Devanir José de Carvalho: homenagem a um operário militante

No dia de hoje, 5 de abril, quero prestar uma homenagem a um operário, torneiro mecânico, trabalhador da Vilares, que deu sua vida pela classe trabalhadora e nunca traiu sua classe ou decepcionou seus filhos, sua companheira e seus companheiros. É um exemplo a ser seguido. No dia 5 de abril de 1971, caiu meu Comandante Henrique, Devanir José de Carvalho, que foi levado ao DOPS (Departamento de Ordem Política e Social) para ser barbaramente torturado pela equipe do Esquadrão da Morte, do delegado Sérgio Fleury, militares do DOI-CODI e pelo Cônsul dos EUA, em São Paulo, Claris Howley Halliwell. Comandante Henrique não forneceu aos torturadores nem mesmo seu nome. “Quando chegou aqui, Henrique deu uma cusparada na cara do Doutor Fleury. Não falou nem mesmo o nome dele”, me contou o torturador Carlinhos Metralha para me amedrontar sobre o que me esperava lá naquele lugar de torturas e extermínio. Quando Henrique caiu, eu ainda estava solto e atuando no grupo de ação do MRT – Movimento Revolucionário Tiradentes. Para salvar Henrique das terríveis torturas, organizamos às pressas a captura do presidente da FIESP, Teobaldo de Nigris, que financiava e presenciava sessões de torturas junto com Henning Boilesen. Seria uma troca um por um. A vida do presidente da FIESP, entidade patrocinadora das torturas e da perseguição aos operários de São Paulo, pela vida do Comandante de quase todas as ações contra a ditadura em São Paulo. Não deu tempo. As torturas se prolongaram por quase 3 dias seguidos e no dia 7 de abril, por volta das 19 horas, Fleury, o capitão Ênio Pimentel Silveira, capitão Dalmo Lúcio Muniz Cirilo, o major Carlos Alberto Brilhante Ustra e o cônsul dos EUA em São Paulo, Claris Howley Halliwell, entre outros, executaram Devanir José de Carvalho sem que ele tivesse fornecido seu nome. Quando estávamos na porta da casa de Nigris, recebemos a informação de dentro do DOPS de que Fleury e cambada haviam assassinado Devanir “para não fazer dele um segundo Bacuri”. Essa mesma frase ouvi do torturador Carlinhos Metralha, numa referência ao Comandante Bacuri, Eduardo Collen Leite, torturado por longos 109 dias e assassinado dentro da Fortaleza dos Andradas, do Exército, na Baixada Santista. Os militares de hoje, que mantém o genocida delinquente presidencial, querem manter a impunidade para seus colegas de farda, que torturaram Devanir e tantos brasileiros e brasileiras, que lutavam contra a outra ditadura, instalada sob o patrocínio, orientação e manutenção de uma potência estrangeira, os EUA, do senhor Claris Howley Halliwell. Os mesmos militares que assassinaram Eduardo Collen Leite, o Comandante Bacuri, dentro da fortaleza do Exército, na Baixada Santista. Os nomes de Devanir José de Carvalho, Comandante Henrique, operário e gênio militar, de Eduardo Collen Leite, Comandante Bacuri, e tantos outros e outras militantes da luta contra a ditadura e pela libertação da Classe Trabalhadora da exploração capitalista, sempre serão lembrados pelo nosso povo. Já essa rastaquera que assaltou o país não. DEVANIR JOSÉ DE CARVALHO, PRESENTE! ABAIXO A DITADURA, DO PASSADO E DO PRESENTE! Por Ivan Seixas, jornalista, ex-preso político, guerrilheiro e militante do Movimento Revolucionário Tiradentes – MRT.

