Fora Bolsonaro! Poder para o Povo! Um chamado à ação direta e à unidade dos setores revolucionários

Aos grupos e organizações populares autônomas, agrupações e frentes antifascistas, organizações de base de trabalhadores/as e estudantes, grupos de mulheres do povo, organizações negras combativas, grupos antirracistas, defensores dos direitos humanos, coletivos LGBT+, organizações dos povos indígenas, movimentos de luta por moradia e por terra, associações comunitárias do campo e da cidade, coletivos de periferia, grupos culturais combativos, organizações revolucionárias anarquistas, marxistas, panafricanistas/quilombistas e anticolonialistas. A luta intestinal que se desenrola entre as diversas frações da burguesia, as cenas que variam entre o grotesco e o ridículo e se repetem quase que diariamente no governo miliciano de extrema-direita, os ataques brutais contra os direitos do povo e a carnificina promovida pelo Estado policial nas periferias e no campo, se somam as insurreições e os levantes anticoloniais e anticapitalistas dos povos na América Latina e no mundo, como demonstrações do aprofundamento da crise capitalista e da crise de dominação burguesa no Brasil e em todo o mundo. Os povos heroicamente se levantam no Haiti, Honduras, Equador e Chile, assim como, na Argélia, Sudão, Catalunha, Iraque e diversos outros países, ou protagonizam guerras anticoloniais como no Iêmen e na revolução social do povo curdo em Rojava, atacado pelo fascismo turco com o aval dos Estados vizinhos e dos blocos imperialistas. No Brasil, a crise de dominação burguesa aberta a partir de 2008 e que tomou contornos no Levante Popular de 2013, vem se aprofundando desde o acordo entre as frações de poder que derrubou o governo Dilma, ampliou os ataques da agenda neoliberal com o governo Temer e colocou através da farsa eleitoral uma escória de milicianos e neofascistas no poder, em um governo tutelado por generais saudosistas da ditadura empresarial-militar. O governo Bolsonaro/Mourão é um governo de improviso da burguesia, interessada em acabar com os serviços públicos, os diretos da classe trabalhadora e ampliar os níveis de exploração e opressão do povo brasileiro. O Estado policial e racista inflado pelos governos petistas foi elevado ao status de poder constituído a partir da farsa que conduziu o miliciano Bolsonaro, com ligações com a organização Escritório do Crime que assassinou Marielle Franco, o juiz fascista Sergio Moro, o sociopata neoliberal Paulo Guedes e uma corja de lunáticos olavistas ao governo federal, ampliando as políticas anti-povo como a destruição da previdência, as privatizações, o desemprego e a precarização, os ataques ao meio ambiente, os cortes na saúde e educação, o obscurantismo e a militarização de escolas, assim como, os massacres e assassinatos contra a maioria negra nas favelas, contra os povos indígenas e camponeses pobres, em uma escalada de horror contra o povo pobre que tem uma relação direta com o aumento nos níveis de exploração da classe trabalhadora. Distante das narrativas derrotistas ou da lógica domesticada da esquerda institucional, o Brasil como um grande vulcão que acumula energia antes da explosão dos oprimidos contra o poder deve responder à brutalidade neoliberal com uma grandiosa insurreição. A rebelião, o ódio organizado do povo deve ser a resposta contra um Estado apodrecido, a barbárie capitalista e o terror promovido contra os pobres. Acreditamos que a única saída possível para a crise de dominação é a saída revolucionária, por fora e contra o Estado, superando as ilusões em supostos salvadores e em uma esquerda da ordem tão suja e oportunista quanto a própria direita. A Greve Geral insurgente e a ação direta do povo nas ruas são os caminhos para derrotar o governo Bolsonaro/Mourão, ao mesmo tempo, devem ser conjugadas com a construção dos instrumentos de autodefesa e auto-organização popular como embriões de contrapoder e autogoverno. É preciso levantar uma agenda popular e revolucionária, construída a partir da solidariedade entre as lutas, da ação direta popular, da unidade entre os setores revolucionários e as organizações de base, como uma alternativa popular aos interesses das frações de poder que disputam o controle do Estado, do oportunismo das burocracias sindicais e estudantis (CUT, UNE, CTB, etc.) e da esquerda eleitoral. Desde o campo do sindicalismo revolucionário, das organizações de base de trabalhadores/as e estudantes e da luta popular revolucionária, a FOB propõem: – Construção de brigadas e comitês de agitação e propaganda pelo FORA BOLSONARO nas cidades e no campo, com panfletagens, pichações, colagens, intervenções e atividades de base que coloquem na ordem do dia das maiorias exploradas e oprimidas a necessidade de derrotar nas ruas esse governo neofascista; – Intervenção nas manifestações contra o governo Bolsonaro como Blocos Autônomos e Combativos, para se diferenciar da esquerda institucional, do bloco socialdemocrata/reformista e do oportunismo eleitoral, além de construir a partir da unidade dos setores revolucionários um calendário de lutas independente das burocracias traidoras e corruptas, rompendo com a lógica de domesticação das direções sindicais e estudantis das entidades oficiais; – Ampliar os organismos de base do povo pobre e da classe trabalhadora baseados em um programa mínimo reivindicativo (em defesa do trabalho, moradia, terra, educação, meio ambiente, saneamento, transporte e contra a brutalidade policial, o terrorismo de Estado, a carestia da vida, etc.), radicalizando e relacionando as lutas, apontando uma saída revolucionária para a crise, como parte de um projeto popular e revolucionário capaz de construir uma alternativa de poder, para repartir a riqueza e por fim a esse regime de exploração e opressão; – Organizar brigadas de autodefesa popular e militante, convocando todos e todas lutadores e lutadoras do povo dispostos/as; Essas brigadas deverão tratar da preparação dos militantes prevendo possíveis conflitos, se preocupar com a segurança dos envolvidos e garantir atividades de preparação física e defesa pessoal; – Convocar uma Greve Geral construída pela base, por fora e contra as burocracias sindicais e estudantis, adotando táticas insurrecionais, a ação direta, a sabotagem, a paralisação da produção, dos serviços e da circulação de mercadorias contra os ataques neoliberais aos diretos do povo, o genocídio do povo negro nas favelas e periferias, os ataques contra os povos indígenas, camponeses pobres e em defesa do meio ambiente; – Construir o Congresso do Povo, baseado em assembleias populares e delegados eleitos pelos organismos de base do povo (grupos de

