¡BOLSONARO NUNCA MÁS! Por nuestros muertos, contra el hambre y la destrucción de los derechos del pueblo

Traduzido pelo Movimiento Rebelión Popular El primer turno de las elecciones, contrariando gran parte de las encuestas, consolidó la avalancha reaccionaria del bolsonarismo en las disputas para los gobiernos estatales, senado, cámara federal y asambleas legislativas. Utilizando la maquinaria pública, el abuso del poder y la corrupción institucionalizada mediante el presupuesto secreto, la extrema derecha y el llamado centro consiguieron elegir la mayoría en el parlamento, abriendo incluso la posibilidad de controlar el poder judicial y el ejecutivo en el próximo período, en caso de que Bolsonaro consiga revertir la derrota con el pequeño margen que sacó Lula en el primer turno para las elecciones presidenciales. En un proceso electoral fuertemente marcado por el rechazo a ambos lados y el voto útil, la alianza entre el bolsonarismo y los partidos de la derecha fisiológica amenazan el futuro de Brasil. El gobierno criminal, genocida y deshumano de Jair Bolsonaro, apoyado por políticos deshonestos, militares fascinerosos, sectores de la burguesía y el agronegocio, es responsable por los peores ataques contra el pueblo brasileño en la historia de nuestro país. Las millares de muertes por COVID 19 a causa del negacionismo y del atraso de las vacunas, la vuelta al mapa del hambre, los niveles récord de desempleo e informalidad, la inflación galopante y el alto costo de vida, el desmantelamiento de programas sociales, el favorecimiento de la destrucción ambiental y los ataques a los servicios públicos como la salud, educación y seguridad social son algunas de las atrocidades contra nuestro pueblo cometidas por un gobierno reaccionario, oscurantista y neoliberal. Esta es una elección atípica donde la mayoría del pueblo pobre y trabajador dio la victoria a Lula en el primer turno, demostrando principalmente la insatisfacción y la repulsa popular contra este gobierno de canallas y estafadores. Por otro lado, además de utilizar la máquina de noticias falsas y comprar votos con dinero público, usar las iglesias evangélicas para promover terror psicológico, hacer una campaña racista contra nordestinos, patrones y gestores ligados al bolsonarismo se han movido en el sentido de dificultar que el pueblo vote por Lula y derrote a Bolsonaro en las urnas. Considerando que en esta coyuntura especial la táctica electoral de las organizaciones revolucionarias y movimientos combativos no pasa por incentivar la abstención, bajo el riesgo de cumplir el papel de línea auxiliar del fascismo bolsonarista. Debemos tener en cuenta que el circo electoral de esta falsa democracia tiene como función principal alternar gobiernos de turno y ajustar los niveles de miseria y explotación de nuestra gente. El proceso electoral para el pueblo trabajador no es sino una elección de cuáles de sus enemigos van a gerenciar el estado capitalista. La clase trabajadora brasileña, desmovilizada por décadas de hegemonía petista y por los gobiernos de conciliación, se encuentra en una situación defensiva. Desorganizado y fragmentado nuestro pueblo batalla diariamente para sobrevivir, pero sin los instrumentos de lucha colectiva y sin capacidad de organización para enfrentar los ataques de los de arriba, pues fue desarmado por las direcciones traidoras de las centrales sindicales y por los dirigentes conciliadores de la izquierda domesticada y electoralista. Un posible segundo mandato de Bolsonaro, sumado a la profundización de la crisis capitalista que despunta internacionalmente, puede sumir en poco tiempo a nuestro país en una situación de completa barbarie, con ampliación del hambre y la miseria, la destrucción de los pocos derechos sociales que nos quedan, el fin de los servicios públicos y las privatizaciones criminales. Por todo eso, la lucha contra el bolsonarismo en el segundo turno debe tomarse de forma objetiva, además de la movilización de base, la organización de autodefensas y de las intervenciones de propaganda; la defensa del voto pragmático en Lula contra Bolsonaro sin que eso signifique comprar las ilusiones colaboracionistas vendidas por el petismo y mucho menos avalar el programa neoliberal del frente amplio formado en torno de la candidatura de Lula. Es preciso barrer el bolsonarismo de vuelta a la cloaca, y más allá del proceso electoral es fundamental avanzar en la organización y la movilización, construyendo un programa popular y revolucionario para luchar por las urgencias de nuestra gente y por la justicia social, apuntando como camino a la construcción de los organismos de poder popular, de los instrumentos de autodefensa popular y de la revolución socialista como nuestro horizonte y única solución. Como nos enseñó Marighella: “por el camino del voto, el pueblo brasileño jamás conseguirá su liberación”. ¡DERROTAR EL BOLSONARISMO! ¡MUERTE AL FASCISMO! ¡ORGANIZAR Y RADICALIZAR LAS LUCHAS DEL PUEBLO! UNICA SOLUCION, REVOLUCION! Movimento de Unidade Popular – MUP Octubre de 2022 – Brasil.

BOLSONARO NUNCA MAIS! Pelos nossos mortos, contra a fome e a destruição dos direitos do povo