Haiti: por uma nova Revolução Negra contra a ditadura neoliberal

O povo haitiano protagonizou a primeira revolução libertadora latino-americana, abolindo a escravidão e conquistando a independência do país. A vitoriosa rebelião negra de São Domingos, liderada por Jean-Jacques Dessalines na abertura do séc. XIX (1791-1804), sacudiu o Caribe colonial, aterrorizou senhores de escravos e inspirou diversas rebeliões negras em todo o mundo. Mas desde sua libertação do domínio colonial francês, o país passa por um interminável ciclo de governos despóticos, intervenções estrangeiras, golpes, tiranicídios, rebeliões e profunda pobreza. Nos últimos meses o Haiti vive uma situação de rebelião popular permanente, com mobilizações massivas nas ruas contra o governo neoliberal de Jovenel Moïse, a corrupção e as condições sociais do povo, e ao mesmo tempo, entrou em uma nova uma espiral de caos e violência reacionária. A situação política se deteriorou ainda mais, quando em 7 de fevereiro desse ano o presidente reacionário Jovenel Moïse consumou um novo Golpe de Estado. Membro do partido neoliberal Tèt Kale (PHTK), o corrupto Moïse tem 52 anos e é empresário. Chegou ao poder em meio a acusações de fraude e após eleições com apenas 21% de participação, em 2016. A crise do seu governo teve início com o esquema de corrupção que desviou mais de 2 bilhões de dólares do fundo da Petrocaribe e das agressivas medidas neoliberais aplicadas, impostas após um acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), que acabaram com os subsídios dos combustíveis e iniciaram a privatização do setor elétrico do país. Com o Golpe de Estado, Moïse tenta manter seu mandato indefinidamente usando a violência política paramilitar e a repressão contra o povo e a oposição, contando com o apoio de potências imperialistas, principalmente dos Estados Unidos, Canadá e França. O legislativo foi fechado em janeiro, após os parlamentares entregarem seus mandatos e agora o governo golpista quer alterar a constituição através de um referendo em 25 de abril organizado pelo Conselho Eleitoral Provisório (CEP), cujos membros foram indicados pelo próprio Moïse, e que tem o apoio da Organização das Nações Unidas (ONU) e da OEA. As centrais sindicais do país, organizações de trabalhadores rurais e urbanos, movimentos de mulheres, diversas agrupações da diáspora, além do próprio judiciário, parlamentares, câmaras empresariais, a Conferência Episcopal, setores evangélicos e a ordem dos advogados conformam a oposição e se colocam contra essa nova ditadura neoliberal, dando início a uma situação de duplo poder, já que o governo Moïse mantém o controle do Estado haitiano – em particular as suas forças repressivas – enquanto a grande maioria dos setores da sociedade civil decidiram nomear um presidente provisório – o juiz Joseph Mécène Jean Louis – com o objetivo de comandar o que chamam de “transição de ruptura” e convocar eleições a médio prazo. Esse presidente provisório tem o apoio de toda oposição, que inclui setores progressistas e liberais, assim como, nacionalistas e anti-neoliberais que se articulam no polo de oposição mais radical chamado de Fórum Patriótico Popular. O setor conservador da oposição, por sua vez, compete pelo apoio da Embaixada dos EUA. O grande número de fundações, agências de cooperação, ONGs coloniais e igrejas neopentecostais norte-americanas tentam cooptar e desmobilizar os movimentos de trabalhadores rurais e urbanos, mas isso não foi suficiente para impedir que o povo haitiano fosse para as ruas protestar em mobilizações radicalizadas e massivas contra o Golpe de Estado, a violência estatal, a corrupção e a ingerência estrangeira. As grandes mobilizações nacionais continuam nesse mês de abril. Em fevereiro, trabalhadores paralisaram o país com uma Greve Geral e outra foi convocada no último dia 15 de março. A longa tradição combativa e de luta pela vida do povo haitiano é marcada também por tragédias. Em 2010 um terremoto deixou cerca de 300 mil mortos e mais 300 mil feridos, destruindo parte da capital, Porto Príncipe. Após o terremoto, uma epidemia de cólera tomou conta da ilha afro-caribenha, que tem cerca de 10 milhões de habitantes e é um dos países mais pobres do mundo. Os governos imperialistas, principalmente os EUA, intervém e ocupam militarmente o Haiti por décadas, com a desculpa de realizar “missões humanitárias”. As últimas ações militares se deram com a ocupação da MICIVH (1993) e depois com a sanguinária Minustah (2004-2017), quando o país foi ocupado por tropas da ONU lideradas pelo Brasil durante os governos do PT/PMDB e coordenadas por figuras como carcomido e fascista general Augusto Heleno, atual ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) do governo genocida Bolsonaro/Mourão. A ocupação militar do Haiti pela Minustah, com massacres, estupros e diversas violações de direitos humanos prepararam as tropas brasileiras para a inédita política de ocupação militar de territórios urbanos no Brasil, as Unidades de Polícia Pacificadora, as famigeradas UPPs, implementadas pela política de segurança pública genocida dos governos do PT/PMDB. Desde 1957 todos os governos haitianos tiveram intervenção do imperialismo norte-americano, que também patrocinou os golpes que derrubaram o governo do ex-padre progressista Jean-Bertrand Aristide, primeiro em 1996 e depois em 2004. O povo negro haitiano segue com uma disposição heroica de luta e resistência nas ruas, em um país destruído economicamente, esgotado pela pobreza extrema, tragédias ambientais, corrupção, políticas neoliberais e intervenções imperialistas. Apenas a unidade anti-imperialista e a aliança entre trabalhadores da cidade e do campo, a juventude combativa e as organizações populares podem derrotar a ditadura neoliberal de Jovenel Moïse e garantir a construção de um futuro digno para o sofrido povo haitiano. ABAIXO A DITADURA NEOLIBERAL DE MOÏSE E O IMPERIALISMO NO HAITI!TODO PODER AO POVO! POR UMA NOVA REVOLUÇÃO NEGRA E LIBERTADORA!

Motim contra a Fome e o Desemprego de 1983: uma rebelião contra a carestia e exemplo de ação direta

Em 4 de abril de 1983, diante da grave crise econômica, desemprego e demissões em massa, carestia de vida, inflação galopante e a situação de miséria da classe trabalhadora brasileira que marcaram o período do fim da ditadura empresarial-militar fascista, estourava na zona sul de São Paulo, em Santo Amaro, o movimento que ficou conhecido como Motim Contra a Fome e o Desemprego. A rebelião que arrancou importantes conquistas foi marcada pela ação direta popular e mobilização de base a partir do Comitê de Luta contra o Desemprego e do Movimento contra a Carestia, com saques e manifestações combativas se alastrando também para o Rio de Janeiro e Minas Gerais entre os dias 4 e 8 de abril de 1983. Com saques de lojas e supermercados, em São Paulo a manifestação seguiu em direção ao Palácio dos Bandeirantes que foi atacado, com a exigência que o movimento fosse recebido pelo então governador Franco Montoro. Cerca de 100 manifestantes foram feridos e 70 presos pela PM, com mais de 400 lutadores sendo enquadrados na famigerada Lei de Segurança Nacional (LSN). O Movimento Contra o Desemprego e a Carestia arrancou do Estado a criação de 40 mil vagas de empregos em frentes de trabalho. O general fascista e então presidente da ditadura João Baptista Figueiredo foi a TV aberta acusar o movimento de atrapalhar o “processo de abertura”, uma transição pactada entre militares e a oposição burguesa para proteger os assassinos e torturadores do regime e seus patrocinadores, o empresariado e agentes do imperialismo. Os governadores de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro também vieram  à público pedir o fim da violência e calma ao povo faminto.                  Com a inflação oficial de 35% no início do ano e alimentos essenciais da cesta básica subindo até 400%, demissões em massa, cortes de investimentos públicos, situação de pobreza e miséria generalizada, a crise de 1983 tem muitos paralelos com a nossa conjuntura, assim como, os governos autoritários de Figueiredo e Bolsonaro. Elementos que hoje, agravam-se ainda mais com a Covid-19, a guerra biológica contra o povo pobre e trabalhador e a gestão desastrosa e genocida do atual governo. A disposição heroica, e em parte desesperada, do povo em luta pela sua sobrevivência é um exemplo para os dias atuais. A mobilização de massas, organização de base e os métodos insurgentes do Comitê de Luta contra o Desemprego e do Movimento contra a Carestia, assim como, a unidade de ação de diversas organizações da esquerda combativa, devem servir de guias para nossa ação nos dias de hoje, construindo comitês de base para agitação e propaganda de massas, mobilização direta e unidade de ação para avançar até a Greve Geral e a rebelião de massas, necessárias para derrotar o governo genocida Bolsonaro/Mourão, defender a vida e conquistar uma vida digna para nosso povo.         VIVA O MOTIM CONTRA A FOME E O DESEMPREGO! RETOMAR A LUTA COLETIVA, RADICAL E COMBATIVA CONTRA GOVERNOS E PATRÕES! AÇÃO DIRETA CONTRA A AGENDA NEOLIBERAL E O GOVERNO BOLSONARO/MOURÃO!   

