¡BOLSONARO NUNCA MÁS! Por nuestros muertos, contra el hambre y la destrucción de los derechos del pueblo

Traduzido pelo Movimiento Rebelión Popular El primer turno de las elecciones, contrariando gran parte de las encuestas, consolidó la avalancha reaccionaria del bolsonarismo en las disputas para los gobiernos estatales, senado, cámara federal y asambleas legislativas. Utilizando la maquinaria pública, el abuso del poder y la corrupción institucionalizada mediante el presupuesto secreto, la extrema derecha y el llamado centro consiguieron elegir la mayoría en el parlamento, abriendo incluso la posibilidad de controlar el poder judicial y el ejecutivo en el próximo período, en caso de que Bolsonaro consiga revertir la derrota con el pequeño margen que sacó Lula en el primer turno para las elecciones presidenciales. En un proceso electoral fuertemente marcado por el rechazo a ambos lados y el voto útil, la alianza entre el bolsonarismo y los partidos de la derecha fisiológica amenazan el futuro de Brasil. El gobierno criminal, genocida y deshumano de Jair Bolsonaro, apoyado por políticos deshonestos, militares fascinerosos, sectores de la burguesía y el agronegocio, es responsable por los peores ataques contra el pueblo brasileño en la historia de nuestro país. Las millares de muertes por COVID 19 a causa del negacionismo y del atraso de las vacunas, la vuelta al mapa del hambre, los niveles récord de desempleo e informalidad, la inflación galopante y el alto costo de vida, el desmantelamiento de programas sociales, el favorecimiento de la destrucción ambiental y los ataques a los servicios públicos como la salud, educación y seguridad social son algunas de las atrocidades contra nuestro pueblo cometidas por un gobierno reaccionario, oscurantista y neoliberal. Esta es una elección atípica donde la mayoría del pueblo pobre y trabajador dio la victoria a Lula en el primer turno, demostrando principalmente la insatisfacción y la repulsa popular contra este gobierno de canallas y estafadores. Por otro lado, además de utilizar la máquina de noticias falsas y comprar votos con dinero público, usar las iglesias evangélicas para promover terror psicológico, hacer una campaña racista contra nordestinos, patrones y gestores ligados al bolsonarismo se han movido en el sentido de dificultar que el pueblo vote por Lula y derrote a Bolsonaro en las urnas. Considerando que en esta coyuntura especial la táctica electoral de las organizaciones revolucionarias y movimientos combativos no pasa por incentivar la abstención, bajo el riesgo de cumplir el papel de línea auxiliar del fascismo bolsonarista. Debemos tener en cuenta que el circo electoral de esta falsa democracia tiene como función principal alternar gobiernos de turno y ajustar los niveles de miseria y explotación de nuestra gente. El proceso electoral para el pueblo trabajador no es sino una elección de cuáles de sus enemigos van a gerenciar el estado capitalista. La clase trabajadora brasileña, desmovilizada por décadas de hegemonía petista y por los gobiernos de conciliación, se encuentra en una situación defensiva. Desorganizado y fragmentado nuestro pueblo batalla diariamente para sobrevivir, pero sin los instrumentos de lucha colectiva y sin capacidad de organización para enfrentar los ataques de los de arriba, pues fue desarmado por las direcciones traidoras de las centrales sindicales y por los dirigentes conciliadores de la izquierda domesticada y electoralista. Un posible segundo mandato de Bolsonaro, sumado a la profundización de la crisis capitalista que despunta internacionalmente, puede sumir en poco tiempo a nuestro país en una situación de completa barbarie, con ampliación del hambre y la miseria, la destrucción de los pocos derechos sociales que nos quedan, el fin de los servicios públicos y las privatizaciones criminales. Por todo eso, la lucha contra el bolsonarismo en el segundo turno debe tomarse de forma objetiva, además de la movilización de base, la organización de autodefensas y de las intervenciones de propaganda; la defensa del voto pragmático en Lula contra Bolsonaro sin que eso signifique comprar las ilusiones colaboracionistas vendidas por el petismo y mucho menos avalar el programa neoliberal del frente amplio formado en torno de la candidatura de Lula. Es preciso barrer el bolsonarismo de vuelta a la cloaca, y más allá del proceso electoral es fundamental avanzar en la organización y la movilización, construyendo un programa popular y revolucionario para luchar por las urgencias de nuestra gente y por la justicia social, apuntando como camino a la construcción de los organismos de poder popular, de los instrumentos de autodefensa popular y de la revolución socialista como nuestro horizonte y única solución. Como nos enseñó Marighella: “por el camino del voto, el pueblo brasileño jamás conseguirá su liberación”. ¡DERROTAR EL BOLSONARISMO! ¡MUERTE AL FASCISMO! ¡ORGANIZAR Y RADICALIZAR LAS LUCHAS DEL PUEBLO! UNICA SOLUCION, REVOLUCION! Movimento de Unidade Popular – MUP Octubre de 2022 – Brasil.

BOLSONARO NUNCA MAIS! Pelos nossos mortos, contra a fome e a destruição dos direitos do povo

