Declaração de Dakar da Plataforma Mundial Anti-imperialista

A 7ª Conferência Internacional da Plataforma Mundial Anti-imperialista (PMAI) e a Mesa sobre o pan-africanismo combativo e o internacionalismo anti-imperialista foram realizadas entre os dias 25 e 27 de outubro em Dakar, capital do Senegal. A Conferência foi organizada pela PMAI, pela Dinâmica Unitária Pan-Africana (DUP) e pelo o Comitê Preparatório Nacional do Senegal, reunindo cerca de 50 delegações de organizações comunistas, progressistas e anti-imperialistas de 35 países. Com uma homenagem ao centenário do revolucionário marxista Amílcar Cabral, a PMAI firmou a Declaração de Dakar como resultado da Conferência, assim como, a nota de conclusão da Mesa sobre pan-africanismo e anti-imperialismo. DEVEMOS FORTALECER A LUTA ANTI-IMPERIALISTA A onda revolucionária contra o imperialismo exigindo a independência dos povos do mundo está se intensificando. A luta anti-imperialista na região do Sahel, na África, que alcançou novos patamares a partir de 2020, resultou na expulsão completa das tropas dos EUA e da França do Níger, do Mali e de Burkina Faso. A retirada dessas tropas, que apoiavam a dominação política e o saque econômico da região pelas potências ocidentais, é mais uma vitória histórica para a luta anti-imperialista no continente africano. Também na região do Sahel, o povo senegalês tem travado uma intensa luta contra o regime pró-imperialista, que aprofundou sua repressão fascista apoiada pelo Ocidente contra as forças populares. A recente vitória eleitoral após 12 anos de intensa luta é uma conquista significativa do movimento popular no Senegal. Por trás das grandes conquistas da luta anti-imperialista na África está o espírito do pan-africanismo combativo e revolucionário. Isso combinou a constante reflexão e a prática de corajosos revolucionários africanos com a grande onda global de luta por libertação nacional que surgiu da histórica vitória sobre o fascismo, alcançada pelas forças socialistas tendo a URSS à frente durante a Segunda Guerra Mundial. Os revolucionários que lutaram pela libertação africana, incluindo Amílcar Cabral, cujo centenário de nascimento celebramos este ano, transcenderam as fronteiras artificialmente criadas pelos imperialistas, destruíram suas táticas divisionistas e levantaram a bandeira da estratégia anti-imperialista e do socialismo como o verdadeiro caminho para a libertação do continente africano do colonialismo e do neocolonialismo. A luta e as atividades dos povos africanos para conquistar dignidade e direitos diante da agressão e do saque do imperialismo por cinco longos séculos confirmam o princípio revolucionário de que as forças imperialistas, cujo objetivo é a dominação e exploração, são os principais inimigos dos povos do mundo, e a verdade imutável de que onde há opressão, haverá resistência. O MUNDO CAMINHA PARA UMA TERCEIRA GUERRA MUNDIAL O campo imperialista está agora aprofundando sua marcha para a Terceira Guerra Mundial ao prolongar a guerra na Ucrânia, intensificar a guerra na Ásia Ocidental (Oriente Médio) e avançar em direção para uma nova guerra na Ásia Oriental e no Pacífico Ocidental. O exército fantoche neonazista ucraniano dos EUA-OTAN tem exigido que seus senhores autorizem mísseis de longo alcance para atingir o território russo, e muitos no campo imperialista querem suspender as restrições ao uso desses mísseis, forçando a Rússia a revisar sua doutrina nuclear de autodefesa. Apesar de perder em todos os principais campos de batalha, as agressivas forças imperialistas continuam provocando a Rússia e estão freneticamente tentando expandir e prolongar a guerra na Ucrânia. Usando seus representantes sionistas, o imperialismo dos EUA está avançando em direção a uma guerra mais ampla na Ásia Ocidental. A máquina de matar sionista, com total apoio dos EUA, da UE e da OTAN, continua massacrando palestinos em sua guerra genocida à Faixa de Gaza. Ao mesmo tempo, os sionistas têm bombardeado Beirute, sul do Líbano, Síria e Irã, assassinando entre outros, o comandante militar do Hezbollah e o presidente do bureau político do Hamas em julho, e seguiram, com o assassinato do secretário-geral do Hezbollah no final de setembro e do líder político-militar do Hamas em outubro. Em 1º de outubro, o Irã lançou a Operação “Promessa Verdadeira 2”, e desde então o Hezbollah tem se envolvido em combates intensos para repelir repetidas tentativas de invasão israelense ao longo da fronteira libanesa. As forças da resistência palestina continuam combatendo as forças coloniais sionistas na Faixa de Gaza, e o “Eixo da Resistência”, a partir da unidade das forças populares e armadas contra o imperialismo e o sionismo na região, anunciou sua intenção de lutar até o fim em caso de uma guerra total na Ásia Ocidental. Há sinais cada vez mais claros de que o campo imperialista em seus estertores está se preparando para uma guerra no Pacífico Ocidental, na qual Austrália e Nova Zelândia também estarão envolvidas, expandindo seus planos de guerra na Ásia Oriental e as provocações por forças militares do Japão, “República da Coreia” (ROK), Taiwan e Filipinas. O campo imperialista tem realizado seu plano de “pacificação” a partir da Cúpula da OTAN em Washington em julho de 2024 por meio de exercícios militares multinacionais em larga escala no Pacífico, nos quais participaram os países beligerantes pró-EUA do Pacífico Ocidental juntamente com membros da OTAN. Os EUA e os países beligerantes vassalos têm conformado blocos e alianças militares agressivas e conduzido exercícios militares conjuntos através dessas “alianças”. É profundamente preocupante que a marcha em direção a uma guerra na península coreana possa desencadear uma guerra mais ampla na Ásia Oriental e no Pacífico Ocidental. Os EUA, o Japão e a “República da Coreia” (ROK) concordaram com um “sistema de segurança coletiva” no mesmo modelo da OTAN, realizando exercícios militares conjuntos para avançar em uma “OTAN do Nordeste Asiático”. O regime fantoche de Yoon Suk-yeol na “ROK” conduziu exercícios militares conjuntos com os EUA visando a RPDC ao longo de agosto, culminando em uma repressão fascista até mesmo contra os partidos políticos constitucionalmente reconhecidos no final deste mesmo mês. Os líderes da oposição na “ROK” chegaram a apresentar evidências de que o governo de Yoon está tramando uma guerra local para justificar a declaração de lei marcial e consolidar seu regime antipovo. Enquanto isso, os EUA estabeleceram um comando unificado com as forças japonesas, que estará operacional no início de

¡BOLSONARO NUNCA MÁS! Por nuestros muertos, contra el hambre y la destrucción de los derechos del pueblo

