálogo que a conjuntura nos exige como lutadores e lutadoras do povo, filhas e filhos do povo pobre e trabalhador desse país, que não se renderam a conciliação e a covardia da esquerda domesticada e liberal. Sabemos há muito que estamos por nossa própria conta e que o poder fascista e

Campanha Internacional Eran Niñas denuncia o Estado terrorista e infanticida paraguaio

O Estado terrorista e infanticida paraguaio que assassinou de forma covarde e brutal as crianças Lilian Mariana Villalba e María Carmen Villalba, ambas de 11 anos, no dia 2 de setembro de 2020 em uma operação da corrupta e narcoterrorista Força Tarefa Conjunta (FTC), também sequestrou a menina de 14 anos, Carmen Elizabeth Oviedo Villalba, vista pela última vez no dia 30 de novembro de 2020, e prendeu Laura Villalba. Lilian e María Carmen eram filha e sobrinha de Laura, assim como, sobrinhas de Carmen Villalba, porta-voz do Exército do Povo Paraguaio (EPP) e presa política do Estado paraguaio. Carmen Elizabeth é filha Carmen Villalba e Alcides Oviedo, outro comandante do EPP e preso político. O governo fascista e as forças repressivas do Paraguai que por um lado atacam de forma covarde, assassinando e sequestrando crianças e familiares de dirigentes presos do EPP, mantém Laura Villalba presa com acusações falsas e sem provas, por outro lado promove um teatro judicial-repressivo contra os presos políticos do EPP, para defender os interesses dos latifundiários, sojeiros e narcotraficantes que atuam no país. Apoiado pelos governos fascistas e neoliberais da região, principalmente da Colômbia e o governo miliciano Bolsonaro/Mourão, assim como pelo imperialismo norte-americano, o governo de Mario Abdo Benítez tem aproveitado a resistência armada do EPP para avançar contra em uma ofensiva terrorista contra o povo pobre e guarani do Paraguai. Por sua vez, o EPP de forma heroica tem atuado principalmente na região norte do país através da autodefesa camponesa e da proteção armada das comunidades camponesas, pobres e indígenas. A organização insurgente de inspiração guevarista enfrenta um governo fascista e os interesses e ataques dos sojeiros brasileiros e narcos que atuam na região, exercendo o legítimo direito à insurgência dos povos. Nesse sentido, nós da FOB, nos somamos às organizações sociais e de direitos humanos da América Latina na Campanha Internacional Eram Crianças (Campaña Internacional Eran Niñas), exigindo justiça para as crianças Lilian Mariana e María Carmen Villalba, a imediata aparição com vida da menina Carmen Elizabeth Oviedo Villalba, pela libertação de Laura Villalba e em defesa da vida e refúgio humanitário para a família Villalba, contra os ataques do Estado narcoterrorista e infanticida paraguaio. JUSTIÇA PARA LILIAN MARIANA E MARÍA CARMEN!APARIÇÃO COM VIDA CARMEN ELIZABETH! LIBERDADE PARA LAURA!SOLIDARIEDADE INTERNACIONALISTA À FAMIILA VILLALBA E AOS PRESOS POLÍTICOS DO EPP!EM DEFESA DO DIREITO À INSURGÊNCIA DOS POVOS!

Nota de pesar pelo falecimento do companheiro Antônio Eduardo

Com muita tristeza e consternação fomos surpreendidos com a notícia da morte do querido professor e companheiro Antônio Eduardo, no último domingo, dia 27 de dezembro, aos 50 anos de idade, após problemas cardíacos e suspeita de Covid-19. Professor da UFRB e pesquisador da área de Ciências Sociais, Antônio Eduardo de Oliveira, foi um lutador incansável por cerca de três décadas. Atualmente, além de diretor da Associação dos Professores Universitários do Recôncavo (APUR), escritor e cientista social, também publicava com frequência artigos em jornais de esquerda e promovia cursos de formação política. Desde os anos 1990, identificado com o trotskismo, participou da fundação do Partido da Causa Operária (PCO). Entre diferenças e convergências, mas sempre com muito respeito, a geração de militantes que fundou a Casa da Resistência teve o primeiro contato com o companheiro Antônio Eduardo nas grandes lutas sociais que sacudiram Feira de Santana no início dos anos 2000. Socialista e revolucionário militante, foi preso e processado pelo então governo do PFL, de ACM na Bahia (1991-1994). Sua partida, além da tristeza, deixa para nós o sentimento do exemplo, das boas lembranças de um professor extraordinário, que combinava a seriedade e o bom humor, com sincera dedicação às lutas populares. Deixamos, desde a Casa da Resistência, Centro Popular George Américo e Comitê de Solidariedade Popular, nossos sentimentos aos familiares e aos companheiros e companheiras do Partido da Causa Operária de Feira de Santana, nesse momento de dor. Duda vive, a luta segue. ANTÔNIO EDUARDO, PRESENTE!

