Mianmar: golpe, massacre e resistência popular

Mianmar, a antiga Birmânia, é um país asiático que se libertou da dominação colonial inglesa apenas em 1948. Com uma população de cerca de 55 milhões de habitantes, o país que possui maioria budista e mais de 130 grupos étnicos faz fronteira com Bangladesh, Índia, República Popular da China, Laos e Tailândia. Nos anos 1950, enfrentando diversos conflitos separatistas, a rebelião dos karenes e uma guerra popular dirigida pelos comunistas, o governo foi derrubado com a liderança do militar nacionalista e anticolonialista Ne Win. O Partido do Programa Socialista da Birmânia iniciou um processo de transformação e nacionalização que ficou conhecido como a “Via birmanesa para o socialismo”, fundando em 1974 e com uma ideologia própria a República Socialista da União de Birmânia. Isolado do social-imperialismo da URSS e afastado dos países não alinhados, sob fortes tensões étnicas e com o país em colapso econômico, o governo foi derrubado por um novo golpe militar das Tatmadaw em 1988, as forças armadas do país, inaugurando uma nova fase de massacres e repressão brutal do regime, que em 1989 mudou oficialmente o nome do país para União de Myanmar e da capital de Rangum para Yangon, depois de esmagar o levante popular e estudantil que ficou conhecido como Levante 8888 do Poder Popular, por ter acontecido em 8 de agosto de 1988. Apenas em 2011, depois de terem derrotado outro movimento popular em 2007 que ficou conhecido como a “Revolução do Açafrão” e por fortes pressões e sanções do imperialismo norte-americano, os militares iniciam uma abertura democrática com a legalização da Liga Nacional pela Democracia (LND), partido pró-imperialista da líder opositora e Nobel da Paz de 1991, Aung San Suu Kyi. A LND participa das eleições de 2012 e finalmente ganha a maioria no parlamento em 2015, repetindo seu domínio eleitoral no último pleito de 2020, que o Partido da Solidariedade e Desenvolvimento da União (PSDU) ligado aos militares não aceitou o resultado, dando iniciando ao golpe de Estado. O golpe de 1º de fevereiro inaugura uma nova fase da linha dura militar em Mianmar, mesmo com o governo da Liga Nacional pela Democracia organizando massacres contra as minorias étnicas, gerindo o país segundo os interesses dos EUA e dos próprios militares que redigiram a constituição atual em 2008. As lutas entre as frações de poder e as disputas por regiões étnicas no país envolvem também os interesses e disputas internacionais na região, principalmente entre Japão e China. Os militares golpistas, que não aceitaram os resultados eleitorais, pondo fim as ilusões democrático-burguesas do partido de Aung San Suu Kyi, prenderam os principais ministros do governo e líderes do partido, desligaram os serviços de telefonia e cortaram a internet do país. Desde o início de fevereiro o povo e a classe trabalhadora de Mianmar resiste ao golpe nas ruas do país e luta contra uma repressão brutal. As organizações de trabalhadores permanecem em uma grande Greve Geral, com importante participação da Federação Geral dos Trabalhadores de Mianmar, a FGWM (na sigla em inglês). Os assassinatos de manifestantes e opositores que vem ocorrendo abertamente desde o golpe tiveram um ápice nesse sábado, dia 27 de março, após a Junta Militar ameaçar “atirar pelas costas e na cabeça” de quem fosse para as ruas protestar no Dia das Forças Armadas. Grandes manifestações combativas e heroicas tomaram mais de 40 de Mianmar e o exército deu início aos massacres, assassinando cerca de 120 pessoas, incluindo crianças. As mobilizações de massa no país que tendem a ganhar maiores volumes e combatividade diante desse novo massacre brutal e que tem uma fundamental participação da juventude birmanesa, vão tomando cada vez mais uma proporção revolucionária e aliada às organizações da classe trabalhadora podem derrotar o golpe militar fascista e superar as ilusões burguesas e o colaboracionismo da LND com os militares. Toda solidariedade internacionalista e proletária à rebelião popular em Mianmar nesse momento de dor e resistência heroica é necessária. O povo vencerá! 