O primeiro turno das eleições, contrariando grande parte das pesquisas, consolidou a avalanche reacionária do bolsonarismo nas disputas para os governos estaduais, senado, câmara federal e assembleias legislativas. Utilizando a máquina pública, o abuso de poder e a corrupção institucionalizada através do orçamento secreto, a extrema-direita e o chamado centrão conseguiram eleger a maioria no parlamento, abrindo inclusive a possibilidade de controle do judiciário e do executivo no próximo período, caso Bolsonaro consiga reverter a derrota com pequena margem no primeiro turno para Lula e ganhe as eleições presidenciais. Em um processo eleitoral fortemente marcado pela rejeição aos dois lados e pelo voto útil, a aliança entre o bolsonarismo e os partidos da direita fisiológica ameaçam o futuro do Brasil. O governo criminoso, genocida e desumano de Jair Bolsonaro apoiado por políticos pilantras, militares facínoras e setores da burguesia e do agronegócio é responsável pelos piores ataques contra o povo brasileiro da história do nosso país. As milhares e milhares de mortes por Covid-19 por culpa do negacionismo e do atraso nas vacinas, a volta ao mapa da fome, os níveis recordes de desemprego e informalidade, a inflação galopante e o alto custo de vida, o desmonte de programas sociais, o favorecimento da destruição ambiental e os ataques aos serviços públicos como saúde, educação e previdência são algumas das atrocidades contra nosso povo cometidas por um governo reacionário, obscurantista e neoliberal.              Essa é uma eleição atípica onde a maioria do povo pobre e trabalhador deu a vitória no primeiro turno para Lula, demonstrando principalmente a insatisfação e a repulsa popular contra esse governo de canalhas e picaretas. Por outro lado, além de utilizar a máquina de notícias falsas e comprar votos com dinheiro público, usar igrejas evangélicas para promover terror psicológico, fazer uma campanha racista contra nordestinos, patrões e gestores ligados ao bolsonarismo tem se movimentando no sentido de dificultar que o povo pobre vote em Lula e derrote Bolsonaro nas urnas. Consideramos que nesta conjuntura especial a tática eleitoral das organizações revolucionárias e movimentos combativos não passa por incentivar a abstenção, sob o risco de se cumprir um papel de linha auxiliar do fascismo bolsonarista. Devemos ter em conta que o circo eleitoral dessa falsa democracia tem como função principal alternar governos de turno e ajustar os níveis de miséria e exploração de nossa gente. O processo eleitoral é no fim para o povo pobre e trabalhador uma escolha de quais inimigos irão gerir o Estado capitalista. A classe trabalhadora brasileira, desmobilizada pelas décadas de hegemonia petista e pelos governos de conciliação, encontra-se em uma situação defensiva. Desorganizado e fragmento nosso povo batalha diariamente para sobreviver, mas sem os instrumentos de luta coletiva e sem capacidade de organização para enfrentar os ataques dos de cima, pois foi desarmado pelas direções traidoras das centrais sindicais pelegas e pelos dirigentes conciliadores da esquerda domesticada e eleitoral.  Um possível segundo mandato de Bolsonaro, somado ao aprofundamento da crise capitalista que desponta internacionalmente, pode jogar em pouco tempo nosso país em uma situação de completa barbárie, com a ampliação da fome e da miséria, a destruição dos poucos direitos sociais que nos restam, o fim dos serviços públicos e mais privatizações criminosas. Por tudo isso, a luta contra o bolsonarismo nesse segundo turno deve tomar como forma objetiva, além da mobilização de base, da organização da autodefesa e das intervenções de propaganda, a defesa do voto pragmático em Lula contra Bolsonaro, sem que isso signifique comprar as ilusões colaboracionistas vendidas pelo petismo e muito menos avalizar o programa neoliberal da frente ampla formada em torno da candidatura de Lula. É preciso varrer o bolsonarismo de volta para o esgoto e muito além do processo eleitoral é fundamental avançar na organização e na mobilização, construindo o programa popular e revolucionário para lutar pelas urgências de nossa gente e por justiça social, apontando como caminho a construção dos organismos de poder do povo, dos instrumentos de autodefesa popular e da revolução socialista como nosso horizonte e única solução. Como nos ensinou Marighella: “pelo caminho do voto, o povo brasileiro jamais conseguirá sua libertação”.        DERROTAR O BOLSONARISMO! MORTE AO FASCISMO! ORGANIZAR E RADICALIZAR AS LUTAS DO POVO! ÚNICA SOLUÇÃO, REVOLUÇÃO! Movimento de Unidade Popular – MUP Outubro de 2022, Brasil.

Polarização neoliberal, violência política e circo eleitoral

Não é uma cena difícil de imaginar, pois é cotidiana para a maioria do nosso povo. Um jovem negro é parado por uma viatura da Polícia Militar enquanto retorna caminhando para sua casa. Mesmo exausto de uma jornada diária extenuante, segue um longo caminho para um bairro da periferia onde mora, porque precisa economizar o dinheiro da passagem do transporte público. Dois policiais, com armas em punho, descem do carro e iniciam a abordagem. Um dos policiais xinga e agride violentamente o jovem durante o baculejo, enquanto o outro, menos agressivo, faz perguntas e explica que suas características combinam com a descrição de um suspeito de cometer roubos nas proximidades, não por acaso, também negro. É uma espécie de teatro macabro da morte, onde o “policial mau” e o “policial bom” encenam papéis diferentes, mas complementares, cujo objetivo é o mesmo.         A Polícia Militar é uma máquina de matança e repressão, com corporações dominadas por grupos criminosos e cuja função principal é aterrorizar o povo trabalhador, em especial, o proletariado negro e a maioria marginalizada economicamente. A brutalidade policial é uma forma de opressão contra o povo pobre e trabalhador necessária para a manutenção dos níveis de exploração, desigualdade e miséria. O terrorismo de Estado e o neoliberalismo se complementam. O Estado Policial de hoje, que tem raízes históricas na escravidão, natureza oligárquica e foi moldado pela ditadura militar, é essencial ao capitalismo brasileiro e à dominação burguesa na atual etapa. O projeto neoliberal faz do nosso país um dos mais desiguais do mundo, transformando a vida da maioria de nossa gente em um verdadeiro inferno sobre a terra, sobrevivendo entre a pobreza, a negação de direitos sociais fundamentais, as dívidas, o desemprego ou o trabalho precarizado. O neoliberalismo é a nova escravidão.        A cena do “policial mau” e do “policial bom” representando papéis diferentes e complementares que descrevemos é a metáfora exata de como o neoliberalismo no Brasil sequestrou nossa falsa democracia para manter grande parte do povo brasileiro em uma situação de miséria, forjando dois lados da política nacional supostamente opostos, mas que no fundo servem aos mesmos senhores: os grandes capitalistas, o agronegócio, os banqueiros e o imperialismo. Bolsonaro, como o “policial mau”, que representa um projeto neoliberal conservador, mobilizando a irracionalidade e os piores sentimentos de um setor da população, principalmente da classe média, faz um governo criminoso e genocida apoiado por militares reacionários, hordas fascistas, pastores charlatães e um Congresso Nacional de ladrões e representantes da burguesia, dominado pelo chamado “Centrão”. Mobilizando setores armados através de clubes de tiro e de caçadores de fachada (os CACs), policiais militares em corporações de todo o país, milícias e organizações criminosas, parte dos comandados das Forças Armadas, assim como, caminhoneiros mercenários e um setor da burguesia brasileira, principalmente ligada ao agronegócio, mas ainda também explorando um sentimento antipetista responsável por sua eleição em 2018 e apoiado por uma rede internacional de extrema-direita, que envolve desde o racista Donald Trump até o Estado sionista de Israel, Bolsonaro ameaça uma tentativa de golpe de Estado diante de sua inevitável derrota eleitoral e iminente prisão em 2023. Responsável por grande parte das mortes de brasileiros que poderiam ser evitadas na pandemia de Covid-19 com suas políticas negacionistas e contra as vacinas, as quase 700 mil vítimas em números oficiais podem chegar na verdade ao número macabro de cerca de 2 milhões de mortes no país, segundo as próprias estimativas de subnotificação da Organização Mundial da Saúde (OMS), o governo Bolsonaro também é culpado pelos piores ataques contra a classe trabalhadora brasileira nos últimos tempos, aprofundando o programa neoliberal dos governos anteriores, promovendo diversas privatizações e favorecendo a destruição ambiental, atacando a aposentadoria, os direitos dos trabalhadores, a educação e a saúde pública, destruindo programas sociais e colocando o país novamente na mapa da fome, com o maior nível de desemprego real e informalidade de nossa história, a maior inflação e carestia dos últimos 25 anos, resultando hoje em 33 milhões de brasileiros vivendo na miséria absoluta e sem ter o comer, 125 milhões com algum nível de insegurança alimentar e quase 80% das famílias endividadas, muitas vezes precisando escolher entre pagar o aluguel e as contas ou comprar comida, gás, etc. Bolsonaro manteve as criminosas políticas de Temer com o Preço de Paridade Internacional (PPI) na Petrobras, tirando dinheiro do povo com os aumentos absurdos nos combustíveis para transferir aos acionistas privados, e também o famigerado Teto dos Gastos Públicos para retirar verbas da saúde e da educação. Em conjunto com o covil de ladrões do Congresso Nacional e o gangster Arthur Lira, esse governo legalizou a roubalheira através do “orçamento secreto” e das chamadas “emendas do relator”, e é culpado ainda pelo maior desmatamento na Amazônia e outros biomas brasileiros que em grande medida foram as causas das diversas tragédias ambientais que vivemos nos últimos tempos.  Bolsonaro e sua família de idiotas, os militares facínoras que apoiam seu governo e fizeram do Estado brasileiro uma grande fonte de mamatas, os políticos pilantras que dão suporte aos ataques contra o povo, e os capitalistas que ajudaram a eleger e manter esse governo criminoso, mais do que a cadeia, merecem receber a fúria da justiça popular. São vermes e bandidos, cujo único fim justo deve ser a vingança do povo, cobrando as mortes e os crimes contra os brasileiros e brasileiras pelos quais são responsáveis. Lula, representando por sua vez o “policial bom” do teatro neoliberal, capitaliza boa parte da esperança de mudança do povo brasileiro, em grande parte pela memória positiva da economia em seus dois governos, mas é o velho charlatão neoliberal e negociador de sempre. A frente ampla de Lula e Geraldo Alckmin que reúne partidos da falsa esquerda como PT, PCdoB e PSB, passando pelos setores da esquerda liberal como o PSOL, direções corrompidas das centrais sindicais como CUT e CTB e de movimentos como MST, APIB, MTST e outros, até os partidos de direita e parte do “Centrão”, é apoiada também por grandes capitalistas e