Mianmar: golpe, massacre e resistência popular

Mianmar, a antiga Birmânia, é um país asiático que se libertou da dominação colonial inglesa apenas em 1948. Com uma população de cerca de 55 milhões de habitantes, o país que possui maioria budista e mais de 130 grupos étnicos faz fronteira com Bangladesh, Índia, República Popular da China, Laos e Tailândia. Nos anos 1950, enfrentando diversos conflitos separatistas, a rebelião dos karenes e uma guerra popular dirigida pelos comunistas, o governo foi derrubado com a liderança do militar nacionalista e anticolonialista Ne Win. O Partido do Programa Socialista da Birmânia iniciou um processo de transformação e nacionalização que ficou conhecido como a “Via birmanesa para o socialismo”, fundando em 1974 e com uma ideologia própria a República Socialista da União de Birmânia. Isolado do social-imperialismo da URSS e afastado dos países não alinhados, sob fortes tensões étnicas e com o país em colapso econômico, o governo foi derrubado por um novo golpe militar das Tatmadaw em 1988, as forças armadas do país, inaugurando uma nova fase de massacres e repressão brutal do regime, que em 1989 mudou oficialmente o nome do país para União de Myanmar e da capital de Rangum para Yangon, depois de esmagar o levante popular e estudantil que ficou conhecido como Levante 8888 do Poder Popular, por ter acontecido em 8 de agosto de 1988. Apenas em 2011, depois de terem derrotado outro movimento popular em 2007 que ficou conhecido como a “Revolução do Açafrão” e por fortes pressões e sanções do imperialismo norte-americano, os militares iniciam uma abertura democrática com a legalização da Liga Nacional pela Democracia (LND), partido pró-imperialista da líder opositora e Nobel da Paz de 1991, Aung San Suu Kyi. A LND participa das eleições de 2012 e finalmente ganha a maioria no parlamento em 2015, repetindo seu domínio eleitoral no último pleito de 2020, que o Partido da Solidariedade e Desenvolvimento da União (PSDU) ligado aos militares não aceitou o resultado, dando iniciando ao golpe de Estado. O golpe de 1º de fevereiro inaugura uma nova fase da linha dura militar em Mianmar, mesmo com o governo da Liga Nacional pela Democracia organizando massacres contra as minorias étnicas, gerindo o país segundo os interesses dos EUA e dos próprios militares que redigiram a constituição atual em 2008. As lutas entre as frações de poder e as disputas por regiões étnicas no país envolvem também os interesses e disputas internacionais na região, principalmente entre Japão e China. Os militares golpistas, que não aceitaram os resultados eleitorais, pondo fim as ilusões democrático-burguesas do partido de Aung San Suu Kyi, prenderam os principais ministros do governo e líderes do partido, desligaram os serviços de telefonia e cortaram a internet do país. Desde o início de fevereiro o povo e a classe trabalhadora de Mianmar resiste ao golpe nas ruas do país e luta contra uma repressão brutal. As organizações de trabalhadores permanecem em uma grande Greve Geral, com importante participação da Federação Geral dos Trabalhadores de Mianmar, a FGWM (na sigla em inglês). Os assassinatos de manifestantes e opositores que vem ocorrendo abertamente desde o golpe tiveram um ápice nesse sábado, dia 27 de março, após a Junta Militar ameaçar “atirar pelas costas e na cabeça” de quem fosse para as ruas protestar no Dia das Forças Armadas. Grandes manifestações combativas e heroicas tomaram mais de 40 de Mianmar e o exército deu início aos massacres, assassinando cerca de 120 pessoas, incluindo crianças. As mobilizações de massa no país que tendem a ganhar maiores volumes e combatividade diante desse novo massacre brutal e que tem uma fundamental participação da juventude birmanesa, vão tomando cada vez mais uma proporção revolucionária e aliada às organizações da classe trabalhadora podem derrotar o golpe militar fascista e superar as ilusões burguesas e o colaboracionismo da LND com os militares. Toda solidariedade internacionalista e proletária à rebelião popular em Mianmar nesse momento de dor e resistência heroica é necessária. O povo vencerá! 