Autogoverno popular e federalismo: 150 anos da Comuna de Paris

Há 150 anos a capital francesa, Paris, era tomada pela insurreição de trabalhadores e trabalhadoras que deu início a experiência revolucionária de autogoverno popular e federalismo da Comuna de Paris, se espalhando também para cidades como Lion, Marselha e Tolouse. Vive la Commune! Foi o grito que estourou em 18 de março de 1871 frente a capitulação da burguesia republicana e a invasão estrangeira no contexto da Guerra Franco-Prussiana. A guarda nacional composta por trabalhadores com o apoio do movimento socialista, uma importante presença da Associação Internacional dos Trabalhadores (AIT) e influências das ideias federalistas de Pierre Joseph Proudhon, toma o poder sobre a cidade de Paris. O primeiro decreto da Comuna foi a supressão do exército e sua substituição pelo povo em armas. Na descrição de Marx, “a Comuna era composta de conselheiros municipais eleitos por sufrágio universal nos diversos distritos da cidade. Eram responsáveis e substituíveis a qualquer momento. A Comuna devia ser, não um órgão parlamentar, mas uma corporação de trabalho, executiva e legislativa ao mesmo tempo. Em vez de continuar sendo um instrumento do governo central, a polícia foi imediatamente despojada de suas atribuições políticas e convertida num instrumento da Comuna, responsável perante ela e demissível a qualquer momento. O mesmo foi feito em relação aos funcionários dos demais ramos da administração. A partir dos membros da Comuna, todos que desempenhavam cargos públicos deviam receber salários de operários. [….] Como é lógico, a Comuna de Paris havia de servir de modelo a todos os grandes centros industriais da França. Uma vez estabelecido em Paris e nos centros secundários o regime comunal, o antigo governo centralizado teria que ceder lugar também nas províncias ao autogoverno dos produtores. No breve esboço de organização nacional que a Comuna não teve tempo de desenvolver, diz-se claramente que a Comuna devia ser a forma política inclusive das menores aldeias do país e que nos distritos rurais o exército permanente devia ser substituído por uma milícia popular, com um tempo de serviço extraordinariamente curto. As comunas rurais de cada distrito administrariam seus assuntos coletivos por meio de uma assembleia de delegados na capital do distrito correspondente a essas assembleias, por sua vez, enviariam deputados à delegação nacional em Paris […].” (Karl Marx, em “A Guerra Civil na França”). A Comuna de Paris terá fim após 72 dias com o massacre dos comunards na Semana Sangrenta que termina em 28 de maio de 1871. A experiência revolucionária de autogestão dos trabalhadores passa a ser um dos pilares para a construção dos modelos políticos e debates entre as correntes socialistas até os dias atuais. Louise Michel, anarquista francesa e símbolo da Comuna, que teve a fundamental participação das organizações de mulheres do povo, proclamava: “Não podem matar as ideias a tiros de canhão nem tão pouco algemá-las. O fim apressa-se tanto mais quanto o verdadeiro ideal surge, belo e poderoso, superior a todas as ficções que o precederam.” Mikhail Bakunin, um dos fundadores do sindicalismo revolucionário e dirigente da ala federalista da AIT, que teve decisiva participação na Comuna de Lyon e outros levantes populares na França entre 1870 e 1871, em seu texto “A Comuna de Paris e a noção de Estado”, de junho de 1871, afirmava que: “O socialismo revolucionário acaba de tentar uma primeira manifestação brilhante e prática na Comuna de Paris. Sou um partidário da Comuna de Paris, que, por ter sido esmagada, sufocada em sangue pelos verdugos da reação monárquica e clerical, não por isso deixou de se fazer mais vivaz, mais poderosa na imaginação e no coração do proletariado da Europa; sou seu partidário em grande parte porque foi uma negação audaz, bem pronunciada, do Estado. É um fato histórico imenso que essa negação do Estado tenha se manifestado justamente na França, que foi até agora o país por excelência da centralização política, e que seja precisamente Paris, a cabeça e o criador histórico dessa grande civilização francesa, que tenha tomado essa iniciativa. Paris, que abdica de sua coroa e proclama com entusiasmo sua própria decadência para dar a liberdade e a vida à França, à Europa, ao mundo inteiro; Paris, que afirma de novo sua potência histórica de iniciativa ao mostrar a todos os povos escravos (e quais são as massas populares que não são escravas?) o único caminho de emancipação e de salvação; Paris, que dá um golpe mortal nas tradições políticas do radicalismo burguês e uma base real ao socialismo revolucionário; Paris, que merece de novo as maldições de toda gente reacionária da França e da Europa; Paris, que se envolve em suas ruínas para desmentir solenemente a reação triunfante; que salva com seu desastre a honra e o porvir da França e demonstra à humanidade consolada que se a vida, a inteligência e a força moral retiraram-se das classes superiores, conservaram-se enérgicas e cheias de porvir no proletariado; Paris, que inaugura a nova era, aquela da emancipação definitiva e completa das massas populares e de sua solidariedade de agora em diante completamente real, através e apesar das fronteiras dos Estados; Paris, que mata o patriotismo e funda sobre suas ruínas a religião da humanidade; Paris, que se proclama humanitária e ateia e substitui as ficções divinas pelas grandes realidades da vida social e a fé na ciência; as mentiras e as iniquidades da moral religiosa, política e jurídica pelos princípios da liberdade, da justiça, da igualdade e da fraternidade, estes fundamentos eternos de toda moral humana; Paris heroica, racional e crente, que confirma sua fé enérgica nos destinos da humanidade por sua queda gloriosa, por sua morte, e que a transmite muito mais enérgica e viva às gerações vindouras; Paris, inundada no sangue de seus filhos mais generosos, é a humanidade crucificada pela reação internacional coligada da Europa, sob a inspiração imediata de todas as igrejas cristãs e do grande sacerdote da iniquidade, o Papa; mas a próxima revolução internacional e solidária dos povos será a ressurreição de Paris.” A Universidade Popular Mikhail Bakunin realizará o curso online “150 anos da Comuna: Autonomia

