A resposta ao Estado racista e seu genocídio é organizar a Rebelião Negra e Popular

“Quanto a aqueles massacres locais, periódicos, malditos a qual todos vocês estão sempre vulneráveis, vocês precisam se vingar deles do seu próprio jeito. […] Esse é o começo do respeito! Vocês não são, de forma alguma, indefesos. Pois a tocha do incendiário, que se sabe ser capaz de mostrar a assassinos e tiranos a linha do perigo, a qual eles não podem atravessar com impunidade, não pode ser tirada de vocês.” Lucy Parsons, histórica dirigente operária e revolucionária afro-indígena dos EUA. Vivemos uma situação de massacre permanente contra o povo. Por um lado as milhares de mortes diárias por Covid-19, com a intenção deliberada dos governos e dos capitalistas, especialmente do governo fascista e genocida Bolsonaro/Mourão. Por outro, prosseguem as matanças e chacinas contra o povo negro e pobre nas favelas e periferias do país, que se somam ao avanço da situação de miséria e fome, ao maior nível de desemprego da história, aos despejos desumanos e a violência contra camponeses pobres e os povos indígenas, em uma guerra aberta e permanente do Estado brasileiro a serviço dos ricos contra o povo pobre e a classe trabalhadora no país. A Chacina do Jacarezinho é um episódio brutal dessa guerra contra o povo pobre e do genocídio negro no Brasil. Uma operação ilegal, a serviço das milícias e dos corruptos e fascistas que estão no poder. O terrorismo de Estado que deixou 29 mortos no Jacarezinho é extermínio programado, os governos de Bolsonaro e Cláudio Castro dão seguimento as políticas genocidas dos governos do PT/PMDB, com o encerramento em massa e as UPPs, que transformaram o Rio de Janeiro em um laboratório da guerra racial e neoliberal contra negros e pobres, com uma política inédita de ocupação militar de territórios racializados que nem mesmo a ditadura militar-empresarial fez. O massacre no Jacarezinho não pode ser visto de forma isolada, pois faz parte da dinâmica da dominação capitalista e racista no Brasil, onde a brutalidade policial, o extermínio, os massacres e o genocídio negro são políticas de Estado e não apenas decisões de governos, variando sua intensidade de acordo com as gestões de turno, mas que permanecem inalteradas em sua essência. Os massacres nas favelas brasileiras são também parte do genocídio transnacional contra os povos. Com tropas treinadas nos massacres da famigerada Minustah no Haiti, utilizando a tecnologia sionista-israelense do apartheid palestino e as táticas de guerra suja do Estado militarizado da Colômbia, tudo obviamente sob coordenação do principal inimigo da humanidade, o imperialismo estadunidense. Bolsonaro e Cláudio Castro, são dois facínoras, que tem obviamente interesses diretos na Chacina do Jacarezinho, para fortalecer as milícias e rivalizar com a decisão do STF que regulamenta as operações em favelas, mas os massacres têm uma lógica mais profunda que unifica toda a cadeia de dominação burguesa. As polícias matam, a grande mídia justifica, o poder executivo legitima e o judiciário é cúmplice. Racismo e capitalismo são duas faces da mesma moeda, como nos avisou Steve Biko, por isso o capitalismo brasileiro, estruturado pela escravidão e pelo ódio antinegro se entrelaça com a lógica do programa neoliberal e a necessidade em queimar capital variável e aumentar os níveis de exploração, reduzir o exército de reserva de desempregados, ao mesmo tempo em que controla através da brutalidade policial e do terror institucional o proletariado marginal e a revolta contra a situação de miséria, fome e desemprego que o governo fascista Bolsonaro/Mourão vem aprofundando. Construir a Greve Geral e organizar a rebelião negra e popular precisa ser a nossa resposta ao Estado brasileiro e aos governos genocidas. Nesse 13 de maio, Dia Nacional de Denúncia Contra o Racismo reafirmamos a necessidade da construção da autodefesa comunitária como nosso caminho para enfrentar a brutalidade policial e pôr fim aos massacres de nosso povo. Exigimos o fim da polícia assassina e das operações e massacres nas favelas, da violência no campo e dos despejos, nos solidarizamos com os povos em luta contra o genocídio transnacional também na Colômbia, no Haiti e na Palestina. Campanha Nacional pela Greve GeralBrasil, 13 de maio de 2021. Baixe em formato de panfleto para impressão A4, aqui.