MULHERES DO POVO: VIVAS, LIVRES E COMBATIVAS

Comunicado Nacional da FOB no 8 de Março Ser mulher trabalhadora em um mundo patriarcal e violento não é fácil. A superexploração e a violência contra as mulheres do povo são bases fundamentais de sustentação desse sistema capitalista, patriarcal e colonial. No Brasil, a desigualdade social brutal amplia as formas de a violência contra nossos corpos. Ser mulher aqui é ter que estar constantemente com medo de sofrer abusos sexuais, pois concentramos uma altíssima taxa de estupros, assistimos (e por vezes naturalizamos) a barbárie ao ver que aqui a cada 8 minutos uma companheira é violada. Nós, mulheres do povo, convivemos constantemente com notícias de conhecidas, familiares ou amigas que foram assassinadas, uma vez que nosso país ocupa o 5º lugar em feminicídios do mundo, com uma média de 1 feminicídio a cada 9 horas. Na pandemia da Covid-19, além do aumento no número de feminicídios e violência contra a mulher durante o período da quarentena, assistimos a dura e absurda realidade de sermos o país com maior número de morte de grávidas e puérperas do mundo. O Brasil é responsável por 77% das mortes de grávidas e puérperas por Covid-19 no mundo, segundo estudo da Revista Internacional de Ginecologia e Obstetrícia (IJGO, na sigla em inglês). Esses dados demonstram como o discurso sobre o direito à vida não passa de uma mentira no Brasil. O direito à vida não chega até nós, mulheres do povo, negras, indígenas, camponesas e faveladas. Vivemos porque cotidianamente lutamos pela vida, mas esse direito há muito nos foi negado. Das mulheres que morreram grávidas ou logo após o parto por Covid-19 – deixando seus filhos e filhas órfãos – 28% não chegaram sequer a dar entrada em uma UTI e 15% não receberam nenhuma modalidade de assistência ventilatória. O descaso com os trabalhadores na linha de frente da saúde é mais uma faceta da violência contra a mulher. Desde o início da pandemia, mais de um milhão de profissionais de saúde que trabalham na linha de frente nas Américas foram infectados pela doença, e quatro mil morreram, sendo a maioria mulheres. Não podemos ocultar que o capitalismo e, principalmente o avanço do modelo neoliberal, é diretamente responsável por essas mortes. A assistência às mulheres no serviço público é precária e a consequência disso é que quem mais vai morrer é justo as vítimas de sempre, mulheres negras e pobres. Para se ter uma ideia, a mortalidade materna em mulheres negras foi quase duas vezes maior do que a observada em mulheres brancas, isso sem contar as subnotificações, segundo um estudo da UFSC. NÓS, MÃES, GRITAMOS PELO DIREITO A VIDA! A hipocrisia do capitalismo brasileiro não tem limites. Vivemos em um país onde se naturaliza o controle dos corpos das mulheres proibindo o aborto através de um discurso falacioso de “direito à vida” do feto, mas que, por outro lado, pouco se importa com a vida das crianças que nascem. O direito à vida, assim como não existe para as mulheres, gestantes e puérperas pobres, tampouco é garantido para nossos filhos e filhas. Relembremos que a mortalidade infantil no Brasil é altíssima e atinge prioritariamente crianças indígenas (25,1%) e negras (27,8%), chegando em alguns estados como o Amapá, a mortalidade geral a 23%. Além da mortalidade infantil, sofremos diariamente com a brutalidade policial, o encarceramento em massa e o assassinato de crianças e adolescentes negros e pobres pelas mãos do Estado. A “bala perdida”, o “erro de um policial despreparado”, a prisão injusta, só atingem as nossas crianças e adolescentes nas periferias. Nos revoltamos por cada uma das 12 crianças assassinada pelas mãos do Estado no Rio de Janeiro em 2020. Lutaremos pela memória das mais de 2.215 crianças e adolescentes assassinadas pela polícia nos últimos 3 anos. Nós, mulheres do povo e lutadoras sindicalistas revolucionárias, nos solidarizamos com cada uma dessas mães que agora chora a morte ou a prisão de seus filhos e filhas. Que viram o Estado racista usurpando dessas crianças o seu direito à vida e a infância. Não deixaremos que o tempo apague a memória dessas vidas tão importantes e que foram tão precocemente roubadas. Não permitiremos mais que destruam nossas famílias. É por isso que lutamos contra os governos, o Estado e os patrões. Por nós, pelos nossos filhos, pelas nossas crianças, pelo direito de viver em paz! SEMEARAM MEDO, MAS COLHERÃO RESISTÊNCIA E REBELDIA Sabemos que nós mulheres somos a base de práticas seculares de apoio mútuo e suporte em comunidades trabalhadoras e pobres do Brasil. Nosso sangue e suor tem sido fundamentais para garantir a vida e a existência coletiva de nossa gente. Por isso, nós não pedimos ou imploramos por migalhas do sistema, nós exigimos nossos direitos justos e dignos. Nesse 8 de março, Dia Internacional das Mulheres Trabalhadoras, nós, lutadoras e lutadores do povo, organizadas e organizados na FOB, afirmamos: 1) Que a dor da perda de nossas irmãs, amigas, filhas e filhos não faça aumentar o medo, pelo contrário, que amplie nossa raiva e rebeldia convertida em desejo e ações para a mudança. Nós, mulheres lutadoras, temos a missão de tornar presentes as nossas companheiras e familiares ausentes. Gritar, visibilizar, lutar pelas nossas companheiras assassinadas, desaparecidas, violadas ou injustamente presas. Somos muitas Cláudias, Marianas, somos a criança de 10 anos estuprada pelo padrasto e coagida para manter a gravidez, somos, acima de tudo, aquelas que destruirão o sistema capitalista patriarcal e racista. 2) Nós lutaremos pelo direito à vida. Mas saibamos que este direito só será respeitado quando derrubarmos o Estado, o capital e a exploração machista que coloniza nosso corpo e nossa alma. Por isso, nós chamamos todas a retomar as práticas de autodefesa, que vão desde nos fortalecermos psicologicamente até criarmos redes de apoio para resistir e impedir toda forma de violência contra nós. Chamamos também todas as mulheres trabalhadoras do Brasil a aderir ao chamado da Greve Internacional de Mulheres que vem ocorrendo anualmente em diversos países como Chile, Argentina, México, Espanha e outros. Demonstraremos nossa força nos unindo, resgatando os métodos de luta combativa e provando que