Paraguai: crise sanitária e insurreição popular contra o governo genocida

O povo paraguaio toma as ruas da capital Assunção, Cidade do Leste, na fronteira com o Brasil, e outras cidades do país desde o início desse mês de março para derrubar o governo neofascista de Mario Abdo Benítez, reacionário neoliberal que assim como seu aliado Jair Bolsonaro, faz uma gestão desastrosa e genocida da pandemia de Covid-19 no país. Sob os gritos de “Que se vayan todos” e “ANR nunca más” (sigla do Partido Colorado) o povo em revolta fez a polícia de Assunção recuar exigindo a saída do presidente, o fim da corrupção, a vacinação em massa da população, melhores condições para atendimentos aos doentes, visto que assim como o Brasil, o Paraguai tem seu sistema de saúde colapsado e vacinou apenas cerca de 0,1% da população até agora. Mario Abdo Benítez, filho do braço direito do ditador, pedófilo e estuprador Alfredo Stroessner, que comandou a brutal e corrupta ditadura mais longa da América do Sul entre 1954 e 1989, tentou vender seu governo como um modelo de gestão da pandemia em 2020, usando as medidas sanitárias para aumentar a repressão contra o povo pobre. Após o relaxamento das medidas no segundo semestre de 2020 o país assistiu um aumento vertiginoso dos números de internados e mortos por Covid-19, além de registrar diversos casos de corrupção com os recursos da saúde pública. Com o início das manifestações combativas do sofrido povo paraguaio, Mario Abdo que se encontra encurralado e refém da ala do Partido Colorado comandada pelo oligarca reacionário e ex-mandatário Horacio Cartes, para evitar um impeachment tenta se segurar no cargo demitindo o ministro da saúde, seu chefe de gabinete e pedindo para que outros ministros entreguem os cargos. O levante popular que demonstra a coragem e a disposição heroica do povo enfrentando a repressão acontece de forma espontânea, com atos autoconvocados pela internet, a despeito do imobilismo, como aqui no Brasil, da esquerda institucional paraguaia. O governo reacionário de Mario Abdo Benítez já havia enfrentado fortes protestos com o escândalo de corrupção envolvendo o governo Bolsonaro e a hidrelétrica de Itaipu em 2019, quando o governo brasileiro usou inclusive como moeda de troca presos acusados de relações com a organização insurgente Exército do Povo Paraguaio (EPP) que se encontravam encarcerados no Brasil. A Asociación Nacional Republicana (ANR) que é nome oficial Partido Colorado, é o mesmo partido fascista da ditadura sanguinária de Stroessner que atualmente é dominado por duas alas conservadoras, uma ligada ao ex-presidente corrupto e fascista Horácio Cartes e outra ao próprio Benítez, que é também responsável pelo assassinato brutal e desaparecimento das crianças da família Villalba. Lilian Mariana Villalba e María Carmen Villalba, ambas de 11 anos, foram assassinadas no dia 2 de setembro de 2020 em uma operação da corrupta e narcoterrorista Força Tarefa Conjunta (FTC), que também sequestrou a menina de 14 anos, Carmen Elizabeth Oviedo Villalba, vista pela última vez no dia 30 de novembro de 2020, além disso o governo Benítez prendeu Laura Villalba. Lilian e María Carmen eram filha e sobrinha de Laura, assim como, sobrinhas de Carmen Villalba. Carmen Elizabeth é filha Carmen Villalba e Alcides Oviedo, comandante do EPP e preso político. Desde a prisão, Carmen Villalba que é porta-voz do EPP e enfrenta um complô jurídico-midiático juntamente com Alcides e outros presos políticos epepistas, enviou uma carta às mobilizações populares onde que afirma que “democracia com fome, sem trabalho, sem saúde, sem terra, sem moradia não é democracia, é ditadura do capital e sua elite parasita que eterniza este mal sobre as grandes maiorias populares. Hoje, apenas um objetivo deve nos manter unidos. Todo o poder ao povo pobre mobilizado e organizado. Por uma assembleia popular permanente e mobilizada, até que colocar absolutamente todos para fora. […] Revolução ou revolução!”