Traduzido pelo Movimiento Rebelión Popular El primer turno de las elecciones, contrariando gran parte de las encuestas, consolidó la avalancha reaccionaria del bolsonarismo en las disputas para los gobiernos estatales, senado, cámara federal y asambleas legislativas. Utilizando la maquinaria pública, el abuso del poder y la corrupción institucionalizada mediante el presupuesto secreto, la extrema derecha y el llamado centro consiguieron elegir la mayoría en el parlamento, abriendo incluso la posibilidad de controlar el poder judicial y el ejecutivo en el próximo período, en caso de que Bolsonaro consiga revertir la derrota con el pequeño margen que sacó Lula en el primer turno para las elecciones presidenciales. En un proceso electoral fuertemente marcado por el rechazo a ambos lados y el voto útil, la alianza entre el bolsonarismo y los partidos de la derecha fisiológica amenazan el futuro de Brasil. El gobierno criminal, genocida y deshumano de Jair Bolsonaro, apoyado por políticos deshonestos, militares fascinerosos, sectores de la burguesía y el agronegocio, es responsable por los peores ataques contra el pueblo brasileño en la historia de nuestro país. Las millares de muertes por COVID 19 a causa del negacionismo y del atraso de las vacunas, la vuelta al mapa del hambre, los niveles récord de desempleo e informalidad, la inflación galopante y el alto costo de vida, el desmantelamiento de programas sociales, el favorecimiento de la destrucción ambiental y los ataques a los servicios públicos como la salud, educación y seguridad social son algunas de las atrocidades contra nuestro pueblo cometidas por un gobierno reaccionario, oscurantista y neoliberal. Esta es una elección atípica donde la mayoría del pueblo pobre y trabajador dio la victoria a Lula en el primer turno, demostrando principalmente la insatisfacción y la repulsa popular contra este gobierno de canallas y estafadores. Por otro lado, además de utilizar la máquina de noticias falsas y comprar votos con dinero público, usar las iglesias evangélicas para promover terror psicológico, hacer una campaña racista contra nordestinos, patrones y gestores ligados al bolsonarismo se han movido en el sentido de dificultar que el pueblo vote por Lula y derrote a Bolsonaro en las urnas. Considerando que en esta coyuntura especial la táctica electoral de las organizaciones revolucionarias y movimientos combativos no pasa por incentivar la abstención, bajo el riesgo de cumplir el papel de línea auxiliar del fascismo bolsonarista. Debemos tener en cuenta que el circo electoral de esta falsa democracia tiene como función principal alternar gobiernos de turno y ajustar los niveles de miseria y explotación de nuestra gente. El proceso electoral para el pueblo trabajador no es sino una elección de cuáles de sus enemigos van a gerenciar el estado capitalista. La clase trabajadora brasileña, desmovilizada por décadas de hegemonía petista y por los gobiernos de conciliación, se encuentra en una situación defensiva. Desorganizado y fragmentado nuestro pueblo batalla diariamente para sobrevivir, pero sin los instrumentos de lucha colectiva y sin capacidad de organización para enfrentar los ataques de los de arriba, pues fue desarmado por las direcciones traidoras de las centrales sindicales y por los dirigentes conciliadores de la izquierda domesticada y electoralista. Un posible segundo mandato de Bolsonaro, sumado a la profundización de la crisis capitalista que despunta internacionalmente, puede sumir en poco tiempo a nuestro país en una situación de completa barbarie, con ampliación del hambre y la miseria, la destrucción de los pocos derechos sociales que nos quedan, el fin de los servicios públicos y las privatizaciones criminales. Por todo eso, la lucha contra el bolsonarismo en el segundo turno debe tomarse de forma objetiva, además de la movilización de base, la organización de autodefensas y de las intervenciones de propaganda; la defensa del voto pragmático en Lula contra Bolsonaro sin que eso signifique comprar las ilusiones colaboracionistas vendidas por el petismo y mucho menos avalar el programa neoliberal del frente amplio formado en torno de la candidatura de Lula. Es preciso barrer el bolsonarismo de vuelta a la cloaca, y más allá del proceso electoral es fundamental avanzar en la organización y la movilización, construyendo un programa popular y revolucionario para luchar por las urgencias de nuestra gente y por la justicia social, apuntando como camino a la construcción de los organismos de poder popular, de los instrumentos de autodefensa popular y de la revolución socialista como nuestro horizonte y única solución. Como nos enseñó Marighella: “por el camino del voto, el pueblo brasileño jamás conseguirá su liberación”. ¡DERROTAR EL BOLSONARISMO! ¡MUERTE AL FASCISMO! ¡ORGANIZAR Y RADICALIZAR LAS LUCHAS DEL PUEBLO! UNICA SOLUCION, REVOLUCION! Movimento de Unidade Popular – MUP Octubre de 2022 – Brasil.

BOLSONARO NUNCA MAIS! Pelos nossos mortos, contra a fome e a destruição dos direitos do povo

O primeiro turno das eleições, contrariando grande parte das pesquisas, consolidou a avalanche reacionária do bolsonarismo nas disputas para os governos estaduais, senado, câmara federal e assembleias legislativas. Utilizando a máquina pública, o abuso de poder e a corrupção institucionalizada através do orçamento secreto, a extrema-direita e o chamado centrão conseguiram eleger a maioria no parlamento, abrindo inclusive a possibilidade de controle do judiciário e do executivo no próximo período, caso Bolsonaro consiga reverter a derrota com pequena margem no primeiro turno para Lula e ganhe as eleições presidenciais. Em um processo eleitoral fortemente marcado pela rejeição aos dois lados e pelo voto útil, a aliança entre o bolsonarismo e os partidos da direita fisiológica ameaçam o futuro do Brasil. O governo criminoso, genocida e desumano de Jair Bolsonaro apoiado por políticos pilantras, militares facínoras e setores da burguesia e do agronegócio é responsável pelos piores ataques contra o povo brasileiro da história do nosso país. As milhares e milhares de mortes por Covid-19 por culpa do negacionismo e do atraso nas vacinas, a volta ao mapa da fome, os níveis recordes de desemprego e informalidade, a inflação galopante e o alto custo de vida, o desmonte de programas sociais, o favorecimento da destruição ambiental e os ataques aos serviços públicos como saúde, educação e previdência são algumas das atrocidades contra nosso povo cometidas por um governo reacionário, obscurantista e neoliberal.              Essa é uma eleição atípica onde a maioria do povo pobre e trabalhador deu a vitória no primeiro turno para Lula, demonstrando principalmente a insatisfação e a repulsa popular contra esse governo de canalhas e picaretas. Por outro lado, além de utilizar a máquina de notícias falsas e comprar votos com dinheiro público, usar igrejas evangélicas para promover terror psicológico, fazer uma campanha racista contra nordestinos, patrões e gestores ligados ao bolsonarismo tem se movimentando no sentido de dificultar que o povo pobre vote em Lula e derrote Bolsonaro nas urnas. Consideramos que nesta conjuntura especial a tática eleitoral das organizações revolucionárias e movimentos combativos não passa por incentivar a abstenção, sob o risco de se cumprir um papel de linha auxiliar do fascismo bolsonarista. Devemos ter em conta que o circo eleitoral dessa falsa democracia tem como função principal alternar governos de turno e ajustar os níveis de miséria e exploração de nossa gente. O processo eleitoral é no fim para o povo pobre e trabalhador uma escolha de quais inimigos irão gerir o Estado capitalista. A classe trabalhadora brasileira, desmobilizada pelas décadas de hegemonia petista e pelos governos de conciliação, encontra-se em uma situação defensiva. Desorganizado e fragmento nosso povo batalha diariamente para sobreviver, mas sem os instrumentos de luta coletiva e sem capacidade de organização para enfrentar os ataques dos de cima, pois foi desarmado pelas direções traidoras das centrais sindicais pelegas e pelos dirigentes conciliadores da esquerda domesticada e eleitoral.  Um possível segundo mandato de Bolsonaro, somado ao aprofundamento da crise capitalista que desponta internacionalmente, pode jogar em pouco tempo nosso país em uma situação de completa barbárie, com a ampliação da fome e da miséria, a destruição dos poucos direitos sociais que nos restam, o fim dos serviços públicos e mais privatizações criminosas. Por tudo isso, a luta contra o bolsonarismo nesse segundo turno deve tomar como forma objetiva, além da mobilização de base, da organização da autodefesa e das intervenções de propaganda, a defesa do voto pragmático em Lula contra Bolsonaro, sem que isso signifique comprar as ilusões colaboracionistas vendidas pelo petismo e muito menos avalizar o programa neoliberal da frente ampla formada em torno da candidatura de Lula. É preciso varrer o bolsonarismo de volta para o esgoto e muito além do processo eleitoral é fundamental avançar na organização e na mobilização, construindo o programa popular e revolucionário para lutar pelas urgências de nossa gente e por justiça social, apontando como caminho a construção dos organismos de poder do povo, dos instrumentos de autodefesa popular e da revolução socialista como nosso horizonte e única solução. Como nos ensinou Marighella: “pelo caminho do voto, o povo brasileiro jamais conseguirá sua libertação”.        DERROTAR O BOLSONARISMO! MORTE AO FASCISMO! ORGANIZAR E RADICALIZAR AS LUTAS DO POVO! ÚNICA SOLUÇÃO, REVOLUÇÃO! Movimento de Unidade Popular – MUP Outubro de 2022, Brasil.