Chile: uma nova rebelião contra a brutalidade policial e a repressão

O assassinato brutal de Francisco Martínez Romero, um jovem artista de rua de 24 anos na última sexta-feira (dia 5 de fevereiro) pela polícia em Panguipulli, cidade de Valdivia, na região sul do país, faz novamente o Chile arder em chamas com a revolta popular. O assassinato de Pancho (ou Franco), como era conhecido o malabarista, por um carabineiro (nome dado a polícia chilena) foi filmando em plena luz do dia e logo se espalhou pelo país, causando uma nova onda de protestos e confrontos. O povo chileno em uma nova jornada de lutas, também pela libertação dos presos políticos da revolta popular, ergue barricadas nas ruas e toma praças públicas. Em Panguipulli, a prefeitura e a comissaria de polícia arderam em chamas, o Tribunal de Justiça e outros prédios públicos também foram incendiados em uma reposta contundente e decidida do povo trabalhador e da juventude combativa para exigir justiça por Francisco Romero. Diversas organizações combativas chilenas convocam jornadas para que a revolta de Panguipulli se estenda por todo o país, tomando a forma de Greve Geral e uma nova fase da rebelião. O governo de Sebastián Piñera novamente treme dentro do palácio de La Moneda, herdeiro da ditadura brutal do narcotraficante Augusto Pinochet que assassinou mais de 30 mil pessoas e introduziu a gestão neoliberal no nosso continente, e que conhecemos bem, visto que o atual ministro da economia de Bolsonaro, Paulo Guedes, trabalhou para a ditadura chilena. A fúria popular no Chile que se iniciou em outubro de 2019, a partir dos protestos contra o aumento das passagens de ônibus e metro em Santiago, tomou forma de uma rebelião permanente e durou até o início da pandemia de Covid-19. A repressão covarde do governo, forças armadas e da polícia resultou em cerca de 200 denúncias de violência sexual praticada pelos agentes do Estado, 450 atos de torturas, 800 de uso excessivo da força, além de 32 mortos e mártires da revolta, com centenas e centenas de feridos. Para criminalizar as lutas do povo, 25 mil pessoas foram processadas e 2.500 foram colocadas em prisão preventiva, com a acusação de participarem dos protestos por direitos sociais e vida digna para o povo chileno. Não por acaso, Pancho, que foi falsamente acusado de porte de arma branca para justificar seu assassinato covarde, era tio do jovem Anthony, um menor de idade que caiu da ponte Pio Nono no rio Mapocho em outubro do ano passado tentando escapar da repressão de carabineiros durante os protestos. Com o regime político acuado e mesmo tentando ceder com o processo constituinte ou reformas na polícia e forças armadas, o governo reacionário, corrupto, neoliberal e fascista de Piñera, que também é responsável por uma gestão desastrosa da pandemia, ver nascer uma nova chama de revolta popular. Que a justiça seja feita para Francisco Martínez e todos os mártires do heroico povo chileno. Que a rebelião, o socialismo e a revolução social sejam os caminhos para os povos. JUSTIÇA PARA FRANCISCO MARTÍNEZ ROMERO!LIBERDADE AOS PRESOS POLÍTICOS DA REVOLTA POPULAR!ABAIXO A REPRESSÃO E O GOVERNO REACIONÁRIO DE PIÑERA!POR UMA SAÍDA REVOLUCIONÁRIA E SOCIALISTA PARA O CHILE!