Lima Barreto: 140 anos de um intelectual do povo negro e trabalhador

No dia 13 de maio de 1881, há 140 anos, nasceu Afonso Henriques de Lima Barreto, mais conhecido como Lima Barreto. Lima Barreto escreveu importantes obras da literatura brasileira, e também diversas cartas, crônicas e artigos. Veio a falecer no ano de 1922. O seu engajamento político muitas vezes é desconhecido ou apresentado de forma superficial. Lima Barreto sempre foi próximo a importantes figuras do sindicalismo revolucionário desde a sua juventude. Conheceu José Oiticica, Edgard Leuenroth, dentre outros. Escreveu um artigo para o primeiro número do jornal A Voz do Trabalhador, órgão oficial da Confederação Operária Brasileira (COB) e colaborou com outros jornais anarquistas e sindicalistas. Apoiou publicamente a grande Greve Geral de 1917, a Greve Geral e a Insurreição Popular no Rio de Janeiro em 1918, defendeu a Revolução Russa de 1917, criticou duramente a escravidão, a opressão sobre o povo negro, os imigrantes pobres e o povo trabalhador de forma geral. Em homenagem a esse importante intelectual e trabalhador brasileiro publicamos aqui o texto “Sobre a Carestia” publicado, não por acaso, em 1917, ano da grande Greve Geral. Nesse artigo Lima Barreto faz uma dura crítica aos capitalistas e ao Estado e defende o uso da violência pelos oprimidos para lutar contra a carestia de vida. O artigo foi retirado do livro “Antologia de artigos, cartas e crônicas sobre trabalhadores”. *** SOBRE A CARESTIA As várias partes do nosso complicadíssimo governo se têm movido para estudar e debelar as causas da crescente carestia dos gêneros de primeira necessidade à nossa vida. As greves que têm estalado em vários pontos do país muito têm concorrido para esses passos do Estado. Entretanto, a vida continua a encarecer e as providências não aparecem. Não há necessidade de ser muito enfronhado nos mistérios das patifarias comerciais e industriais, para ver logo qual a causa de semelhante encarecimento das utilidades primordiais à nossa existência. Nunca o Brasil as produziu tanto e nunca elas foram tão caras. O plantador, o operário agrícola continua a ganhar o mesmo; mas o consumidor as está pagando pelo dobro. Quem ganha? O capitalista. Ele e unicamente ele, porquanto o fisco mesmo continua a receber o mesmo ou quase o mesmo que antigamente. O açúcar, por exemplo, que descera de preço nestes últimos anos, é um caso típico da ladroeira capitalista, da mais nojenta. Os usineiros e os seus comparsas, comissários, etc. no intuito de esfolarem a população nacional ou residente no Brasil, descobriram que o melhor meio de o fazerem era vender grandes partidas, para o estrangeiro, pela metade do preço porque as vendem aqui. Semelhantes patifes, com umas teorias econômicas da Escola do Pinhal de Azambuja, dizem que, se não fizessem tal coisa, seria a débâcle do seu negócio. Isto veio escrito nos jornais, com aquela arrogância peculiar a fazendeiros, especialmente os de cana, e fabricantes de açúcar. É o que eles chamam o “alívio”. Nada mais absurdo e mais besta. Todo o fito do aperfeiçoamento das nossas máquinas, dos nossos processos industriais (é o caso do açúcar), tem sido produzir muito, rapidamente, para vender barato, de modo que o lucro, por mais insignificante que seja em um quilo, somado nas toneladas, dê, por fim, um lucro fabuloso. O Portela, aí da Casa Colombo, sabe bem disso, no tocante ao seu comércio, pois afirma que a sua divisa é “vender muito, para vender barato”. Se o açúcar que eles vendem à República Argentina fosse lançado nos nossos mercados, o pequeno lucro que desse, junto ao lucro obtido com nossos mercados, o pequeno lucro que desse, junto ao lucro obtido com aquele que até agora fica aqui, seria suficiente para remunerar o capital mais judeu deste mundo. Não é necessário ir buscar autoridades em finanças e economia política, para demonstrar coisa tão evidente. Entretanto, a ganância, o cinismo, a desfaçatez, a alma de piratas dos caciques do açúcar não querem ver isto e esfomeiam os seus patrícios. Por falar em pátria… A pátria é um laço moral, dizem; mas, quando os Zés Bezerras, os Pereiras Limas e outros rompem esses laços, de forma tão bucaneira, como acabo de mostrar no caso do açúcar, de que modo posso mais respeitá-los, a eles, nas suas vidas e nos seus haveres? Creio que me acho desobrigado de toda e qualquer prisão moral com semelhantes patifes. Em presença deles, devo proceder como em presença do salteador que me toma os passos, em lugar ermo, e me exige os níqueis que tenho no bolso. Só há um remédio, se não quero ficar sem os magros cobres: é matá-lo. Não há necessidade, entretanto, de o fazer, na parte relativa a esses cínicos do açúcar e outros. Semelhante gente não se incomoda em morrer: incomoda-se em perder dinheiro ou em deixar de ganhá-lo. É tocar-lhes na bolsa, que eles choram que nem bezerros desmamados. O povo até agora tem esperado por leis repressivas de tão escandaloso estanco, que é presidido por um ministro de Estado. Elas não virão, fique certo; mas há ainda um remédio: é a violência. Só com a violência os oprimidos têm podido se libertar de uma minoria opressora, ávida e cínica; e, ainda, infelizmente, não se fechou o ciclo das violências. Quando um ministro de Estado, como o Rufino o é, cuja missão, na especialidade do seu departamento, é prover às necessidades gerais da população, atender aos seus clamores, impedir a opressão de uma classe sobre as demais, regular o equilíbrio das forças sociais, se faz caixeiro ou chefe de trust, para esfomear um país, não há mais para onde apelar senão para a violência, para a brutalidade da força! Não há outra esperança, pois eles dominam todo o mecanismo legal – o Congresso, os juízes, os tribunais – e tudo isto só fará o que eles quiserem, e seria vão socorrermo-nos desse aparelho. É doloroso chegar a semelhante conclusão; é doloroso ver tanto sangue generoso derramado, tanta lágrima chorada, tanto estudo, tanta abnegação, tanto sacrifício, tanta dor de grandes homens e daqueles que os amaram e apoiaram, é doloroso,