Entrevista com Ana Maria, mãe de Pedro Henrique

O ativista de direitos humanos, Pedro Henrique Santos Cruz, foi assassinado aos 31 anos, em 27 de dezembro de 2018, de forma brutal e covarde por policiais militares da PM-BA dentro de sua casa, no bairro Nova Esperança, em Tucano, cidade no sertão da Bahia. Pedro foi o criador da “Caminhada pela Paz”, movimento social contra a brutalidade policial em Tucano (BA), era artista visual e se identificava com a cultura rastafari, começando sua militância contra o terrorismo de Estado e a violência policial em 2012, após ser agredido por policiais. Os PMs acusados de executar Pedro Henrique com 8 tiros, reconhecidos por uma testemunha, permanecem impunes. A Casa da Resistência entrevistou a companheira Ana Maria Cruz, mãe de Pedro, nesses dois anos do assassinato de seu filho e luta por justiça. Casa da Resistência: Ana Maria, primeiro parabenizamos sua luta incansável por justiça para Pedro Henrique, exemplo de combate ao terrorismo de Estado no país e aos crimes dessa instituição genocida que é a Polícia Militar da Bahia. Gostaríamos de saber como tem sido esses dois anos da perda de Pedro e a luta dos seus familiares e amigos por justiça? Ana Maria: Agradeço o apoio e a força que todos vocês me dão desde o início, ao longo desses dois anos e eu quero dizer que não há mérito nenhum em lutar por um mundo mais justo, é nossa obrigação, queria eu ter o fôlego de Pedro que dedicou os últimos anos de sua vida a defender o bem, o amor, a paz e a justiça. Tenho certeza de que estes foram os melhores anos de sua vida, sofrimento nenhum pelo qual ele passou vai conseguir tirar essa grandeza do espírito combativo e guerrilheiro do nosso Pedro, muito menos o seu sorriso e o seu amor à vida. Dois anos sem a presença de Pedro, dois anos de luta sem trégua. Não podemos dormir, nem cochilar podemos, a luta de Pedro vive reclamando, dentro de nós uma reação à injustiça a ele imposta e não podemos sequer sonhar em desistir. Não seria justo com ele, não seria justo com todas as vítimas desses assassinos covardes, temos um longo caminho pela frente. Medo todos temos por que somos humanos, mas acreditamos que a continuidade da luta por justiça é bem maior que todo e qualquer temor e é este sentimento que nos encoraja e nos impulsiona. Uma coisa eu sei: eles têm muito mais medo de nós do que nós deles. Esta é a grande diferença, daí o motivo de armarem-se contra nós, desarmados, somos corpos que tombam, mas somos ideias que reverberam e se propagam e quanto mais nos matam, mais longe vão nossos pensamentos, mais pessoas abraçam nossa causa. Não vamos desistir. Viver sem Pedro não existe. Um dia me perguntaram pelo luto e eu respondi que não tive tempo de viver o luto e nem de chorar por Pedro. Me inspiro na namorada dele, uma jovem guerreira. Quando cheguei no final da manhã do dia 27 de dezembro na casa de Pedro em Tucano, o IML já havia removido o corpo, a perícia já tinha sido feita e a casa estava lavada, limpa, cheirosa, impecável. Percebi um filete de sangue que escorria do ouvido direito dela, consequência do coturno de um dos assassinos que pisou em sua cabeça, imobilizando-a de encontro ao chão, enquanto ele e mais dois atiradores disparavam suas armas contra Pedro que já estava caído sobre a cama, então eu perguntei por que ela não havia cuidado daquele ferimento. A garota simplesmente me respondeu: “Tinha muita coisa pra eu fazer aqui antes de você chegar”. Foi uma