GREVE GERAL PELA VIDA, BOLSONARO GENOCIDA

DERROTAR COM AÇÃO DIRETA E REBELIÃO O GOVERNO BOLSONARO/MOURÃO E A AGENDA NEOLIBERAL E GENOCIDA Comunicado Nacional da FOB – Janeiro/Fevereiro de 2021 A tragédia de Manaus, que assistimos com muita dor e indignação, confirma o caráter abertamente genocida e anti-povo desse governo. Transformar essa indignação em luta e organizar nosso ódio contra os inimigos do povo é a tarefa histórica que esse momento catastrófico nos impõem. O governo de Bolsonaro, Mourão, Paulo Guedes, dos militares e demais facínoras, a serviço dessa burguesia doente e da agenda neoliberal, é um governo assassino. Não nos resta qualquer dúvida, a sucessão de desgraças contra o nosso povo pode ser revertida apenas com a luta coletiva e radical dos trabalhadores e trabalhadoras, da juventude combativa e das comunidades pobres da cidade e do campo, com a ação direta popular, a Greve Geral e a rebelião. É preciso romper com o imobilismo e a conciliação covarde da esquerda institucional, das centrais sindicais e das direções pelegas. É preciso tomar as ruas, organizar a revolta, erguer barricadas, enfrentar a repressão e paralisar o país com greves e ocupações. É preciso resistir e atacar quem nos mata para defender a vida de nosso povo. Qualquer caminho que não seja da luta radical contra esse governo fascista e genocida precisa ser rejeitado. As centenas de milhares de mortes por culpa da irresponsabilidade e da ingerência do governo federal e dos governos locais da pandemia de Covid-19, o avanço a passos largos da fome e da miséria, o maior nível de desemprego da história do país, o fim do auxílio emergencial e do programa de manutenção do emprego, as demissões em massa, a explosão da inflação e o aumento vertiginoso do custo de vida, as privatizações entreguistas, os ataques aos serviços públicos e aos servidores, a retirada de direitos dos trabalhadores e a precarização, as tragédias e destruição ambiental, os despejos, os assassinatos e prisões racistas, os feminicídios, a violência contra o povo negro e pobre, os camponeses e os povos indígenas precisam ser respondidas com a nossa luta popular e revolucionária, radical e combativa, sem as ilusões vendidas pela esquerda eleitoral e legalista e essa oposição covarde e conciliatória. O governo assassino Bolsonaro/Mourão só será derrubado com a luta radicalizada do povo organizado. É através da mobilização de base e da agitação de massas que devemos avançar para uma rebelião popular nas ruas, com paralisações das categorias, ocupações de terras, fábricas, empresas e instituições, sabotagens, barricadas, trancamento de vias e a Greve Geral insurrecional. Por isso, nossas organizações de base territoriais, de estudantes do povo e de trabalhadores e trabalhadoras, que constroem a FOB em diversos estados do país, estamos convocando os lutadores e lutadoras do povo para iniciar a construção da Greve Geral. Não devemos esperar que a Greve Geral caia dos céus ou da boa vontade das centrais sindicais oficiais. Ela não virá de cima para baixo. A Greve Geral precisa ser construída de baixo para cima. Da agitação e propaganda para conscientizar e da organização para criar as condições de sua realização que precisam ser construídas por todas as partes do país, nas cidades ou no campo, por iniciativa de coletivos autônomos, grupos de base, movimentos e organizações populares ou mesmo de militantes independentes ou não-organizados, mas dispostos a lutar com métodos combativos. Mais de dois companheiros ou companheiras já podem começar um comitê ou núcleo de base, em um bairro, no trabalho, no transporte público, uma comunidade da zona rural ou da periferia, chamando colegas da escola ou da universidade, ou mesmo convocado mais companheiros/as com afinidade e dispostos/as a organizar as lutas. A Greve Geral é unidade de ação do povo pobre e trabalhador. Uma arma de resistência generalizada que rompe o atual cenário que estamos divididos e isolados e assim somos facilmente conquistados e dominados. A Greve Geral precisa de independência de classe, autonomia frente aos partidos e aos governos e métodos combativos. A Greve Geral deve ser o resultado do crescimento da luta. As pequenas e médias mobilizações devem estimular o ânimo, a moral e as condições para a Greve Geral. Organizar a agitação e a propaganda de massas, realizar intervenções de rua diversas, ações e atos locais de luta direta, mobilização de base e sabotagens, e também preparar a autodefesa popular e participar das iniciativas contra os governos e capitalistas em um calendário nacional de lutas. A tônica da Campanha pela Greve Geral pela Vida deve ser a ação, a iniciativa, a ousadia e a inovação nos métodos, toda ação é importante, desde a mais simples ação de propaganda como uma panfletagem ou colagens e pixações, até uma grande ação de mais impacto, que precisa ser melhor organizada e planejada. Como nos ensinou o herói do povo brasileiro e comandante da Ação Liberadora Nacional, Carlos Marighella: “Todos nós devemos nos preparar para combater. É o momento de trabalhar pela base, mais e mais pela base. Chamemos os nossos amigos mais dispostos, tenhamos decisão, mesmo que seja enfrentando a morte, porque para viver com dignidade, para conquistar o poder para o povo, para viver em liberdade, construir o socialismo, o progresso, vale mais a disposição.” (Manifesto ao Povo Brasileiro, ALN, 1969) Propomos desde já iniciar a campanha, que deve ser impulsionada desde as bases pelas organizações ou com a criação de comitês locais para a construção da Greve Geral e da Rebelião com um programa reivindicativo pelos direitos do povo e um horizonte revolucionário e socialista. Mas também que prepare a resistência contra repressão, o Estado policial e um possível fechamento do regime. Partimos da necessidade da unidade tática de setores combativos e apontando para uma coordenação revolucionária, socialista e anti-imperialista das lutas, sem sectarismos e com disposição para o diálogo que a conjuntura nos exige como lutadores e lutadoras do povo, filhas e filhos do povo pobre e trabalhador desse país, que não se renderam a conciliação e a covardia da esquerda domesticada e liberal. Sabemos há muito que estamos por nossa própria conta e que o poder fascista e

Nota de pesar pelo falecimento do companheiro Antônio Eduardo

Com muita tristeza e consternação fomos surpreendidos com a notícia da morte do querido professor e companheiro Antônio Eduardo, no último domingo, dia 27 de dezembro, aos 50 anos de idade, após problemas cardíacos e suspeita de Covid-19. Professor da UFRB e pesquisador da área de Ciências Sociais, Antônio Eduardo de Oliveira, foi um lutador incansável por cerca de três décadas. Atualmente, além de diretor da Associação dos Professores Universitários do Recôncavo (APUR), escritor e cientista social, também publicava com frequência artigos em jornais de esquerda e promovia cursos de formação política. Desde os anos 1990, identificado com o trotskismo, participou da fundação do Partido da Causa Operária (PCO). Entre diferenças e convergências, mas sempre com muito respeito, a geração de militantes que fundou a Casa da Resistência teve o primeiro contato com o companheiro Antônio Eduardo nas grandes lutas sociais que sacudiram Feira de Santana no início dos anos 2000. Socialista e revolucionário militante, foi preso e processado pelo então governo do PFL, de ACM na Bahia (1991-1994). Sua partida, além da tristeza, deixa para nós o sentimento do exemplo, das boas lembranças de um professor extraordinário, que combinava a seriedade e o bom humor, com sincera dedicação às lutas populares. Deixamos, desde a Casa da Resistência, Centro Popular George Américo e Comitê de Solidariedade Popular, nossos sentimentos aos familiares e aos companheiros e companheiras do Partido da Causa Operária de Feira de Santana, nesse momento de dor. Duda vive, a luta segue. ANTÔNIO EDUARDO, PRESENTE!