O primeiro turno das eleições, contrariando grande parte das pesquisas, consolidou a avalanche reacionária do bolsonarismo nas disputas para os governos estaduais, senado, câmara federal e assembleias legislativas. Utilizando a máquina pública, o abuso de poder e a corrupção institucionalizada através do orçamento secreto, a extrema-direita e o chamado centrão conseguiram eleger a maioria no parlamento, abrindo inclusive a possibilidade de controle do judiciário e do executivo no próximo período, caso Bolsonaro consiga reverter a derrota com pequena margem no primeiro turno para Lula e ganhe as eleições presidenciais. Em um processo eleitoral fortemente marcado pela rejeição aos dois lados e pelo voto útil, a aliança entre o bolsonarismo e os partidos da direita fisiológica ameaçam o futuro do Brasil. O governo criminoso, genocida e desumano de Jair Bolsonaro apoiado por políticos pilantras, militares facínoras e setores da burguesia e do agronegócio é responsável pelos piores ataques contra o povo brasileiro da história do nosso país. As milhares e milhares de mortes por Covid-19 por culpa do negacionismo e do atraso nas vacinas, a volta ao mapa da fome, os níveis recordes de desemprego e informalidade, a inflação galopante e o alto custo de vida, o desmonte de programas sociais, o favorecimento da destruição ambiental e os ataques aos serviços públicos como saúde, educação e previdência são algumas das atrocidades contra nosso povo cometidas por um governo reacionário, obscurantista e neoliberal.              Essa é uma eleição atípica onde a maioria do povo pobre e trabalhador deu a vitória no primeiro turno para Lula, demonstrando principalmente a insatisfação e a repulsa popular contra esse governo de canalhas e picaretas. Por outro lado, além de utilizar a máquina de notícias falsas e comprar votos com dinheiro público, usar igrejas evangélicas para promover terror psicológico, fazer uma campanha racista contra nordestinos, patrões e gestores ligados ao bolsonarismo tem se movimentando no sentido de dificultar que o povo pobre vote em Lula e derrote Bolsonaro nas urnas. Consideramos que nesta conjuntura especial a tática eleitoral das organizações revolucionárias e movimentos combativos não passa por incentivar a abstenção, sob o risco de se cumprir um papel de linha auxiliar do fascismo bolsonarista. Devemos ter em conta que o circo eleitoral dessa falsa democracia tem como função principal alternar governos de turno e ajustar os níveis de miséria e exploração de nossa gente. O processo eleitoral é no fim para o povo pobre e trabalhador uma escolha de quais inimigos irão gerir o Estado capitalista. A classe trabalhadora brasileira, desmobilizada pelas décadas de hegemonia petista e pelos governos de conciliação, encontra-se em uma situação defensiva. Desorganizado e fragmento nosso povo batalha diariamente para sobreviver, mas sem os instrumentos de luta coletiva e sem capacidade de organização para enfrentar os ataques dos de cima, pois foi desarmado pelas direções traidoras das centrais sindicais pelegas e pelos dirigentes conciliadores da esquerda domesticada e eleitoral.  Um possível segundo mandato de Bolsonaro, somado ao aprofundamento da crise capitalista que desponta internacionalmente, pode jogar em pouco tempo nosso país em uma situação de completa barbárie, com a ampliação da fome e da miséria, a destruição dos poucos direitos sociais que nos restam, o fim dos serviços públicos e mais privatizações criminosas. Por tudo isso, a luta contra o bolsonarismo nesse segundo turno deve tomar como forma objetiva, além da mobilização de base, da organização da autodefesa e das intervenções de propaganda, a defesa do voto pragmático em Lula contra Bolsonaro, sem que isso signifique comprar as ilusões colaboracionistas vendidas pelo petismo e muito menos avalizar o programa neoliberal da frente ampla formada em torno da candidatura de Lula. É preciso varrer o bolsonarismo de volta para o esgoto e muito além do processo eleitoral é fundamental avançar na organização e na mobilização, construindo o programa popular e revolucionário para lutar pelas urgências de nossa gente e por justiça social, apontando como caminho a construção dos organismos de poder do povo, dos instrumentos de autodefesa popular e da revolução socialista como nosso horizonte e única solução. Como nos ensinou Marighella: “pelo caminho do voto, o povo brasileiro jamais conseguirá sua libertação”.        DERROTAR O BOLSONARISMO! MORTE AO FASCISMO! ORGANIZAR E RADICALIZAR AS LUTAS DO POVO! ÚNICA SOLUÇÃO, REVOLUÇÃO! Movimento de Unidade Popular – MUP Outubro de 2022, Brasil.

Polarização neoliberal, violência política e circo eleitoral

Não é uma cena difícil de imaginar, pois é cotidiana para a maioria do nosso povo. Um jovem negro é parado por uma viatura da Polícia Militar enquanto retorna caminhando para sua casa. Mesmo exausto de uma jornada diária extenuante, segue um longo caminho para um bairro da periferia onde mora, porque precisa economizar o dinheiro da passagem do transporte público. Dois policiais, com armas em punho, descem do carro e iniciam a abordagem. Um dos policiais xinga e agride violentamente o jovem durante o baculejo, enquanto o outro, menos agressivo, faz perguntas e explica que suas características combinam com a descrição de um suspeito de cometer roubos nas proximidades, não por acaso, também negro. É uma espécie de teatro macabro da morte, onde o “policial mau” e o “policial bom” encenam papéis diferentes, mas complementares, cujo objetivo é o mesmo.         A Polícia Militar é uma máquina de matança e repressão, com corporações dominadas por grupos criminosos e cuja função principal é aterrorizar o povo trabalhador, em especial, o proletariado negro e a maioria marginalizada economicamente. A brutalidade policial é uma forma de opressão contra o povo pobre e trabalhador necessária para a manutenção dos níveis de exploração, desigualdade e miséria. O terrorismo de Estado e o neoliberalismo se complementam. O Estado Policial de hoje, que tem raízes históricas na escravidão, natureza oligárquica e foi moldado pela ditadura militar, é essencial ao capitalismo brasileiro e à dominação burguesa na atual etapa. O projeto neoliberal faz do nosso país um dos mais desiguais do mundo, transformando a vida da maioria de nossa gente em um verdadeiro inferno sobre a terra, sobrevivendo entre a pobreza, a negação de direitos sociais fundamentais, as dívidas, o desemprego ou o trabalho precarizado. O neoliberalismo é a nova escravidão.        A cena do “policial mau” e do “policial bom” representando papéis diferentes e complementares que descrevemos é a metáfora exata de como o neoliberalismo no Brasil sequestrou nossa falsa democracia para manter grande parte do povo brasileiro em uma situação de miséria, forjando dois lados da política nacional supostamente opostos, mas que no fundo servem aos mesmos senhores: os grandes capitalistas, o agronegócio, os banqueiros e o imperialismo. Bolsonaro, como o “policial mau”, que representa um projeto neoliberal conservador, mobilizando a irracionalidade e os piores sentimentos de um setor da população, principalmente da classe média, faz um governo criminoso e genocida apoiado por militares reacionários, hordas fascistas, pastores charlatães e um Congresso Nacional de ladrões e representantes da burguesia, dominado pelo chamado “Centrão”. Mobilizando setores armados através de clubes de tiro e de caçadores de fachada (os CACs), policiais militares em corporações de todo o país, milícias e organizações criminosas, parte dos comandados das Forças Armadas, assim como, caminhoneiros mercenários e um setor da burguesia brasileira, principalmente ligada ao agronegócio, mas ainda também explorando um sentimento antipetista responsável por sua eleição em 2018 e apoiado por uma rede internacional de extrema-direita, que envolve desde o racista Donald Trump até o Estado sionista de Israel, Bolsonaro ameaça uma tentativa de golpe de Estado diante de sua inevitável derrota eleitoral e iminente prisão em 2023. Responsável por grande parte das mortes de brasileiros que poderiam ser evitadas na pandemia de Covid-19 com suas políticas negacionistas e contra as vacinas, as quase 700 mil vítimas em números oficiais podem chegar na verdade ao número macabro de cerca de 2 milhões de mortes no país, segundo as próprias estimativas de subnotificação da Organização Mundial da Saúde (OMS), o governo Bolsonaro também é culpado pelos piores ataques contra a classe trabalhadora brasileira nos últimos tempos, aprofundando o programa neoliberal dos governos anteriores, promovendo diversas privatizações e favorecendo a destruição ambiental, atacando a aposentadoria, os direitos dos trabalhadores, a educação e a saúde pública, destruindo programas sociais e colocando o país novamente na mapa da fome, com o maior nível de desemprego real e informalidade de nossa história, a maior inflação e carestia dos últimos 25 anos, resultando hoje em 33 milhões de brasileiros vivendo na miséria absoluta e sem ter o comer, 125 milhões com algum nível de insegurança alimentar e quase 80% das famílias endividadas, muitas vezes precisando escolher entre pagar o aluguel e as contas ou comprar comida, gás, etc. Bolsonaro manteve as criminosas políticas de Temer com o Preço de Paridade Internacional (PPI) na Petrobras, tirando dinheiro do povo com os aumentos absurdos nos combustíveis para transferir aos acionistas privados, e também o famigerado Teto dos Gastos Públicos para retirar verbas da saúde e da educação. Em conjunto com o covil de ladrões do Congresso Nacional e o gangster Arthur Lira, esse governo legalizou a roubalheira através do “orçamento secreto” e das chamadas “emendas do relator”, e é culpado ainda pelo maior desmatamento na Amazônia e outros biomas brasileiros que em grande medida foram as causas das diversas tragédias ambientais que vivemos nos últimos tempos.  Bolsonaro e sua família de idiotas, os militares facínoras que apoiam seu governo e fizeram do Estado brasileiro uma grande fonte de mamatas, os políticos pilantras que dão suporte aos ataques contra o povo, e os capitalistas que ajudaram a eleger e manter esse governo criminoso, mais do que a cadeia, merecem receber a fúria da justiça popular. São vermes e bandidos, cujo único fim justo deve ser a vingança do povo, cobrando as mortes e os crimes contra os brasileiros e brasileiras pelos quais são responsáveis. Lula, representando por sua vez o “policial bom” do teatro neoliberal, capitaliza boa parte da esperança de mudança do povo brasileiro, em grande parte pela memória positiva da economia em seus dois governos, mas é o velho charlatão neoliberal e negociador de sempre. A frente ampla de Lula e Geraldo Alckmin que reúne partidos da falsa esquerda como PT, PCdoB e PSB, passando pelos setores da esquerda liberal como o PSOL, direções corrompidas das centrais sindicais como CUT e CTB e de movimentos como MST, APIB, MTST e outros, até os partidos de direita e parte do “Centrão”, é apoiada também por grandes capitalistas e