das maiores lições e exemplo de força, amor e bravura que eu já tive. Retomando, viver sem Pedro não existe. Ele está o tempo todo ao nosso lado, lutando, nos encorajando a continuar e quanto mais eu luto, mais sinto ele próximo de mim. É ele quem não me deixa desistir. Casa da Resistência: Em qual situação encontra-se a investigação, o que explica a situação de impunidade dos policiais que assassinaram Pedro? Existem ameaças ou risco a você, sua família e amigos de Pedro Henrique? Qual o papel do governo do Estado da Bahia, do comando da polícia militar, do ministério público e da justiça baiana? Ana Maria: As investigações, no âmbito da polícia civil, terminaram, o inquérito foi concluído indiciando apenas dois dos três atiradores. Os autos foram devolvidos ao MP, sem que a diligência requerida pelo promotor fosse cumprida, em que constava submeter o terceiro atirador a reconhecimento feito pela testemunha ocular do crime. Para isso, o acusado alegou estar de quarentena por conta de haver uma suspeita de Covid-19, mas a audiência de reconhecimento estava marcada para o dia 2 de julho de 2020, de lá até 13 de novembro, data em que o inquérito voltou para o MP, foram mais de quatro meses que os autos permaneceram em poder da autoridade policial sem que nova audiência de reconhecimento fosse marcada. Estamos no aguardo de que o Ministério Público ofereça a denúncia contra os PMs autores do crime. A situação de impunidade permeia do início ao fim. Os assassinos de Pedro foram reconhecidos no momento em que o executaram, o fato foi imediatamente levado ao conhecimento da Corregedoria Geral e da Polícia Civil, mas em momento algum os autores foram afastados ou tiveram suas prisões decretadas, não tiveram suas armas apreendidas para perícia, tampouco foram submetidos a exames de pólvora combusta. O risco que corremos é constante e iminente, mas isso não muda nada a minha determinação de continuar a luta de Pedro e por Pedro. As ameaças são veladas, com olhares, atitudes, abordagens intimidatórias a amigos de Pedro e, principalmente, várias tentativas de me silenciar através de representações nos juizados criminais, não de Tucano, mas estrategicamente, nas comarcas das cidades de Euclides da Cunha e Salvador, dizendo-se eles vítimas de calúnias. Atribuo essa situação de impunidade ao medo, conivência e conveniências. Muitos interesses escusos moveram esses criminosos a praticar tamanha atrocidade e acredito

Responder à violência racial: por uma Rebelião Negra e Antirracista

CONVOCATÓRIA PARA AÇÃO DIRETA E SOLIDARIEDADE INTERNACIONAL CONTRA A VIOLÊNCIA RACISTA E O ASSASSINATO DE NEGO BETO POR SEGURANÇAS DO CARREFOUR Brasil, 20 de novembro de 2020. Na noite de quinta-feira, 19, véspera do Dia Nacional da Consciência Negra, dois seguranças de uma unidade da multinacional Carrefour na cidade de Porto Alegre (RS) espancaram covardemente até a morte João Alberto Silveira Freitas, o Nego Beto, homem negro de 40 anos. Assim como no caso de George Floyd, o brutal espancamento seguido de morte sofrido por João Alberto foi gravado por câmeras, ficando evidente a violência desproporcional e a nítida intenção de assassiná-lo. Assim como no caso norte-americano, Nego Beto clamou por socorro e pedia para respirar, pois estava com os joelhos do segurança em cima das suas costas pressionando seus pulmões, que resultou em uma parada respiratória e o levou à óbito ali mesmo na entrada do supermercado Carrefour. Hoje é