Em defesa da vida de Mumia Abu-Jamal

O ex-pantera negra e jornalista Mumia Abu-Jamal, caso mais emblemático de prisioneiro político da supremacia branca nos EUA encontra-se em uma situação de saúde grave e sua vida está em risco por conta da Covid-19 e sua condição carcerária. Vítima de uma montagem jurídico-policial da América racista, Wesley Cook (nome de batismo de Mumia) é um preso político preto desde 1981, e teve sua pena de morte convertida em prisão perpétua após mobilizações em todo o mundo. Mumia foi diagnosticado com Covid-19 no fim do mês de fevereiro desse ano e encontra-se em quarentena e com dificuldades respiratórias. O ex-pantera negra e integrante da família revolucionária MOVE, que ficou conhecido por seu programa de rádio “A voz dos sem voz” na Filadélfia (EUA), enfrenta uma condição precária de saúde na prisão, com problemas cardíacos, nos rins e na visão por ter seu tratamento negado, podendo desenvolver um caso grave de coronavírus em decorrência das precárias condições carcerárias. O movimento pela libertação de Mumia solicita a solidariedade ativa e a mobilização das organizações e militantes internacionalistas e antirracistas em defesa da vida, saúde e liberdade de Mumia Abu-Jamal, que vai completar 67 anos em abril. Segundo sua advogada de longa data, Johanna Fernandez, o movimento por sua libertação exige do governador da Pensilvânia que aplique a lei de indulto aos presos com mais 65 anos para libertar Mumia da prisão estadual em que se encontra, assim como outros presos idosos, para evitar mais mortes por Covid-19 nas prisões racistas dos EUA. LIBERDADE IMEDIATA PARA MUMIA ABU-JAMAL!FOGO NA AMÉRICA RACISTA! MORTE AO IMPÉRIO! Uma forma de apoiar Mumia é enviando mensagens exigindo sua liberdade para os e-mails do governo, justiça e sistema carcerário da Filadélfia: justice@phila.gov, jowetzel@pa.gov, brunelle.michael@gmail.com (governador Tom Wolf). URGENT SOLIDARITY IN LIFE DEFESS AND MUMIA ABU-JAMAL FREEDOM Tradução em inglês da nota pela Campanha Internacional Mobilization4Mumia Former black panther and journalist Mumia Abu-Jamal, most emblematic white supremacist political prisoner in the U.S. is in a serious health situation and his life is at risk because of Covid-19 and his prison condition. Victim of a racist American legal-police montage, Wesley Cook (Mumia’s baptismal name) is a political prisoner black since 1981, and had his death penalty converted into life after mobilizations worldwide. Mumia was diagnosed with Covid-19 at the end of February of that year and is in quarantine and breathing difficulties. Former black panther and member of the revolutionary family MOVE, who became known for his radio show ′′The Voice of the Voiceless′′ in Philadelphia (USA), faces a precarious health condition in prison, with heart, kidney and kidney problems vision for having his treatment denied, and could develop a serious case of the coronavirus due to the precarious precarious incarceration. Mumia’s liberation movement calls for active solidarity and mobilization of internationalist and anti-Racist organizations and militants in defense of the life, health and freedom of Mumia Abu-Jamal, who will turn 67 in April. According to her longtime lawyer Johanna Fernandez, the movement for her release demands Pennsylvania governor to apply the law of pardon to prisoners with 65 more years to release Mumia from the state prison she is in, as well as other elderly prisoners , to prevent more Covid-19 deaths in racist US prisons. IMMEDIATE FREEDOM FOR MUMIA ABU-JAMAL!FIRE IN RACIST AMERICA! DEATH TO THE EMPIRE! One way to support Mumia is by sending messages demanding her freedom to Philadelphia’s emails, justice, and prison system: justice@phila.gov, jowetzel@pa.gov, brunelle.michael@gmail.com (Governor Tom Wolf).