A agonia do imperialismo: nota sobre o conflito militar entre a Federação Russa e a OTAN/EUA

A operação militar russa na Ucrânia tomou conta dos noticiários e debates nas últimas semanas. Toda a grande mídia capitalista repete insistentemente a propaganda de guerra dos Estados Unidos e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) em uma avalanche de desinformação e mentiras contra a Rússia, ao mesmo tempo em que tenta promover o presidente-comediante Volodymyr Zelensky e os bandos neonazistas ucranianos à condição de heróis. Uma onda russofóbica, acompanhada pela demonização da figura de Vladimir Putin e censura às mídias russas, se espalha pelo ocidente e o conflito militar pode tomar grandes proporções na Europa, incluindo a utilização de armas nucleares em caso de envolvimento direto da OTAN. O tema de fato é importante, pois as sanções impostas pelos EUA e pela União Europeia contra a Federação Russa devem aprofundar a crise capitalista global, e consequentemente, afetar o cotidiano das classes trabalhadoras por todo o mundo. No Brasil, as péssimas condições de vida da maioria do povo que foram ampliadas com os efeitos da pandemia, da crise ambiental e da gestão genocida e neoliberal do miliciano Jair Bolsonaro, devem ser agravadas com uma nova alta nos preços dos itens básicos e dos combustíveis, com o aumento da inflação e do custo de vida. O governo neofascista de Bolsonaro, que adotou uma posição dúbia em relação ao conflito, em conjunto com o Congresso Nacional de ladrões tem utilizado o tema da escassez de fertilizantes vindos da Rússia e de Belarus para avançar no projeto que libera a mineração em territórios indígenas, atacando os povos originários. Essa situação para a qual a Rússia foi empurrada pela OTAN/EUA, após diversas advertências e tentativas frustradas de negociações diplomáticas, tem como interesse escuso ampliar a guerra econômica contra o país, com a Ucrânia sendo usada como palco para o conflito. Na operação militar russa, que possui um caráter defensivo após a OTAN e o governo ucraniano iniciarem a preparação de uma operação para invadir e retomar o Donbass e cujo objetivo anunciado e concreto é “desnazificar e desmilitarizar” o regime de Kiev, se joga o fim da hegemonia absoluta dos EUA sobre o mundo e uma nova ordem multipolar. A vitória russa sobre a OTAN e os neonazistas armados por ela, que mataram milhares de civis ao longo desses últimos oito anos na região do Donbass, é fundamental para todos os povos. Nenhuma nação poderá ser plenamente soberana, e muito menos, qualquer revolução socialista verdadeira poderá avançar, enquanto o imperialismo norte-americano, principal inimigo da humanidade, for a polícia do mundo. Por isso, mesmo considerando todas as contradições que envolvem o conflito e o próprio caráter conservador em muitos aspectos do nacionalismo grão-russo de Vladimir Putin, a defesa intransigente da derrota da OTAN e do regime nazi-fascista ucraniano, assim como, o triunfo das repúblicas populares de Donetsk e Lugansk, é a única posição coerente e anti-imperialista que deve adotar o campo socialista e revolucionário. A Ucrânia é uma nação que vive décadas de uma profunda divisão interna. O país que integrou a antiga União Soviética até sua dissolução em 1991, é fortemente polarizado entre sua parte ocidental, que reivindica um pertencimento a Europa, e todo o seu leste, que possui uma importante identidade político-cultural com a Rússia. Em 2014, violentos protestos contra o presidente eleito pela maioria pró-russa, que ficaram conhecidos como Euromaidan, derrubaram o governo de Viktor Yanukovych e um golpe de Estado de caráter fascista se consolidou com o novo governo do bilionário Petro Poroshenko. A população do leste passou a ser fortemente reprimida e o Massacre de Odessa, quando 42 antifascistas foram queimados vivos na Casa dos Sindicatos se tornou um símbolo dessa brutalidade nazi-fascista. Em referendo, a região semiautônoma da Crimeia decidiu se desmembrar da Ucrânia e retornar à Federação Russa. As organizações comunistas foram colocadas na ilegalidade, enquanto as forças armadas ucranianas, tendo à sua frente batalhões neonazistas e milícias banderistas (ideologia que faz referência a Stepan Bandera, um colaborador de Hitler na Segunda Guerra que chefiou a Organização dos Nacionalistas Ucranianos), passaram a atacar a população civil identificada com a Rússia por todo o país. Entre estes setores, que consideram os povos eslavos como uma sub-raça que deve ser dizimada, se destacaram os batalhões neonazistas de Azov e Aidar, a milícia supremacista Centúria, a confederação de organizações nazi-fascistas Pravy Sektor e o partido nazista Svoboda. O governo de Volodymyr Zelensky, que assumiu em 2019, seguiu ampliando esses ataques e desrespeitando o Tratado de Minsk, incorporando os setores neonazistas ao Estado e aumentando a presença da OTAN/EUA, além de proibir a língua russa no país. A OTAN, que insuflou e apoiou a “revolução colorida” de 2014 no país, após o golpe de Estado passou também a treinar e armar a extrema-direita ucraniana, implantando inclusive laboratórios para produção de armas biológicas, enquanto parte do povo do leste, muito identificado com o passado soviético, nessa região conhecida como Donbass, se levantou contra o governo fascista e os bandos neonazistas. Com a destacada participação dos sindicatos de trabalhadores e das organizações de esquerda foram fundadas as repúblicas populares de Donetsk e Lugansk, contando com o apoio russo e para onde confluíram também brigadas internacionais antifascistas. Essa região do leste da Ucrânia foi historicamente, durante a grande revolução socialista e a guerra civil russa (1917-22), o território livre autogovernado por operários e camponeses que ficou conhecido como Makhnovtchina, por conta do líder do Exército Revolucionário Insurgente que venceu a contrarrevolução, o camponês anarquista Nestor Makhno. A Rússia é atualmente um país cuja economia é baseada na exportação de commodities, principalmente de petróleo e gás natural para a Europa, mas que possui suas áreas estratégicas nacionalizadas e uma importante capacidade militar, em grande parte herdada da URSS. Com o fim do governo vassalo ao imperialismo de Boris Iéltsin, que sucedeu o desastroso colapso da União Soviética, a ascensão do nacionalismo grão-russo de Putin e o início da recuperação econômica do país a partir dos anos 2000, tiveram início as hostilidades entre a Federação Russa e os EUA. A OTAN, organização fundada após