Haiti: por uma nova Revolução Negra contra a ditadura neoliberal

O povo haitiano protagonizou a primeira revolução libertadora latino-americana, abolindo a escravidão e conquistando a independência do país. A vitoriosa rebelião negra de São Domingos, liderada por Jean-Jacques Dessalines na abertura do séc. XIX (1791-1804), sacudiu o Caribe colonial, aterrorizou senhores de escravos e inspirou diversas rebeliões negras em todo o mundo. Mas desde sua libertação do domínio colonial francês, o país passa por um interminável ciclo de governos despóticos, intervenções estrangeiras, golpes, tiranicídios, rebeliões e profunda pobreza. Nos últimos meses o Haiti vive uma situação de rebelião popular permanente, com mobilizações massivas nas ruas contra o governo neoliberal de Jovenel Moïse, a corrupção e as condições sociais do povo, e ao mesmo tempo, entrou em uma nova uma espiral de caos e violência reacionária. A situação política se deteriorou ainda mais, quando em 7 de fevereiro desse ano o presidente reacionário Jovenel Moïse consumou um novo Golpe de Estado. Membro do partido neoliberal Tèt Kale (PHTK), o corrupto Moïse tem 52 anos e é empresário. Chegou ao poder em meio a acusações de fraude e após eleições com apenas 21% de participação, em 2016. A crise do seu governo teve início com o esquema de corrupção que desviou mais de 2 bilhões de dólares do fundo da Petrocaribe e das agressivas medidas neoliberais aplicadas, impostas após um acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), que acabaram com os subsídios dos combustíveis e iniciaram a privatização do setor elétrico do país. Com o Golpe de Estado, Moïse tenta manter seu mandato indefinidamente usando a violência política paramilitar e a repressão contra o povo e a oposição, contando com o apoio de potências imperialistas, principalmente dos Estados Unidos, Canadá e França. O legislativo foi fechado em janeiro, após os parlamentares entregarem seus mandatos e agora o governo golpista quer alterar a constituição através de um referendo em 25 de abril organizado pelo Conselho Eleitoral Provisório (CEP), cujos membros foram indicados pelo próprio Moïse, e que tem o apoio da Organização das Nações Unidas (ONU) e da OEA. As centrais sindicais do país, organizações de trabalhadores rurais e urbanos, movimentos de mulheres, diversas agrupações da diáspora, além do próprio judiciário, parlamentares, câmaras empresariais, a Conferência Episcopal, setores evangélicos e a ordem dos advogados conformam a oposição e se colocam contra essa nova ditadura neoliberal, dando início a uma situação de duplo poder, já que o governo Moïse mantém o controle do Estado haitiano – em particular as suas forças repressivas – enquanto a grande maioria dos setores da sociedade civil decidiram nomear um presidente provisório – o juiz Joseph Mécène Jean Louis – com o objetivo de comandar o que chamam de “transição de ruptura” e convocar eleições a médio prazo. Esse presidente provisório tem o apoio de toda oposição, que inclui setores progressistas e liberais, assim como, nacionalistas e anti-neoliberais que se articulam no polo de oposição mais radical chamado de Fórum Patriótico Popular. O setor conservador da oposição, por sua vez, compete pelo apoio da Embaixada dos EUA. O grande número de fundações, agências de cooperação, ONGs coloniais e igrejas neopentecostais norte-americanas tentam cooptar e desmobilizar os movimentos de trabalhadores rurais e urbanos, mas isso não foi suficiente para impedir que o povo haitiano fosse para as ruas protestar em mobilizações radicalizadas e massivas contra o Golpe de Estado, a violência estatal, a corrupção e a ingerência estrangeira. As grandes mobilizações nacionais continuam nesse mês de abril. Em fevereiro, trabalhadores paralisaram o país com uma Greve Geral e outra foi convocada no último dia 15 de março. A longa tradição combativa e de luta pela vida do povo haitiano é marcada também por tragédias. Em 2010 um terremoto deixou cerca de 300 mil mortos e mais 300 mil feridos, destruindo parte da capital, Porto Príncipe. Após o terremoto, uma epidemia de cólera tomou conta da ilha afro-caribenha, que tem cerca de 10 milhões de habitantes e é um dos países mais pobres do mundo. Os governos imperialistas, principalmente os EUA, intervém e ocupam militarmente o Haiti por décadas, com a desculpa de realizar “missões humanitárias”. As últimas ações militares se deram com a ocupação da MICIVH (1993) e depois com a sanguinária Minustah (2004-2017), quando o país foi ocupado por tropas da ONU lideradas pelo Brasil durante os governos do PT/PMDB e coordenadas por figuras como carcomido e fascista general Augusto Heleno, atual ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) do governo genocida Bolsonaro/Mourão. A ocupação militar do Haiti pela Minustah, com massacres, estupros e diversas violações de direitos humanos prepararam as tropas brasileiras para a inédita política de ocupação militar de territórios urbanos no Brasil, as Unidades de Polícia Pacificadora, as famigeradas UPPs, implementadas pela política de segurança pública genocida dos governos do PT/PMDB. Desde 1957 todos os governos haitianos tiveram intervenção do imperialismo norte-americano, que também patrocinou os golpes que derrubaram o governo do ex-padre progressista Jean-Bertrand Aristide, primeiro em 1996 e depois em 2004. O povo negro haitiano segue com uma disposição heroica de luta e resistência nas ruas, em um país destruído economicamente, esgotado pela pobreza extrema, tragédias ambientais, corrupção, políticas neoliberais e intervenções imperialistas. Apenas a unidade anti-imperialista e a aliança entre trabalhadores da cidade e do campo, a juventude combativa e as organizações populares podem derrotar a ditadura neoliberal de Jovenel Moïse e garantir a construção de um futuro digno para o sofrido povo haitiano. ABAIXO A DITADURA NEOLIBERAL DE MOÏSE E O IMPERIALISMO NO HAITI!TODO PODER AO POVO! POR UMA NOVA REVOLUÇÃO NEGRA E LIBERTADORA!