Dia Nacional da Consciência Negra em nosso país, dia da imortalidade de Zumbi dos Palmares, um dia de luto, memória e luta. Por isso o sentido dessa carta é não é apenas declarar nosso luto por mais uma vítima fatal do genocídio racial que vivemos no país, mas também de convocar os lutadores e lutadoras do povo do Brasil e do mundo à repudiarem este assassinato racista e covarde, através da ação direta e da luta combativa e radical. Se eles matam nossos irmãos trabalhadores de forma covarde nas portas dos seus supermercados, é para lá que devemos ir. Enquanto revolucionários é nosso dever assumir a iniciativa através da ação direta, com o objetivo de incitar a maioria do nosso o povo e as organizações combativas à ocuparem em forma de protesto nos próximos dias cada unidade da multinacional Carrefour nos 33 países onde ele está presente e nos 26 estados brasileiros (mais Distrito Federal) onde existem lojas e supermercados do Grupo Carrefour como o Planaltão, Roncetti, Mineirão, Rainha, Dallas, Big, Eldorado, Continente e Atacadão. O Carrefour nos diversos países onde opera coleciona processos trabalhistas, além de lucros exorbitantes. No Brasil não é diferente, porém além de processos trabalhistas e recordes de faturamento o Grupo Carrefour coleciona também casos de racismo, violência e morte. Em 2009, em Osasco, seguranças do Carrefour agrediram o vigilante e técnico em eletrônica Januário Alves de Santana, de 39 anos, no estacionamento do mercado, não por coincidência Januário era negro e foi acusado de roubar o próprio carro. Em outubro de 2018, em São Bernardo do Campo, Luís Carlos Gomes, um homem negro e deficiente físico, foi perseguido pelo gerente da unidade por um segurança e depois encurralado em um banheiro, onde foi desmaiado com um mata-leão por ter aberto uma lata de refrigerante. Em 2018, também em Osasco, o dono do mercado (filial do Carrefour) pediu para um segurança matar um cachorro que entrou no estabelecimento, devido a visita de supervisores da matriz. Em agosto de 2020, em Recife, um promotor de vendas do Carrefour morreu enquanto trabalhava e seu corpo foi coberto com guarda-sóis e cercado por caixas, para que a loja pudesse seguir em funcionamento, o corpo de Moisés Santos permaneceu no local entre às 8h e 12h, até ser retirado pelo Instituto Médico Legal (IML). A maioria do povo brasileiro que sofre com as quase 170 mil mortes subnotificadas pela pandemia de Covid-19, com o aumento da miséria e a piora das condições de vida por todo país, com o avanço do desemprego, precarização, inflação, da repressão com quem luta no campo e na cidade e da violência estatal e da brutalidade policial contra a maioria negra e favelada, agora presencia este brutal assassinato patrocinado por uma multinacional francesa em plena véspera do 20 de Novembro, data que marca além da resistência do povo negro, a memória de todas as desgraças trazidas pela colonização europeia ao nosso território. Que esse 20 de Novembro seja de quilombagem e rebelião, dia em que celebramos a memória insurgente de Zumbi dos Palmares, que transformou dor e luto em resistência e luta organizada, exemplo que deve nos inspirar a enfrentar esse sistema capitalista e racista, desumano e assassino, para organizarmos nosso ódio e enfrentarmos o genocídio promovido pelos capitalistas e governantes. AÇÃO DIRETA CONTRA O CARREFOUR ASSASSINO!JUSTIÇA PARA NEGO BETO! MORTE AOS RACISTAS!ZUMBI VIVE E VENCERÁ! RETORMAR A QUILOMBAGEM!