Chile: uma nova rebelião contra a brutalidade policial e a repressão

O assassinato brutal de Francisco Martínez Romero, um jovem artista de rua de 24 anos na última sexta-feira (dia 5 de fevereiro) pela polícia em Panguipulli, cidade de Valdivia, na região sul do país, faz novamente o Chile arder em chamas com a revolta popular. O assassinato de Pancho (ou Franco), como era conhecido o malabarista, por um carabineiro (nome dado a polícia chilena) foi filmando em plena luz do dia e logo se espalhou pelo país, causando uma nova onda de protestos e confrontos. O povo chileno em uma nova jornada de lutas, também pela libertação dos presos políticos da revolta popular, ergue barricadas nas ruas e toma praças públicas. Em Panguipulli, a prefeitura e a comissaria de polícia arderam em chamas, o Tribunal de Justiça e outros prédios públicos também foram incendiados em uma reposta contundente e decidida do povo trabalhador e da juventude combativa para exigir justiça por Francisco Romero. Diversas organizações combativas chilenas convocam jornadas para que a revolta de Panguipulli se estenda por todo o país, tomando a forma de Greve Geral e uma nova fase da rebelião. O governo de Sebastián Piñera novamente treme dentro do palácio de La Moneda, herdeiro da ditadura brutal do narcotraficante Augusto Pinochet que assassinou mais de 30 mil pessoas e introduziu a gestão neoliberal no nosso continente, e que conhecemos bem, visto que o atual ministro da economia de Bolsonaro, Paulo Guedes, trabalhou para a ditadura chilena. A fúria popular no Chile que se iniciou em outubro de 2019, a partir dos protestos contra o aumento das passagens de ônibus e metro em Santiago, tomou forma de uma rebelião permanente e durou até o início da pandemia de Covid-19. A repressão covarde do governo, forças armadas e da polícia resultou em cerca de 200 denúncias de violência sexual praticada pelos agentes do Estado, 450 atos de torturas, 800 de uso excessivo da força, além de 32 mortos e mártires da revolta, com centenas e centenas de feridos. Para criminalizar as lutas do povo, 25 mil pessoas foram processadas e 2.500 foram colocadas em prisão preventiva, com a acusação de participarem dos protestos por direitos sociais e vida digna para o povo chileno. Não por acaso, Pancho, que foi falsamente acusado de porte de arma branca para justificar seu assassinato covarde, era tio do jovem Anthony, um menor de idade que caiu da ponte Pio Nono no rio Mapocho em outubro do ano passado tentando escapar da repressão de carabineiros durante os protestos. Com o regime político acuado e mesmo tentando ceder com o processo constituinte ou reformas na polícia e forças armadas, o governo reacionário, corrupto, neoliberal e fascista de Piñera, que também é responsável por uma gestão desastrosa da pandemia, ver nascer uma nova chama de revolta popular. Que a justiça seja feita para Francisco Martínez e todos os mártires do heroico povo chileno. Que a rebelião, o socialismo e a revolução social sejam os caminhos para os povos. JUSTIÇA PARA FRANCISCO MARTÍNEZ ROMERO!LIBERDADE AOS PRESOS POLÍTICOS DA REVOLTA POPULAR!ABAIXO A REPRESSÃO E O GOVERNO REACIONÁRIO DE PIÑERA!POR UMA SAÍDA REVOLUCIONÁRIA E SOCIALISTA PARA O CHILE!

Homenagem ao revolucionário Felipe Quispe, El Mallku

Nessa quinta-feira, dia 21 de janeiro, foi sepultado com grandes manifestações de apreço e comoção popular, umas das figuras mais extraordinárias mas também menos conhecidas da história recente da América Latina. Felipe Quispe Huanca, “El Mallku”, foi o mais emblemático dirigente indígena do país e morreu na terça-feira (19/01) aos 78 anos na enorme periferia de El Alto, bastião da luta indígena e popular na Bolívia. El Mallku, como ficou conhecido, é o termo aymara que significa “O Condor”, um título dado às lideranças máximas reconhecidas pelo povo no altiplano boliviano. Quispe, indígena aymara, nasceu numa pequena cidade próxima a La Paz e logo se envolveu nas lutas do país. Foi fundador em 1978 do Movimiento Indígena Túpac Katari, no qual se formaram vários combatentes do Ejército Guerrillero Túpac Katari (criado em 1986), e do qual fez parte inclusive o ex-vice-presidente de Evo Morales, Álvaro García Linera. Quispe teve que se exilar depois do violento golpe de Estado do general narcotraficante García Meza em 1980, e passou por diversos países latino-americanos, tendo atuado inclusive nas guerrilhas da Frente Farabundo Martí em El Salvador e do Ejército Guerrillero de los Pobres na Guatemala. De volta à Bolívia em 1983, passou a defender abertamente a luta armada como caminho de luta para os indígenas, camponeses e trabalhadores, ao mesmo tempo que atuava nas grandes organizações sindicais do país, como a Confederación Sindical Única de Trabajadores Campesinos de Bolivia (CSUTCB), a principal organização dos povos indígenas bolivianos na época. Foi preso em 1988 e depois em 1992, e mesmo na prisão formou-se historiador pela Universidad Mayor de San Andrés. Ao ser libertado em 1998, foi eleito secretário executivo da CSUTCB. Destacou-se nas grandes mobilizações indígenas e populares do final dos anos 1990 e início dos 2000, inclusive nas célebres Guerras da Água e do Gás. Sua figura combativa estava sempre presente nos bloqueios e barricadas. Foi oposição à esquerda a Morales e Linera, mas esteve novamente à frente nos protestos de rua contra o golpe de Estado fascista dos militares e da presidente fantoche Jeanine Áñez em 2019. FELIPE QUISPE “EL MALLKU”, PRESENTE!