Memória e justiça: 7 anos do assassinato brutal de Cláudia Ferreira

Cláudia Silva Ferreira, conhecida como Cacau, era mãe de quatro filhos e cuidava de outros quatro sobrinhos. Foi assassinada pela Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro quando caminhava para comprar comida para seus filhos na manhã do dia 16 de março de 2014. Morta pela PMERJ durante uma operação no Morro da Congonha, zona norte do Rio de Janeiro, Cláudia Silva Ferreira teve seu corpo colocado dentro da mala da viatura pelos PMs, que alegavam prestar socorro, e durante o trajeto o porta-malas do carro abriu, o corpo de Claudia caiu na pista e ficou preso por um pedaço de roupa, resultando nas imagens brutais do seu corpo sendo arrastado por 350m na estrada Intendente Magalhães. A trabalhadora negra, que era auxiliar de serviços gerais em um hospital, foi assassinada aos 28 anos. Até hoje os policiais que mataram Cacau seguem impunes, todos os envolvidos seguem trabalhando normalmente na PMERJ, sem receber qualquer tipo punição criminal ou administrativa. Durante esses 7 anos de processo, apenas uma audiência sobre o caso foi realizada. Respondem pela morte de Claudia, o capitão Rodrigo Medeiros Boaventura e os policiais Zaqueu de Jesus Pereira Bueno, Adir Serrano, Rodney Archanjo, Alex Sandro da Silva e Gustavo Ribeiro Meirelles. A LUTA DO POVO VINGARÁ SUA MORTE! CLÁUDIA FERREIRA, PRESENTE!ABAIXO O GENOCÍDIO DO POVO NEGRO NAS FAVELAS E PERIFERIAS! 

Em defesa da vida de Mumia Abu-Jamal

O ex-pantera negra e jornalista Mumia Abu-Jamal, caso mais emblemático de prisioneiro político da supremacia branca nos EUA encontra-se em uma situação de saúde grave e sua vida está em risco por conta da Covid-19 e sua condição carcerária. Vítima de uma montagem jurídico-policial da América racista, Wesley Cook (nome de batismo de Mumia) é um preso político preto desde 1981, e teve sua pena de morte convertida em prisão perpétua após mobilizações em todo o mundo. Mumia foi diagnosticado com Covid-19 no fim do mês de fevereiro desse ano e encontra-se em quarentena e com dificuldades respiratórias. O ex-pantera negra e integrante da família revolucionária MOVE, que ficou conhecido por seu programa de rádio “A voz dos sem voz” na Filadélfia (EUA), enfrenta uma condição precária de saúde na prisão, com problemas cardíacos, nos rins e na visão por ter seu tratamento negado, podendo desenvolver um caso grave de coronavírus em decorrência das precárias condições carcerárias. O movimento pela libertação de Mumia solicita a solidariedade ativa e a mobilização das organizações e militantes internacionalistas e antirracistas em defesa da vida, saúde e liberdade de Mumia Abu-Jamal, que vai completar 67 anos em abril. Segundo sua advogada de longa data, Johanna Fernandez, o movimento por sua libertação exige do governador da Pensilvânia que aplique a lei de indulto aos presos com mais 65 anos para libertar Mumia da prisão estadual em que se encontra, assim como outros presos idosos, para evitar mais mortes por Covid-19 nas prisões racistas dos EUA. LIBERDADE IMEDIATA PARA MUMIA ABU-JAMAL!FOGO NA AMÉRICA RACISTA! MORTE AO IMPÉRIO! Uma forma de apoiar Mumia é enviando mensagens exigindo sua liberdade para os e-mails do governo, justiça e sistema carcerário da Filadélfia: justice@phila.gov, jowetzel@pa.gov, brunelle.michael@gmail.com (governador Tom Wolf). URGENT SOLIDARITY IN LIFE DEFESS AND MUMIA ABU-JAMAL FREEDOM Tradução em inglês da nota pela Campanha Internacional Mobilization4Mumia Former black panther and journalist Mumia Abu-Jamal, most emblematic white supremacist political prisoner in the U.S. is in a serious health situation and his life is at risk because of Covid-19 and his prison condition. Victim of a racist American legal-police montage, Wesley Cook (Mumia’s baptismal name) is a political prisoner black since 1981, and had his death penalty converted into life after mobilizations worldwide. Mumia was diagnosed with Covid-19 at the end of February of that year and is in quarantine and breathing difficulties. Former black panther and member of the revolutionary family MOVE, who became known for his radio show ′′The Voice of the Voiceless′′ in Philadelphia (USA), faces a precarious health condition in prison, with heart, kidney and kidney problems vision for having his treatment denied, and could develop a serious case of the coronavirus due to the precarious precarious incarceration. Mumia’s liberation movement calls for active solidarity and mobilization of internationalist and anti-Racist organizations and militants in defense of the life, health and freedom of Mumia Abu-Jamal, who will turn 67 in April. According to her longtime lawyer Johanna Fernandez, the movement for her release demands Pennsylvania governor to apply the law of pardon to prisoners with 65 more years to release Mumia from the state prison she is in, as well as other elderly prisoners , to prevent more Covid-19 deaths in racist US prisons. IMMEDIATE FREEDOM FOR MUMIA ABU-JAMAL!FIRE IN RACIST AMERICA! DEATH TO THE EMPIRE! One way to support Mumia is by sending messages demanding her freedom to Philadelphia’s emails, justice, and prison system: justice@phila.gov, jowetzel@pa.gov, brunelle.michael@gmail.com (Governor Tom Wolf).