Polarização neoliberal, violência política e circo eleitoral

Não é uma cena difícil de imaginar, pois é cotidiana para a maioria do nosso povo. Um jovem negro é parado por uma viatura da Polícia Militar enquanto retorna caminhando para sua casa. Mesmo exausto de uma jornada diária extenuante, segue um longo caminho para um bairro da periferia onde mora, porque precisa economizar o dinheiro da passagem do transporte público. Dois policiais, com armas em punho, descem do carro e iniciam a abordagem. Um dos policiais xinga e agride violentamente o jovem durante o baculejo, enquanto o outro, menos agressivo, faz perguntas e explica que suas características combinam com a descrição de um suspeito de cometer roubos nas proximidades, não por acaso, também negro. É uma espécie de teatro macabro da morte, onde o “policial mau” e o “policial bom” encenam papéis diferentes, mas complementares, cujo objetivo é o mesmo.         A Polícia Militar é uma máquina de matança e repressão, com corporações dominadas por grupos criminosos e cuja função principal é aterrorizar o povo trabalhador, em especial, o proletariado negro e a maioria marginalizada economicamente. A brutalidade policial é uma forma de opressão contra o povo pobre e trabalhador necessária para a manutenção dos níveis de exploração, desigualdade e miséria. O terrorismo de Estado e o neoliberalismo se complementam. O Estado Policial de hoje, que tem raízes históricas na escravidão, natureza oligárquica e foi moldado pela ditadura militar, é essencial ao capitalismo brasileiro e à dominação burguesa na atual etapa. O projeto neoliberal faz do nosso país um dos mais desiguais do mundo, transformando a vida da maioria de nossa gente em um verdadeiro inferno sobre a terra, sobrevivendo entre a pobreza, a negação de direitos sociais fundamentais, as dívidas, o desemprego ou o trabalho precarizado. O neoliberalismo é a nova escravidão.        A cena do “policial mau” e do “policial bom” representando papéis diferentes e complementares que descrevemos é a metáfora exata de como o neoliberalismo no Brasil sequestrou nossa falsa democracia para manter grande parte do povo brasileiro em uma situação de miséria, forjando dois lados da política nacional supostamente opostos, mas que no fundo servem aos mesmos senhores: os grandes capitalistas, o agronegócio, os banqueiros e o imperialismo. Bolsonaro, como o “policial mau”, que representa um projeto neoliberal conservador, mobilizando a irracionalidade e os piores sentimentos de um setor da população, principalmente da classe média, faz um governo criminoso e genocida apoiado por militares reacionários, hordas fascistas, pastores charlatães e um Congresso Nacional de ladrões e representantes da burguesia, dominado pelo chamado “Centrão”. Mobilizando setores armados através de clubes de tiro e de caçadores de fachada (os CACs), policiais militares em corporações de todo o país, milícias e organizações criminosas, parte dos comandados das Forças Armadas, assim como, caminhoneiros mercenários e um setor da burguesia brasileira, principalmente ligada ao agronegócio, mas ainda também explorando um sentimento antipetista responsável por sua eleição em 2018 e apoiado por uma rede internacional de extrema-direita, que envolve desde o racista Donald Trump até o Estado sionista de Israel, Bolsonaro ameaça uma tentativa de golpe de Estado diante de sua inevitável derrota eleitoral e iminente prisão em 2023. Responsável por grande parte das mortes de brasileiros que poderiam ser evitadas na pandemia de Covid-19 com suas políticas negacionistas e contra as vacinas, as quase 700 mil vítimas em números oficiais podem chegar na verdade ao número macabro de cerca de 2 milhões de mortes no país, segundo as próprias estimativas de subnotificação da Organização Mundial da Saúde (OMS), o governo Bolsonaro também é culpado pelos piores ataques contra a classe trabalhadora brasileira nos últimos tempos, aprofundando o programa neoliberal dos governos anteriores, promovendo diversas privatizações e favorecendo a destruição ambiental, atacando a aposentadoria, os direitos dos trabalhadores, a educação e a saúde pública, destruindo programas sociais e colocando o país novamente na mapa da fome, com o maior nível de desemprego real e informalidade de nossa história, a maior inflação e carestia dos últimos 25 anos, resultando hoje em 33 milhões de brasileiros vivendo na miséria absoluta e sem ter o comer, 125 milhões com algum nível de insegurança alimentar e quase 80% das famílias endividadas, muitas vezes precisando escolher entre pagar o aluguel e as contas ou comprar comida, gás, etc. Bolsonaro manteve as criminosas políticas de Temer com o Preço de Paridade Internacional (PPI) na Petrobras, tirando dinheiro do povo com os aumentos absurdos nos combustíveis para transferir aos acionistas privados, e também o famigerado Teto dos Gastos Públicos para retirar verbas da saúde e da educação. Em conjunto com o covil de ladrões do Congresso Nacional e o gangster Arthur Lira, esse governo legalizou a roubalheira através do “orçamento secreto” e das chamadas “emendas do relator”, e é culpado ainda pelo maior desmatamento na Amazônia e outros biomas brasileiros que em grande medida foram as causas das diversas tragédias ambientais que vivemos nos últimos tempos.  Bolsonaro e sua família de idiotas, os militares facínoras que apoiam seu governo e fizeram do Estado brasileiro uma grande fonte de mamatas, os políticos pilantras que dão suporte aos ataques contra o povo, e os capitalistas que ajudaram a eleger e manter esse governo criminoso, mais do que a cadeia, merecem receber a fúria da justiça popular. São vermes e bandidos, cujo único fim justo deve ser a vingança do povo, cobrando as mortes e os crimes contra os brasileiros e brasileiras pelos quais são responsáveis. Lula, representando por sua vez o “policial bom” do teatro neoliberal, capitaliza boa parte da esperança de mudança do povo brasileiro, em grande parte pela memória positiva da economia em seus dois governos, mas é o velho charlatão neoliberal e negociador de sempre. A frente ampla de Lula e Geraldo Alckmin que reúne partidos da falsa esquerda como PT, PCdoB e PSB, passando pelos setores da esquerda liberal como o PSOL, direções corrompidas das centrais sindicais como CUT e CTB e de movimentos como MST, APIB, MTST e outros, até os partidos de direita e parte do “Centrão”, é apoiada também por grandes capitalistas e