Curso de Formação: Organização Territorial e Poder Comunitário

A organização comunitária e a luta nos territórios têm profundas raízes em nossa história como povo brasileiro. Desde a resistência dos diversos povos indígenas contra a dominação colonial, as lutas do povo negro e a formação dos primeiros quilombos, que foram comunidades rebeldes e livres para resistir à escravidão, passando pelas irmandades, os ateneus e as associações mutualistas, nossa gente vem se organizando a partir dos territórios e locais de moradia para lutar coletivamente, defender os direitos sociais e enfrentar os opressores.         É o sentido de coletividade e solidariedade que nos torna humanos. É a dominação capitalista que divide a espécie humana em opressores e oprimidos, exploradores e explorados, senhores e escravos. A desigualdade provocada pelo capitalismo, que se amplia em países subdesenvolvidos como o Brasil, submete a maioria do nosso povo a condições desumanas, sobrevivendo como pode de forma precária, com o trabalho sem direitos, enfrentando o desemprego, a extrema pobreza e até mesmo a fome. Convivemos todos os dias com a falta de saneamento básico, o transporte público precário, as dificuldades com a saúde pública e a educação de nossas crianças e jovens, além da violência desenfreada em nossas comunidades e o descaso com nossas vidas por parte do Estado, dos governos e dos poderosos. Somos nós, o povo trabalhador, que pagamos pela crise capitalista, com a inflação e a carestia, o desemprego e o trabalho informal. Sofremos em conjunto com a brutalidade neoliberal, o genocídio e a negação de direitos sociais, por isso, nossa resposta enquanto povo precisa ser coletiva e a unidade popular deve ser nosso ponto de partida.  A única saída para conquistar uma vida digna é a luta organizada, através da política comunitária e da organização popular, em oposição à política dos partidos da ordem e dos políticos corruptos desse sistema apodrecido. Nas comunidades pobres e bairros populares, os territórios onde vivemos, encontramos toda a diversidade de nossa gente, o trabalhador, a dona de casa, o desempregado, os jovens, as crianças e os idosos. Nosso povo se constitui na diversidade, somos negros, caboclos, brancos pobres e mestiços, homens e mulheres que formam a classe trabalhadora, lutando todos os dias para sobreviver e sustentar nossas famílias. A solidariedade popular é a chave para enfrentar os poderosos e derrotar esse sistema de opressão e exploração.     A luta comunitária como conhecemos hoje é um fenômeno relativamente recente no Brasil e tem raízes no processo de urbanização desordenada, crescimento das cidades e industrialização dos anos 1950.  As primeiras associações de moradores foram criadas ainda na década de 1940, se expandiram pelo país e tiveram importante atuação até os anos 1960, também sofrendo com a repressão após o golpe de 1964. Nos anos 1970, ainda durante a ditadura militar fascista, o movimento comunitário ganhou novo fôlego com o Movimento Contra Carestia e o protagonismo das mulheres trabalhadoras e dos Clubes de Mães, além da importante atuação das Comunidades Eclesiais de Base, as CEBs. Nos anos 1980 foi fundada a Confederação Nacional das Associações de Moradores e o movimento comunitário exerceu um importante papel, juntamente com os sindicatos, as mobilizações operárias e da juventude, nas lutas que puseram fim ao regime militar. Nos anos 1990 e 2000, as lutas por terra e moradia, também organizadas a partir dos territórios, passaram a ter um maior protagonismo, pautando a reforma agrária e o direto à cidade.     Atualmente, cerca de 85% da população brasileira vive em áreas urbanas, concentrada principalmente em bairros periféricos e favelas das grandes e médias cidades, com diferenças nos níveis de urbanização em cada região do país. A organização territorial nas cidades continua sendo um importante instrumento para avançar nas reivindicações populares e conquistar direitos sociais, mas ao mesmo tempo, enfrenta problemas diversos como a desarticulação enquanto movimento social que organiza a classe trabalhadora a partir dos territórios e a falta de um horizonte programático que relacione as lutas imediatas e os serviços comunitários com a transformação social revolucionária e um projeto de poder do povo. O diálogo permanente e a articulação das lutas entre as comunidades pobres, as organizações da juventude proletária e os estudantes do povo, os sindicatos combativos e os coletivos de trabalhadores, são essenciais para nossa marcha até a emancipação popular. Importantes iniciativas de organização nos territórios também acontecem no campo, com a atuação das associações rurais, organizações camponesas, indígenas e quilombolas. A unidade entre o campo e a cidade é também fundamental para o avanço de nosso processo de libertação e construção de uma nova sociedade baseada na justiça e no socialismo.     O curso de formação política e educação militante “Organização Territorial e Poder Comunitário” é oferecido pela Escola de Formação Mário Alves e uma iniciativa do Movimento de Unidade Popular (MUP), com o apoio do Centro Popular George Américo. Formado por quatros módulos e com duração flexível (entre 2 e 4 encontros), nosso curso tem como objetivo oferecer ferramentas teóricas e práticas para a atuação de militantes de base e lideranças populares nos bairros periféricos, favelas, ocupações de luta por moradia, associações e núcleos comunitários. O curso de caráter intensivo contempla todos os elementos fundamentais que envolvem a dimensão político-social do trabalho comunitário-territorial a partir de 4 eixos básicos: métodos de organização interna, relações intracomunitárias e atores externos; finanças, gestão de recursos e questões jurídicas/institucionais; comunicação popular, agitprop e formação política; mobilização de base, serviços comunitários e autodefesa popular. O primeiro módulo do curso é iniciado com uma apresentação dos participantes e dos materiais de formação, além de uma introdução geral, histórica e político-teórica do tema, seguido do levantamento dos elementos da realidade local e da formação social do território. O segundo módulo segue com a conclusão sobre a realidade local, trabalhando dados político-econômicos, relações sociorraciais, contradições e atores sociais, geografia e outros elementos, passando à construção de propostas comunitárias temáticas a partir das demandas levantadas, que podem envolver questões como a educação comunitária e a cultura, o associativismo e a economia popular, a saúde pública, a luta contra a brutalidade policial e o genocídio negro, a comunicação popular, organização de