Entrevista com Ana Maria, mãe de Pedro Henrique

O ativista de direitos humanos, Pedro Henrique Santos Cruz, foi assassinado aos 31 anos, em 27 de dezembro de 2018, de forma brutal e covarde por policiais militares da PM-BA dentro de sua casa, no bairro Nova Esperança, em Tucano, cidade no sertão da Bahia. Pedro foi o criador da “Caminhada pela Paz”, movimento social contra a brutalidade policial em Tucano (BA), era artista visual e se identificava com a cultura rastafari, começando sua militância contra o terrorismo de Estado e a violência policial em 2012, após ser agredido por policiais. Os PMs acusados de executar Pedro Henrique com 8 tiros, reconhecidos por uma testemunha, permanecem impunes. A Casa da Resistência entrevistou a companheira Ana Maria Cruz, mãe de Pedro, nesses dois anos do assassinato de seu filho e luta por justiça. Casa da Resistência: Ana Maria, primeiro parabenizamos sua luta incansável por justiça para Pedro Henrique, exemplo de combate ao terrorismo de Estado no país e aos crimes dessa instituição genocida que é a Polícia Militar da Bahia. Gostaríamos de saber como tem sido esses dois anos da perda de Pedro e a luta dos seus familiares e amigos por justiça? Ana Maria: Agradeço o apoio e a força que todos vocês me dão desde o início, ao longo desses dois anos e eu quero dizer que não há mérito nenhum em lutar por um mundo mais justo, é nossa obrigação, queria eu ter o fôlego de Pedro que dedicou os últimos anos de sua vida a defender o bem, o amor, a paz e a justiça. Tenho certeza de que estes foram os melhores anos de sua vida, sofrimento nenhum pelo qual ele passou vai conseguir tirar essa grandeza do espírito combativo e guerrilheiro do nosso Pedro, muito menos o seu sorriso e o seu amor à vida. Dois anos sem a presença de Pedro, dois anos de luta sem trégua. Não podemos dormir, nem cochilar podemos, a luta de Pedro vive reclamando, dentro de nós uma reação à injustiça a ele imposta e não podemos sequer sonhar em desistir. Não seria justo com ele, não seria justo com todas as vítimas desses assassinos covardes, temos um longo caminho pela frente. Medo todos temos por que somos humanos, mas acreditamos que a continuidade da luta por justiça é bem maior que todo e qualquer temor e é este sentimento que nos encoraja e nos impulsiona. Uma coisa eu sei: eles têm muito mais medo de nós do que nós deles. Esta é a grande diferença, daí o motivo de armarem-se contra nós, desarmados, somos corpos que tombam, mas somos ideias que reverberam e se propagam e quanto mais nos matam, mais longe vão nossos pensamentos, mais pessoas abraçam nossa causa. Não vamos desistir. Viver sem Pedro não existe. Um dia me perguntaram pelo luto e eu respondi que não tive tempo de viver o luto e nem de chorar por Pedro. Me inspiro na namorada dele, uma jovem guerreira. Quando cheguei no final da manhã do dia 27 de dezembro na casa de Pedro em Tucano, o IML já havia removido o corpo, a perícia já tinha sido feita e a casa estava lavada, limpa, cheirosa, impecável. Percebi um filete de sangue que escorria do ouvido direito dela, consequência do coturno de um dos assassinos que pisou em sua cabeça, imobilizando-a de encontro ao chão, enquanto ele e mais dois atiradores disparavam suas armas contra Pedro que já estava caído sobre a cama, então eu perguntei por que ela não havia cuidado daquele ferimento. A garota simplesmente me respondeu: “Tinha muita coisa pra eu fazer aqui antes de você chegar”. Foi uma das maiores lições e exemplo de força, amor e bravura que eu já tive. Retomando, viver sem Pedro não existe. Ele está o tempo todo ao nosso lado, lutando, nos encorajando a continuar e quanto mais eu luto, mais sinto ele próximo de mim. É ele quem não me deixa desistir. Casa da Resistência: Em qual situação encontra-se a investigação, o que explica a situação de impunidade dos policiais que assassinaram Pedro? Existem ameaças ou risco a você, sua família e amigos de Pedro Henrique? Qual o papel do governo do Estado da Bahia, do comando da polícia militar, do ministério público e da justiça baiana? Ana Maria: As investigações, no âmbito da polícia civil, terminaram, o inquérito foi concluído indiciando apenas dois dos três atiradores. Os autos foram devolvidos ao MP, sem que a diligência requerida pelo promotor fosse cumprida, em que constava submeter o terceiro atirador a reconhecimento feito pela testemunha ocular do crime. Para isso, o acusado alegou estar de quarentena por conta de haver uma suspeita de Covid-19, mas a audiência de reconhecimento estava marcada para o dia 2 de julho de 2020, de lá até 13 de novembro, data em que o inquérito voltou para o MP, foram mais de quatro meses que os autos permaneceram em poder da autoridade policial sem que nova audiência de reconhecimento fosse marcada. Estamos no aguardo de que o Ministério Público ofereça a denúncia contra os PMs autores do crime. A situação de impunidade permeia do início ao fim. Os assassinos de Pedro foram reconhecidos no momento em que o executaram, o fato foi imediatamente levado ao conhecimento da Corregedoria Geral e da Polícia Civil, mas em momento algum os autores foram afastados ou tiveram suas prisões decretadas, não tiveram suas armas apreendidas para perícia, tampouco foram submetidos a exames de pólvora combusta. O risco que corremos é constante e iminente, mas isso não muda nada a minha determinação de continuar a luta de Pedro e por Pedro. As ameaças são veladas, com olhares, atitudes, abordagens intimidatórias a amigos de Pedro e, principalmente, várias tentativas de me silenciar através de representações nos juizados criminais, não de Tucano, mas estrategicamente, nas comarcas das cidades de Euclides da Cunha e Salvador, dizendo-se eles vítimas de calúnias. Atribuo essa situação de impunidade ao medo, conivência e conveniências. Muitos interesses escusos moveram esses criminosos a praticar tamanha atrocidade e acredito