Voto ou Rebelião: combater a farsa eleitoral do Estado Genocida e organizar o povo contra a Nova Escravidão

Comunicado Nacional da FOB sobre a farsa eleitoral e em memória de Zumbi dos Palmares, comandante insurgente e quilombola da luta de libertação negra e herói do povo brasileiro. Brasil, Novembro de 2020. São tempos difíceis para nós, trabalhadoras e trabalhadores, gente pobre e humilde que luta todos os dias para sobreviver, sustentar nossas famílias e ter uma vida digna. Aumento do custo de vida e inflação, miséria e exploração, desemprego e precarização avançam. Os governos e os patrões fazem da vida do nosso povo um inferno sobre a terra. A pandemia escancarou as políticas genocidas do projeto fascista e neoliberal de Bolsonaro, Mourão e Paulo Guedes, representantes da burguesia entreguista, cujos interesses estão subordinados ao capital imperialista. O povo brasileiro está enfrentando uma ofensiva das classes dominantes, marcada pelo massacre dos pobres, dos negros e negras, da juventude das favelas e periferias, das mulheres do povo, dos camponeses pobres, das comunidades indígenas, quilombolas, caiçaras e ribeirinhas, e também, pela destruição do meio ambiente, pela retirada de todos os nossos direitos e pela opressão e repressão contra quem luta. São dezenas de milhares de mortes, com números muitos maiores que os apresentados pelos dados oficiais, milhões e milhões de contaminados e o avanço de uma segunda onda de Covid-19. Metade dos trabalhadores não tem emprego, 1/3 da população não tem condições nem mesmo de se alimentar dignamente e mais de 10 milhões passam fome. É nesse contexto que acontecem as eleições municipais de 2020, em meio a uma guerra biológica, social e racial contra o povo pobre e trabalhador, que nunca teve direito à quarentena e que agora é obrigado a conviver com uma doença mortal para trabalhar e sobreviver. Os grandes partidos da ordem, da direta, do centro e da esquerda institucional, encenam em suas campanhas eleitorais um grande teatro da morte patrocinado com dinheiro público. São todos oportunistas ou fantoches de uma burguesia doente e escravocrata, que utiliza o Estado como um organismo de violência e negação da vida e direitos dos mais pobres. Mas novembro também é um mês de resistência. É o mês em que celebramos a memória combatente de Zumbi dos Palmares, comandante militar da luta quilombola e insurgente do povo negro, sequestrado e escravizado, e que deve inspirar nossa resistência hoje para derrotar a nova escravidão e o genocídio promovido pelos capitalistas. É preciso enfrentar esse sistema desumano, é preciso organizar nosso ódio contra um inimigo brutal. Parar o massacre e construir um novo mundo de justiça e liberdade. É a luta organizada e radical do povo, e não a ilusão eleitoral, que pode e vai fazer recuar o poder dos capitalistas e seus governos. Precisamos tomar em nossas mãos nossos destinos e reverter nossa realidade de desgraças e sofrimentos. Nós, a classe trabalhadora brasileira, o povo pobre e afro-indígena, que estamos nas periferias das grandes cidades ou nas comunidades rurais do interior do país, nas pequenas ou médias cidades do Brasil profundo, merecemos e devemos conquistar uma vida digna, para nós, nossa juventude e nossos filhos, repartindo a riqueza e o poder. Como nos provou a pandemia, agora sabemos mais do que nunca que Só o Povo Salva o Povo. Sabemos que estamos por nossa própria conta e que é preciso fazer valer o nós por nós, organizando nossa gente nos bairros pobres, comunidades rurais, locais de estudo e de trabalho a partir da solidariedade popular, do apoio mútuo, da ação direta e da autogestão comunitária. Construindo a unidade nas lutas para enfrentar os ataques aos direitos e a carestia de vida, o desemprego e as demissões, os despejos e a repressão. Nos defender da brutalidade policial, do genocídio nas favelas, do feminicídio, da violência homofóbica e dos massacres no campo. Combater as privatizações, defender o meio ambiente, a educação pública, o direito à moradia e ao território. Somente nós podemos defender a saúde e a vida de nosso povo. As cidades são os territórios onde vivemos e sentimos primeiro os problemas cotidianos que avançam. Vemos nos supermercados e nos salários o resultado da crise capitalista e da ofensiva neoliberal sobre os pobres e a classe trabalhadora. Enquanto os mais diversos candidatos da farsa eleitoral apresentam falsas soluções, mentem descaradamente e lutam de forma intestinal pelo controle do poder nos municípios, sabemos que nenhum governo vai resolver os problemas reais que enfrentamos enquanto povo. Devemos conjugar nossas lutas mais imediatas e reivindicativas com um programa revolucionário, antifascista e anticolonial, baseado nos organismos de poder proletário, nas associações e cooperativas, nos sindicatos autônomos e comissões de trabalhadores, nas plenárias e ocupações, nos comitês e iniciativas comunitárias e nos movimentos e núcleos de base. Precisamos impulsionar estas experiências a partir de uma estratégia insurrecional, passando pela construção da Greve Geral, dos conselhos populares e assembleias de base, que se articulam a partir dos nossos territórios em através de um Congresso do Povo como organismo de decisão do poder proletário, federalista e socialista em oposição ao poder burguês e estatal. O poder do povo deve se impor como uma forma de contrapoder, baseado na mobilização permanente de massas e na organização popular de base e autônoma. Nós da FOB, que construímos na luta diária uma federação revolucionária de trabalhadores e do povo pobre a partir de núcleos de base, organizações populares e sindicatos autônomos combatemos a farsa eleitoral. Denunciamos as eleições burguesas como um teatro genocida que serve para legitimar a dominação e a exploração, e propomos, a partir da nossa realidade concreta e demandas reais, avançar na construção do sindicalismo revolucionário e do poder do povo, articulando nossas lutas por vida digna com um programa de libertação anticapitalista e socialista, profundamente antirracista e antipatriarcal. ELEIÇÃO É FARSA! NÃO VOTE, LUTE!GREVE GERAL E REBELIÃO! FORA BOLSONARO E MOURÃO!TODO PODER AO POVO! RECONSTRUIR PALMARES!ZUMBI VIVE E VENCERÁ!

VOTO NULO E FORA COLBERT!