Abaixo o circo eleitoral dos inimigos do povo!

O circo eleitoral foi armado com antecipação. São quase diárias as pesquisas e notícias sobre os candidatos e os partidos da ordem burguesa na grande mídia. Essa espécie de “teatro dos vampiros” acontece em meio a maior tragédia humanitária e crise social vivida pelo povo brasileiro. O governo genocida de Jair Bolsonaro é responsável por milhares e milhares de mortes. O desemprego e a precarização fazem avançar cada vez mais a miséria e a pobreza. A inflação e o alto custo de vida endividam a maioria das famílias e milhões estão em situação de fome. Bolsonaro, com suas asneiras e mentiras diárias, é um facínora que deve pagar por seus crimes. Seu governo assassino precisa ser derrubado com a força das ruas, barricadas e molotovs. Lula, o charlatão de sempre, canaliza a esperança de uma oposição covarde, domesticada e cúmplice desse governo genocida. Enquanto o PT e os partidos da falsa esquerda apoiam descaradamente diversas medidas do governo no Congresso, sabotam as lutas populares e o enfrentamento contra o governo por interesses eleitorais e oportunistas. É precisa romper com as ilusões nessa falsa esquerda, que é apenas parte do teatro neoliberal para enganar o povo e provou diversas vezes sua demagogia governando para os ricos. O governo reacionário de Rui Costa na Bahia é mais uma prova de que o PT é apenas um partido de direita. A descarada burguesia brasileira agora tenta emplacar Sergio Moro na chamada “terceira via”. O juiz ladrão e despreparado é uma tentativa desesperada de um candidato puro-sangue dos ricos, com ligações diretas com o imperialismo dos EUA. Bolsonaro, Moro e Lula são três cabeças da mesma besta: a agenda neoliberal que impõem a miséria e a exploração para milhões de brasileiros, enquanto retira direitos do povo e enriquece ainda mais banqueiros, latifundiários e multinacionais. Apenas a organização do povo nas comunidades pobres, a luta radical dos trabalhadores e da juventude pode mudar esse país e libertar nossa gente. As eleições dessa falsa democracia, filha da ditadura e neta de escravidão, servem apenas para ludibriar e perpetuar a desgraça de nosso povo. FOGO NO CIRCO ELEITORAL!REBELIÃO CONTRA A NOVA ESCRAVIDÃO!  Movimento de Unidade Popular – MUP Contatos com o MUP podem ser feitos através do e-mail: movimentounidadepopular@protonmail.com ou redes sociais @movimentounidadepopular