Responder à violência racial: por uma Rebelião Negra e Antirracista

CONVOCATÓRIA PARA AÇÃO DIRETA E SOLIDARIEDADE INTERNACIONAL CONTRA A VIOLÊNCIA RACISTA E O ASSASSINATO DE NEGO BETO POR SEGURANÇAS DO CARREFOUR Brasil, 20 de novembro de 2020. Na noite de quinta-feira, 19, véspera do Dia Nacional da Consciência Negra, dois seguranças de uma unidade da multinacional Carrefour na cidade de Porto Alegre (RS) espancaram covardemente até a morte João Alberto Silveira Freitas, o Nego Beto, homem negro de 40 anos. Assim como no caso de George Floyd, o brutal espancamento seguido de morte sofrido por João Alberto foi gravado por câmeras, ficando evidente a violência desproporcional e a nítida intenção de assassiná-lo. Assim como no caso norte-americano, Nego Beto clamou por socorro e pedia para respirar, pois estava com os joelhos do segurança em cima das suas costas pressionando seus pulmões, que resultou em uma parada respiratória e o levou à óbito ali mesmo na entrada do supermercado Carrefour. Hoje é Dia Nacional da Consciência Negra em nosso país, dia da imortalidade de Zumbi dos Palmares, um dia de luto, memória e luta. Por isso o sentido dessa carta é não é apenas declarar nosso luto por mais uma vítima fatal do genocídio racial que vivemos no país, mas também de convocar os lutadores e lutadoras do povo do Brasil e do mundo à repudiarem este assassinato racista e covarde, através da ação direta e da luta combativa e radical. Se eles matam nossos irmãos trabalhadores de forma covarde nas portas dos seus supermercados, é para lá que devemos ir. Enquanto revolucionários é nosso dever assumir a iniciativa através da ação direta, com o objetivo de incitar a maioria do nosso o povo e as organizações combativas à ocuparem em forma de protesto nos próximos dias cada unidade da multinacional Carrefour nos 33 países onde ele está presente e nos 26 estados brasileiros (mais Distrito Federal) onde existem lojas e supermercados do Grupo Carrefour como o Planaltão, Roncetti, Mineirão, Rainha, Dallas, Big, Eldorado, Continente e Atacadão. O Carrefour nos diversos países onde opera coleciona processos trabalhistas, além de lucros exorbitantes. No Brasil não é diferente, porém além de processos trabalhistas e recordes de faturamento o Grupo Carrefour coleciona também casos de racismo, violência e morte. Em 2009, em Osasco, seguranças do Carrefour agrediram o vigilante e técnico em eletrônica Januário Alves de Santana, de 39 anos, no estacionamento do mercado, não por coincidência Januário era negro e foi acusado de roubar o próprio carro. Em outubro de 2018, em São Bernardo do Campo, Luís Carlos Gomes, um homem negro e deficiente físico, foi perseguido pelo gerente da unidade por um segurança e depois encurralado em um banheiro, onde foi desmaiado com um mata-leão por ter aberto uma lata de refrigerante. Em 2018, também em Osasco, o dono do mercado (filial do Carrefour) pediu para um segurança matar um cachorro que entrou no estabelecimento, devido a visita de supervisores da matriz. Em agosto de 2020, em Recife, um promotor de vendas do Carrefour morreu enquanto trabalhava e seu corpo foi coberto com guarda-sóis e cercado por caixas, para que a loja pudesse seguir em funcionamento, o corpo de Moisés Santos permaneceu no local entre às 8h e 12h, até ser retirado pelo Instituto Médico Legal (IML). A maioria do povo brasileiro que sofre com as quase 170 mil mortes subnotificadas pela pandemia de Covid-19, com o aumento da miséria e a piora das condições de vida por todo país, com o avanço do desemprego, precarização, inflação, da repressão com quem luta no campo e na cidade e da violência estatal e da brutalidade policial contra a maioria negra e favelada, agora presencia este brutal assassinato patrocinado por uma multinacional francesa em plena véspera do 20 de Novembro, data que marca além da resistência do povo negro, a memória de todas as desgraças trazidas pela colonização europeia ao nosso território. Que esse 20 de Novembro seja de quilombagem e rebelião, dia em que celebramos a memória insurgente de Zumbi dos Palmares, que transformou dor e luto em resistência e luta organizada, exemplo que deve nos inspirar a enfrentar esse sistema capitalista e racista, desumano e assassino, para organizarmos nosso ódio e enfrentarmos o genocídio promovido pelos capitalistas e governantes. AÇÃO DIRETA CONTRA O CARREFOUR ASSASSINO!JUSTIÇA PARA NEGO BETO! MORTE AOS RACISTAS!ZUMBI VIVE E VENCERÁ! RETORMAR A QUILOMBAGEM!