O internacionalismo deve ser prioridade: o exemplo guevarista para a esquerda revolucionária

Por J. Nascimento, na coluna Debate MUP* Hoje existem várias iniciativas de articulação internacional mantidas pela esquerda revolucionária e anti-imperialista no mundo, algumas mais orgânicas e outras puramente voluntaristas. Das mais orgânicas podemos citar a Liga Internacional de Luta dos Povos (ILPS) e o Movimento Comunista Internacional como iniciativas de partidos maoístas, algumas das muitas frações trotskistas que reivindicam a continuidade da Quarta Internacional, a Confederação Internacional do Trabalho (CIT/ICL), uma articulação de organizações sindicalistas revolucionárias e anarcossindicalistas, ou mesmo, articulações do campo reformista ou apenas sindical, como é o caso do Encontro Internacional de Partidos Comunistas e Operários (IMCWP), da Federação Sindical Mundial (WFTU), da Via Campesina e da Coordenação Latino Americana de Organizações do Campo (CLOC). As de caráter voluntarista se traduzem principalmente em campanhas pontuais ou comitês como os que existem em solidariedade a Rojava e ao povo curdo, a causa palestina e contra o Estado de Israel ou ao Exército Zapatista de Libertação Nacional (EZLN) e o Congresso Nacional Indígena (CNI), por exemplo. Apesar de todas estas iniciativas serem importantes, é notável a falta de capacidade para gerar alguma resposta política conjunta neste período de crise pandêmica, social e política. A atual crise mostra que é preciso resgatar a solidariedade ativa e o internacionalismo proletário para o campo da ação política, pois somente os fóruns de discussão ou as notas públicas não dão conta dos desafios da atual fase da luta de classes. Especialmente no Brasil, iniciativas de articulação internacional parecem ignorar a necessidade de construção de elos mais sólidos com nossos vizinhos. Os mesmos setores que fazem campanhas e vibram com a resistência armada no distante Curdistão, com maoístas na Índia e nas Filipinas, ou mesmo fazem uma espécie de “adesão poética” aos zapatistas no México, ignoram os homens e mulheres em armas que combatem em nas selvas e zonas rurais sul-americanas, principalmente na Colômbia com o Exército de Libertação Nacional (ELN), no Paraguai com o Exército do Povo Paraguaio (EPP) e, em menor escala, com a insurgência mapuche mantida pela Coordinadora Arauco-Malleco (CAM) no Chile. O interesse pelas lutas em outros países parece ser orientado de acordo com os vínculos ideológicos, a repercussão midiática e o fetiche pequeno-burguês com as “minorias”, por vezes benevolente e quase sempre descompromissado, ou seja, critérios nem um pouco objetivos. Nos dias 11, 12 e 13 de fevereiro foi realizado o XIII Encontro Guevarista Internacional em Montevidéu, Uruguai. O encontro contou com representações de países da América do Sul em um momento oportuno, pois a desorientação política impera nos meios de esquerda, o oportunismo reformista e o progressismo neoliberal ganham mais fôlego a cada dia. O encontro teve como objetivo o alinhamento político da militância revolucionária espalhada pelo nosso continente para combater as burguesias nacionais, o avanço imperialista e a conciliação dentro dos movimentos da classe trabalhadora. Este espaço de unidade e troca de experiências entre diferentes organizações revolucionárias, além de ser extremamente necessário neste período de avanço do conservadorismo e do oportunismo de esquerda, também cumpre o papel de manter vivo o legado do internacionalismo latino-americano, que foi fundamental para resistência contra as ditaduras militares à serviço de Washington nas décadas de 1960/70 e nas lutas anticoloniais pelo mundo, por isso, todos devemos nos espelhar e saudar esse importante encontro. Experiências impulsionadas pelos ventos da Revolução Cubana e do guevarismo como a OSPAAAL (Organização de Solidariedade com os Povos da Ásia, África e América Latina), a Organização Latino-Americana de Solidariedade (OLAS), e depois, a Junta de Coordenação Revolucionária (JCR), devem servir para inspirar novas redes internacionais de solidariedade na América Latina e o apoio ativo às lutas insurgentes de nossos povos. Um encontro como esse num momento de crise global, onde na maior parte do mundo os trabalhadores encontram-se esmagados pelo capital, mesmo pequeno, aponta a articulação internacional entre a esquerda revolucionária como uma das saídas para a atual impotência política. Mas também serve de estímulo para os revolucionários brasileiros entenderem de uma vez por todas que se tratando de América do Sul, o Brasil é um país determinante no que diz respeito à economia, política e poder militar, sendo assim a relação internacional com nossos vizinhos deve ser uma prioridade estratégica e não uma questão de simpatia ideológica ou uma simples manifestação de solidariedade. O slogan “trabalhadores do mundo, uni-vos!” imortalizado pela Associação Internacional dos Trabalhadores (AIT), significou muito mais do que um princípio ou ideologia reivindicada pelos trabalhadores do mundo em luta contra o capital, foi uma necessidade de resposta à aliança internacional da burguesia, seus Estados e aparelhos ideológicos. Contudo, mais do que uma necessidade, representava estratégias revolucionárias distintas dentro do movimento proletário internacional. Para os discípulos de Marx os países mais desenvolvidos ocupavam papel central na estratégia de conquista poder, por esses países concentrarem maior contingente do proletariado industrial e em tese possuírem um maior grau de consciência de classe. Já para os partidários de Mikhail Bakunin, os países periféricos eram o foco da estratégia, pois a exploração nas margens do capitalismo era a base de sustentação dos países centrais e os trabalhadores estariam, em tese, menos domesticados pela institucionalidade burguesa. O fato é que independente da melhor estratégia ou dos objetivos finais distintos, ambas as escolas socialistas tinham como horizonte revolucionário a destruição do poder estatal-burguês, além de contribuírem para a expansão das ideias socialistas pelo globo. Um exemplo disso é que graças a estratégia bakuninista de construção da periferia para o centro, assimilada por diferentes correntes anarquistas, o sindicalismo combativo se expandiu para além da Europa e da América do Norte, constituindo as raízes de praticamente todo movimento operário latino-americano. Com o declínio da União Soviética e a cristalização da hegemonia do reformismo na esquerda, houve o abandono progressivo das perspectivas de tomada de poder. Se na Primeira Internacional as divergências estratégicas sobre o internacionalismo residiam em diferenças de base teórica, pois mesmo Marx e Engels apontando como útil a disputa eleitoral, tal tática era subordinada ao objetivo de organizar as massas para uma ruptura violenta, algo que pode ser constatado