Manifesto da Campanha Justiça para Pedro Henrique

3 ANOS DE IMPUNIDADE, EXIGIMOS PUNIÇÃO PARA OS ASSASSINOS! Na madrugada do dia 27 de dezembro de 2018, três homens encapuzados invadiram a casa de Pedro Henrique Santos Cruz Souza enquanto ele dormia no bairro Nova Esperança, na cidade de Tucano, interior da Bahia, se identificaram como policiais militares, lhe deram voz de prisão e o executaram sumariamente com 8 tiros de pistola, 2 tiros atingiram o rosto de Pedro enquanto estava com as mãos na cabeça e outros 6 quando já estava caído em um colchão. Após o assassinato covarde roubaram seu celular e em seguida fugiram em um veículo prata. Pedro Henrique, morto com 31 anos, foi um ativista de direitos humanos que organizava desde 2013, em Tucano (BA), a Caminhada da Paz. Após sofrer diversas ameaças e registrar denúncias na Delegacia de Tucano e no Ministério Público do Estado da Bahia (MP-BA) sobre abordagens violentas feitas pelos policiais militares Alex Andrade Sidnei Santana, Bruno Montino e Edvando Cerqueira, Pedro foi covardemente executado em um crime premeditado, um assassinato político cometido por agentes do Estado. A Caminhada da Paz, organizada por Pedro em Tucano, sempre teve como objetivo denunciar as ações violentas e criminosas da PM na cidade baiana, como a “Chacina de Tucano”, quando 5 jovens da periferia foram arrancados de suas casas, torturados e assassinados por policiais em junho de 2015. Após a realização da VI Caminhada da Paz, última organizada por Pedro, em maio de 2018, quando PMs tentaram aterrorizar e amedrontar manifestantes pacíficos, as abordagens violentas aumentaram. Em outubro de 2018, Pedro teve sua casa invadida por policiais e guardas municipais, sendo conduzido, preso por cultivar alguns pés de maconha no seu quintal para consumo próprio e liberado da falsa acusação de tráfico de drogas logo em seguida. Foi após esse episódio de repressão contra a Caminhada da Paz e posterior invasão ilegal da casa de Pedro, que as ameaças dos policiais militares aumentaram, até que cumprindo essas ameaças, Pedro Henrique seria brutalmente assassinado em 27 de dezembro de 2018. Os assassinos foram reconhecidos pela testemunha ocular do crime, a companheira de Pedro que dormia com ele no local, um inquérito policial foi aberto e concluído, cabendo ao Ministério Público do Estado da Bahia oferecer denúncia contra os assassinos, mas o MP-BA segue novamente se omitindo e retardando o processo por meses e meses. Apenas no segundo semestre de 2021 foi criado o Grupo de Operação Especial e Operacional de Segurança Pública (GEOSP) para atuar junto ao Ministério Público nas investigações. Os policiais militares Bruno de Cerqueira Montino, Sidnei Santana Costa e José Carlos Dias dos Santos, que atuam 2ª Companhia da PM-BA de Tucano e no 5º Batalhão da PM-BA de Euclides da Cunha, foram reconhecidos, apontados pela testemunha e indiciados como assassinos de Pedro, mas mesmo assim, não foram nem mesmo afastados da corporação e seguem atuando impunemente na Polícia Militar da Bahia. Pedro Henrique é uma vítima do Terrorismo de Estado. Sua morte foi um assassinato político cometido por agentes do Estado. O governador da Bahia, Rui Costa (PT), é cúmplice e conivente com a brutalidade policial, a violência estatal e o genocídio que atinge principalmente jovens homens negros e pobres na Bahia. A Polícia Militar da Bahia é responsável por milhares de assassinatos extrajudiciais todos os anos, figurando entre as corporações que mais matam jovens pobres no país. Os grupos de extermínio atuam sob o silêncio e a cumplicidade das autoridades e a própria lógica genocida de atuação da PM-BA é de inteira responsabilidade da Secretaria de Segurança Pública (SSP-BA) e do governo do Estado da Bahia.            Os policiais envolvidos no assassinato de Pedro Henrique, após as denúncias do caso também passaram a tentar intimidar a professora Ana Maria Cruz, mãe de Pedro, que além de ameaçada, foi processada e acusada de injúria e difamação. A Campanha Justiça para Pedro Henrique, formada por familiares e amigos de Pedro, entidades de direitos humanos e organizações negras e populares da Bahia e do Brasil exige do Governo da Bahia, da Secretaria de Segurança Pública, do judiciário e do Ministério Público do Estado da Bahia o posicionamento público e o imediato afastamento da PM-BA dos policiais miliares Bruno de Cerqueira Montino, Sidnei Santana Costa e José Carlos Dias dos Santos, assim como, a prisão preventiva, o julgamento e a punição devida e exemplar dos assassinos de Pedro. Nessa data que marca os 3 anos do assassinato de Pedro e a memória de um mártir e jovem lutador do povo assassinado covardemente, convocamos todos e todas para se somarem à nossa mobilização, pois é preciso dar um basta na impunidade e exigir a punição imediata dos assassinos. PEDRO HENRIQUE VIVE E LUTA!PUNIÇÃO PARA OS ASSASSINOS!ABAIXO O TERRORISMO DE ESTADO E O GENOCÍDIO! 27 de dezembro de 2021, Bahia, Brasil. CAMPANHA JUSTIÇA PARA PEDRO HENRIQUE Familiares e Amigos de Pedro Henrique; Alternativa Popular; Casa da Resistência; Centro Popular George Américo; Coletivo Carranca – FOB; Coletivo Negro Minervino de Oliveira – PCB; Contrapoder; Cooperativa Ujamaa; Editora Grito do Povo; Editorial Adandé; Federação das Organizações Sindicalistas Revolucionárias do Brasil – FOB; Frente Estadual pelo Desencarceramento na Bahia; Mandato da Resistência Dep. Estadual Hilton Coelho (PSOL-BA); Mídia1508; Mídia Independente Coletiva – MIC; Movimento de Unidade Popular – MUP.