Voto ou Rebelião: combater a farsa eleitoral do Estado Genocida e organizar o povo contra a Nova Escravidão

Comunicado Nacional da FOB sobre a farsa eleitoral e em memória de Zumbi dos Palmares, comandante insurgente e quilombola da luta de libertação negra e herói do povo brasileiro. Brasil, Novembro de 2020. São tempos difíceis para nós, trabalhadoras e trabalhadores, gente pobre e humilde que luta todos os dias para sobreviver, sustentar nossas famílias e ter uma vida digna. Aumento do custo de vida e inflação, miséria e exploração, desemprego e precarização avançam. Os governos e os patrões fazem da vida do nosso povo um inferno sobre a terra. A pandemia escancarou as políticas genocidas do projeto fascista e neoliberal de Bolsonaro, Mourão e Paulo Guedes, representantes da burguesia entreguista, cujos interesses estão subordinados ao capital imperialista. O povo brasileiro está enfrentando uma ofensiva das classes dominantes, marcada pelo massacre dos pobres, dos negros e negras, da juventude das favelas e periferias, das mulheres do povo, dos camponeses pobres, das comunidades indígenas, quilombolas, caiçaras e ribeirinhas, e também, pela destruição do meio ambiente, pela retirada de todos os nossos direitos e pela opressão e repressão contra quem luta. São dezenas de milhares de mortes, com números muitos maiores que os apresentados pelos dados oficiais, milhões e milhões de contaminados e o avanço de uma segunda onda de Covid-19. Metade dos trabalhadores não tem emprego, 1/3 da população não tem condições nem mesmo de se alimentar dignamente e mais de 10 milhões passam fome. É nesse contexto que acontecem as eleições municipais de 2020, em meio a uma guerra biológica, social e racial contra o povo pobre e trabalhador, que nunca teve direito à quarentena e que agora é obrigado a conviver com uma doença mortal para trabalhar e sobreviver. Os grandes partidos da ordem, da direta, do centro e da esquerda institucional, encenam em suas campanhas eleitorais um grande teatro da morte patrocinado com dinheiro público. São todos oportunistas ou fantoches de uma burguesia doente e escravocrata, que utiliza o Estado como um organismo de violência e negação da vida e direitos dos mais pobres. Mas novembro também é um mês de resistência. É o mês em que celebramos a memória combatente de Zumbi dos Palmares, comandante militar da luta quilombola e insurgente do povo negro, sequestrado e escravizado, e que deve inspirar nossa resistência hoje para derrotar a nova escravidão e o genocídio promovido pelos capitalistas. É preciso enfrentar esse sistema desumano, é preciso organizar nosso ódio contra um inimigo brutal. Parar o massacre e construir um novo mundo de justiça e liberdade. É a luta organizada e radical do povo, e não a ilusão eleitoral, que pode e vai fazer recuar o poder dos capitalistas e seus governos. Precisamos tomar em nossas mãos nossos destinos e reverter nossa realidade de desgraças e sofrimentos. Nós, a classe trabalhadora brasileira, o povo pobre e afro-indígena, que estamos nas periferias das grandes cidades ou nas comunidades rurais do interior do país, nas pequenas ou médias cidades do Brasil profundo, merecemos e devemos conquistar uma vida digna, para nós, nossa juventude e nossos filhos, repartindo a riqueza e o poder. Como nos provou a pandemia, agora sabemos mais do que nunca que Só o Povo Salva o Povo. Sabemos que estamos por nossa própria conta e que é preciso fazer valer o nós por nós, organizando nossa gente nos bairros pobres, comunidades rurais, locais de estudo e de trabalho a partir da solidariedade popular, do apoio mútuo, da ação direta e da autogestão comunitária. Construindo a unidade nas lutas para enfrentar os ataques aos direitos e a carestia de vida, o desemprego e as demissões, os despejos e a repressão. Nos defender da brutalidade policial, do genocídio nas favelas, do feminicídio, da violência homofóbica e dos massacres no campo. Combater as privatizações, defender o meio ambiente, a educação pública, o direito à moradia e ao território. Somente nós podemos defender a saúde e a vida de nosso povo. As cidades são os territórios onde vivemos e sentimos primeiro os problemas cotidianos que avançam. Vemos nos supermercados e nos salários o resultado da crise capitalista e da ofensiva neoliberal sobre os pobres e a classe trabalhadora. Enquanto os mais diversos candidatos da farsa eleitoral apresentam falsas soluções, mentem descaradamente e lutam de forma intestinal pelo controle do poder nos municípios, sabemos que nenhum governo vai resolver os problemas reais que enfrentamos enquanto povo. Devemos conjugar nossas lutas mais imediatas e reivindicativas com um programa revolucionário, antifascista e anticolonial, baseado nos organismos de poder proletário, nas associações e cooperativas, nos sindicatos autônomos e comissões de trabalhadores, nas plenárias e ocupações, nos comitês e iniciativas comunitárias e nos movimentos e núcleos de base. Precisamos impulsionar estas experiências a partir de uma estratégia insurrecional, passando pela construção da Greve Geral, dos conselhos populares e assembleias de base, que se articulam a partir dos nossos territórios em através de um Congresso do Povo como organismo de decisão do poder proletário, federalista e socialista em oposição ao poder burguês e estatal. O poder do povo deve se impor como uma forma de contrapoder, baseado na mobilização permanente de massas e na organização popular de base e autônoma. Nós da FOB, que construímos na luta diária uma federação revolucionária de trabalhadores e do povo pobre a partir de núcleos de base, organizações populares e sindicatos autônomos combatemos a farsa eleitoral. Denunciamos as eleições burguesas como um teatro genocida que serve para legitimar a dominação e a exploração, e propomos, a partir da nossa realidade concreta e demandas reais, avançar na construção do sindicalismo revolucionário e do poder do povo, articulando nossas lutas por vida digna com um programa de libertação anticapitalista e socialista, profundamente antirracista e antipatriarcal. ELEIÇÃO É FARSA! NÃO VOTE, LUTE!GREVE GERAL E REBELIÃO! FORA BOLSONARO E MOURÃO!TODO PODER AO POVO! RECONSTRUIR PALMARES!ZUMBI VIVE E VENCERÁ!