Curso de Formação: Organização Territorial e Poder Comunitário

A organização comunitária e a luta nos territórios têm profundas raízes em nossa história como povo brasileiro. Desde a resistência dos diversos povos indígenas contra a dominação colonial, as lutas do povo negro e a formação dos primeiros quilombos, que foram comunidades rebeldes e livres para resistir à escravidão, passando pelas irmandades, os ateneus e as associações mutualistas, nossa gente vem se organizando a partir dos territórios e locais de moradia para lutar coletivamente, defender os direitos sociais e enfrentar os opressores.         É o sentido de coletividade e solidariedade que nos torna humanos. É a dominação capitalista que divide a espécie humana em opressores e oprimidos, exploradores e explorados, senhores e escravos. A desigualdade provocada pelo capitalismo, que se amplia em países subdesenvolvidos como o Brasil, submete a maioria do nosso povo a condições desumanas, sobrevivendo como pode de forma precária, com o trabalho sem direitos, enfrentando o desemprego, a extrema pobreza e até mesmo a fome. Convivemos todos os dias com a falta de saneamento básico, o transporte público precário, as dificuldades com a saúde pública e a educação de nossas crianças e jovens, além da violência desenfreada em nossas comunidades e o descaso com nossas vidas por parte do Estado, dos governos e dos poderosos. Somos nós, o povo trabalhador, que pagamos pela crise capitalista, com a inflação e a carestia, o desemprego e o trabalho informal. Sofremos em conjunto com a brutalidade neoliberal, o genocídio e a negação de direitos sociais, por isso, nossa resposta enquanto povo precisa ser coletiva e a unidade popular deve ser nosso ponto de partida.  A única saída para conquistar uma vida digna é a luta organizada, através da política comunitária e da organização popular, em oposição à política dos partidos da ordem e dos políticos corruptos desse sistema apodrecido. Nas comunidades pobres e bairros populares, os territórios onde vivemos, encontramos toda a diversidade de nossa gente, o trabalhador, a dona de casa, o desempregado, os jovens, as crianças e os idosos. Nosso povo se constitui na diversidade, somos negros, caboclos, brancos pobres e mestiços, homens e mulheres que formam a classe trabalhadora, lutando todos os dias para sobreviver e sustentar nossas famílias. A solidariedade popular é a chave para enfrentar os poderosos e derrotar esse sistema de opressão e exploração.     A luta comunitária como conhecemos hoje é um fenômeno relativamente recente no Brasil e tem raízes no processo de urbanização desordenada, crescimento das cidades e industrialização dos anos 1950.  As primeiras associações de moradores foram criadas ainda na década de 1940, se expandiram pelo país e tiveram importante atuação até os anos 1960, também sofrendo com a repressão após o golpe de 1964. Nos anos 1970, ainda durante a ditadura militar fascista, o movimento comunitário ganhou novo fôlego com o Movimento Contra Carestia e o protagonismo das mulheres trabalhadoras e dos Clubes de Mães, além da importante atuação das Comunidades Eclesiais de Base, as CEBs. Nos anos 1980 foi fundada a Confederação Nacional das Associações de Moradores e o movimento comunitário exerceu um importante papel, juntamente com os sindicatos, as mobilizações operárias e da juventude, nas lutas que puseram fim ao regime militar. Nos anos 1990 e 2000, as lutas por terra e moradia, também organizadas a partir dos territórios, passaram a ter um maior protagonismo, pautando a reforma agrária e o direto à cidade.     Atualmente, cerca de 85% da população brasileira vive em áreas urbanas, concentrada principalmente em bairros periféricos e favelas das grandes e médias cidades, com diferenças nos níveis de urbanização em cada região do país. A organização territorial nas cidades continua sendo um importante instrumento para avançar nas reivindicações populares e conquistar direitos sociais, mas ao mesmo tempo, enfrenta problemas diversos como a desarticulação enquanto movimento social que organiza a classe trabalhadora a partir dos territórios e a falta de um horizonte programático que relacione as lutas imediatas e os serviços comunitários com a transformação social revolucionária e um projeto de poder do povo. O diálogo permanente e a articulação das lutas entre as comunidades pobres, as organizações da juventude proletária e os estudantes do povo, os sindicatos combativos e os coletivos de trabalhadores, são essenciais para nossa marcha até a emancipação popular. Importantes iniciativas de organização nos territórios também acontecem no campo, com a atuação das associações rurais, organizações camponesas, indígenas e quilombolas. A unidade entre o campo e a cidade é também fundamental para o avanço de nosso processo de libertação e construção de uma nova sociedade baseada na justiça e no socialismo.     O curso de formação política e educação militante “Organização Territorial e Poder Comunitário” é oferecido pela Escola de Formação Mário Alves e uma iniciativa do Movimento de Unidade Popular (MUP), com o apoio do Centro Popular George Américo. Formado por quatros módulos e com duração flexível (entre 2 e 4 encontros), nosso curso tem como objetivo oferecer ferramentas teóricas e práticas para a atuação de militantes de base e lideranças populares nos bairros periféricos, favelas, ocupações de luta por moradia, associações e núcleos comunitários. O curso de caráter intensivo contempla todos os elementos fundamentais que envolvem a dimensão político-social do trabalho comunitário-territorial a partir de 4 eixos básicos: métodos de organização interna, relações intracomunitárias e atores externos; finanças, gestão de recursos e questões jurídicas/institucionais; comunicação popular, agitprop e formação política; mobilização de base, serviços comunitários e autodefesa popular. O primeiro módulo do curso é iniciado com uma apresentação dos participantes e dos materiais de formação, além de uma introdução geral, histórica e político-teórica do tema, seguido do levantamento dos elementos da realidade local e da formação social do território. O segundo módulo segue com a conclusão sobre a realidade local, trabalhando dados político-econômicos, relações sociorraciais, contradições e atores sociais, geografia e outros elementos, passando à construção de propostas comunitárias temáticas a partir das demandas levantadas, que podem envolver questões como a educação comunitária e a cultura, o associativismo e a economia popular, a saúde pública, a luta contra a brutalidade policial e o genocídio negro, a comunicação popular, organização de

