29 de Maio: Retomar as ruas para derrotar o governo genocida de Bolsonaro e Mourão

É preciso derrotar o governo fascista de Bolsonaro e Mourão e parar o projeto genocida que avança contra o povo pobre e trabalhador brasileiro. Só a mobilização nas ruas e a luta do povo organizado pode mudar nossa situação de miséria, fome, desemprego, precarização do trabalho e as milhares de mortes diárias por falta de medidas sanitárias e sociais. Com 450 mil mortes por Covid-19, segundo os dados oficiais, mas com nossa tragédia real podendo passar de 1 milhão de mortes, o governo negacionista de Bolsonaro a serviço dos ricos e de uma burguesia doentia é o grande responsável pelas centenas de milhares de mortes. Apenas nossa luta coletiva e radical pode vingar as mortes de nosso povo e derrotar esse governo criminoso com mobilizações nas ruas, paralisações, greves e barricadas para avançar até a Greve Geral e à rebelião popular. Precisamos pôr fim ao governo militar e genocida de Bolsonaro e organizar a luta também contra os patrões, o Congresso Nacional corrupto, os governos estaduais e as prefeituras. Exigir vacinação imediata para o povo, renda básica digna para não morrer de fome e medidas sanitárias para não morrer de Covid-19, assim como, o fim dos massacres do povo negro e favelado, dos despejos desumanos e da violência contra camponeses pobres e os povos indígenas. Nesse dia 29 de maio participe do Dia Nacional de Luta, mobilize sua comunidade, colegas de trabalho, escola ou faculdade. Nossa reposta precisa ser a revolta e a luta organizada, combativa e radicalizada nas ruas. Participe da construção da Campanha Nacional pela Greve Geral e dos comitês para a mobilização de base em sua cidade para organizar a ação coletiva e defender a vida de nosso povo. CONSTRUIR A GREVE GERAL E ORGANIZAR A REBELIÃO!ABAIXO O GOVERNO GENOCIDA DE BOLSONARO E MOURÃO!

Colômbia: parar o massacre com a Revolução Social

A Greve Geral iniciada em 28 de abril que tomou contornos insurrecionais na Colômbia vai chegando há uma semana ininterrupta, com as ruas tomadas pela revolta do povo em luta em diversas cidades e departamentos do país. O Paro Nacional convocado pelas organizações sindicais, populares, estudantis e indígenas derrotou a reforma tributária anti-povo e o governo narcoterrorista do uribista Iván Duque respondeu às mobilizações radicalizadas com uma brutal repressão. Foram até o momento diversos massacres, com cenas bárbaras de manifestantes sendo fuzilados nas ruas, além de um decreto para a militarização das cidades. A polícia nacional e o ESMAD (Esquadrão Móvel Anti-Motim) assassinaram, segundo as informações mais atualizadas, pelo menos 35 pessoas e prenderam mais de 400 lutadores do povo, além de registros de estupros e ferimentos graves de centenas de manifestantes pela repressão. A resistência heroica do povo colombiano segue nas ruas, com a continuidade da Greve Geral e a unidade popular das organizações de trabalhadores, indígenas e afro-colombianas para derrotar o governo fascista de Iván Duque. O protagonismo e a coragem da juventude combativa no enfrentamento à repressão e a autodefesa popular são importantes elementos das mobilizações. A convergência entra as mobilizações radicalizadas, a Greve Geral e os movimentos insurgentes que atuam no país é agora fundamental e podem fazer a luta do povo colombiano avançar até a derrubada do governo uribista e o início de um processo revolucionário com tomada do poder pelo povo em luta. VIVA A GREVE GERAL INSURGENTE!ABAIXO O GOVERNO NARCOTERRORISTA DE IVÁN DUQUE!MORTE AO URIBISMO!PARAR O MASSACRE COM A REVOLUÇÃO SOCIAL!