Campanha Internacional Eran Niñas denuncia o Estado terrorista e infanticida paraguaio

O Estado terrorista e infanticida paraguaio que assassinou de forma covarde e brutal as crianças Lilian Mariana Villalba e María Carmen Villalba, ambas de 11 anos, no dia 2 de setembro de 2020 em uma operação da corrupta e narcoterrorista Força Tarefa Conjunta (FTC), também sequestrou a menina de 14 anos, Carmen Elizabeth Oviedo Villalba, vista pela última vez no dia 30 de novembro de 2020, e prendeu Laura Villalba. Lilian e María Carmen eram filha e sobrinha de Laura, assim como, sobrinhas de Carmen Villalba, porta-voz do Exército do Povo Paraguaio (EPP) e presa política do Estado paraguaio. Carmen Elizabeth é filha Carmen Villalba e Alcides Oviedo, outro comandante do EPP e preso político. O governo fascista e as forças repressivas do Paraguai que por um lado atacam de forma covarde, assassinando e sequestrando crianças e familiares de dirigentes presos do EPP, mantém Laura Villalba presa com acusações falsas e sem provas, por outro lado promove um teatro judicial-repressivo contra os presos políticos do EPP, para defender os interesses dos latifundiários, sojeiros e narcotraficantes que atuam no país. Apoiado pelos governos fascistas e neoliberais da região, principalmente da Colômbia e o governo miliciano Bolsonaro/Mourão, assim como pelo imperialismo norte-americano, o governo de Mario Abdo Benítez tem aproveitado a resistência armada do EPP para avançar contra em uma ofensiva terrorista contra o povo pobre e guarani do Paraguai. Por sua vez, o EPP de forma heroica tem atuado principalmente na região norte do país através da autodefesa camponesa e da proteção armada das comunidades camponesas, pobres e indígenas. A organização insurgente de inspiração guevarista enfrenta um governo fascista e os interesses e ataques dos sojeiros brasileiros e narcos que atuam na região, exercendo o legítimo direito à insurgência dos povos. Nesse sentido, nós da FOB, nos somamos às organizações sociais e de direitos humanos da América Latina na Campanha Internacional Eram Crianças (Campaña Internacional Eran Niñas), exigindo justiça para as crianças Lilian Mariana e María Carmen Villalba, a imediata aparição com vida da menina Carmen Elizabeth Oviedo Villalba, pela libertação de Laura Villalba e em defesa da vida e refúgio humanitário para a família Villalba, contra os ataques do Estado narcoterrorista e infanticida paraguaio. JUSTIÇA PARA LILIAN MARIANA E MARÍA CARMEN!APARIÇÃO COM VIDA CARMEN ELIZABETH! LIBERDADE PARA LAURA!SOLIDARIEDADE INTERNACIONALISTA À FAMIILA VILLALBA E AOS PRESOS POLÍTICOS DO EPP!EM DEFESA DO DIREITO À INSURGÊNCIA DOS POVOS!