Abaixo o circo eleitoral dos inimigos do povo!

O circo eleitoral foi armado com antecipação. São quase diárias as pesquisas e notícias sobre os candidatos e os partidos da ordem burguesa na grande mídia. Essa espécie de “teatro dos vampiros” acontece em meio a maior tragédia humanitária e crise social vivida pelo povo brasileiro. O governo genocida de Jair Bolsonaro é responsável por milhares e milhares de mortes. O desemprego e a precarização fazem avançar cada vez mais a miséria e a pobreza. A inflação e o alto custo de vida endividam a maioria das famílias e milhões estão em situação de fome. Bolsonaro, com suas asneiras e mentiras diárias, é um facínora que deve pagar por seus crimes. Seu governo assassino precisa ser derrubado com a força das ruas, barricadas e molotovs. Lula, o charlatão de sempre, canaliza a esperança de uma oposição covarde, domesticada e cúmplice desse governo genocida. Enquanto o PT e os partidos da falsa esquerda apoiam descaradamente diversas medidas do governo no Congresso, sabotam as lutas populares e o enfrentamento contra o governo por interesses eleitorais e oportunistas. É precisa romper com as ilusões nessa falsa esquerda, que é apenas parte do teatro neoliberal para enganar o povo e provou diversas vezes sua demagogia governando para os ricos. O governo reacionário de Rui Costa na Bahia é mais uma prova de que o PT é apenas um partido de direita. A descarada burguesia brasileira agora tenta emplacar Sergio Moro na chamada “terceira via”. O juiz ladrão e despreparado é uma tentativa desesperada de um candidato puro-sangue dos ricos, com ligações diretas com o imperialismo dos EUA. Bolsonaro, Moro e Lula são três cabeças da mesma besta: a agenda neoliberal que impõem a miséria e a exploração para milhões de brasileiros, enquanto retira direitos do povo e enriquece ainda mais banqueiros, latifundiários e multinacionais. Apenas a organização do povo nas comunidades pobres, a luta radical dos trabalhadores e da juventude pode mudar esse país e libertar nossa gente. As eleições dessa falsa democracia, filha da ditadura e neta de escravidão, servem apenas para ludibriar e perpetuar a desgraça de nosso povo. FOGO NO CIRCO ELEITORAL!REBELIÃO CONTRA A NOVA ESCRAVIDÃO!  Movimento de Unidade Popular – MUP Contatos com o MUP podem ser feitos através do e-mail: movimentounidadepopular@protonmail.com ou redes sociais @movimentounidadepopular

Genocídio subnotificado: Covid-19 pode ter matado mais de 1 milhão de brasileiros