Convocatória de construção do Movimento de Unidade Popular

São tempos difíceis para o nosso povo. Vivemos uma situação de massacre permanente, avanço da miséria, desemprego, precarização, fome e carestia da vida. As políticas de morte e a guerra biológica dos governos e patrões contra o povo pobre a classe trabalhadora brasileira continuam produzindo milhares e milhares de mortes subnotificadas todos os dias por Covid-19. A intenção genocida do governo corrupto, fascista e neoliberal de Bolsonaro, tutelado pelos militares, e a ganância assassina dos ricos fazem avançar a passos largos a fome, o desemprego atinge os maiores níveis da história e o auxílio emergencial miserável é um escárnio, enquanto a inflação explode e o aumento do custo de vida é vertiginoso. O governo reacionário de Bolsonaro e dos militares, assim como, o Congresso Nacional de corruptos e os governos estaduais também a serviço do programa neoliberal, dos latifundiários e dos capitalistas, avançam em privatizações criminosas, ataques aos serviços públicos, destruição ambiental, despejos desumanos, encarceramento em massa, violência contra o povo negro, camponeses pobres e povos indígenas. Diante desse cenário catastrófico, da escalada do Estado policial e das falsas soluções para dar continuidade à barbárie neoliberal, nossa resposta deve e precisa ser a luta popular revolucionária e a organização pela base. Para reverter esse quadro devastador podemos contar apenas com nossas próprias forças. A organização independente e autônoma do povo pobre, da classe trabalhadora e da juventude combativa, a radicalização das lutas, a solidariedade e a unidade popular para vencer esse sistema de exploração e miséria, devem ser conjugadas com a construção de um programa revolucionário que relacione os objetivos concretos com uma estratégia socialista baseada na construção de instrumentos de poder do povo, por fora e contra o Estado burguês, e na transformação desse massacre sobre nossa gente em uma guerra popular, onde de um lado esteja a burguesia, o latifúndio, os partidos da ordem, os ricos, seu Estado e aparato burocrático-militar, e do outro, o povo organizado e em revolta, construindo as estruturas de gestão coletiva e comunitária, e por isso, iniciamos a construção do Movimento de Unidade Popular, o MUP, afirmando a plenos pulmões, e mais do que nunca, que a revolução é a única solução. O MUP é uma organização do povo em luta baseada na ação direta, na autogestão e autodefesa popular. Um movimento popular combativo e revolucionário para organizar a partir dos territórios, do trabalho comunitário e da economia popular, das ocupações e acampamentos, dos locais de trabalho e de estudo, dos comitês e núcleos de base nos bairros pobres e favelas, da cultura e da educação popular nas áreas urbanas e rurais, o povo pobre e trabalhador para as lutas de libertação e a revolução social, mantendo viva a longa tradição de resistência e rebeldia do povo brasileiro e da maioria afro-indígena. O Movimento de Unidade Popular tem como objetivo central organizar as lutas imediatas em defesa da vida e dos direitos de nossa gente, construindo a partir da auto-organização, dos programas comunitários de sobrevivência e das instâncias de poder proletário o caminho para a guerra revolucionária de libertação popular contra o Estado capitalista e os inimigos do povo. Orientado por uma estratégia revolucionária e socialista, somos um movimento anti-imperialista, internacionalista e anticapitalista que se organiza a partir das demandas e necessidades reais do nosso povo, alicerçado em núcleos de base, agrupações combativas e frentes de luta que se coordenam e que existem, fundamentalmente, para impulsionar a ação coletiva, articulando as lutas por moradia, trabalho, saúde, educação, terra e transporte, contra o genocídio do povo negro e pobre, a brutalidade policial e o terrorismo de Estado, o fascismo e a violência reacionária contra as mulheres do povo e as dissidências sexuais em um programa popular e revolucionário para destruir através de um processo insurrecional o poder burguês e o sistema de miséria, fome, exploração e repressão do capitalismo brasileiro, que deve ser substituído por novo um novo modelo de organização social baseado na justiça, na autogestão social e econômica e no poder do povo, ou seja, pela sociedade socialista, que entendemos e reivindicamos como definido de forma precisa pelo revolucionário e pantera negra Fred Hampton, quando disse que “o socialismo é o povo, se você tem medo do socialismo, tem medo de si mesmo”. Com a grande maioria da classe trabalhadora brasileira na informalidade, a permanência da crise capitalista e o aprofundamento dos níveis de exploração e exclusão, somados às péssimas condições de vida agravadas pela pandemia de Covid-19 e a política genocida e neoliberal do governo Bolsonaro, acreditamos que a chave para avançar na organização do nosso povo é a autogestão comunitária, fomentada a partir dos nossos territórios e das iniciativas de economia popular, ou seja, nossos núcleos de base coordenados em uma frente territorial devem impulsionar programas comunitários a partir do apoio mútuo e da solidariedade nos bairros pobres, favelas e comunidades da cidade e do campo para a formação cooperativas de trabalho autogestionárias, assim como, avançar em programas de soberania alimentar, cultura, educação popular e comunicação comunitária com base nas demandas e urgências de nossa gente, articulando o trabalho militante permanente com as lutas por direitos fundamentais através da ação direta e dos métodos combativos, com a preparação da autodefesa e um horizonte de libertação e controle popular dos nossos territórios. O MUP deve atuar, também, na organização a partir dos locais de estudo e trabalho. Impulsionando os Núcleos de Estudantes do Povo, os NEP, que são organismos de base e podem ser formados por estudantes pobres e pela juventude combativa nas escolas, institutos e universidades, conformando a frente de juventude e voltados principalmente para a formação de militantes para a luta popular revolucionária, atuando por fora da lógica pequeno-burguesa e burocrática do movimento estudantil convencional, aprofundando a linha política de servir ao povo e organizando a juventude como a tropa de choque da revolução, defendo também a educação pública como direito fundamental dos estudantes pobres, ao mesmo tempo, dando combate permanente ao liberalismo, as disputas estéreis e a degeneração pós-moderna que dominam o movimento estudantil brasileiro, construindo conhecimento

Resistência é Vida: nova etapa de luta e organização

Nos dirigimos aos nossos apoiadores e simpatizantes, aos coletivos, organizações e movimentos combativos com os quais mantemos relações fraternas e contatos, assim como, às lutadoras e lutadores sinceros e comprometidos com a causa do povo e da libertação para comunicar sobre nossa nova etapa de luta revolucionária e organização popular. Após mais de 12 anos de existência da Casa da Resistência, passando por diversas etapas organizativas, decidimos dar um passo à frente, iniciando o processo de construção do Movimento de Unidade Popular, o MUP, uma organização do povo em luta baseada na ação direta, na autogestão e na autodefesa popular. Um movimento popular combativo e revolucionário para organizar a partir dos territórios, do trabalho comunitário e da economia popular, das ocupações e acampamentos, dos locais de trabalho e de estudo, dos comitês populares e núcleos de base nos bairros pobres e favelas, da cultura e da educação popular nas áreas urbanas e rurais o povo pobre e trabalhador para as lutas de libertação e a revolução social. A Casa da Resistência deixa de assumir, portanto, o caráter que acumulava nesses últimos anos também como organização popular, passando a desenvolver seus projetos e atividades apenas como centro de cultura e sede do Movimento de Unidade Popular na Bahia, com o Comitê de Solidariedade Popular – Feira de Santana se dissolvendo dentro do novo movimento, para o qual nos dedicaremos nos próximos 2 anos à primeira etapa de construção organizacional e programática. Nessa nova etapa também nos desligamos da FOB, federação nacional na qual iniciamos um processo de participação a partir de 2017, e que após esses anos de construção, avanços, recuos e disputas internas, avaliamos que se esgotou como espaço organizativo e que as diversas contradições que impedem a federação de avançar não podem ser superadas. Apesar de apontar, desde a realização do II ENOPES, para uma transição de construção da FOB como uma organização de massas, proletária e revolucionária, os setores hegemônicos na federação limitaram seu funcionamento através do burocratismo ou do “assembleismo universtário” à uma incapacidade crônica em avançar em um programa popular e revolucionário capaz de atrair e produzir identificação com o povo pobre e trabalhador, produzindo um incontável número de querelas internas, desvios, reproduções do ativismo liberal e degenerações próprias da pequena-burguesia universitária, além de uma leitura quadrada e deslocada da realidade brasileira sobre a “reconstrução do sindicalismo revolucionário” no país. Apesar de participarmos da coordenação nacional da FOB ativamente nos últimos 2 anos e produzir ou colaborar em boa parte do material nacional público, reconhecendo também seus avanços, diversidade e as próprias limitações atuais causadas pela pandemia de Covid-19, estamos convencidos de que a condição pequeno-burguesa de boa parte de sua militância que limita a federação a mobilizar e atrair quase que exclusivamente um pequeno setor universitário ou do serviço público, fizeram de nossa participação nesse espaço inviável e desnecessária, criando entraves para a construção de base nos bairros pobres, favelas, ocupações urbanas e lutas populares que temos desenvolvido nos últimos anos no interior da Bahia. Damos início também a um novo projeto de comunicação militante, com a refundação do jornal Ação Direta, histórico periódico anarquista fundando por José Oiticica, que iremos impulsionar agora como uma agência de comunicação popular e revolucionária, jornal impresso e mídias integradas, além de instrumento para a formação política e militante a partir de uma perspectiva socialista, libertária e anticolonial. Encaramos essas novas tarefas como nosso dever histórico, e convidamos todas e todos os lutadores do povo que tem a Casa da Resistência como referencial político e militante para se somarem nessa construção. Diante do avanço da barbárie neofascista, do genocídio de nosso povo, do massacre permanente da maioria negra e favelada, da situação de miséria e violência contra nossa gente na cidade e no campo, acreditamos que é necessário consolidar novos instrumentos para organizar as lutas concretas pelos direitos e em defesa da vida, rejeitando as ilusões domesticadas e reformistas e construindo a partir da quilombagem e dos organismos de poder do povo o caminho para a guerra revolucionária de libertação popular contra o Estado capitalista e racista, a burguesia e os inimigos do povo, partindo de uma estratégia socialista, revolucionária e favelada. RESISTÊNCIA É VIDA!O POVO VENCERÁ! CASA DA RESISTÊNCIA – CENTRO DE CULTURA E LUTAJulho de 2021, Bahia