Dentro da Rebelião Negra nos EUA: entrevista com o RAM

Entrevista concedida por e-mail pelos camaradas do RAM de Nova York para a Casa da Resistência, publicada originalmente no site da FOB. O Movimento Abolicionista Revolucionário (RAM, na sigla em inglês) participa diretamente em diversas cidades da histórica insurgência negra e antirracista que abala as estruturas da América racista, da supremacia branca e do capital, um levante que contagia o mundo com a luta antirracista no centro do imperialismo. Irmãos e irmãs do RAM, primeiro gostaríamos que apresentassem o Movimento Abolicionista Revolucionário e suas atividades como organização revolucionária, anticolonial e internacionalista contra a supremacia branca e o capitalismo na Amérika racista e centro do imperialismo. RAM: Nós estamos muito felizes em conversar com vocês sobre o que está acontecendo por aqui, especialmente porque nossas organizações terem objetivos e finalidades similares em cada uma de nossas localidades. Nós somos anarquistas revolucionários. Nosso objetivo é trabalhar ao lado dos que são oprimidos pelos Estados Unidos da América, é apoiar a rebelião, é construir contrapoder revolucionário para destruir este Estado, para que as pessoas possam viver com dignidade aqui e em outros lugares. Nós temos seções de nossa organização em diversas cidades e nos organizamos de forma descentralizada, para construirmos núcleos em diferentes locais que possam se organizar de acordo com as condições específicas de cada localidade. O que carregamos em comum na nossa organização é o fato de acreditarmos que os EUA foi estruturado com base na supremacia branca, e este ethos está tão enraizado neste país, que precisa ser destruído para a libertação do povo. Aliás, é através desse processo de destruição que podemos nos desenvolver e encontrar nosso poder novamente. Durante os momentos de calmaria, nos organizamos principalmente com pessoas encarceradas, negros e latinos que cumprem muitos anos de prisão, frequentemente sendo submetidos à tortura e a execução por pequenos delitos. Nós temos um projeto através do qual enviamos materiais políticos para as pessoas presas, o que conduziu para relações duradouras e alinhamento político. Nós apoiamos a resistência nas prisões, como nas recentes greves de presos. Nós pretendemos aprofundar essas relações para que possamos nos organizar com os internos, com objetivo de erradicar todo o sistema prisional. Também realizamos projetos comunitários, como arrecadações para fundos comunitários, doações de alimentos e educação política através de exibição de vídeos, filmes e documentários, e por meio de grupos de estudos. A ideia é construir relações com todos e todas que se identifiquem e carreguem as marcas da cólera do Estado. Por muito tempo sentimos que havia uma parte significativa do povo que se levantaria para lutar, caso houvesse chance de vitória. As recentes insurreições demonstraram que a vitória é possível, e abriram um novo caminho de resistência. Como participam e avaliam essa nova rebelião negra e antirracista contra a brutalidade policial nos EUA, a partir do assassinato de George Floyd em Minneapolis, como ela vai se estendendo por outras cidades e estados do país e vai se encaminhando para ser o maior levante negro desde a rebelião iniciada em Los Angeles em 1992? RAM: Esta nova insurreição negra nos Estados Unidos é sem dúvida uma das coisas mais importantes de nossas vidas. É importante lembrar que o assassinato de George Floyd não é um caso isolado neste país. O assassinato de pessoas negras por policiais, brancos racistas, e por pessoas armadas por agentes da repressão* é algo tão comum que dificilmente se transforma em uma grande notícia. No entanto, recentemente tem aparecido muitos relatos recorrentes de violência dos supremacistas brancos, como o assassinato de Ahmaud Arbery e o incidente de Amy Cooper Central Park (quando uma mulher branca chamou a polícia acusando injustamente um homem negro de ameaçá-la fisicamente). Estes acontecimentos, junto ao violento assassinato de George Floyd, formaram a tempestade perfeita. O que começou como um protesto contra a polícia se transformou em uma das maiores insurreições já vistas neste país. No primeiro dia em Minneapolis, começaram os confrontos com a polícia. No segundo dia, o movimento começou a queimar empresas capitalistas, enquanto seguiam os enfrentamentos contra a polícia ao mesmo tempo em que diversas lojas eram expropriadas. Neste momento, a maior parte de nós já havia percebido a intensidade dessa luta, e sabíamos que era necessário agir. Três dias após o assassinato de George Floyd, a 3ª Delegacia da Polícia de Minneapolis foi completamente incendiada e a polícia fugiu amedrontada, enquanto a rebelião tomava o controle das ruas. Isso foi um sinal para todo mundo ao redor do país e, atualmente, pessoas ao redor do mundo inteiro perceberam que a luta nos EUA estava verdadeiramente ativa. Em Nova York, o movimento nas ruas foi mais combativo do que qualquer coisa que havíamos visto. Os bairros ricos foram totalmente saqueados. A imprensa capitalista e os porcos de farda argumentaram que era oportunismo, mas o povo sabe que esses bairros são a causa da nossa miséria, e por isso viraram um alvo da luta de classes. A Polícia de Nova Iorque (NYPD) é de longe a maior do país: conta com mais de 35.000 policiais. É uma polícia que tem uma história bem conhecida pelo terror que causa nas ruas e em suas delegacias. Mas essa insurreição é um dos primeiros momentos em que podemos ver as pessoas perdendo o medo destes fascistas, os confrontando, os atacando e os expulsando dos bairros. Soho (bairro nobre de Manhattan conhecido por abrigar lojas de luxo e grandes cadeias de lojas transnacionais), por exemplo, foi saqueado porque os porcos assumiram uma posição defensiva e estavam com muito medo para revidar. Esta resistência irá deixar o país marcado permanentemente. Outro fato importante é que lugares onde nunca antes ocorreram grandes levantes ou protestos no geral estiveram na linha de frente do movimento. Cidades em Ohio, Kentucky, Georgia, e Dakota do Sul tiveram grandes ações e algumas muito combativas. Existem algumas coisas que queremos esclarecer. Os principais impulsionadores desta insurreição não foram os movimentos, foi a juventude negra. A juventude negra demonstrou um dinamismo e um destemor que há muito tempo não se via nos movimentos dos EUA. Também podemos dizer