No último dia 21 de maio, a Organização Mundial da Saúde (OMS) admitiu em relatório que o número de mortos pela Covid-19 no mundo é até 3 vezes maior, estimando que a pandemia de Coronavírus matou entre 6 e 8 milhões de pessoas no mundo até o momento, considerando as mortes diretas e colaterais. A subnotificação é muito maior no sul global e nos países onde existe maior pobreza e condições precárias de vida, como é o caso do Brasil. No país, pelos dados oficiais subnotificados, chegamos agora em 450 mil mortos na última semana de maio, sendo que existem pelo menos 150 mil mortes que faltam ser confirmadas por exames, registradas como Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), ou seja, são 600 mil mortes de brasileiros considerando os dados oficiais. A subnotificação das mortes por Covid-19 é desde o início da pandemia a política oficial do governo federal fascista e negacionista de Bolsonaro, assim como de grande parte dos governos estaduais e prefeituras, para atender aos interesses dos capitalistas e dos ricos, tentar minimizar o tamanho da nossa tragédia e não tomar as medidas sanitárias e sociais necessárias para salvar vidas. O cálculo real das mortes por Covid-19 no Brasil envolve diversos fatores, mas precisa ser feito para dimensionar de forma mais realista o genocídio do povo brasileiro e a lógica criminosa dos governos e patrões. Considerando cerca de 30% de casos de reinfecção (como registrado na “segunda onda” em Manaus) e sendo de 14 à 16 vezes maior o número total de contaminados, os 16 milhões de casos no Brasil significam na verdade entre 155 e 180 milhões de brasileiros contaminados por Covid-19 uma vez ou mais, algo entre 75% e 85% da população total do país, e o número de mortes real é de no mínimo 940 mil mortos, podendo facilmente passar de 1 milhão de mortos, considerando a letalidade mínima de Covid-19 de 0,6% a partir do número geral de contaminados. A naturalização da morte e o papel criminoso do governo de Jair Bolsonaro na gestão da pandemia são as marcas do que já é a maior tragédia da história do Brasil. Ao contrário de tudo que uma política séria de combate a Covid-19 que deveria ser feita com a testagem em massa, a preparação devida da rede de saúde pública, as medidas sanitárias necessárias e a garantia de um auxílio emergencial digno para o povo pobre e trabalhador, o governo negacionista e assassino de Bolsonaro e dos generais atuou para favorecer a contaminação e espalhar a doença, sendo responsável por milhares de mortes evitáveis. Boa parte dos governos estaduais que inicialmente adotaram medidas sanitárias, ainda que insuficientes, também cederam à pressão dos patrões e capitalistas, colocando o lucro dos ricos acima da vida do povo. Trabalhadores e trabalhadoras da saúde, da limpeza e informais são as maiores vítimas da Covid-19 e do governo Bolsonaro/Mourão. Os transportes públicos lotados representam o maior vetor de contaminação, um crime contra a saúde pública também cometido por governos estaduais e prefeituras associadas às máfias que controlam os transportes coletivos no país. Apenas a luta popular combativa e revolucionária pode vingar as mortes de nosso povo e fazer memória de nossos familiares e amigos perdidos pelas políticas de morte dos governos e patrões. Bolsonaro e todo o seu governo, os militares fascistas, os políticos corruptos, o judiciário cúmplice e o empresariado que sustenta seu governo precisam pagar pelos seus crimes, não apenas nos tribunais internacionais, mas também pela justiça popular e pela fúria do povo em revolta. A unidade dos que lutam e a solidariedade popular precisam marcar a retomada das lutas nas ruas. Só a ação direta, a radicalização e a construção da Greve Geral e da rebelião popular podem vingar nossos mortos, derrotar o governo assassino de Bolsonaro e Mourão e fazer com que os ricos e os governantes sejam responsabilizados pelos seus crimes contra a saúde pública e a vida do povo brasileiro. Referências: Sobre o relatório da OMS, ver: https://www.dw.com/pt-br/total-de-mortes-por-covid-19-pode-ser-3-vezes-maior-diz-oms/a-57628094 Sobre a taxa de reinfecção na “segunda onda” em Manaus, ver: https://www.poder360.com.br/coronavirus/taxa-de-reinfeccao-pode-ter-chegado-a-31-na-2a-onda-da-pandemia-em-manaus/ Acerca da subnotificação de casos de Covid-19 no Brasil, ver: https://www.cnnbrasil.com.br/saude/2020/05/16/pesquisa-aponta-que-casos-da-covid-19-no-brasil-podem-ser-16-vezes-maiores e https://saude.abril.com.br/medicina/coronavirus-estimativa-aponta-numero-de-casos-14x-maior-do-que-o-oficial/ Sobre a taxa de letalidade real da Covid-19, ver: https://www.sanarmed.com/taxa-de-letalidade-real-da-covid-19-e-de-06-aponta-oms Estudo internacional sobre a subnotificação de mortes no Brasil e no mundo, ver: https://valorinveste.globo.com/mercados/brasil-e-politica/noticia/2021/05/10/covid-19-ja-matou-595-mil-pessoas-no-brasil-46percent-a-mais-que-na-conta-oficial-diz-instituto.ghtml Sobre as mortes por Covid-19 não confirmadas por falta de diagnóstico, que constam como SRAG, ver: https://www.bbc.com/portuguese/brasil-56529762

A resposta ao Estado racista e seu genocídio é organizar a Rebelião Negra e Popular

“Quanto a aqueles massacres locais, periódicos, malditos a qual todos vocês estão sempre vulneráveis, vocês precisam se vingar deles do seu próprio jeito. […] Esse é o começo do respeito! Vocês não são, de forma alguma, indefesos. Pois a tocha do incendiário, que se sabe ser capaz de mostrar a assassinos e tiranos a linha do perigo, a qual eles não podem atravessar com impunidade, não pode ser tirada de vocês.” Lucy Parsons, histórica dirigente operária e revolucionária afro-indígena dos EUA. Vivemos uma situação de massacre permanente contra o povo. Por um lado as milhares de mortes diárias por Covid-19, com a intenção deliberada dos governos e dos capitalistas, especialmente do governo fascista e genocida Bolsonaro/Mourão. Por outro, prosseguem as matanças e chacinas contra o povo negro e pobre nas favelas e periferias do país, que se somam ao avanço da situação de miséria e fome, ao maior nível de desemprego da história, aos despejos desumanos e a violência contra camponeses pobres e os povos indígenas, em uma guerra aberta e permanente do Estado brasileiro a serviço dos ricos contra o povo pobre e a classe trabalhadora no país. A Chacina do Jacarezinho é um episódio brutal dessa guerra contra o povo pobre e do genocídio negro no Brasil. Uma operação ilegal, a serviço das milícias e dos corruptos e fascistas que estão no poder. O terrorismo de Estado que deixou 29 mortos no Jacarezinho é extermínio programado, os governos de Bolsonaro e Cláudio Castro dão seguimento as políticas genocidas dos governos do PT/PMDB, com o encerramento em massa e as UPPs, que transformaram o Rio de Janeiro em um laboratório da guerra racial e neoliberal contra negros e pobres, com uma política inédita de ocupação militar de territórios racializados que nem mesmo a ditadura militar-empresarial fez. O massacre no Jacarezinho não pode ser visto de forma isolada, pois faz parte da dinâmica da dominação capitalista e racista no Brasil, onde a brutalidade policial, o extermínio, os massacres e o genocídio negro são políticas de Estado e não apenas decisões de governos, variando sua intensidade de acordo com as gestões de turno, mas que permanecem inalteradas em sua essência. Os massacres nas favelas brasileiras são também parte do genocídio transnacional contra os povos. Com tropas treinadas nos massacres da famigerada Minustah no Haiti, utilizando a tecnologia sionista-israelense do apartheid palestino e as táticas de guerra suja do Estado militarizado da Colômbia, tudo obviamente sob coordenação do principal inimigo da humanidade, o imperialismo estadunidense. Bolsonaro e Cláudio Castro, são dois facínoras, que tem obviamente interesses diretos na Chacina do Jacarezinho, para fortalecer as milícias e rivalizar com a decisão do STF que regulamenta as operações em favelas, mas os massacres têm uma lógica mais profunda que unifica toda a cadeia de dominação burguesa. As polícias matam, a grande mídia justifica, o poder executivo legitima e o judiciário é cúmplice. Racismo e capitalismo são duas faces da mesma moeda, como nos avisou Steve Biko, por isso o capitalismo brasileiro, estruturado pela escravidão e pelo ódio antinegro se entrelaça com a lógica do programa neoliberal e a necessidade em queimar capital variável e aumentar os níveis de exploração, reduzir o exército de reserva de desempregados, ao mesmo tempo em que controla através da brutalidade policial e do terror institucional o proletariado marginal e a revolta contra a situação de miséria, fome e desemprego que o governo fascista Bolsonaro/Mourão vem aprofundando. Construir a Greve Geral e organizar a rebelião negra e popular precisa ser a nossa resposta ao Estado brasileiro e aos governos genocidas. Nesse 13 de maio, Dia Nacional de Denúncia Contra o Racismo reafirmamos a necessidade da construção da autodefesa comunitária como nosso caminho para enfrentar a brutalidade policial e pôr fim aos massacres de nosso povo. Exigimos o fim da polícia assassina e das operações e massacres nas favelas, da violência no campo e dos despejos, nos solidarizamos com os povos em luta contra o genocídio transnacional também na Colômbia, no Haiti e na Palestina. Campanha Nacional pela Greve GeralBrasil, 13 de maio de 2021. Baixe em formato de panfleto para impressão A4, aqui.

