Convocatória de construção do Movimento de Unidade Popular

São tempos difíceis para o nosso povo. Vivemos uma situação de massacre permanente, avanço da miséria, desemprego, precarização, fome e carestia da vida. As políticas de morte e a guerra biológica dos governos e patrões contra o povo pobre a classe trabalhadora brasileira continuam produzindo milhares e milhares de mortes subnotificadas todos os dias por Covid-19. A intenção genocida do governo corrupto, fascista e neoliberal de Bolsonaro, tutelado pelos militares, e a ganância assassina dos ricos fazem avançar a passos largos a fome, o desemprego atinge os maiores níveis da história e o auxílio emergencial miserável é um escárnio, enquanto a inflação explode e o aumento do custo de vida é vertiginoso. O governo reacionário de Bolsonaro e dos militares, assim como, o Congresso Nacional de corruptos e os governos estaduais também a serviço do programa neoliberal, dos latifundiários e dos capitalistas, avançam em privatizações criminosas, ataques aos serviços públicos, destruição ambiental, despejos desumanos, encarceramento em massa, violência contra o povo negro, camponeses pobres e povos indígenas. Diante desse cenário catastrófico, da escalada do Estado policial e das falsas soluções para dar continuidade à barbárie neoliberal, nossa resposta deve e precisa ser a luta popular revolucionária e a organização pela base. Para reverter esse quadro devastador podemos contar apenas com nossas próprias forças. A organização independente e autônoma do povo pobre, da classe trabalhadora e da juventude combativa, a radicalização das lutas, a solidariedade e a unidade popular para vencer esse sistema de exploração e miséria, devem ser conjugadas com a construção de um programa revolucionário que relacione os objetivos concretos com uma estratégia socialista baseada na construção de instrumentos de poder do povo, por fora e contra o Estado burguês, e na transformação desse massacre sobre nossa gente em uma guerra popular, onde de um lado esteja a burguesia, o latifúndio, os partidos da ordem, os ricos, seu Estado e aparato burocrático-militar, e do outro, o povo organizado e em revolta, construindo as estruturas de gestão coletiva e comunitária, e por isso, iniciamos a construção do Movimento de Unidade Popular, o MUP, afirmando a plenos pulmões, e mais do que nunca, que a revolução é a única solução. O MUP é uma organização do povo em luta baseada na ação direta, na autogestão e autodefesa popular. Um movimento popular combativo e revolucionário para organizar a partir dos territórios, do trabalho comunitário e da economia popular, das ocupações e acampamentos, dos locais de trabalho e de estudo, dos comitês e núcleos de base nos bairros pobres e favelas, da cultura e da educação popular nas áreas urbanas e rurais, o povo pobre e trabalhador para as lutas de libertação e a revolução social, mantendo viva a longa tradição de resistência e rebeldia do povo brasileiro e da maioria afro-indígena. O Movimento de Unidade Popular tem como objetivo central organizar as lutas imediatas em defesa da vida e dos direitos de nossa gente, construindo a partir da auto-organização, dos programas comunitários de sobrevivência e das instâncias de poder proletário o caminho para a guerra revolucionária de libertação popular contra o Estado capitalista e os inimigos do povo. Orientado por uma estratégia revolucionária e socialista, somos um movimento anti-imperialista, internacionalista e anticapitalista que se organiza a partir das demandas e necessidades reais do nosso povo, alicerçado em núcleos de base, agrupações combativas e frentes de luta que se coordenam e que existem, fundamentalmente, para impulsionar a ação coletiva, articulando as lutas por moradia, trabalho, saúde, educação, terra e transporte, contra o genocídio do povo negro e pobre, a brutalidade policial e o terrorismo de Estado, o fascismo e a violência reacionária contra as mulheres do povo e as dissidências sexuais em um programa popular e revolucionário para destruir através de um processo insurrecional o poder burguês e o sistema de miséria, fome, exploração e repressão do capitalismo brasileiro, que deve ser substituído por novo um novo modelo de organização social baseado na justiça, na autogestão social e econômica e no poder do povo, ou seja, pela sociedade socialista, que entendemos e reivindicamos como definido de forma precisa pelo revolucionário e pantera negra Fred Hampton, quando disse que “o socialismo é o povo, se você tem medo do socialismo, tem medo de si mesmo”. Com a grande maioria da classe trabalhadora brasileira na informalidade, a permanência da crise capitalista e o aprofundamento dos níveis de exploração e exclusão, somados às péssimas condições de vida agravadas pela pandemia de Covid-19 e a política genocida e neoliberal do governo Bolsonaro, acreditamos que a chave para avançar na organização do nosso povo é a autogestão comunitária, fomentada a partir dos nossos territórios e das iniciativas de economia popular, ou seja, nossos núcleos de base coordenados em uma frente territorial devem impulsionar programas comunitários a partir do apoio mútuo e da solidariedade nos bairros pobres, favelas e comunidades da cidade e do campo para a formação cooperativas de trabalho autogestionárias, assim como, avançar em programas de soberania alimentar, cultura, educação popular e comunicação comunitária com base nas demandas e urgências de nossa gente, articulando o trabalho militante permanente com as lutas por direitos fundamentais através da ação direta e dos métodos combativos, com a preparação da autodefesa e um horizonte de libertação e controle popular dos nossos territórios. O MUP deve atuar, também, na organização a partir dos locais de estudo e trabalho. Impulsionando os Núcleos de Estudantes do Povo, os NEP, que são organismos de base e podem ser formados por estudantes pobres e pela juventude combativa nas escolas, institutos e universidades, conformando a frente de juventude e voltados principalmente para a formação de militantes para a luta popular revolucionária, atuando por fora da lógica pequeno-burguesa e burocrática do movimento estudantil convencional, aprofundando a linha política de servir ao povo e organizando a juventude como a tropa de choque da revolução, defendo também a educação pública como direito fundamental dos estudantes pobres, ao mesmo tempo, dando combate permanente ao liberalismo, as disputas estéreis e a degeneração pós-moderna que dominam o movimento estudantil brasileiro, construindo conhecimento