Chacina do Cabula: 5 anos do Massacre da Vila Moisés

Em 6 de fevereiro de 2015, 12 jovens homens negros entre 16 e 27 anos foram executados por PMs em uma operação das Rondas Especiais (Rondesp) na Vila Moisés, Cabula, em Salvador. Segundo as investigações, a motivação dos policiais para os assassinatos seria um tipo de vingança. A Chacina do Cabula foi comemorada pelo governador genocida Rui Costa, responsável político pelos assassinatos. Foram 500 disparos dos quais 88 perfuraram os corpos dos jovens, e segundo o laudo, atingiram mãos e antebraços, indicando posição de defesa, com disparos realizados a curta distância, de cima para baixo. Após 5 anos do massacre, os policiais envolvidos na chacina ainda não foram responsabilizados pela matança. Em 2018, chegaram a ser julgados, mas foram absolvidos pelas mortes por manobras do governo do estado da Bahia em uma setença-relâmpago e sem nenhuma audiência dada pela juíza corrupta Marivalda Almeida Moutinho. Entretanto, após recurso a sentença foi anulada, e espera-se que um novo júri. O Massacre da Vila Moisés segue em segredo de justiça e já foi denunciado na ONU e na OEA, incluindo ameaças frequentes sofridas por familiares das vítimas e integrantes da Organização Reaja ou Será Morta/o, que acompanha o caso. Por nossos mortos, nosso luto e nossa luta: Evson Pereira dos Santos, 27 anos, Ricardo Vilas Boas Silvia, 27 anos, Jeferson Pereira dos Santos, 22 anos, João Luis Pereira Rodrigues, 21 anos, Adriano de Souza Guimarães, 21 anos, Vitor Amorim de Araujo, 19 anos, Agenor Vitalino dos Santos Neto, 19 anos, Bruno Pires do Nascimento, 19 anos, Tiago Gomes das Virgens, 18 anos, Natanael de Jesus Costa, 17 anos, Rodrigo Martins de Oliveira, 17 anos, e Caique Bastos dos Santos, 16 anos. ABAIXO O TERRORISMO DE ESTADO E O GENOCÍDIO DO POVO NEGRO! ORGANIZAR A AUTODEFESA POPULAR!

Fora Bolsonaro! Poder para o Povo! Um chamado à ação direta e à unidade dos setores revolucionários