Rojava resiste: solidariedade ao povo curdo e ao PKK contra a invasão turca

Segundo o Partido dos Trabalhadores do Curdistão – PKK, organização revolucionária do povo curdo, “a agressão turca tem o claro objetivo de derrotar a Revolução Libertária de Rojava, invadindo as terras do norte e leste de Síria para eliminar a administração autônoma democrática e perpetrar um genocídio contra os curdos de Rojava, como no caso de Afrin, reduzindo à escravidão os demais povos destas terras, e assim, dividindo a Síria.” […] “Este ataque se dirige contra a existência e a liberdade curdas, a unidade democrática e a fraternidade entre os povos da Síria, contra a democracia na própria Turquia e no Oriente Médio, assim como, contra toda a humanidade. Seu objetivo é dar sobrevida aos mercenários do Isis/Daesh que foram derrotados pelas forças curdas das YPG, YPJ e FDS, e novamente voltar ameaçar o mundo inteiro com estas forças mercenárias.” […] “As forças genocidas de ocupação do exército turco estão atacando os povos curdos, árabe, assírio, sírio, armênio, turcomano e circassiano que vivem no norte e leste da Síria com as armas da OTAN e com as armas compradas dos Estados Unidos, Alemanha, Rússia e China. Essas são as armas utilizadas na agressão, massacre e invasão iniciada pela Turquia contra os povos do norte e leste da Síria em 9 de outubro. Por esta mesma razão, principalmente os Estados Unidos e a Rússia, mas também as Nações Unidas e todos os estados que apoiam a Turquia, são responsáveis pela invasão do norte e leste de Síria e de qualquer massacre e genocídio que se cometa neste território. Com o apoio de todas estas forças, o Estado turco está perpetrando de forma explícita um massacre contra os curdos em pleno século XXI, um crime contra a humanidade e os demais Estados se convertem em seus cumplices”. […] Mas, “uma luta pela sobrevivência começou entre as forças mais tirânicas e as mais justas da história. Os curdos de Rojava, os povos do nordeste da Síria e nosso povo nas quatro partes do Curdistão e no exterior devem saber que a história nos confiou mais uma vez a tarefa de representar a honra, a humanidade e a liberdade. Embora seja extremamente desafiador e tenha um alto custo, é nossa obrigação cumprir esta missão histórica e honrada, que empreenderemos no espírito de Agit e Zilan, seguindo o caminho do líder Apo (Öcalan) e dos mártires, assim como fizemos no passado sacrificando dezenas de milhares de mártires. Não podemos deixar de fazê-lo. Para nós, é a única maneira de existir e viver livremente como povo. Não esqueceremos que apenas a resistência levará à vitória.” […] “Acreditamos que curdos, árabes e todos os demais povos e forças de defesa do nordeste da Síria empreenderão a defesa da humanidade livre, nos baseando no chamado para a mobilização da Administração Autônoma Democrática; qualquer homem e mulher que possa pegar em armas deve converter cada casa em um quartel general e cada rua em um campo de batalha para erguer uma gloriosa resistência contra os bárbaros fascistas partidários de Recep Tayyip Erdoğan, do AKP e MHP, e para enterrar a mentalidade e a política colonialista e genocida da Turquia nas terras de Rojava”.

MESTRE MOA VIVE!

Romualdo Rosário da Costa, o Mestre Moa do Katendê, referência da cultura negra na Bahia, mestre de capoeira, fundador dos afoxés Badauê e Amigos de Katendê, compositor, percussionista, artesão, dançarino e educador foi covardemente assassinato no dia 08 de outubro do ano passado com doze facadas pelas costas pelo bolsonarista Paulo Sérgio Ferreira de Santana, após uma discussão sobre as eleições presidenciais de 2018 em um bar de Salvador (BA). Mestre Moa do Katendê foi um patrimônio do povo negro e da cultura da Bahia, vítima da violência reacionária promovida pelo bolsonarismo, que foi alçado ao poder pela farsa eleitoral de democracia dos ricos, síntese da escravidão e da ditadura. A melhor forma de homenagear o Mestre Moa é seguir na luta por justiça e liberdade, contra o fascismo institucional e o Estado Policial, avançar no enfrentamento ao racismo, construindo organização de base e autodefesa popular. Ontem, infelizmente uma irmã do Mestre Moa, após sofrer um infarto, morreu a caminho de uma missa em homenagem ao irmão. Nos solidarizamos com o toda a família do Mestre Moa nesse momento difícil. O documentário Mestre Moa do Katendê – A primeira vítima (2018, 46 min.), do cineasta Carlos Pronzato.