Posição da Casa da Resistência e Comitê de Solidariedade Popular sobre as eleições em Feira de Santana Organizar o povo pobre e trabalhador para lutar por uma vida digna! Construir o poder do povo através dos conselhos populares e comunitários! A gestão desastrosa e criminosa da pandemia pela Prefeitura de Feira Santana agravou ainda mais os sérios problemas enfrentados pelo povo pobre e trabalhador feirense. O prefeito Colbert Martins Filho é um facínora que deve responder pelas mortes por Covid-19, visto que grande parte delas poderiam ser evitadas com as medidas sanitárias e sociais adequadas. A prefeitura, mesmo com uma verba especial de mais de 50 milhões para a pandemia, negou qualquer apoio aos mais pobres, deixou cestas básicas apodrecerem, retirou linhas e manteve ônibus lotados para beneficiar os empresários, cortou salários de professores, atacou os camelôs que trabalhavam para sobreviver no centro da cidade e de forma desumana e cruel deixou as crianças da rede municipal sem merenda escolar. Colbert, do mesmo partido de Temer e Geddel e que já foi preso por corrupção, é o sucessor de José Ronaldo de Carvalho, bolsonarista e chefe da quadrilha que rouba dinheiro público de Feira de Santana há cerca de 20 anos, com bens bloqueados por envolvimento em desvios de mais de 70 milhões da saúde pública da cidade. São responsáveis também pelo BRT fantasma, onde mais de 100 milhões do dinheiro público foram jogados fora ou desviados. São contratos fraudados no transporte público e na coleta de lixo, máfia da SMTT e funcionários fantasmas nas escolas, além de dezenas de outras denúncias e processos pelos quais respondem. Feira de Santana vive hoje um verdadeiro apartheid, com uma desigualdade profunda agravada pelas duas décadas de gestão do grupo político burguês e reacionário liderado pelo ex-prefeito José Ronaldo de Carvalho (DEM), uma organização criminosa que aparelhou por completo as instâncias de poder local e é especialista em fraudes, mentiras e desvio de dinheiro público. O meio mandato catastrófico e criminoso de Colbert Martins Filho (MDB) colocou a cidade em uma situação caótica em todos os aspectos. Nada funciona, não tem ônibus suficientes e nem médicos ou remédios nos postos de saúde, bairros da periferia e distritos abandonados, aprofundando a situação de sofrimento vivida pela maioria do povo pobre feirense. As eleições caminham para um possível segundo turno entre a atual gestão do MDB-DEM e o PT. É fundamental derrotar e tirar a quadrilha de José Ronaldo e Colbert da prefeitura, mas sabemos que um possível governo municipal do PT alinhado ao governo do estado e de conciliação com a burguesia local, limitado por uma gestão de transição após todos esses anos de hegemonia ronaldista e com minoria no legislativo, não pode e não conseguiria resolver os problemas reais do nosso povo. O governo do estado da Bahia faz, assim como qualquer governo de direita, uma gestão neoliberal e genocida, com nosso estado convivendo com a maior situação de pobreza e extrema pobreza do país, os piores índices de educação e os maiores de brutalidade e letalidade policial, com uma política de segurança pública racista que fez da PM-BA uma máquina de assassinar de negros e pobres. Sabemos que nenhum governo pode resolver os graves problemas que vivemos todos os dias enquanto povo. É a nossa capacidade de organização e luta que pode reverter nossa situação de miséria e exploração, fazer recuar os capitalistas e seus governos e garantir nossos diretos sociais básicos. A organização comunitária nos bairros das periferias e favelas, a solidariedade popular e a ação direta, o apoio mútuo e a unidade combativa de trabalhadores e da juventude pobre é que podem definir nossa capacidade coletiva de poder enfrentar os ricos e definir nossos destinos. É preciso repartir a riqueza e o poder a partir da mobilização popular permanente e dos organismos de poder proletário, sem qualquer ilusão conciliatória ou pacifista, pelo contrário, devemos partir da afirmação que nossa libertação será fruto apenas de uma estratégia insurrecional e da guerra popular e revolucionária. É preciso trazer para o nosso cotidiano e realidade concreta as propostas da revolução social e anticapitalista que defendemos. Gerir os serviços públicos e fazer o planejamento da cidade para o povo trabalhador e sem o poder corrupto das prefeituras, secretarias ou câmaras de vereadores, mais sim através dos Conselhos Populares nos bairros, das organizações comunitárias, assembleias de base e de um Congresso Revolucionário do Povo. Organizar a produção e o trabalho sem patrões, expropriar as empresas, abrir frentes emergenciais de trabalho e grande um programa de cooperativas de produção e consumo, para acabar com o desemprego, a exploração e o trabalho precário. Gerir a saúde de forma comunitária acabando com a privatização e o transporte público sem as empresas mafiosas, com gestão popular, tarifa zero e uma empresa pública. Alimentar nosso povo e garantir a soberania alimentar acabando com a fome em uma aliança entre trabalhadores da cidade e do campo. Distribuir terras para a produção coletiva e a agricultura familiar. Erradicar o analfabetismo e oferecer uma educação pública de qualidade e libertadora para nossas crianças e jovens, creches, formação técnica e profissional. Construir uma política real de reparação às comunidades tradicionais e ao povo negro e indígena. Organizar a segurança pública a partir de uma lógica comunitária de autodefesa e justiça popular, pôr fim aos organismos de repressão e brutalidade policial e acabar com a violência machista e homofóbica. Reverter a lógica de destruição ambiental a partir da ecologia social, proteger as lagoas, minadouros e nascentes que são a origem da nossa Santana dos Olhos D’Água. Para avançar nessas e outras questões convidamos todos os lutadores e lutadoras, trabalhadores e trabalhadoras, estudantes do povo, donas de casa, desempregados e nossa gente favelada e sofrida para se somarem nas lutas, iniciativas comunitárias e na construção do Programa Popular e Revolucionário para Feira de Santana, relacionando nossas demandas imediatas com um horizonte de emancipação proletária e libertação anticapitalista. Nessas eleições, que são apenas um grande teatro da morte para legitimar a dominação e o genocídio, defendemos o