VOTO NULO E FORA COLBERT!

Posição da Casa da Resistência e Comitê de Solidariedade Popular sobre as eleições em Feira de Santana Organizar o povo pobre e trabalhador para lutar por uma vida digna! Construir o poder do povo através dos conselhos populares e comunitários! A gestão desastrosa e criminosa da pandemia pela Prefeitura de Feira Santana agravou ainda mais os sérios problemas enfrentados pelo povo pobre e trabalhador feirense. O prefeito Colbert Martins Filho é um facínora que deve responder pelas mortes por Covid-19, visto que grande parte delas poderiam ser evitadas com as medidas sanitárias e sociais adequadas. A prefeitura, mesmo com uma verba especial de mais de 50 milhões para a pandemia, negou qualquer apoio aos mais pobres, deixou cestas básicas apodrecerem, retirou linhas e manteve ônibus lotados para beneficiar os empresários, cortou salários de professores, atacou os camelôs que trabalhavam para sobreviver no centro da cidade e de forma desumana e cruel deixou as crianças da rede municipal sem merenda escolar. Colbert, do mesmo partido de Temer e Geddel e que já foi preso por corrupção, é o sucessor de José Ronaldo de Carvalho, bolsonarista e chefe da quadrilha que rouba dinheiro público de Feira de Santana há cerca de 20 anos, com bens bloqueados por envolvimento em desvios de mais de 70 milhões da saúde pública da cidade. São responsáveis também pelo BRT fantasma, onde mais de 100 milhões do dinheiro público foram jogados fora ou desviados. São contratos fraudados no transporte público e na coleta de lixo, máfia da SMTT e funcionários fantasmas nas escolas, além de dezenas de outras denúncias e processos pelos quais respondem. Feira de Santana vive hoje um verdadeiro apartheid, com uma desigualdade profunda agravada pelas duas décadas de gestão do grupo político burguês e reacionário liderado pelo ex-prefeito José Ronaldo de Carvalho (DEM), uma organização criminosa que aparelhou por completo as instâncias de poder local e é especialista em fraudes, mentiras e desvio de dinheiro público. O meio mandato catastrófico e criminoso de Colbert Martins Filho (MDB) colocou a cidade em uma situação caótica em todos os aspectos. Nada funciona, não tem ônibus suficientes e nem médicos ou remédios nos postos de saúde, bairros da periferia e distritos abandonados, aprofundando a situação de sofrimento vivida pela maioria do povo pobre feirense. As eleições caminham para um possível segundo turno entre a atual gestão do MDB-DEM e o PT. É fundamental derrotar e tirar a quadrilha de José Ronaldo e Colbert da prefeitura, mas sabemos que um possível governo municipal do PT alinhado ao governo do estado e de conciliação com a burguesia local, limitado por uma gestão de transição após todos esses anos de hegemonia ronaldista e com minoria no legislativo, não pode e não conseguiria resolver os problemas reais do nosso povo. O governo do estado da Bahia faz, assim como qualquer governo de direita, uma gestão neoliberal e genocida, com nosso estado convivendo com a maior situação de pobreza e extrema pobreza do país, os piores índices de educação e os maiores de brutalidade e letalidade policial, com uma política de segurança pública racista que fez da PM-BA uma máquina de assassinar de negros e pobres. Sabemos que nenhum governo pode resolver os graves problemas que vivemos todos os dias enquanto povo. É a nossa capacidade de organização e luta que pode reverter nossa situação de miséria e exploração, fazer recuar os capitalistas e seus governos e garantir nossos diretos sociais básicos. A organização comunitária nos bairros das periferias e favelas, a solidariedade popular e a ação direta, o apoio mútuo e a unidade combativa de trabalhadores e da juventude pobre é que podem definir nossa capacidade coletiva de poder enfrentar os ricos e definir nossos destinos. É preciso repartir