EQUADOR EM REBELIÃO

O povo do Equador se ergue, poderoso. Povos indígenas, trabalhadores/as, camponeses/as e estudantes ocupam as ruas, fecham estradas, cercam os prédios dos governos e autoridades locais, enfrentam a polícia e o exército, tomam cidades e liberam territórios do controle estatal-capitalista. A insurreição que toma conta do país tem um forte caráter autônomo e espontâneo, não se submetendo as tentativas de tutela do correísmo (corrente ligada ao ex-presidente Rafael Correa) e foi iniciada pela mobilização espontânea de motoristas contra o aumento de 120% dos combustíveis e pelo “paro provincial” em Carchi, antecipando o chamado da CONAIE (Confederação de Nacionalidades Indígenas do Equador) para o dia 15 de outubro. É uma resposta do povo ao pacote neoliberal do governo Lenín Moreno e do FMI, que também ataca os serviços públicos e os direitos dos trabalhadores. Em represália, o governo de direita de Lenín Moreno, eleito pelo Alianza País com apoio do agora seu ex-aliado e auto exiliado Rafael Correa, decretou “Estado de Exceção” e acendeu de uma vez a chama da rebelião. A Greve Geral, ou Paro Nacional de 3 de outubro, tomou proporções de um gigantesco levante popular em todas as partes do país. Povos indígenas decretaram seu próprio “Estado de Exceção” em seus territórios ancestrais. Há saques em grandes lojas nas cidades, militares presos pelos manifestantes, sublevações da costa do pacífico à região amazônica, passando pela região andina, confrontos de grandes proporções com a repressão, tanques de guerra nas ruas, jornalistas espancados, milhares de lutadores presos e alguns mortos. Manifestantes também desligaram os sinais das TVs vendidas ao governo neoliberal que mentiam sobre à justa e legítima rebelião do povo equatoriano, tendo em sua vanguarda os povos indígenas e sua organização, a CONAIE. Mais de 20 mil indígenas em marcha acabaram de chegar nesta noite de 7 de outubro na capital, Quito, com o objetivo de derrubar Lenín Moreno e todo seu governo, denunciam também a repressão ordenada pelo governo e o alto comando do exército equatoriano pelas detenções arbitrárias, centenas de feridos e lutadores assassinados nas manifestações e bloqueios. Outra Greve Geral foi convocada pelas organizações populares, de trabalhadores/as, mulheres, estudantes e indígenas para próxima quarta-feira, dia 9 de outubro. O povo insurgente do Equador mostra o caminho para os demais povos da América Latina: a greve geral, a luta popular revolucionária, as barricadas e a ação direta, a insurreição popular para derrotar os governos, os patrões, o imperialismo e a agenda neoliberal. SOLIDARIEDADE AO LEVANTE DO POVO EQUATORIANO, CONTRA O PACOTE NEOLIBERAL E A REPRESSÃO DO GOVERNO LENÍN MORENO! VIVA A INSURREIÇÃO POPULAR!

Nota de solidariedade à VII Marcha Internacional Contra o Genocídio do Povo Negro

Saudamos as e os combatentes e participantes da Marcha Internacional contra o Genocídio do Povo Negro, que chega a sua 7ª edição mantendo acesa a chama da tradição radical negra na Bahia, saudamos também a iniciativa da Reaja Organização Política e da Escola Winnie Mandela em permanecer na vanguarda da defesa da vida, da liberdade e da justiça para o Povo Negro, e não se dobrar diante da lama da prostituição política e do mar do oportunismo racial de quem se rendeu e se vendeu ao governo genocida de Rui Costa, em troca das migalhas da supremacia branca e da institucionalidade colonial e burguesa. É necessário dizer o que enfrentamos. Os governos petistas na Bahia anteciparam o bolsonarismo com a ampliação do Estado policial, do genocídio negro, do terrorismo de Estado e gestão da barbárie neoliberal. Enquanto Rui Costa, sua base de apoio e linha-auxiliar blefam contra aspectos do governo neonazista de Jair Bolsonaro para efeitos de propaganda, seu governo organiza um holocausto negro na Bahia, ampliando a brutalidade e a letalidade policial, o encarceramento em massa, intensificando as matanças de pretos e pobres nas periferias e favelas da capital e do interior, e de forma descarada esse governo antecipou o genocida Pacote Anti-Crime que torna as execuções extrajudiciais e os crimes cometidos por policiais uma política de Estado, através da Instrução Normativa Conjunta Nº 01, de 8 de julho de 2019. A Polícia Militar da Bahia assume contra a maioria negra e favelada a função de uma tropa neocolonial, covarde e nazista que aterroriza, violenta e assassina um povo desarmado e traído, na capital e no interior. Rui Costa, como um bolsonarista de vermelho ou sua versão caricata, carioca e assumidamente neonazista, Wilson Witzel, governador do Rio de Janeiro, também comemora a morte de pessoas negras e autoriza ataques aéreos contra comunidades pobres. O governo petista-bolsonarista da Bahia também ataca os direitos da maioria negra e pobre, a educação pública e o direito de greve dos/as trabalhadores/as, privatiza serviços, favorece os grandes capitalistas, o agronegócio e os ataques ao meio ambiente, além de antecipar a política de militarização de escolas e organizar um famigerado e camuflado apoio à Reforma da Previdência que vai colocar milhões de trabalhadores/as na miséria, afetando principalmente o povo negro e as mulheres do povo, enquanto enriquece ainda mais os bancos e os patrões. Acreditamos, defendemos e propormos à Reaja, aos grupos e coletivos autônomos, às organizações negras e populares combativas, aos lutadores e lutadoras sinceros da capital e do interior a construção de uma unidade real e revolucionária entre os que não se renderam ao oportunismo e as mentiras da esquerda institucional. Para erguer uma Frente contra o Genocídio do Povo Negro e o Terrorismo de Estado na Bahia que impulsione de forma permanente a mobilização, a ação e a denúncia dos crimes do Estado racista e neocolonial, tendo como caminho a construção de organismos comunitários de proteção e autodefesa negra e popular, para enfrentar a supremacia branca, o Estado genocida e os governos de turno da direta fascista ou da esquerda traidora. REAJA OU SERÁ MORTO, REAJA OU SERÁ MORTA!ABAIXO O TERRORISMO DE ESTADO, O FASCISMO INSTITUCIONAL E O GENOCÍDIO DO POVO NEGRO!ORGANIZAR A AUTODEFESA NEGRA E POPULAR!JUSTIÇA PARA PEDRO HENRIQUE!LIBERDADE PARA DARK MC! Casa da Resistência – FOB – Centro Popular George Américo – Coletivo Carranca – Rede Estudantil Classista e Combativa (RECC) 22 de agosto, Bahia.