A agonia do imperialismo: nota sobre o conflito militar entre a Federação Russa e a OTAN/EUA

A operação militar russa na Ucrânia tomou conta dos noticiários e debates nas últimas semanas. Toda a grande mídia capitalista repete insistentemente a propaganda de guerra dos Estados Unidos e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) em uma avalanche de desinformação e mentiras contra a Rússia, ao mesmo tempo em que tenta promover o presidente-comediante Volodymyr Zelensky e os bandos neonazistas ucranianos à condição de heróis. Uma onda russofóbica, acompanhada pela demonização da figura de Vladimir Putin e censura às mídias russas, se espalha pelo ocidente e o conflito militar pode tomar grandes proporções na Europa, incluindo a utilização de armas nucleares em caso de envolvimento direto da OTAN. O tema de fato é importante, pois as sanções impostas pelos EUA e pela União Europeia contra a Federação Russa devem aprofundar a crise capitalista global, e consequentemente, afetar o cotidiano das classes trabalhadoras por todo o mundo. No Brasil, as péssimas condições de vida da maioria do povo que foram ampliadas com os efeitos da pandemia, da crise ambiental e da gestão genocida e neoliberal do miliciano Jair Bolsonaro, devem ser agravadas com uma nova alta nos preços dos itens básicos e dos combustíveis, com o aumento da inflação e do custo de vida. O governo neofascista de Bolsonaro, que adotou uma posição dúbia em relação ao conflito, em conjunto com o Congresso Nacional de ladrões tem utilizado o tema da escassez de fertilizantes vindos da Rússia e de Belarus para avançar no projeto que libera a mineração em territórios indígenas, atacando os povos originários. Essa situação para a qual a Rússia foi empurrada pela OTAN/EUA, após diversas advertências e tentativas frustradas de negociações diplomáticas, tem como interesse escuso ampliar a guerra econômica contra o país, com a Ucrânia sendo usada como palco para o conflito. Na operação militar russa, que possui um caráter defensivo após a OTAN e o governo ucraniano iniciarem a preparação de uma operação para invadir e retomar o Donbass e cujo objetivo anunciado e concreto é “desnazificar e desmilitarizar” o regime de Kiev, se joga o fim da hegemonia absoluta dos EUA sobre o mundo e uma nova ordem multipolar. A vitória russa sobre a OTAN e os neonazistas armados por ela, que mataram milhares de civis ao longo desses últimos oito anos na região do Donbass, é fundamental para todos os povos. Nenhuma nação poderá ser plenamente soberana, e muito menos, qualquer revolução socialista verdadeira poderá avançar, enquanto o imperialismo norte-americano, principal inimigo da humanidade, for a polícia do mundo. Por isso, mesmo considerando todas as contradições que envolvem o conflito e o próprio caráter conservador em muitos aspectos do nacionalismo grão-russo de Vladimir Putin, a defesa intransigente da derrota da OTAN e do regime nazi-fascista ucraniano, assim como, o triunfo das repúblicas populares de Donetsk e Lugansk, é a única posição coerente e anti-imperialista que deve adotar o campo socialista e revolucionário. A Ucrânia é uma nação que vive décadas de uma profunda divisão interna. O país que integrou a antiga União Soviética até sua dissolução em 1991, é fortemente polarizado entre sua parte ocidental, que reivindica um pertencimento a Europa, e todo o seu leste, que possui uma importante identidade político-cultural com a Rússia. Em 2014, violentos protestos contra o presidente eleito pela maioria pró-russa, que ficaram conhecidos como Euromaidan, derrubaram o governo de Viktor Yanukovych e um golpe de Estado de caráter fascista se consolidou com o novo governo do bilionário Petro Poroshenko. A população do leste passou a ser fortemente reprimida e o Massacre de Odessa, quando 42 antifascistas foram queimados vivos na Casa dos Sindicatos se tornou um símbolo dessa brutalidade nazi-fascista. Em referendo, a região semiautônoma da Crimeia decidiu se desmembrar da Ucrânia e retornar à Federação Russa. As organizações comunistas foram colocadas na ilegalidade, enquanto as forças armadas ucranianas, tendo à sua frente batalhões neonazistas e milícias banderistas (ideologia que faz referência a Stepan Bandera, um colaborador de Hitler na Segunda Guerra que chefiou a Organização dos Nacionalistas Ucranianos), passaram a atacar a população civil identificada com a Rússia por todo o país. Entre estes setores, que consideram os povos eslavos como uma sub-raça que deve ser dizimada, se destacaram os batalhões neonazistas de Azov e Aidar, a milícia supremacista Centúria, a confederação de organizações nazi-fascistas Pravy Sektor e o partido nazista Svoboda. O governo de Volodymyr Zelensky, que assumiu em 2019, seguiu ampliando esses ataques e desrespeitando o Tratado de Minsk, incorporando os setores neonazistas ao Estado e aumentando a presença da OTAN/EUA, além de proibir a língua russa no país. A OTAN, que insuflou e apoiou a “revolução colorida” de 2014 no país, após o golpe de Estado passou também a treinar e armar a extrema-direita ucraniana, implantando inclusive laboratórios para produção de armas biológicas, enquanto parte do povo do leste, muito identificado com o passado soviético, nessa região conhecida como Donbass, se levantou contra o governo fascista e os bandos neonazistas. Com a destacada participação dos sindicatos de trabalhadores e das organizações de esquerda foram fundadas as repúblicas populares de Donetsk e Lugansk, contando com o apoio russo e para onde confluíram também brigadas internacionais antifascistas. Essa região do leste da Ucrânia foi historicamente, durante a grande revolução socialista e a guerra civil russa (1917-22), o território livre autogovernado por operários e camponeses que ficou conhecido como Makhnovtchina, por conta do líder do Exército Revolucionário Insurgente que venceu a contrarrevolução, o camponês anarquista Nestor Makhno. A Rússia é atualmente um país cuja economia é baseada na exportação de commodities, principalmente de petróleo e gás natural para a Europa, mas que possui suas áreas estratégicas nacionalizadas e uma importante capacidade militar, em grande parte herdada da URSS. Com o fim do governo vassalo ao imperialismo de Boris Iéltsin, que sucedeu o desastroso colapso da União Soviética, a ascensão do nacionalismo grão-russo de Putin e o início da recuperação econômica do país a partir dos anos 2000, tiveram início as hostilidades entre a Federação Russa e os EUA. A OTAN, organização fundada após

O internacionalismo deve ser prioridade: o exemplo guevarista para a esquerda revolucionária