a riqueza e o poder a partir da mobilização popular permanente e dos organismos de poder proletário, sem qualquer ilusão conciliatória ou pacifista, pelo contrário, devemos partir da afirmação que nossa libertação será fruto apenas de uma estratégia insurrecional e da guerra popular e revolucionária. É preciso trazer para o nosso cotidiano e realidade concreta as propostas da revolução social e anticapitalista que defendemos. Gerir os serviços públicos e fazer o planejamento da cidade para o povo trabalhador e sem o poder corrupto das prefeituras, secretarias ou câmaras de vereadores, mais sim através dos Conselhos Populares nos bairros, das organizações comunitárias, assembleias de base e de um Congresso Revolucionário do Povo. Organizar a produção e o trabalho sem patrões, expropriar as empresas, abrir frentes emergenciais de trabalho e grande um programa de cooperativas de produção e consumo, para acabar com o desemprego, a exploração e o trabalho precário. Gerir a saúde de forma comunitária acabando com a privatização e o transporte público sem as empresas mafiosas, com gestão popular, tarifa zero e uma empresa pública. Alimentar nosso povo e garantir a soberania alimentar acabando com a fome em uma aliança entre trabalhadores da cidade e do campo. Distribuir terras para a produção coletiva e a agricultura familiar. Erradicar o analfabetismo e oferecer uma educação pública de qualidade e libertadora para nossas crianças e jovens, creches, formação técnica e profissional. Construir uma política real de reparação às comunidades tradicionais e ao povo negro e indígena. Organizar a segurança pública a partir de uma lógica comunitária de autodefesa e justiça popular, pôr fim aos organismos de repressão e brutalidade policial e acabar com a violência machista e homofóbica. Reverter a lógica de destruição ambiental a partir da ecologia social, proteger as lagoas, minadouros e nascentes que são a origem da nossa Santana dos Olhos D’Água. Para avançar nessas e outras questões convidamos todos os lutadores e lutadoras, trabalhadores e trabalhadoras, estudantes do povo, donas de casa, desempregados e nossa gente favelada e sofrida para se somarem nas lutas, iniciativas comunitárias e na construção do Programa Popular e Revolucionário para Feira de Santana, relacionando nossas demandas imediatas com um horizonte de emancipação proletária e libertação anticapitalista. Nessas eleições, que são apenas um grande teatro da morte para legitimar a dominação e o genocídio, defendemos o

5 anos da ocupação combativa contra a farsa do BRT

As obras do BRT que desde o início foram denunciadas como uma fraude pelo Movimento Unificado Contra o BRT voltaram a ser pauta nessas eleições municipais. O BRT (que é a sigla em inglês para Bus Rapid Transit) se comprovou como uma grande farsa, com plataformas inservíveis expostas para quem quiser ver em todo o centro da cidade e uma tentativa tão ridícula quanto mentirosa de ser colocado em funcionamento agora nas eleições pela Prefeitura. O projeto inicial aprovado com ônibus articulados e via exclusiva que ligaria as partes norte e sul da cidade (UEFS-Tomba) teve sua finalidade desviada para a construção das trincheiras, e mesmo com os recursos sendo suspensos pela Caixa pelas comprovadas ilegalidades a obra acabou sendo liberada após negociatas espúrias do então prefeito José Ronaldo. Esse BRT de mentira é mais um dos crimes contra o dinheiro público e o povo de Feira de Santana cometido pelo grupo político do ex-prefeito José Ronaldo e seu atual candidato Colbert Martins Filho. Apresentado como solução mágica para a mobilidade urbana, assim como foi feito com a mentira do SIT (Sistema de Transporte Integrado), a quadrilha que domina nossa cidade associada as máfias empresariais, fez do transporte coletivo de Feira de Santana algo deplorável e um dos