Greve Geral contra o terrorismo de Estado e o genocídio nas favelas

A ofensiva sobre os direitos sociais que assumiu sob o governo neofascista e ultraliberal Bolsonaro/Mourão sua face mais cruel, caminha em conjunto com a militarização e controle dos territórios através da brutalidade policial sobre as comunidades pobres e favelas. Estado e capital, partindo de uma lógica supremacista branca, atuam no sentido de ampliar os níveis de exploração e precarização ao mesmo tempo em que aterrorizam territórios de maioria negra e setores marginalizados do proletariado, com uma política de extermínio que se apresenta na forma de guerra racial contra o povo negro e favelado. O neoliberalismo combina a retirada de direitos da classe trabalhadora e ataques aos serviços públicos com a necropolítica, o genocídio e o terrorismo de Estado. Por isso o aprofundamento da crise econômica capitalista possui uma relação direta com a multiplicação dos massacres em favelas e comunidades de maioria negra e não-branca. Em qualquer grande ou média cidade do país cidade é possível observar a relação direta entre os índices de desemprego e precarização com a letalidade policial. O Estado policial que foi ampliado pelas políticas de segurança pública dos governos do PT e PMDB, com o aumento sem precedentes do encarceramento e a até então inédita política de ocupação militar de territórios urbanos racializados com as famigeradas UPPs, foi institucionalizado pela farsa eleitoral legitimada pela esquerda institucional, através de uma descarada fraude que nos conduziu ao governo miliciano de Bolsonaro, sob a tutela militar dos generais que outrora comandavam as tropas da Minustah. A invasão do Haiti sob o comando das tropas brasileiras que completa 15 anos este mês de junho, com o governo petista cumprindo a função de serviçal do imperialismo e conduzindo uma politica de massacres, crimes e atrocidades contra o povo haitiano, serviu também como campo de treinamento para intervenções militares no Brasil. É simbólico que o Comando Militar do Leste treinado no Haiti tenha protagonizado, em abril deste ano no Rio de Janeiro, o episódio bárbaro do fuzilamento com 257 tiros do carro da família do músico Evaldo dos Santos Rosa, assassinando covardemente Evaldo e Luciano Almeida, catador de materiais recicláveis que tentava ajudar a família. A política desastrosa e genocida dos governos petistas em relação ao Haiti e a segurança pública talvez seja o exemplo mais objetivo de como a colaboração de classes serve de antessala do fascismo, e mesmo tentando provar ser capaz de gerir a barbárie neoliberal, o PT foi descartado pela lumpemburguesia brasileira com a naturalidade de quem coloca o lixo para fora de casa todas as noites. O governo Bolsonaro tem uma agenda clara, para além do obscurantismo e do populismo de direita, representa o aprofundamento da agenda neoliberal e anti-povo, na sequência do fim do paraíso do crescimento econômico proporcionado pelo boom das commodities e início da ofensiva do capital a partir da crise capitalista de 2008. Bolsonaro, e sua família de patetas milicianos, representam um tipo de bode na sala em um governo instável e com frações de direita e extrema-direita em uma luta encarniçada pela gestão e pilhagem do Estado apodrecido, ao mesmo tempo em que tentam gerir o país através de um tipo de “equilíbrio catastrófico” e tentativas fracassadas de demonstração de força como os atos do bolsonarismo de 26 de maio. Por um lado, a agenda ultraliberal de Paulo Guedes, os ataques sistemáticos aos serviços públicos, os cortes na educação e a reforma para destruir a previdência e o direito a aposentadoria, de outro os ataques contra indígenas e camponeses pobres, a tentativa de legalizar as milícias e a pistolagem no campo e o “pacote anticrime” do fascista Sergio Moro, para tornar as matanças e massacres nas periferias oficialmente uma política de Estado. A revolta contra esse governo vai tomando seu caminho natural, as ruas. Os grandiosos atos do 15M e 30M por todo o país tendo como pauta principal a luta contra os cortes na educação, mas expressando também todas as insatisfações populares e preparando a Greve Geral de 14 de junho contra a reforma da previdência, abriram o caminho para derrotar os ataques neoliberais e o governo Bolsonaro/Mourão. Mas é preciso construir a Greve Geral e as próximas lutas para além da domesticação e tutela da esquerda da ordem e das burocracias sindicais, ampliar a mobilização de base com assembleias nas categoriais, paralisações, greves e atividades de base nas escolas e nos bairros pobres, com uma política de agitação e propaganda que massifique e sintetize as pautas contra esse governo e amplie a politização para as grandes aglomerações do povo pobre nas periferias, nos terminais de ônibus, feiras livres, filas de desempregados, etc. É fundamental também apostar em uma unidade real entre os setores combativos, que se materialize em blocos autônomos e independentes para se diferenciar das entidades carcomidas como UNE, CUT, CTB e afins; e principalmente imprimir um caráter combativo às ações de rua, para além das passeatas pacíficas com dirigentes, burocratas e políticos profissionais se revezando em discursos hipócritas e falas típicas do cinismo socialdemocrata, que até outro dia conduzia os ataques contra a classe trabalhadora como gerente de turno do capital. A Greve Geral precisa combinar as formas e métodos dos diversos setores da classe, a paralisação da produção, dos serviços e da circulação e ao mesmo tempo superar os métodos da burocracia sindical e partidária, incorporar as demandas e a radicalidade do proletariado marginal, as lutas e revoltas contra a brutalidade policial nas comunidades pobres e periferias. Atacar os bancos, os verdadeiros interessados em destruir a previdência, queimar os símbolos do capital, erguer barricadas e parar o país com métodos combativos. Além dos ataques contra a educação e aposentadoria, para derrotar o governo neofascista a Greve Geral precisa ser também contra o terrorismo de Estado e o genocídio do povo negro nas periferias. Incorporar a favela, sua resistência, duas dores e demandas. É preciso incendiar a casa grande e construir a rebelião, abrir caminho com a ação direta das massas e uma agenda popular e revolucionária para derrotar o capital, para repartir a riqueza e o poder, construir