Por J. Nascimento, na coluna Debate MUP* Hoje existem várias iniciativas de articulação internacional mantidas pela esquerda revolucionária e anti-imperialista no mundo, algumas mais orgânicas e outras puramente voluntaristas. Das mais orgânicas podemos citar a Liga Internacional de Luta dos Povos (ILPS) e o Movimento Comunista Internacional como iniciativas de partidos maoístas, algumas das muitas frações trotskistas que reivindicam a continuidade da Quarta Internacional, a Confederação Internacional do Trabalho (CIT/ICL), uma articulação de organizações sindicalistas revolucionárias e anarcossindicalistas, ou mesmo, articulações do campo reformista ou apenas sindical, como é o caso do Encontro Internacional de Partidos Comunistas e Operários (IMCWP), da Federação Sindical Mundial (WFTU), da Via Campesina e da Coordenação Latino Americana de Organizações do Campo (CLOC). As de caráter voluntarista se traduzem principalmente em campanhas pontuais ou comitês como os que existem em solidariedade a Rojava e ao povo curdo, a causa palestina e contra o Estado de Israel ou ao Exército Zapatista de Libertação Nacional (EZLN) e o Congresso Nacional Indígena (CNI), por exemplo. Apesar de todas estas iniciativas serem importantes, é notável a falta de capacidade para gerar alguma resposta política conjunta neste período de crise pandêmica, social e política. A atual crise mostra que é preciso resgatar a solidariedade ativa e o internacionalismo proletário para o campo da ação política, pois somente os fóruns de discussão ou as notas públicas não dão conta dos desafios da atual fase da luta de classes. Especialmente no Brasil, iniciativas de articulação internacional parecem ignorar a necessidade de construção de elos mais sólidos com nossos vizinhos. Os mesmos setores que fazem campanhas e vibram com a resistência armada no distante Curdistão, com maoístas na Índia e nas Filipinas, ou mesmo fazem uma espécie de “adesão poética” aos zapatistas no México, ignoram os homens e mulheres em armas que combatem em nas selvas e zonas rurais sul-americanas, principalmente na Colômbia com o Exército de Libertação Nacional (ELN), no Paraguai com o Exército do Povo Paraguaio (EPP) e, em menor escala, com a insurgência mapuche mantida pela Coordinadora Arauco-Malleco (CAM) no Chile. O interesse pelas lutas em outros países parece ser orientado de acordo com os vínculos ideológicos, a repercussão midiática e o fetiche pequeno-burguês com as “minorias”, por vezes benevolente e quase sempre descompromissado, ou seja, critérios nem um pouco objetivos. Nos dias 11, 12 e 13 de fevereiro foi realizado o XIII Encontro Guevarista Internacional em Montevidéu, Uruguai. O encontro contou com representações de países da América do Sul em um momento oportuno, pois a desorientação política impera nos meios de esquerda, o oportunismo reformista e o progressismo neoliberal ganham mais fôlego a cada dia. O encontro teve como objetivo o alinhamento político da militância revolucionária espalhada pelo nosso continente para combater as burguesias nacionais, o avanço imperialista e a conciliação dentro dos movimentos da classe trabalhadora. Este espaço de unidade e troca de experiências entre diferentes organizações revolucionárias, além de ser extremamente necessário neste período de avanço do conservadorismo e do oportunismo de esquerda, também cumpre o papel de manter vivo o legado do internacionalismo latino-americano, que foi fundamental para resistência contra as ditaduras militares à serviço de Washington nas décadas de 1960/70 e nas lutas anticoloniais pelo mundo, por isso, todos devemos nos espelhar e saudar esse importante encontro. Experiências impulsionadas pelos ventos da Revolução Cubana e do guevarismo como a OSPAAAL (Organização de Solidariedade com os Povos da Ásia, África e América Latina), a Organização Latino-Americana de Solidariedade (OLAS), e depois, a Junta de Coordenação Revolucionária (JCR), devem servir para inspirar novas redes internacionais de solidariedade na América Latina e o apoio ativo às lutas insurgentes de nossos povos. Um encontro como esse num momento de crise global, onde na maior parte do mundo os trabalhadores encontram-se esmagados pelo capital, mesmo pequeno, aponta a articulação internacional entre a esquerda revolucionária como uma das saídas para a atual impotência política. Mas também serve de estímulo para os revolucionários brasileiros entenderem de uma vez por todas que se tratando de América do Sul, o Brasil é um país determinante no que diz respeito à economia, política e poder militar, sendo assim a relação internacional com nossos vizinhos deve ser uma prioridade estratégica e não uma questão de simpatia ideológica ou uma simples manifestação de solidariedade. O slogan “trabalhadores do mundo, uni-vos!” imortalizado pela Associação Internacional dos Trabalhadores (AIT), significou muito mais do que um princípio ou ideologia reivindicada pelos trabalhadores do mundo em luta contra o capital, foi uma necessidade de resposta à aliança internacional da burguesia, seus Estados e aparelhos ideológicos. Contudo, mais do que uma necessidade, representava estratégias revolucionárias distintas dentro do movimento proletário internacional. Para os discípulos de Marx os países mais desenvolvidos ocupavam papel central na estratégia de conquista poder, por esses países concentrarem maior contingente do proletariado industrial e em tese possuírem um maior grau de consciência de classe. Já para os partidários de Mikhail Bakunin, os países periféricos eram o foco da estratégia, pois a exploração nas margens do capitalismo era a base de sustentação dos países centrais e os trabalhadores estariam, em tese, menos domesticados pela institucionalidade burguesa. O fato é que independente da melhor estratégia ou dos objetivos finais distintos, ambas as escolas socialistas tinham como horizonte revolucionário a destruição do poder estatal-burguês, além de contribuírem para a expansão das ideias socialistas pelo globo. Um exemplo disso é que graças a estratégia bakuninista de construção da periferia para o centro, assimilada por diferentes correntes anarquistas, o sindicalismo combativo se expandiu para além da Europa e da América do Norte, constituindo as raízes de praticamente todo movimento operário latino-americano. Com o declínio da União Soviética e a cristalização da hegemonia do reformismo na esquerda, houve o abandono progressivo das perspectivas de tomada de poder. Se na Primeira Internacional as divergências estratégicas sobre o internacionalismo residiam em diferenças de base teórica, pois mesmo Marx e Engels apontando como útil a disputa eleitoral, tal tática era subordinada ao objetivo de organizar as massas para uma ruptura violenta, algo que pode ser constatado

Abaixo o circo eleitoral dos inimigos do povo!