Haiti: por uma nova Revolução Negra contra a ditadura neoliberal

O povo haitiano protagonizou a primeira revolução libertadora latino-americana, abolindo a escravidão e conquistando a independência do país. A vitoriosa rebelião negra de São Domingos, liderada por Jean-Jacques Dessalines na abertura do séc. XIX (1791-1804), sacudiu o Caribe colonial, aterrorizou senhores de escravos e inspirou diversas rebeliões negras em todo o mundo. Mas desde sua libertação do domínio colonial francês, o país passa por um interminável ciclo de governos despóticos, intervenções estrangeiras, golpes, tiranicídios, rebeliões e profunda pobreza. Nos últimos meses o Haiti vive uma situação de rebelião popular permanente, com mobilizações massivas nas ruas contra o governo neoliberal de Jovenel Moïse, a corrupção e as condições sociais do povo, e ao mesmo tempo, entrou em uma nova uma espiral de caos e violência reacionária. A situação política se deteriorou ainda mais, quando em 7 de fevereiro desse ano o presidente reacionário Jovenel Moïse consumou um novo Golpe de Estado. Membro do partido neoliberal Tèt Kale (PHTK), o corrupto Moïse tem 52 anos e é empresário. Chegou ao poder em meio a acusações de fraude e após eleições com apenas 21% de participação, em 2016. A crise do seu governo teve início com o esquema de corrupção que desviou mais de 2 bilhões de dólares do fundo da Petrocaribe e das agressivas medidas neoliberais aplicadas, impostas após um acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), que acabaram com os subsídios dos combustíveis e iniciaram a privatização do setor elétrico do país. Com o Golpe de Estado, Moïse tenta manter seu mandato indefinidamente usando a violência política paramilitar e a repressão contra o povo e a oposição, contando com o apoio de potências imperialistas, principalmente dos Estados Unidos, Canadá e França. O legislativo foi fechado em janeiro, após os parlamentares entregarem seus mandatos e agora o governo golpista quer alterar a constituição através de um referendo em 25 de abril organizado pelo Conselho Eleitoral Provisório (CEP), cujos membros foram indicados pelo próprio Moïse, e que tem o apoio da Organização das Nações Unidas (ONU) e da OEA. As centrais sindicais do país, organizações de trabalhadores rurais e urbanos, movimentos de mulheres, diversas agrupações da diáspora, além do próprio judiciário, parlamentares, câmaras empresariais, a Conferência Episcopal, setores evangélicos e a ordem dos advogados conformam a oposição e se colocam contra essa nova ditadura neoliberal, dando início a uma situação de duplo poder, já que o governo Moïse mantém o controle do Estado haitiano – em particular as suas forças repressivas – enquanto a grande maioria dos setores da sociedade civil decidiram nomear um presidente provisório – o juiz Joseph Mécène Jean Louis – com o objetivo de comandar o que chamam de “transição de ruptura” e convocar eleições a médio prazo. Esse presidente provisório tem o apoio de toda oposição, que inclui setores progressistas e liberais, assim como, nacionalistas e anti-neoliberais que se articulam no polo de oposição mais radical chamado de Fórum Patriótico Popular. O setor conservador da oposição, por sua vez, compete pelo apoio da Embaixada dos EUA. O grande número de fundações, agências de cooperação, ONGs coloniais e igrejas neopentecostais norte-americanas tentam cooptar e desmobilizar os movimentos de trabalhadores rurais e urbanos, mas isso não foi suficiente para impedir que o povo haitiano fosse para as ruas protestar em mobilizações radicalizadas e massivas contra o Golpe de Estado, a violência estatal, a corrupção e a ingerência estrangeira. As grandes mobilizações nacionais continuam nesse mês de abril. Em fevereiro, trabalhadores paralisaram o país com uma Greve Geral e outra foi convocada no último dia 15 de março. A longa tradição combativa e de luta pela vida do povo haitiano é marcada também por tragédias. Em 2010 um terremoto deixou cerca de 300 mil mortos e mais 300 mil feridos, destruindo parte da capital, Porto Príncipe. Após o terremoto, uma epidemia de cólera tomou conta da ilha afro-caribenha, que tem cerca de 10 milhões de habitantes e é um dos países mais pobres do mundo. Os governos imperialistas, principalmente os EUA, intervém e ocupam militarmente o Haiti por décadas, com a desculpa de realizar “missões humanitárias”. As últimas ações militares se deram com a ocupação da MICIVH (1993) e depois com a sanguinária Minustah (2004-2017), quando o país foi ocupado por tropas da ONU lideradas pelo Brasil durante os governos do PT/PMDB e coordenadas por figuras como carcomido e fascista general Augusto Heleno, atual ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) do governo genocida Bolsonaro/Mourão. A ocupação militar do Haiti pela Minustah, com massacres, estupros e diversas violações de direitos humanos prepararam as tropas brasileiras para a inédita política de ocupação militar de territórios urbanos no Brasil, as Unidades de Polícia Pacificadora, as famigeradas UPPs, implementadas pela política de segurança pública genocida dos governos do PT/PMDB. Desde 1957 todos os governos haitianos tiveram intervenção do imperialismo norte-americano, que também patrocinou os golpes que derrubaram o governo do ex-padre progressista Jean-Bertrand Aristide, primeiro em 1996 e depois em 2004. O povo negro haitiano segue com uma disposição heroica de luta e resistência nas ruas, em um país destruído economicamente, esgotado pela pobreza extrema, tragédias ambientais, corrupção, políticas neoliberais e intervenções imperialistas. Apenas a unidade anti-imperialista e a aliança entre trabalhadores da cidade e do campo, a juventude combativa e as organizações populares podem derrotar a ditadura neoliberal de Jovenel Moïse e garantir a construção de um futuro digno para o sofrido povo haitiano. ABAIXO A DITADURA NEOLIBERAL DE MOÏSE E O IMPERIALISMO NO HAITI!TODO PODER AO POVO! POR UMA NOVA REVOLUÇÃO NEGRA E LIBERTADORA!