100 anos da Greve Geral na Bahia

Entre 2 e 12 de junho de 1919 as organizações operárias baianas protagonizaram o episódio mais espetacular vivido pela a classe trabalhadora na Bahia durante o período da Primeira República. A grande Greve Geral da Bahia de 1919, que havia sido precedida de intensas mobilizações combativas contra a carestia da vida que deixaram operários feridos e mortos pela repressão em agosto de 1917, foi coordenada pelo Comitê Central de Greve e paralisou os serviços, a produção e a circulação de mercadorias da capital até o recôncavo, arrancando dos patrões e do governo diversas conquistas para a classe trabalhadora e a maioria negra na Bahia. Inspirada pela Greve Geral de 1917 e pela Insurreição Operária 1918 no Rio, alguns fatores são chaves para entender a Greve Geral de 1919 na Bahia. A crise econômica derivada da Primeira Guerra Mundial, a crise política proveniente das lutas interoligárquicas baianas por conta das eleições estaduais e federais de 1919, o grande ascenso do movimento operário neste período e suas disputas internas, e principalmente a disposição revolucionária e combativa de pedreiros, padeiros, carpinteiros, empregados dos bondes, tecelãs e diversas outras categorias, foram elementos determinantes para as conquistas obtidas pela Greve Geral, ainda que temporárias, como as oito horas de trabalho, liberdade de organização sindical, fim do trabalho infantil e igualdade salarial para homens e mulheres, em diversas categorias. O processo da Greve Geral de 1919 e suas conseqüências representaram no contexto baiano um considerável avanço na organização e na consciência de classe, em um movimento operário dividido entre o sindicalismo reformista, que possuía certa força no estado, e o nascente sindicalismo revolucionário baiano, pautado pela ação direta e pela solidariedade proletária. Documentos históricos, relatos e pesquisas podem ser vistos em A Greve Geral de 1919 na Bahia. Reproduzimos a seguir um trecho da pesquisa feita pelo historiador Aldrin Castellucci, autor de “Salvador dos Operários: Uma historia da greve geral de 1919 na Bahia”: No final de maio de 1919, após uma série de paralisações setoriais ocorridas desde o início do ano, com destaque para a greve nacional dos marítimos, o Sindicato dos Pedreiros, Carpinteiros e Demais Classes desenvolveu uma intensa propaganda na imprensa local, convocando todos os trabalhadores, sem distinção de ofício ou categoria profissional, para que assistissem, em sua sede social, a uma conferência de propaganda sindical a ser proferida no final da tarde de domingo, 1º de junho de 1919. Em seu apelo, dizia que “o mundo trabalhador já não pode suportar a opressão dos sugadores e detentores do bem-estar da humanidade” e convocava a classe operária a “conhecer o caminho por onde vos haveis de libertar das misérias que vos traz o jugo patronal”. O conferencista era nada menos que Agripino Nazareth, um advogado socialista que havia participado de vários movimentos pelo Brasil afora, entre os quais a Insurreição Anarquista de novembro de 1918 no Rio de Janeiro, e que dali em diante exerceu uma indubitável liderança sobre o movimento operário baiano. Ao ser pronunciado e perseguido pelo chefe de polícia carioca, Aurelino Leal, juntamente com dezenas de outros militantes libertários e reformistas, Agripino Nazareth refugiou-se no estado do Espírito Santo e em seguida veio para Salvador, porto em que só teria conseguido entrar usando nome falso. A preocupação de Agripino Nazareth não era infundada, pois já em janeiro de 1919 o chefe de polícia Álvaro Cova oficiara a Gambeta Spínola, inspetor da polícia do porto de Salvador, orientando-o a exercer uma fiscalização mais rígida sobre as embarcações e passageiros que chegassem e impedindo o desembarque de “elementos indesejáveis e perniciosos”. Em sua cruzada contra as chamadas classes perigosas, a autoridade policial fez constar em sua lista os mutilados, incapazes para o trabalho, mendigos, loucos sem acompanhantes, cafetões, ladrões, anarquistas, apaches e passageiros da terceira classe em trânsito, procedentes do Rio da Prata. A conferência de Agripino Nazareth foi uma faísca sobre um combustível de há muito instável que, na segunda-feira, 2 de junho de 1919, explodiu. Nutrida pelo profundo rancor associado às privações acumuladas ao longo dos anos de guerra, favorecida pela nova fase de prosperidade econômica e pela crise interoligárquica e, finalmente, fortalecida em sua organização sindical, a classe operária partiu para a