O circo eleitoral foi armado com antecipação. São quase diárias as pesquisas e notícias sobre os candidatos e os partidos da ordem burguesa na grande mídia. Essa espécie de “teatro dos vampiros” acontece em meio a maior tragédia humanitária e crise social vivida pelo povo brasileiro. O governo genocida de Jair Bolsonaro é responsável por milhares e milhares de mortes. O desemprego e a precarização fazem avançar cada vez mais a miséria e a pobreza. A inflação e o alto custo de vida endividam a maioria das famílias e milhões estão em situação de fome. Bolsonaro, com suas asneiras e mentiras diárias, é um facínora que deve pagar por seus crimes. Seu governo assassino precisa ser derrubado com a força das ruas, barricadas e molotovs. Lula, o charlatão de sempre, canaliza a esperança de uma oposição covarde, domesticada e cúmplice desse governo genocida. Enquanto o PT e os partidos da falsa esquerda apoiam descaradamente diversas medidas do governo no Congresso, sabotam as lutas populares e o enfrentamento contra o governo por interesses eleitorais e oportunistas. É precisa romper com as ilusões nessa falsa esquerda, que é apenas parte do teatro neoliberal para enganar o povo e provou diversas vezes sua demagogia governando para os ricos. O governo reacionário de Rui Costa na Bahia é mais uma prova de que o PT é apenas um partido de direita. A descarada burguesia brasileira agora tenta emplacar Sergio Moro na chamada “terceira via”. O juiz ladrão e despreparado é uma tentativa desesperada de um candidato puro-sangue dos ricos, com ligações diretas com o imperialismo dos EUA. Bolsonaro, Moro e Lula são três cabeças da mesma besta: a agenda neoliberal que impõem a miséria e a exploração para milhões de brasileiros, enquanto retira direitos do povo e enriquece ainda mais banqueiros, latifundiários e multinacionais. Apenas a organização do povo nas comunidades pobres, a luta radical dos trabalhadores e da juventude pode mudar esse país e libertar nossa gente. As eleições dessa falsa democracia, filha da ditadura e neta de escravidão, servem apenas para ludibriar e perpetuar a desgraça de nosso povo. FOGO NO CIRCO ELEITORAL!REBELIÃO CONTRA A NOVA ESCRAVIDÃO!  Movimento de Unidade Popular – MUP Contatos com o MUP podem ser feitos através do e-mail: movimentounidadepopular@protonmail.com ou redes sociais @movimentounidadepopular

Manifesto da Campanha Justiça para Pedro Henrique

3 ANOS DE IMPUNIDADE, EXIGIMOS PUNIÇÃO PARA OS ASSASSINOS! Na madrugada do dia 27 de dezembro de 2018, três homens encapuzados invadiram a casa de Pedro Henrique Santos Cruz Souza enquanto ele dormia no bairro Nova Esperança, na cidade de Tucano, interior da Bahia, se identificaram como policiais militares, lhe deram voz de prisão e o executaram sumariamente com 8 tiros de pistola, 2 tiros atingiram o rosto de Pedro enquanto estava com as mãos na cabeça e outros 6 quando já estava caído em um colchão. Após o assassinato covarde roubaram seu celular e em seguida fugiram em um veículo prata. Pedro Henrique, morto com 31 anos, foi um ativista de direitos humanos que organizava desde 2013, em Tucano (BA), a Caminhada da Paz. Após sofrer diversas ameaças e registrar denúncias na Delegacia de Tucano e no Ministério Público do Estado da Bahia (MP-BA) sobre abordagens violentas feitas pelos policiais militares Alex Andrade Sidnei Santana, Bruno Montino e Edvando Cerqueira, Pedro foi covardemente executado em um crime premeditado, um assassinato político cometido por agentes do Estado. A Caminhada da Paz, organizada por Pedro em Tucano, sempre teve como objetivo denunciar as ações violentas e criminosas da PM na cidade baiana, como a “Chacina de Tucano”, quando 5 jovens da periferia foram arrancados de suas casas, torturados e assassinados por policiais em junho de 2015. Após a realização da VI Caminhada da Paz, última organizada por Pedro, em maio de 2018, quando PMs tentaram aterrorizar e amedrontar manifestantes pacíficos, as abordagens violentas aumentaram. Em outubro de 2018, Pedro teve sua casa invadida por policiais e guardas municipais, sendo conduzido, preso por cultivar alguns pés de maconha no seu quintal para consumo próprio e liberado da falsa acusação de tráfico de drogas logo em seguida. Foi após esse episódio de repressão contra a Caminhada da Paz e posterior invasão ilegal da casa de Pedro, que as ameaças dos policiais militares aumentaram, até que cumprindo essas ameaças, Pedro Henrique seria brutalmente assassinado em 27 de dezembro de 2018. Os assassinos foram reconhecidos pela testemunha ocular do crime, a companheira de Pedro que dormia com ele no local, um inquérito policial foi aberto e concluído, cabendo ao Ministério Público do Estado da Bahia oferecer denúncia contra os assassinos, mas o MP-BA segue novamente se omitindo e retardando o processo por meses e meses. Apenas no segundo semestre de 2021 foi criado o Grupo de Operação Especial e Operacional de Segurança Pública (GEOSP) para atuar junto ao Ministério Público nas investigações. Os policiais militares Bruno de Cerqueira Montino, Sidnei Santana Costa e José Carlos Dias dos Santos, que atuam 2ª Companhia da PM-BA de Tucano e no 5º Batalhão da PM-BA de Euclides da Cunha, foram reconhecidos, apontados pela testemunha e indiciados como assassinos de Pedro, mas mesmo assim, não foram nem mesmo afastados da corporação e seguem atuando impunemente na Polícia Militar da Bahia. Pedro Henrique é uma vítima do Terrorismo de Estado. Sua morte foi um assassinato político cometido por agentes do Estado. O governador da Bahia, Rui Costa (PT), é cúmplice e conivente com a brutalidade policial, a violência estatal e o genocídio que atinge principalmente jovens homens negros e pobres na Bahia. A Polícia Militar da Bahia é responsável por milhares de assassinatos extrajudiciais todos os anos, figurando entre as corporações que mais matam jovens pobres no país. Os grupos de extermínio atuam sob o silêncio e a cumplicidade das autoridades e a própria lógica genocida de atuação da PM-BA é de inteira responsabilidade da Secretaria de Segurança Pública (SSP-BA) e do governo do Estado da Bahia.            Os policiais envolvidos no assassinato de Pedro Henrique, após as denúncias do caso também passaram a tentar intimidar a professora Ana Maria Cruz, mãe de Pedro, que além de ameaçada, foi processada e acusada de injúria e difamação. A Campanha Justiça para Pedro Henrique, formada por familiares e amigos de Pedro, entidades de direitos humanos e organizações negras e populares da Bahia e do Brasil exige do Governo da Bahia, da Secretaria de Segurança Pública, do judiciário e do Ministério Público do Estado da Bahia o posicionamento público e o imediato afastamento da PM-BA dos policiais miliares Bruno de Cerqueira Montino, Sidnei Santana Costa e José Carlos Dias dos Santos, assim como, a prisão preventiva, o julgamento e a punição devida e exemplar dos assassinos de Pedro. Nessa data que marca os 3 anos do assassinato de Pedro e a memória de um mártir e jovem lutador do povo assassinado covardemente, convocamos todos e todas para se somarem à nossa mobilização, pois é preciso dar um basta na impunidade e exigir a punição imediata dos assassinos. PEDRO HENRIQUE VIVE E LUTA!PUNIÇÃO PARA OS ASSASSINOS!ABAIXO O TERRORISMO DE ESTADO E O GENOCÍDIO! 27 de dezembro de 2021, Bahia, Brasil. CAMPANHA JUSTIÇA PARA PEDRO HENRIQUE Familiares e Amigos de Pedro Henrique; Alternativa Popular; Casa da Resistência; Centro Popular George Américo; Coletivo Carranca – FOB; Coletivo Negro Minervino de Oliveira – PCB; Contrapoder; Cooperativa Ujamaa; Editora Grito do Povo; Editorial Adandé; Federação das Organizações Sindicalistas Revolucionárias do Brasil – FOB; Frente Estadual pelo Desencarceramento na Bahia; Mandato da Resistência Dep. Estadual Hilton Coelho (PSOL-BA); Mídia1508; Mídia Independente Coletiva – MIC; Movimento de Unidade Popular – MUP.