Lucio Urtubia, internacionalista e revolucionário incansável

Lucio Urtubia Jiménez incansável revolucionário internacionalista nos deixou hoje, dia 18 de julho, aos 89 anos. Lucio, espanhol nascido em 1931 em Cascante (Navarra), foi militante da CNT e anarquista de larga trajetória revolucionária, um autêntico homem de ação. Pedreiro de profissão, anarquista expropriador e o melhor falsificador de sua época, que que colocou o Citibank de joelhos, desviando mais de 20 milhões de dólares para as lutas dos povos e organizações revolucionárias. Participou e apoiou ativamente muitas lutas revolucionárias. Com uma história de vida incrível e dedicada à revolução social e à anarquia, que vai desde o auxílio à luta armada na América Latina ao justiçamento de nazistas. Apoiou o Partido dos Panteras Negras, a RAF (Fração do Exército Vermelho), os Tupamaros e Montoneros, a Revolução Cubana, o Movimento Ibérico de Libertação (MIL) e os GARI (Grupos de Ação Revolucionária Internacionalista) na luta anti-franquista e diversas outras. Nosso adeus, camarada Lucio. Agradecemos por sua vida de generosidade e dedicação pela libertação dos povos e pelo triunfo da classe trabalhadora.

Chamado de Solidariedade Internacional direto da Insurreição Negra nos EUA

DESTRUIR OS BASTIÕES DE PODER Saudações revolucionárias da insurreição que varre os territórios ocupados do chamado Estados Unidos da América. Solicitamos para que camaradas e organizações de todo o mundo realizem ações atos urgentes e contundentes de solidariedade contra os EUA. Nos últimos dias, acumulamos experiências que equivalem a décadas de aprendizado. Ao fazer exatamente o que pensávamos ser impossível anteriormente, expusemos este país pelo que realmente é: nada mais que um frágil tigre de papel. Rasgando seu enorme estado policial tecnológico, o povo negro da América demonstrou que a partir de agora se recusará a ser intimidado por uma estrutura de poder sustentada pelo terror e pela violência branca. Em seu desespero, o Estado está agora propagando mentiras de que essa rebelião está sendo liderada por agitadores brancos. Todos nós já ouvimos essas falsificações antes em seus livros de história, onde eles traçam narrativas ficcionais sobre como Lincoln libertou os escravizados. Isso nada mais é do que uma versão mais recente de um velho truque paternalista do estabelecimento supremacista branco para negar aos negros a inteligência, o espírito e a vontade autônoma de dirigir sua própria rebelião e se libertar. À medida que a história desta nação miserável se repete mais uma vez, o que se torna evidente é que o povo negro foi e continuará sendo a única força revolucionária capaz de derrubar o status quo da opressão. Em todos os lugares os porcos perderam a vontade de lutar. Seus olhos, que ontem eram janelas para o vazio do ódio e desprezo, agora exibem covardia e uma bestificada dúvida. Pela primeira vez, seu comportamento retrata sua fraqueza e seus passos e recuos são marcados pela hesitação. Seja na frente interna ou internacional, podemos ver as costas da supremacia contra a parede e, portanto, é a hora de sermos ousados ao máximo. Não podemos dar a eles nem um centímetro para se contorcer onde quer que ele tenha escondido suas mãos acostumadas à pilhagem. Isso significa que estamos pedindo a todos os revolucionários ao redor do mundo que impulsionem ações rebeldes e inundem as ruas com atos públicos. Juntos, se continuarmos pressionando, esta terra de escravidão, genocídio e agressão imperial contra os povos pode finalmente ser exterminada, de modo que será apenas lembrada como um dos capítulos mais feios da história da humanidade. Por sua vez, cada passo faz avançar a liberdade e a solidariedade, que se aglomeram nos espaços onde antes nossos gritos não eram ouvidos. TODO O PODER À INSURGÊNCIA NEGRA!DESTRUIR OS BASTIÕES DE PODER!REVOLUÇÃO AGORA E SEMPRE! MOVIMENTO ABOLICIONISTA REVOLUCIONÁRIO – RAM 31 de maio de 2020