ofensiva. Naquele dia, o Sindicato dos Pedreiros, Carpinteiros e Demais Classes realizou uma assembléia na Praça Rio Branco durante o horário do almoço, momento em que os operários da construção civil assumiram o papel de vanguarda do movimento, paralisando o trabalho nas obras da Biblioteca Pública do Estado, do Palácio do Governo, do Tesouro do Estado e outras construções, portando flâmulas nas quais exigiam “respeito aos seus direitos”, aumento salarial de 20 por cento e adoção da jornada de trabalho de oito horas. Depois, realizaram uma passeata pelas ruas do Centro da cidade até a Ladeira da Barra, dando “vivas ao operariado baiano”. Em seguida, fizeram o percurso oposto, passando pelo Relógio de São Pedro e Praça Castro Alves, finalizando na sede do sindicato, na rua do Maciel de Cima, quando o número de adesões já chegava a mais de mil. Dali em diante, o incêndio rapidamente se alastrou, convertendo-se numa greve geral que paralisou toda a cidade, que à época possuía, segundo dados do Censo Demográfico e Industrial de 1920, 283.422 habitantes, dos quais 45.653 (26.955 homens e 18.698 mulheres), ou seja, 16,1 por cento, eram artesãos e operários de oficinas, manufaturas e fábricas e do setor de extração, 3.212 (1,1%) eram trabalhadores dos transportes marítimos e fluviais e 5.770 (2,0%) eram trabalhadores dos transportes terrestres, perfazendo uma classe trabalhadora de 54.635 pessoas, isto é, 19,2 por cento da população soteropolitana. Este número era, contudo, ainda maior, pois não contabilizava a atividade comercial e financeira, que empregava 15.780 (5,6%), a administração pública, com 3.406 (1,2%), a administração particular, com 1.185 (0,5%) e o sacerdócio e profissões liberais, com 5.932 (2,0%), setores geralmente tipificados como de classe média, mas que tinham muitos dos seus membros vivendo em situações muito semelhantes ou até inferiores às dos trabalhadores manuais. As estatísticas mostram, ainda, que a classe operária soteropolitana era

Por uma Greve Geral insurgente para derrotar os cortes na educação, a reforma da previdência e o governo reacionário Bolsonaro/Mourão

É nossa tarefa urgente romper o imobilismo e as ilusões institucionais vendidas pelas direções traidoras e burocracias acovardadas, ampliar e radicalizar as lutas em defesa da educação pública e a serviço do povo, contra os ataques e cortes do governo obscurantista e reacionário de Jair Bolsonaro e dos governos estaduais, assim como o descaso dos governos municipais, que inviabilizam até mesmo o funcionamento das universidades, institutos e escolas da educação básica. Unir as lutas da juventude e das diversas categorias de trabalhadores/as para derrotar a ofensiva neoliberal sobre os direitos sociais. É necessário transformar os câmpus das universidades, os institutos e as escolas em centros de mobilização popular para organizar e irradiar as lutas para o conjunto da classe trabalhadora e do povo pobre em todo o país, relacionar e unificar as lutas contra a Reforma da Previdência, contra a carestia da vida, contra o terrorismo de Estado e o genocídio do povo negro e pobre nas favelas e periferias. Construir uma Greve Geral pela base e com métodos combativos e insurrecionais para parar o país e derrotar nas ruas, com ação direta, barricadas e ocupações o governo reacionário Bolsonaro/Mourão. A defesa da educação pública deve partir da defesa de uma educação a serviço do povo, contra os ataques obscurantistas e neofascistas, contra a censura e a militarização, contra a privatização da educação e o ensino pago, por universidades verdadeiramente autônomas e populares, geridas pelas maiorias e não pelas burocracias acadêmicas, para que toda a produção de conhecimento sirva à libertação e emancipação do nosso povo. Não existe alternativa para derrotar o governo de extrema-direita e ultraconservador que não seja a luta combativa, a ação direta e a construção dos organismos de autodefesa popular e de uma alternativa de poder do povo. Organiza-se em núcleos de base de estudantes nas escolas, institutos e universidades, trabalhadores/as formais ou informais, desempregados/as ou precarizados/as, em favelas, comunidades pobres e bairros populares e construa as organizações combativas de base e o sindicalismo revolucionário. A luta popular revolucionária é a única saída. Venceremos. GREVE GERAL PRA DERRUBAR O CAPITÃO E O GENERAL!ABAIXO O GOVERNO REACIONÁRIO BOLSONARO/MOURÃO!TRABALHADORES AO PODER! CONSTRUIR O CONGRESSO POVO!POR UM AUTOGOVERNO DAS ASSEMBLEIAS E CONSELHOS POPULARES!