Convocatória de construção do Movimento de Unidade Popular

São tempos difíceis para o nosso povo. Vivemos uma situação de massacre permanente, avanço da miséria, desemprego, precarização, fome e carestia da vida. As políticas de morte e a guerra biológica dos governos e patrões contra o povo pobre a classe trabalhadora brasileira continuam produzindo milhares e milhares de mortes subnotificadas todos os dias por Covid-19. A intenção genocida do governo corrupto, fascista e neoliberal de Bolsonaro, tutelado pelos militares, e a ganância assassina dos ricos fazem avançar a passos largos a fome, o desemprego atinge os maiores níveis da história e o auxílio emergencial miserável é um escárnio, enquanto a inflação explode e o aumento do custo de vida é vertiginoso. O governo reacionário de Bolsonaro e dos militares, assim como, o Congresso Nacional de corruptos e os governos estaduais também a serviço do programa neoliberal, dos latifundiários e dos capitalistas, avançam em privatizações criminosas, ataques aos serviços públicos, destruição ambiental, despejos desumanos, encarceramento em massa, violência contra o povo negro, camponeses pobres e povos indígenas. Diante desse cenário catastrófico, da escalada do Estado policial e das falsas soluções para dar continuidade à barbárie neoliberal, nossa resposta deve e precisa ser a luta popular revolucionária e a organização pela base. Para reverter esse quadro devastador podemos contar apenas com nossas próprias forças. A organização independente e autônoma do povo pobre, da classe trabalhadora e da juventude combativa, a radicalização das lutas, a solidariedade e a unidade popular para vencer esse sistema de exploração e miséria, devem ser conjugadas com a construção de um programa revolucionário que relacione os objetivos concretos com uma estratégia socialista baseada na construção de instrumentos de poder do povo, por fora e contra o Estado burguês, e na transformação desse massacre sobre nossa gente em uma guerra popular, onde de um lado esteja a burguesia, o latifúndio, os partidos da ordem, os ricos, seu Estado e aparato burocrático-militar, e do outro, o povo organizado e em revolta, construindo as estruturas de gestão coletiva e comunitária, e por isso, iniciamos a construção do Movimento de Unidade Popular, o MUP, afirmando a plenos pulmões, e mais do que nunca, que a revolução é a única solução. O MUP é uma organização do povo em luta baseada na ação direta, na autogestão e autodefesa popular. Um movimento popular combativo e revolucionário para organizar a partir dos territórios, do trabalho comunitário e da economia popular, das ocupações e acampamentos, dos locais de trabalho e de estudo, dos comitês e núcleos de base nos bairros pobres e favelas, da cultura e da educação popular nas áreas urbanas e rurais, o povo pobre e trabalhador para as lutas de libertação e a revolução social, mantendo viva a longa tradição de resistência e rebeldia do povo brasileiro e da maioria afro-indígena. O Movimento de Unidade Popular tem como objetivo central organizar as lutas imediatas em defesa da vida e dos direitos de nossa gente, construindo a partir da auto-organização, dos programas comunitários de sobrevivência e das instâncias de poder proletário o caminho para a guerra revolucionária de libertação popular contra o Estado capitalista e os inimigos do povo. Orientado por uma estratégia revolucionária e socialista, somos um movimento anti-imperialista, internacionalista e anticapitalista que se organiza a partir das demandas e necessidades reais do nosso povo, alicerçado em núcleos de base, agrupações combativas e frentes de luta que se coordenam e que existem, fundamentalmente, para impulsionar a ação coletiva, articulando as lutas por moradia, trabalho, saúde, educação, terra e transporte, contra o genocídio do povo negro e pobre, a brutalidade policial e o terrorismo de Estado, o fascismo e a violência reacionária contra as mulheres do povo e as dissidências sexuais em um programa popular e revolucionário para destruir através de um processo insurrecional o poder burguês e o sistema de miséria, fome, exploração e repressão do capitalismo brasileiro, que deve ser substituído por novo um novo modelo de organização social baseado na justiça, na autogestão social e econômica e no poder do povo, ou seja, pela sociedade socialista, que entendemos e reivindicamos como definido de forma precisa pelo revolucionário e pantera negra Fred Hampton, quando disse que “o socialismo é o povo, se você tem medo do socialismo, tem medo de si mesmo”. Com a grande maioria da classe trabalhadora brasileira na informalidade, a permanência da crise capitalista e o aprofundamento dos níveis de exploração e exclusão, somados às péssimas condições de vida agravadas pela pandemia de Covid-19 e a política genocida e neoliberal do governo Bolsonaro, acreditamos que a chave para avançar na organização do nosso povo é a autogestão comunitária, fomentada a partir dos nossos territórios e das iniciativas de economia popular, ou seja, nossos núcleos de base coordenados em uma frente territorial devem impulsionar programas comunitários a partir do apoio mútuo e da solidariedade nos bairros pobres, favelas e comunidades da cidade e do campo para a formação cooperativas de trabalho autogestionárias, assim como, avançar em programas de soberania alimentar, cultura, educação popular e comunicação comunitária com base nas demandas e urgências de nossa gente, articulando o trabalho militante permanente com as lutas por direitos fundamentais através da ação direta e dos métodos combativos, com a preparação da autodefesa e um horizonte de libertação e controle popular dos nossos territórios. O MUP deve atuar, também, na organização a partir dos locais de estudo e trabalho. Impulsionando os Núcleos de Estudantes do Povo, os NEP, que são organismos de base e podem ser formados por estudantes pobres e pela juventude combativa nas escolas, institutos e universidades, conformando a frente de juventude e voltados principalmente para a formação de militantes para a luta popular revolucionária, atuando por fora da lógica pequeno-burguesa e burocrática do movimento estudantil convencional, aprofundando a linha política de servir ao povo e organizando a juventude como a tropa de choque da revolução, defendo também a educação pública como direito fundamental dos estudantes pobres, ao mesmo tempo, dando combate permanente ao liberalismo, as disputas estéreis e a degeneração pós-moderna que dominam o movimento estudantil brasileiro, construindo conhecimento