Lutar contra o Estado policial e o terror institucional que permanecem

Em 1º de abril de 1964, generais mercenários com apoio direto do imperialismo norte-americano, da elite reacionária católica, de políticos fascistas, de grande parte da burguesia brasileira, da mídia corporativa e de setores da classe média consumavam o Golpe de Estado que institucionalizou o terror no país. Derrubado o governo de João Goulart que tentava avançar em reformas estruturais de base, sem qualquer tipo de resistência por parte do trabalhismo e da direção covarde do Partido Comunista Brasileiro (PCB), que confiavam em parte dos militares e na aliança com setores da burguesia, a brutal repressão se iniciou com assassinatos de militares que se recusaram a participar e colaborar com o golpe e se estendeu contra todos que ousaram lutar contra o novo regime de terror institucionalizado. Mas a repressão não ficou sem reposta e as lutas combativas do povo avançaram. A partir de 1968, diversas greves operárias insurgentes, grandiosas manifestações estudantis e ações heroicas das organizações armadas revolucionárias desmoralizaram e desesperaram o regime dos carrascos militares. Com a decretação do Ato Institucional Nº 5 (AI-5), em dezembro de 1968, a ditadura acabou até mesmo a oposição consentida e estendeu a repressão também contra artistas, personalidades públicas e a classe média.   Em mais de duas décadas de regime de terror a ditadura militar-empresarial corrupta e obscurantista assassinou, torturou, estuprou e sequestrou centenas e centenas de combatentes do povo, crianças, familiares de guerrilheiros também foram vítimas, mas não somente. A violência institucional e os crimes contra a humanidade foram generalizados. Enquanto fazia propaganda do seu “milagre econômico”, o regime aprofundou e produziu uma desigualdade social brutal, com carestia de vida e arrocho salarial, a dívida externa brasileira aumentou 30 vezes e os serviços públicos foram destruídos. A ditadura matou milhares de camponeses e criou diversos campos de concentração para pobres, negros, indígenas e “desajustados”, com assassinatos em massa, como no Holocausto de Barbacena, e bombardeio de povos indígenas com napalm. O regime de terror dos generais fascistas no Brasil assassinou dezenas de milhares de pessoas, muito além dos assassinatos políticos de cerca de 500 militantes e figuras públicas, que constam nos registros oficiais. No fim dos anos 1970 um novo ascenso da luta de massas com importantes greves operárias desafiaram a ditadura e os patrões, mesmo com sindicatos dominados, além de radicalizadas lutas contra a carestia de vida e o desemprego com métodos insurgentes e a fundamental participação das mulheres das periferias desgastaram o regime em crise. No início dos 1980, sob uma grande crise econômica e fortes protestos populares, o país inicia a transição negociada entre os militares e a oposição burguesa, que garantiu a impunidade para os carrascos da ditadura e seus patrocinadores e manteve a estrutura de um Estado policial sobre os pobres e a maioria negra, produzindo essa democracia dos massacres, com governos de turno e gerencias neoliberais da “direita civilizada” e da “esquerda traidora” que seguiram usando instrumentos como a Lei de Segurança Nacional, a GLO, o encarceramento em massa e a brutalidade policial, abrindo o caminho para agora sermos governados novamente por militares mercenários e genocidas, milicianos, corruptos e apologistas da ditadura.                            Nesses 57 anos do Golpe de Estado de 1º de abril, que instituiu o terror, criou e deu forma ao  Estado policial e ao fascismo institucional que permanecem nos dias de hoje, é necessário lembrar dos nossos heróis e mártires, assim como, combater o mito de que a ditadura foi enfrentada principalmente por setores progressistas da classe média e artistas, pois quem dirigiu a luta revolucionária e armada contra o regime foram os melhores filhos e filhas do povo pobre e trabalhador brasileiro, operários, camponeses e estudantes que dedicaram suas vidas à causa do povo, entres eles, Carlos Marighella, Joaquim Câmara Ferreira, Virgílio Gomes da Silva, Clemente, Iuri Xavier Pereira, Luiz José da Cunha, Osvaldão, Helenira Preta, Devanir José de Carvalho, Mário Alves, Ângelo Arroyo, Pedro Pomar, Emmanuel Bezerra, Manuel Lisboa, Manoel Aleixo, Carlos Lamarca, Zequinha Barreto, Iara Iavelberg, Luís Antônio Santa Barbara e centenas de outros militantes revolucionários que integraram organizações como a ALN, VPR, AP-ML, MR-8, MRT, PCBR, COLINA, VAR-Palmares, PCdoB/FOGUERA, Ala Vermelha e outras.     Saudamos também nesse mês de abril, a memória histórica dos 50 anos da ação de justiçamento do sádico empresário Albert Boilesen, que financiava e acompanha sessões de torturas e assassinatos de militantes, por um comando da Ação Libertadora Nacional e do Movimento Revolucionário Tiradentes, em 15 de abril de 1971. É necessário retomar o caminho da luta revolucionária e radical contra a ditadura que permanece, o Estado policial genocida e a falsa democracia dos riscos. A luta é mesma porque a ditadura é mesma, como afirmava nosso querido Carlos Eugênio da Paz, o Comandante Clemente, da ALN. JUSTIÇA POPULAR PARA OS CARRASCOS DA DITADURA E CAPITALISTAS! ABAIXO O ESTADO POLICIAL E A DEMOCRACIA GENOCIDA! TODO PODER AO POVO!   VIVA OS 50 ANOS DO JUSTIÇAMENTO DE BOILESEN! Comitê de Solidariedade Popular – Feira de Santana – Casa da Resistência – FOB – Coletivo Carranca – RECC – FOB-BA