Lucy Parsons e o 1º de Maio: Eu sou uma Anarquista

Eu sou uma anarquista. Suponho que vocês tenham vindo aqui, a maioria de vocês, para ver como é uma anarquista de verdade ao vivo. Suponho que alguns de vocês esperavam me ver com uma bomba em uma das mãos e uma tocha em chamas na outra, mas estão desapontados por não ver nem uma coisa nem outra. Se tais têm sido suas ideias sobre anarquistas, vocês mereceram estar desapontados. Anarquistas são pessoas pacíficas, cumpridoras da lei. O que anarquistas querem dizer quando falam em anarquia? Webster [1] dá ao termo duas definições: caos e o estado de existir sem norma política. Nós nos atemos à última definição. Nossos inimigos sustentam que acreditamos apenas na primeira. Você se pergunta por que existem anarquistas neste país, nesta grande terra da liberdade, como vocês amam chamá-la? Vá a Nova York. Ande pelas vielas e becos dessa grande cidade. Conte as miríades [2] famintas; conte os ainda mais numerosos milhares que estão sem teto; numere aqueles que trabalham mais duro do que escravos e vivem com menos e têm menos conforto que o escravo mais humilde. Você ficará perplexo com suas descobertas, você que não prestou nenhuma atenção a esses pobres, salvo como objetos de caridade e comiseração. Eles não são objetos de caridade, eles são vítimas da injustiça de classe que permeia o sistema de governo, e da política econômica que domina do Atlântico ao Pacífico. Sua opressão, a miséria que ela causa, a desgraça a qual dá origem, são encontradas em maior extensão em Nova York do que em qualquer outro lugar. Em Nova York, onde não muitos dias atrás dois governos se uniram para desvelar uma estátua da liberdade, onde uma centena de bandas tocou aquele hino de liberdade, ‘A Marselhesa’ [3]. Mas praticamente a mesma situação é encontrada entre os mineiros do Oeste, que vivem na miséria e vestem trapos, para que os capitalistas, que controlam a terra que deveria ser livre para todos, possam adicionar ainda mais aos seus milhões! Ah, existem muitas razões para a existência de anarquistas. Mas em Chicago eles acham que anarquistas não têm qualquer direito de existir, de forma alguma. Querem enforcá-los lá, legalmente ou ilegalmente. Vocês ouviram sobre um certo encontro do Haymarket. Vocês ouviram sobre uma bomba. Vocês ouviram sobre prisões e mais prisões feitas pelos detetives. Aqueles detetives! Há um bando de homens, pior ainda, bestas! Detetives de Pinkerton! Eles fariam qualquer coisa. Tenho certeza que capitalistas queriam que um homem jogasse aquela bomba no encontro do Haymarket para culpar os anarquistas por isso. Pinkerton poderia ter feito isso para ele. Vocês ouviram bastante sobre bombas. Vocês ouviram que os anarquistas disseram muito sobre dinamite. Lhes disseram que Lingg fazia bombas. Ele não violou nenhuma lei. Bombas de dinamite podem matar, podem assassinar, assim como as metralhadoras. Suponham que aquela bomba tenha sido jogada por um anarquista. A constituição diz que existem certos direitos inalienáveis, dentre os quais estão a liberdade de imprensa, de expressão e de reunião. Aos cidadãos desta grande terra é dado pela constituição o direito de repelir a invasão ilegal destes direitos. O encontro na praça do Haymarket foi um encontro pacífico. Suponham que, quando um anarquista viu a polícia chegar em cena, com um olhar assassino, determinada a dissolver aquele encontro, suponha que ele tenha jogado aquela bomba; ele não teria violado nenhuma lei. Esse será o veredicto de seus filhos. Se eu estivesse lá, se tivesse visto aquela abordagem policial assassina, se tivesse ouvido aquele insolente comando para dispersar, se tivesse ouvido Fielden dizer, ‘Capitão, este é um encontro pacífico,’ se tivesse visto as liberdades de meus compatriotas serem esmagadas, eu mesma teria jogado aquela bomba. Eu não teria violado nenhuma lei, apenas cumprido a constituição. Se os anarquistas tivessem planejado destruir a cidade Chicago e massacrar a polícia, por que teriam apenas duas ou três bombas em mãos? Tal não era a intenção. Foi um encontro pacífico. Carter Harrison, o prefeito de Chicago, estava lá. Ele disse que foi um encontro tranqüilo. Ele disse a Bonfield [Capitão John Bonfield, Comandante da Delegacia Policial de Des Plaines] para colocar a polícia a postos. Eu não me posiciono aqui para me regojizar com a morte daqueles policiais. Eu desprezo o assassinato. Mas quando a bala do revólver de um policial mata é tão assassinato quanto a morte que resulta de uma bomba. A polícia partiu pra cima do encontro quando ele estava por dispersar. O Sr. Simonson falou com Bonfield sobre o encontro. Parsons foi ao encontro. Ele levou sua esposa, duas moças e seus dois filhos [4] junto. Perto do fim do encontro, ele disse, ‘Acho que vai chover. Vamos continuar no Zeph’s hall.’ Fielden disse que já estava terminando sua fala e encerraria por ali. As pessoas estavam começando a se dispersar, mil dos mais entusiastas ainda persistiam apesar da chuva. Parsons e aqueles que o acompanhavam tomaram o rumo de casa. Eles haviam chegado até a delegacia de Desplaines quando viram a movimentação repentina da polícia. Parsons parou para ver qual era o problema. Aqueles 200 policiais partiram para pegar os anarquistas. E então nós continuamos nosso caminho. Eu estava no Zeph’s hall quando ouvi aquela terrível detonação. Seu estrondo correu o mundo. Tiranos estremeceram e sentiram que havia algo errado. A descoberta da dinamite e seu uso por anarquistas é uma repetição da história. Quando a pólvora foi descoberta, o sistema feudal estava no auge de seu poder. Sua descoberta e uso criaram as classes médias. Seu primeiro disparo anunciou a sentença de morte do sistema feudal. A bomba em Chicago anunciou a queda do sistema salarial do século dezenove. Por quê? Porque eu sei que nenhum povo inteligente se submeterá ao despotismo. O primeiro significa a difusão de poder. Digo que nenhum homem o use. Mas foi uma conquista da ciência, não do anarquismo, e serviria para as massas. Eu suponho que a imprensa dirá que eu sou uma traidora. Se eu violei qualquer lei, me prendam, me dêem um