12 anos Construindo Resistência

Nesse dia 29 de abril nosso centro de cultura e luta, comunitário e autogestionário completa 12 anos de existência e resistência, desde que tomamos e recuperamos um imóvel no centro de Feira de Santana. Transformado em espaço de formação permanente, com atividades culturais e organização de lutas populares, a Casa da Resistência é um exemplo de autonomia, independência de classe e autogestão, impulsionando as lutas e a auto-organização do povo pobre e trabalhador, construindo caminhos de libertação e um projeto revolucionária, socialista e anticolonial. Abaixo um trecho do Comunicado nº 01 do Comitê de Solidariedade Popular – Feira de Santana, impulsionado pela Casa da Resistência – FOB, que representa a síntese do nosso projeto revolucionário, programa e processo de construção: “Os monstros que nascem entre o claro e o escuro precisam ser derrotados pelo povo, e a transformação social revolucionária é ao mesmo tempo uma tarefa de reorganizar a sociedade para sua gestão popular e um processo de acumulação forças onde se constrói, a partir da auto-organização popular, o caminho da libertação proletária até o socialismo. A radicalização da luta popular e a superação da domesticação imposta pela hegemonia da esquerda da ordem é o caminho que se impõem diante das formas que o Estado-nação deve assumir, como dissemos, um Estado Policial pleno baseado na repressão brutal e controle sobre o povo. A esquerda pequeno-burguesa, institucional e oportunista será varrida pela luta de classes em seu estado mais latente e um modelo popular e revolucionário, que parte da auto-organização popular, da formação de um poder constituinte do povo e da organização político–militar revolucionária, precisa ser iniciado ainda dentro dessa crise, sendo essa também a única forma de fazer o poder estatal-capitalista recuar de uma saída militar-burguesa. Nesse sentido as sementes lançadas agora, através dos Comitês de Solidariedade Popular e das Brigadas de Autodefesa, devem germinar em termos organizacionais em Conselhos Revolucionários do Povo, como organismos de poder e gestão local, e no Congresso Revolucionário do Povo, com instâncias estaduais, regionais e nacional, e em termos político–militares as Brigadas de Autodefesa devem desaguar em um Organismo de Justiça Popular e na constituição de um Exército Popular Revolucionário, como força regular beligerante do povo. Esses organismos em primeiro momento convivem em contradição e se colocam em oposição ao poder constituído, formando uma situação de poder dual na sociedade, organizam a insurreição popular e conduzem a guerra revolucionária, para assumirem como poder constituído a partir da vitória do povo sobre o poder estatal-capitalista, fazendo a história virar a esquina para o encontro com nossa emancipação e esmagando o destino de fome, miséria e repressão que nos querem impor, dando início ao processo de transição socialista e autogestionário. Os Conselhos Revolucionários do Povo são conselhos populares locais, sendo instâncias coletivas de poder local, substituindo as prefeituras e câmaras de vereadores, organizando os serviços públicos como saúde, educação, segurança, infraestrutura, obras públicas e a produção em um município ou microrregião. Os conselhos devem ser compostos por delegados/as do povo, eleitos/as com mandatos revogáveis e prazos determinados, a partir de um determinado território ou ramo de trabalhadores/as, organizados a partir de comissões temáticas e assembleias populares. O Congresso Revolucionário do Povo é a instância máxima de decisão e gestão, substituindo o poder executivo e legislativo do Estado burguês, reunindo delegados/as de base dos conselhos locais em instâncias estaduais e nacional, organizando a planificação econômica a partir das cooperativas e associações de trabalhadores/as, as relações internas e externas, delegando cargos executivos e comissões com mandatos imperativos e revogáveis para cada tema específico ou demanda de organização do país. O Organismo de Justiça Popular dividido em instâncias desde locais até nacional substitui o poder judiciário burguês, organizando as decisões e medidas desde as mais básicas em tribunais populares de mediação até as formas de expropriação, repressão e reeducação de setores contrarrevolucionários, garantindo para todos os direitos fundamentais nos procedimentos, mas como uma justiça de classe que tem por fundamento mediar as questões pertinentes ao povo, organizar a repressão à burguesia, aos inimigos do povo e os elementos antissocialistas. Por fim, as forças de autodefesa que as organizações populares devem construir desde já como brigadas de autodefesa, guardas populares, negras, indígenas e de mulheres devem confluir para a formação regular de um Exército Popular Revolucionário, responsável por substituir as forças de repressão do Estado burguês e proteger o território, após conduzir a guerra popular até a vitória sobre a tirania burguesa e sua civilização decadente.”