Resistência é Vida: nova etapa de luta e organização

Nos dirigimos aos nossos apoiadores e simpatizantes, aos coletivos, organizações e movimentos combativos com os quais mantemos relações fraternas e contatos, assim como, às lutadoras e lutadores sinceros e comprometidos com a causa do povo e da libertação para comunicar sobre nossa nova etapa de luta revolucionária e organização popular. Após mais de 12 anos de existência da Casa da Resistência, passando por diversas etapas organizativas, decidimos dar um passo à frente, iniciando o processo de construção do Movimento de Unidade Popular, o MUP, uma organização do povo em luta baseada na ação direta, na autogestão e na autodefesa popular. Um movimento popular combativo e revolucionário para organizar a partir dos territórios, do trabalho comunitário e da economia popular, das ocupações e acampamentos, dos locais de trabalho e de estudo, dos comitês populares e núcleos de base nos bairros pobres e favelas, da cultura e da educação popular nas áreas urbanas e rurais o povo pobre e trabalhador para as lutas de libertação e a revolução social. A Casa da Resistência deixa de assumir, portanto, o caráter que acumulava nesses últimos anos também como organização popular, passando a desenvolver seus projetos e atividades apenas como centro de cultura e sede do Movimento de Unidade Popular na Bahia, com o Comitê de Solidariedade Popular – Feira de Santana se dissolvendo dentro do novo movimento, para o qual nos dedicaremos nos próximos 2 anos à primeira etapa de construção organizacional e programática. Nessa nova etapa também nos desligamos da FOB, federação nacional na qual iniciamos um processo de participação a partir de 2017, e que após esses anos de construção, avanços, recuos e disputas internas, avaliamos que se esgotou como espaço organizativo e que as diversas contradições que impedem a federação de avançar não podem ser superadas. Apesar de apontar, desde a realização do II ENOPES, para uma transição de construção da FOB como uma organização de massas, proletária e revolucionária, os setores hegemônicos na federação limitaram seu funcionamento através do burocratismo ou do “assembleismo universtário” à uma incapacidade crônica em avançar em um programa popular e revolucionário capaz de atrair e produzir identificação com o povo pobre e trabalhador, produzindo um incontável número de querelas internas, desvios, reproduções do ativismo liberal e degenerações próprias da pequena-burguesia universitária, além de uma leitura quadrada e deslocada da realidade brasileira sobre a “reconstrução do sindicalismo revolucionário” no país. Apesar de participarmos da coordenação nacional da FOB ativamente nos últimos 2 anos e produzir ou colaborar em boa parte do material nacional público, reconhecendo também seus avanços, diversidade e as próprias limitações atuais causadas pela pandemia de Covid-19, estamos convencidos de que a condição pequeno-burguesa de boa parte de sua militância que limita a federação a mobilizar e atrair quase que exclusivamente um pequeno setor universitário ou do serviço público, fizeram de nossa participação nesse espaço inviável e desnecessária, criando entraves para a construção de base nos bairros pobres, favelas, ocupações urbanas e lutas populares que temos desenvolvido nos últimos anos no interior da Bahia. Damos início também a um novo projeto de comunicação militante, com a refundação do jornal Ação Direta, histórico periódico anarquista fundando por José Oiticica, que iremos impulsionar agora como uma agência de comunicação popular e revolucionária, jornal impresso e mídias integradas, além de instrumento para a formação política e militante a partir de uma perspectiva socialista, libertária e anticolonial. Encaramos essas novas tarefas como nosso dever histórico, e convidamos todas e todos os lutadores do povo que tem a Casa da Resistência como referencial político e militante para se somarem nessa construção. Diante do avanço da barbárie neofascista, do genocídio de nosso povo, do massacre permanente da maioria negra e favelada, da situação de miséria e violência contra nossa gente na cidade e no campo, acreditamos que é necessário consolidar novos instrumentos para organizar as lutas concretas pelos direitos e em defesa da vida, rejeitando as ilusões domesticadas e reformistas e construindo a partir da quilombagem e dos organismos de poder do povo o caminho para a guerra revolucionária de libertação popular contra o Estado capitalista e racista, a burguesia e os inimigos do povo, partindo de uma estratégia socialista, revolucionária e favelada. RESISTÊNCIA É VIDA!O POVO VENCERÁ! CASA DA RESISTÊNCIA – CENTRO DE CULTURA E LUTAJulho de 2021, Bahia