Atividade de 10 anos da Casa da Resistência e do nosso projeto Popular e Revolucionário

Há 10 anos, em um dia 28 de abril de 2009, em uma ação organizada por militantes do antigo grupo anarquista Vermelho e Negro e da tendência combativa Coletivo Quilombo/Resistência Popular, ocupávamos uma casa no centro de Feira de Santana que já se encontrava abandonada há quase 20 anos por problemas de dívidas dos antigos proprietários com bancos, iniciamos os trabalhos coletivos de limpeza e reforma do espaço que inicialmente chamamos de Kasa Okupada. O projeto militante que hoje assume a Casa da Resistência remonta ao início dos anos 2000, a partir do Centro de Cultura Libertária – Fábio Luz (CCL-FL), da organização de juventude Resistência Operária Estudantil (ROE) e das grandes mobilizações de estudantes, movimentos populares e sindicais entre 2002 e 2003 que culminaram na tomada da prefeitura de Feira de Santana e na vitória dos movimentos sociais, processo seguido da construção da Associação Feirense de Estudantes Secundaristas (AFES), dos grêmios nas escolas publicas e de um movimento estudantil secundarista combativo e com uma grande capacidade de mobilização de base e enfrentamento, ao que se seguiu a construção do Coletivo Quilombo, que organizou lutas de estudantes na Universidade, trabalhos com educação popular e movimento sem teto, além da participação nos espaços do ELAOPA (Encontro Latino Americano de Organizações Populares Autônomas) e parte na construção da Resistência Popular. Nesse período foram dezenas de lutas combativas, ações de rua, greves, barricadas e ocupações e nos fizemos presentes organizando ou apoiando lutas por educação, transporte público, antirracista, de trabalhadores, indígenas, camponeses pobres e sem teto. Paralelamente entre 2005 e 2010 se constitui o grupo anarquista Vermelho em Negro – FAO (Fórum do Anarquismo Organizado) e o antigo Espaço Rebeldia, que funcionou até 2009 e precedeu a Casa da Resistência. Com o fim das agrupações que geriam a Casa, a partir de 2015 tomamos um novo fôlego com a participação na organização da III Marcha Internacional Contra o Genocídio do Povo Negro e passamos a integrar a Campanha Reaja ou Será Morta/o, como seção do interior, e após a saída da Reaja e a heroica resistência na ocupação combativa contra as obras do BRT, a Casa evoluiu para um híbrido de centro de cultura e organização popular autônoma e comunitária, participando do II ENOPES (Encontro Nacional de Oposições Populares, Estudantis e Sindicais) em 2017 e passando a construir a Federação das Organizações Sindicalistas Revolucionárias do Brasil – FOB. Nesse 1º de Maio, exatamente 10 anos após a primeira atividade que inaugurou nosso centro de cultura e luta, além do exercício de memória para honrar os mártires operários assassinados, as lutas dos povos contra o capitalismo e seu Estado e da celebração de uma década de existência do nosso projeto militante entre avanços e dificuldades, convidamos os lutadores e as lutadoras, militantes sociais e nossos simpatizantes e colaboradores/as, para um debate aberto sobre aspectos da conjuntura nacional e local, balanço dos 10 anos da Casa da Resistência, apresentação da FOB e do sindicalismo revolucionário na Bahia e uma plenária para avançar na construção de uma alternativa popular e revolucionária na Bahia e de um necessário programa capaz de enfrentar a barbárie neoliberal, o fascismo institucional e o terrorismo de Estado, organizar as lutas combativas do nosso povo, a partir da autodefesa e da autogestão, e construir uma ruptura revolucionária e socialista com esse sistema brutal e cruel contra nossa gente. SOMOS RESISTÊNCIA! NAS LUTAS CONCRETAS DE NOSSA GENTE, CONSTRUIR CAMINHOS DE LIBERTAÇÃO! VIVA OS 10 ANOS DA CASA DA RESISTÊNCIA!