COMANDANTE CLEMENTE, VIVE E LUTA!

Em 29 de junho de 2019, há dois anos, o saudoso Carlos Eugênio da Paz, nosso Comandante Clemente, nos deixava. Clemente assumiu o comando militar da Ação Libertadora Nacional, a ALN, e fez parte de sua Coordenação Nacional, após o assassinato pela ditadura militar fascista do Comandante Toledo, o Velho, Joaquim Câmara Ferreira, em 23 de outubro de 1970. Com apenas 20 anos, Carlos Eugênio, juntamente com Ana Maria Nacinovic, Paulo de Tarso Celestino, Iuri Xavier Pereira, José Luiz da Cunha, o Comandante Crioulo, e tantos outros homens e mulheres do povo, combatentes da libertação popular formaram a última geração de guerrilheiros da ALN, fundada por Carlos Marighella e a mais importante organização revolucionária que combateu a ditadura empresarial-militar. Sentenciado a 124 anos de prisão pela ditadura e o mais procurado guerrilheiro da última fase da luta armada contra o regime fascista dos generais, o Comandante Clemente, foi retirado do país pela organização, saindo pela Argentina e Cuba, até se exiliar em Paris a partir de 1973/74, conseguindo sua anistia política apenas em 1982. Escreveu dois importantes livros de memórias da luta revolucionária no Brasil: “Viagem à luta armada” (1996) e “Nas trilhas da ALN” (1997). Através de seus depoimentos, generosidade e combatividade fez a ponte entre a geração de revolucionários da ALN e a geração atual. Em sua homenagem publicamos o texto inédito da Ação Libertadora Nacional, que traz um balanço das ações da ALN sob o comando militar de Carlos Eugênio da Paz, publicado no jornal O Guerrilheiro nº 4, de janeiro de 1972: FORTALECER A NOSSA DECISÃO – UM BALANÇO Janeiro de 1972* Estamos cumprindo pouco mais de um ano do assassinato de Toledo, fato que tornou maiores e mais difíceis as responsabilidades assumidas e as tarefas a realizar. Qual era a situação naquela época? A que nos propúnhamos então? O ano de 1970 havia sido, para o movimento revolucionário em geral e para a Organização em particular, um ano da atividade intensa e de pouco desenvolvimento. Com a morte de Marighella e os golpes sucessivos que sofremos naquele período, o inimigo conseguiu tomar e manter a iniciativa, atingindo-nos duramente e evitando que pudéssemos desencadear as ações rurais. Assim, 1970 deveria ser um ano de reconstrução e de reorganização, tarefa difícil em virtude das condições de refluxo e confusão que enfrentávamos. O número de ações reduziu-se consideravelmente, ficando em sua maior parte restritas a São Paulo e possuindo um caráter eminentemente financeiro. A imprensa clandestina praticamente inexistiu, a distribuição de materiais e seu debate foram limitados, a atividade e a penetração política da Organização nas diversas áreas foi muito escassa. Mesmo assim, sob o comando de Toledo, fomos enfrentando tal quadro, buscando cumprir o fundamental de nossas perspectivas, de reorganização e estabilidade da Organização. Mas a morte deste dirigente revolucionário provado e respeitado, líder indiscutível, veio agravar as condições que tínhamos de cumprir estas tarefas. Qual era o quadro que então enfrentávamos? De um lado, sob a orientação de Toledo, vínhamos superando uma série de dificuldades decorrentes da morte de Marighella. As quedas desse período, somadas as do início do ano, criavam uma situação de dispersão e a falta de uma atividade planejada e centralizada. Rompe-se o elo da frente urbana e rural, com todas as consequências disso. Manifestavam-se desvios de todo o tipo (liquidacionismo em relação à luta urbana, visão deformada da luta rural, abandono do trabalho político, etc.). Firme e pacientemente, Toledo dirigia o trabalho de reconstrução da Organização em todos os sentidos: recontata setores e áreas, orienta a abertura de frentes de trabalho político, efetua deslocamentos, organiza, coordena, planeja. Sua direção vai se fazendo sentir principalmente no terreno político: importantes passos se dão no sentido de uma maior aproximação entre as forças revolucionárias, com várias iniciativas concretas, ações conjuntas, etc. No documento “ALN, balanço e perspectivas”, indica as diretrizes fundamentais para nossa atuação, desenvolve novos critérios e sistemas de organização, adequados às novas condições, com base no combate aos desvios, e consolida-se a unidade da Organização. Retoma-se o trabalho rural, já dentro de um planejamento. Na Guanabara, em agosto, havíamos sido vítimas de infiltração, perdemos alguns quadros valiosos e também as condições operacionais. Em setembro, a Organização no Nordeste havia sido golpeada e dispersada, estávamos sem contato com a região. Em Minas possuíamos reduzida penetração e não tínhamos condições para a realização de ações. Em São Paulo ainda nos ressentíamos dos profundos golpes recebidos em 69 e 70. Apesar de ali serem melhores as condições operacionais, a infraestrutura abrangia um número reduzido de setores e a penetração da Organização estava debilitada. Portanto, ao encararmos então o ano de 1971, difíceis se afiguravam os objetivos a atingir, enormes dificuldades a vencer. Hoje, dando um balanço de nossas atividades, os avanços que conquistamos são inegáveis e evidentes os resultados obtidos. A melhor maneira de expressarmos esse avanço, ao resumirmos nossa atuação em 1971, é enumerar de forma sumária o volume de ações desenvolvidas – expressão aberta da existência da ALN (sendo, portanto, do conhecimento do inimigo, sem implicar na violação das normas de segurança). SÃO PAULO Em SP, a Organização realizou no ano de 1971, aproximadamente 75 ações de maior vulto. Destas, 10 foram realizadas em Frente com outras Organizações e grupos revolucionários. Não pretendemos relacionar todas as ações, mas acreditamos ser importante destacar alguns de seus aspectos principais: as de caráter expropriatório-financeiro somam 26, dentre as quais 7 empresas (Mangels, Villares, Ericsson, Vulcan, Pollone, Cima, Coca-Cola). As realizadas visando a fortalecer a infraestrutura chegam a 12, abrangendo principalmente os setores de documentação, imprensa e propaganda. No que se refere às ações de fustigamento do inimigo e aumento da potência de fogo, seu número atinge 10, destaca-se o ataque a 7 rádio-patrulhas. Finalmente, temos um conjunto de aproximadamente 25 ações que abrangem os mais variados setores, com os mais diversos objetivos. Como exemplos, temos as ocupações do restaurante de luxo Hungaria, no dia 1º de maio; de um teatro; do refeitório da PUC; a colocação de uma viatura com fita gravada na USP; uma distribuição