Aos grupos e organizações populares autônomas, agrupações e frentes antifascistas, organizações de base de trabalhadores/as e estudantes, grupos de mulheres do povo, organizações negras combativas, grupos antirracistas, defensores dos direitos humanos, coletivos LGBT+, organizações dos povos indígenas, movimentos de luta por moradia e por terra, associações comunitárias do campo e da cidade, coletivos de periferia, grupos culturais combativos, organizações revolucionárias anarquistas, marxistas, panafricanistas/quilombistas e anticolonialistas. A luta intestinal que se desenrola entre as diversas frações da burguesia, as cenas que variam entre o grotesco e o ridículo e se repetem quase que diariamente no governo miliciano de extrema-direita, os ataques brutais contra os direitos do povo e a carnificina promovida pelo Estado policial nas periferias e no campo, se somam as insurreições e os levantes anticoloniais e anticapitalistas dos povos na América Latina e no mundo, como demonstrações do aprofundamento da crise capitalista e da crise de dominação burguesa no Brasil e em todo o mundo. Os povos heroicamente se levantam no Haiti, Honduras, Equador e Chile, assim como, na Argélia, Sudão, Catalunha, Iraque e diversos outros países, ou protagonizam guerras anticoloniais como no Iêmen e na revolução social do povo curdo em Rojava, atacado pelo fascismo turco com o aval dos Estados vizinhos e dos blocos imperialistas. No Brasil, a crise de dominação burguesa aberta a partir de 2008 e que tomou contornos no Levante Popular de 2013, vem se aprofundando desde o acordo entre as frações de poder que derrubou o governo Dilma, ampliou os ataques da agenda neoliberal com o governo Temer e colocou através da farsa eleitoral uma escória de milicianos e neofascistas no poder, em um governo tutelado por generais saudosistas da ditadura empresarial-militar. O governo Bolsonaro/Mourão é um governo de improviso da burguesia, interessada em acabar com os serviços públicos, os diretos da classe trabalhadora e ampliar os níveis de exploração e opressão do povo brasileiro. O Estado policial e racista inflado pelos governos petistas foi elevado ao status de poder constituído a partir da farsa que conduziu o miliciano Bolsonaro, com ligações com a organização Escritório do Crime que assassinou Marielle Franco, o juiz fascista Sergio Moro, o sociopata neoliberal Paulo Guedes e uma corja de lunáticos olavistas ao governo federal, ampliando as políticas anti-povo como a destruição da previdência, as privatizações, o desemprego e a precarização, os ataques ao meio ambiente, os cortes na saúde e educação, o obscurantismo e a militarização de escolas, assim como, os massacres e assassinatos contra a maioria negra nas favelas, contra os povos indígenas e camponeses pobres, em uma escalada de horror contra o povo pobre que tem uma relação direta com o aumento nos níveis de exploração da classe trabalhadora. Distante das narrativas derrotistas ou da lógica domesticada da esquerda institucional, o Brasil como um grande vulcão que acumula energia antes da explosão dos oprimidos contra o poder deve responder à brutalidade neoliberal com uma grandiosa insurreição. A rebelião, o ódio organizado do povo deve ser a resposta contra um Estado apodrecido, a barbárie capitalista e o terror promovido contra os pobres. Acreditamos que a única saída possível para a crise de dominação é a saída revolucionária, por fora e contra o Estado, superando as ilusões em supostos salvadores e em uma esquerda da ordem tão suja e oportunista quanto a própria direita. A Greve Geral insurgente e a ação direta do povo nas ruas são os caminhos para derrotar o governo Bolsonaro/Mourão, ao mesmo tempo, devem ser conjugadas com a construção dos instrumentos de autodefesa e auto-organização popular como embriões de contrapoder e autogoverno. É preciso levantar uma agenda popular e revolucionária, construída a partir da solidariedade entre as lutas, da ação direta popular, da unidade entre os setores revolucionários e as organizações de base, como uma alternativa popular aos interesses das frações de poder que disputam o controle do Estado, do oportunismo das burocracias sindicais e estudantis (CUT, UNE, CTB, etc.) e da esquerda eleitoral. Desde o campo do sindicalismo revolucionário, das organizações de base de trabalhadores/as e estudantes e da luta popular revolucionária, a FOB propõem: – Construção de brigadas e comitês de agitação e propaganda pelo FORA BOLSONARO nas cidades e no campo, com panfletagens, pichações, colagens, intervenções e atividades de base que coloquem na ordem do dia das maiorias exploradas e oprimidas a necessidade de derrotar nas ruas esse governo neofascista; – Intervenção nas manifestações contra o governo Bolsonaro como Blocos Autônomos e Combativos, para se diferenciar da esquerda institucional, do bloco socialdemocrata/reformista e do oportunismo eleitoral, além de construir a partir da unidade dos setores revolucionários um calendário de lutas independente das burocracias traidoras e corruptas, rompendo com a lógica de domesticação das direções sindicais e estudantis das entidades oficiais; – Ampliar os organismos de base do povo pobre e da classe trabalhadora baseados em um programa mínimo reivindicativo (em defesa do trabalho, moradia, terra, educação, meio ambiente, saneamento, transporte e contra a brutalidade policial, o terrorismo de Estado, a carestia da vida, etc.), radicalizando e relacionando as lutas, apontando uma saída revolucionária para a crise, como parte de um projeto popular e revolucionário capaz de construir uma alternativa de poder, para repartir a riqueza e por fim a esse regime de exploração e opressão; – Organizar brigadas de autodefesa popular e militante, convocando todos e todas lutadores e lutadoras do povo dispostos/as; Essas brigadas deverão tratar da preparação dos militantes prevendo possíveis conflitos, se preocupar com a segurança dos envolvidos e garantir atividades de preparação física e defesa pessoal; – Convocar uma Greve Geral construída pela base, por fora e contra as burocracias sindicais e estudantis, adotando táticas insurrecionais, a ação direta, a sabotagem, a paralisação da produção, dos serviços e da circulação de mercadorias contra os ataques neoliberais aos diretos do povo, o genocídio do povo negro nas favelas e periferias, os ataques contra os povos indígenas, camponeses pobres e em defesa do meio ambiente; – Construir o Congresso do Povo, baseado em assembleias populares e delegados eleitos pelos organismos de base do povo (grupos de

MESTRE MOA VIVE!

Romualdo Rosário da Costa, o Mestre Moa do Katendê, referência da cultura negra na Bahia, mestre de capoeira, fundador dos afoxés Badauê e Amigos de Katendê, compositor, percussionista, artesão, dançarino e educador foi covardemente assassinato no dia 08 de outubro do ano passado com doze facadas pelas costas pelo bolsonarista Paulo Sérgio Ferreira de Santana, após uma discussão sobre as eleições presidenciais de 2018 em um bar de Salvador (BA). Mestre Moa do Katendê foi um patrimônio do povo negro e da cultura da Bahia, vítima da violência reacionária promovida pelo bolsonarismo, que foi alçado ao poder pela farsa eleitoral de democracia dos ricos, síntese da escravidão e da ditadura. A melhor forma de homenagear o Mestre Moa é seguir na luta por justiça e liberdade, contra o fascismo institucional e o Estado Policial, avançar no enfrentamento ao racismo, construindo organização de base e autodefesa popular. Ontem, infelizmente uma irmã do Mestre Moa, após sofrer um infarto, morreu a caminho de uma missa em homenagem ao irmão. Nos solidarizamos com o toda a família do Mestre Moa nesse momento difícil. O documentário Mestre Moa do Katendê – A primeira vítima (2018, 46 min.), do cineasta Carlos Pronzato.