piores e mais caros serviços do país, que vive em uma permanente crise e entre um colapso e outro, negando para grande parte da população feirense que não consegue pagar a tarifa absurda, ou nem mesmo as poucas linhas chegam em seus bairros e distritos, o direito fundamental de ir e vir e de ter um transporte verdadeiramente público e de qualidade. Ocupamos e resistimos nos canteiros das obras do BRT em 2015 por cerca de 2 meses seguidos, mais de 50 dias enfrentando as ameaças da Prefeitura e de capangas, sendo boicotados pelos partidos da esquerda institucional e sofrendo com tentativas de sabotagem, infiltração, chantagem e cooptação, além de diversas ameaças de morte às lideranças, agressões e pôr fim a desocupação violenta e covarde com a invasão ilegal da ocupação à mando de José Ronaldo. Foram 2 meses de ação direta popular e luta combativa, de uma ocupação criativa e solidária com intensas movimentações culturais, debates sobre o direito à cidade, sobre o transporte público, formação política, música, poesia, arte e muita solidariedade e apoio mútuo. Lutamos e vencemos, ainda que parcialmente, impedindo que esse BRT mentiroso destruísse todo o canteiro central da Av. Getúlio Vargas e retirasse as centenas de árvores e os pequenos comércios e pontos que funcionam ao longo da avenida. Hoje fazem exatos 5 anos, que no dia 26 de outubro de 2015 por volta das 4h da manhã, capangas armados e a guarda municipal arrombaram um dos portões e invadiram pelos fundos o canteiro de obras da trincheira na Av. Maria Quitéria com a Av. Getúlio Vargas ocupado pelo Movimento Unificado Contra o BRT, agredindo e prendendo os cerca de 30 militantes independentes que dormiam no local naquela noite (como relatamos com mais detalhes num texto da época “Feira de Santana: construir resistência popular e enfrentar a barbárie ronaldista”). A mesma violência que depois foi usada contra os artesãos do Centro de Abastecimento e agora é usada contra os ambulantes do Centro. Os capangas, já naquela época, como denunciando recentemente pelo jornal A Tarde, eram contratados através de um esquema ilegal de terceirizados fantasmas pelas Escolas Municipais, prática comum do governo José Ronaldo para aparelhar o Estado e que continua no governo de Colbert Martins Filho. O BRT, assim como as próprias trincheiras, nunca tiveram viabilidade técnica. Foram obras eleitoreiras para tornar a cidade cada vez mais excludente, onde mais de 100 milhões de reais do povo feirense foram jogados fora. Agora, Colbert, o criminoso que se negou a prestar qualquer assistência ao povo pobre durante a pandemia e segue atacando trabalhadores, como os ambulantes e professores, na sua sanha oportunista para tentar se eleger prefeito acha que pode enganar toda a cidade colocando em funcionando um BRT que não existe, não liga lugar nenhum à qualquer outro e nem mesmo tem uma faixa exclusiva. A mentira e o crime contra o dinheiro público é a marca dessa quadrilha que governa Feira de Santana há cerca de 20 anos e fez da nossa cidade, a terra de Lucas da Feira, Maria Quitéria, Chico Pinto e tantos outros, um lugar atrasado e retrógrado que vive um verdadeiro apartheid onde os direitos mais básicos como saúde, educação, saneamento e transporte público são negados ao povo trabalhador e à maioria afroindígena e sertaneja das periferias. José Ronaldo e Colbert devem pagar pelos seus crimes. O povo feirense sofrido merece e tem direito à um transporte público digno, sem as empresas mafiosas interessadas apenas nos lucros, com a municipalização do transporte e o controle popular através de um conselho de trabalhadores/as, integração de modais como a bicicleta e e outros, e Tarifa Zero, como deve ser um serviço público essencial. VIVA OS 5 ANOS DA LUTA COMBATIVA CONTRA O BRT!CADEIA PARA COLBERT E JOSÉ RONALDO, INIMIGOS DO POVO!SOMOS RESISTÊNCIA!