Genocídio subnotificado: Covid-19 pode ter matado mais de 1 milhão de brasileiros

No último dia 21 de maio, a Organização Mundial da Saúde (OMS) admitiu em relatório que o número de mortos pela Covid-19 no mundo é até 3 vezes maior, estimando que a pandemia de Coronavírus matou entre 6 e 8 milhões de pessoas no mundo até o momento, considerando as mortes diretas e colaterais. A subnotificação é muito maior no sul global e nos países onde existe maior pobreza e condições precárias de vida, como é o caso do Brasil. No país, pelos dados oficiais subnotificados, chegamos agora em 450 mil mortos na última semana de maio, sendo que existem pelo menos 150 mil mortes que faltam ser confirmadas por exames, registradas como Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), ou seja, são 600 mil mortes de brasileiros considerando os dados oficiais. A subnotificação das mortes por Covid-19 é desde o início da pandemia a política oficial do governo federal fascista e negacionista de Bolsonaro, assim como de grande parte dos governos estaduais e prefeituras, para atender aos interesses dos capitalistas e dos ricos, tentar minimizar o tamanho da nossa tragédia e não tomar as medidas sanitárias e sociais necessárias para salvar vidas. O cálculo real das mortes por Covid-19 no Brasil envolve diversos fatores, mas precisa ser feito para dimensionar de forma mais realista o genocídio do povo brasileiro e a lógica criminosa dos governos e patrões. Considerando cerca de 30% de casos de reinfecção (como registrado na “segunda onda” em Manaus) e sendo de 14 à 16 vezes maior o número total de contaminados, os 16 milhões de casos no Brasil significam na verdade entre 155 e 180 milhões de brasileiros contaminados por Covid-19 uma vez ou mais, algo entre 75% e 85% da população total do país, e o número de mortes real é de no mínimo 940 mil mortos, podendo facilmente passar de 1 milhão de mortos, considerando a letalidade mínima de Covid-19 de 0,6% a partir do número geral de contaminados. A naturalização da morte e o papel criminoso do governo de Jair Bolsonaro na gestão da pandemia são as marcas do que já é a maior tragédia da história do Brasil. Ao contrário de tudo que uma política séria de combate a Covid-19 que deveria ser feita com a testagem em massa, a preparação devida da rede de saúde pública, as medidas sanitárias necessárias e a garantia de um auxílio emergencial digno para o povo pobre e trabalhador, o governo negacionista e assassino de Bolsonaro e dos generais atuou para favorecer a contaminação e espalhar a doença, sendo responsável por milhares de mortes evitáveis. Boa parte dos governos estaduais que inicialmente adotaram medidas sanitárias, ainda que insuficientes, também cederam à pressão dos patrões e capitalistas, colocando o lucro dos ricos acima da vida do povo. Trabalhadores e trabalhadoras da saúde, da limpeza e informais são as maiores vítimas da Covid-19 e do governo Bolsonaro/Mourão. Os transportes públicos lotados representam o maior vetor de contaminação, um crime contra a saúde pública também cometido por governos estaduais e prefeituras associadas às máfias que controlam os transportes coletivos no país. Apenas a luta popular combativa e revolucionária pode vingar as mortes de nosso povo e fazer memória de nossos familiares e amigos perdidos pelas políticas de morte dos governos e patrões. Bolsonaro e todo o seu governo, os militares fascistas, os políticos corruptos, o judiciário cúmplice e o empresariado que sustenta seu governo precisam pagar pelos seus crimes, não apenas nos tribunais internacionais, mas também pela justiça popular e pela fúria do povo em revolta. A unidade dos que lutam e a solidariedade popular precisam marcar a retomada das lutas nas ruas. Só a ação direta, a radicalização e a construção da Greve Geral e da rebelião popular podem vingar nossos mortos, derrotar o governo assassino de Bolsonaro e Mourão e fazer com que os ricos e os governantes sejam responsabilizados pelos seus crimes contra a saúde pública e a vida do povo brasileiro. Referências: Sobre o relatório da OMS, ver: https://www.dw.com/pt-br/total-de-mortes-por-covid-19-pode-ser-3-vezes-maior-diz-oms/a-57628094 Sobre a taxa de reinfecção na “segunda onda” em Manaus, ver: https://www.poder360.com.br/coronavirus/taxa-de-reinfeccao-pode-ter-chegado-a-31-na-2a-onda-da-pandemia-em-manaus/ Acerca da subnotificação de casos de Covid-19 no Brasil, ver: https://www.cnnbrasil.com.br/saude/2020/05/16/pesquisa-aponta-que-casos-da-covid-19-no-brasil-podem-ser-16-vezes-maiores e https://saude.abril.com.br/medicina/coronavirus-estimativa-aponta-numero-de-casos-14x-maior-do-que-o-oficial/ Sobre a taxa de letalidade real da Covid-19, ver: https://www.sanarmed.com/taxa-de-letalidade-real-da-covid-19-e-de-06-aponta-oms Estudo internacional sobre a subnotificação de mortes no Brasil e no mundo, ver: https://valorinveste.globo.com/mercados/brasil-e-politica/noticia/2021/05/10/covid-19-ja-matou-595-mil-pessoas-no-brasil-46percent-a-mais-que-na-conta-oficial-diz-instituto.ghtml Sobre as mortes por Covid-19 não confirmadas por falta de diagnóstico, que constam como SRAG, ver: https://www.bbc.com/portuguese/brasil-56529762