Manifesto Unificado do 1º de maio: Construir a Greve Geral

O governo de Bolsonaro, Mourão, Paulo Guedes e dos generais a serviço dos capitalistas, latifundiários e banqueiros é o grande responsável pela tragédia que vive o povo pobre e trabalhador brasileiro. O avanço da fome e da situação miséria que já atinge mais da metade da população, o aumento do custo de vida e o maior nível de desemprego da história se somam as milhares de mortes diárias por Covid-19. Com cerca de 400 mil mortes subnotificadas, nossa tragédia real pode ser até 4 vezes maior, com o país se tornando o centro mundial da pandemia. Em ônibus e metrôs lotados, trabalhos precários e subempregos nosso povo caminha para a morte todos os dias. Entre passar fome ou ser contaminados pela Covid-19, escolhemos lutar pela vida e contra o genocídio. Lutar e vencer os governos e patrões genocidas, para vingar nossos mortos e honrar a memória das milhares de vidas perdidas. O auxílio emergencial miserável é um escárnio com o trabalhador brasileiro. O aumento nos preços dos alimentos, itens básicos e combustíveis é insuportável. No mesmo país que ganhou 11 novos bilionários durante a pandemia e os ricos furam a fila da vacina, falta oxigênio, medicamentos e vagas nos hospitais para os pobres. A contaminação e as variantes da doença se espalham pelo país. Enquanto isso, as direções das centrais sindicais e dos partidos eleitorais seguem de forma covarde e oportunista se negando a lutar contra o governo militar e genocida de Bolsonaro, interessados apenas nas eleições de 2022. Para reverter esse quadro e defender nossas vidas é necessário construir desde agora a Greve Geral e organizar a rebelião do povo pobre e trabalhador brasileiro, para: 1) Derrotar nas ruas o governo Bolsonaro/Mourão, os militares e o Congresso Nacional corrupto; 2) Garantir a vacinação imediata de toda a população e medidas sanitárias até a imunização completa contra a Covid-19 no país; 3) Conquistar uma renda básica digna no valor de um salário-mínimo para todos os trabalhadores e famílias pobres, exigir um amplo programa contra a fome, o controle e a fixação dos preços dos alimentos e dos combustíveis, a suspensão das contas de aluguel, energia e água, e; 4) Parar o genocídio do povo negro e pobre nas favelas e periferias, os ataques aos povos indígenas e ao meio ambiente, os despejos e a violência contra os acampamentos e assentamentos camponeses e as ocupações sem-teto. A Campanha pela Greve Geral é uma articulação nacional que reúne diversas organizações populares, movimentos combativos e coletivos independentes no país, para organizar a ação direta e a mobilização popular permanente com greves, ocupações, barricadas, ocupações, lutas combativas e unidade popular. Nesse 1º de Maio, data histórica de luta de nossa classe e memória dos mártires operários, convocamos os trabalhadores e trabalhadoras da cidade e do campo, a juventude combativa, os desempregados, as organizações indígenas, o povo negro, as associações de favelas e periferias e todos os lutadores e lutadoras do povo para construir a Greve Geral pela base e organizar a rebelião popular em defesa das nossas vidas e contra o genocídio promovido por esse governo fascista e pelos capitalistas. CAMPANHA NACIONAL PELA GREVE GERAL

Cherán K´eri, autogoverno e exemplo para os povos

No último dia 15 de abril, o autogoverno popular-indígena de Cherán K’eri, município do planalto purhépecha no estado de Michoacán, no México, celebrou os 10 anos do levante armado que libertou a cidade, expulsou o crime organizado, a polícia e os partidos políticos institucionais, dando origem ao autogoverno local baseado em conselhos comunitários de decisão coletiva, que funcionam segundo os próprios usos e costumes do povo purhépecha.   Em 2011, em um processo de libertação dirigido pelas mulheres indígenas, os cerca de 20 mil habitantes se ergueram contra os cartéis do crime organizado e as autoridades locais cúmplices do corte clandestino de árvores, da devastação dos bosques e dos assassinatos e sequestros pelo narcotráfico. Caminhões usados para o transporte de madeira foram incendiados, barricadas levantadas nas entradas da cidade, e o presidente municipal do PRI, cargo equivalente ao de prefeito, foi expulso da cidade, com o Palácio Municipal sendo ocupado pelo povo em armas. A assembleia comunitária para as discussões e decisões coletivas deu origem ao Concejo Mayor de Gobierno de Cherán K’eri, organismo de autogestão local que coordena 8 conselhos populares e administra as quatro zonas de Cherán. A Ronda Comunitária, formada por homens e mulheres, é o organismo de autodefesa popular, que funciona como uma polícia comunitária e patrulha os bairros da cidade purhépecha. Um organismo de justiça popular também foi instalado para julgar crimes locais, que se relacionam principalmente com o abuso de álcool. Os níveis de violência foram quase reduzidos à zero nesse período de autogoverno. Em fevereiro de 2012, o povo de Cherán apelando para leis internacionais conseguiu o direito legal na justiça mexicana à autodeterminação social e política, sendo o primeiro município autogovernado legalmente e reconhecido no México, inspirando outros povos indígenas do país. A conquista de Cherán como “município indígena”, assim como, a legalidade do seu governo comunitário a partir dos “usos e costumes”, está baseada nos artigos 5 e 6 do Convênio 169 da OIT, ratificado no México em 1990, assim como nos artigos 18 e 19 da Declaração das Nações Unidas sobre os Diretos dos Povos Indígenas, assinada em 2007. As mesmas fogueiras que foram instaladas no levante de 15 de abril de 2011 nas rotas dos caminhões dos talamontes (como são chamados os madeireiros ilegais ligados ao narcotráfico), continuam servindo hoje, 10 anos depois, como pontos de reuniões comunitárias onde ocorrem as assembleias de bairro, se tratam dos problemas locais e se decidem os representantes perante outras instâncias. Simbolizam também o “deus do fogo”, principal entidade espiritual dentro da cosmovisão purhépecha. A gestão eleita para o período de 2018-2021 do Concejo Mayor de Gobierno organizou neste mês de abril de 2021 uma grande programação de atividades para celebrar os 10 anos de autogoverno comunitário de Cherán. Durante a pandemia de Covid-19 os conselhos comunais organizaram também campanhas de saúde e prevenção. Cherán K’éri, a partir de seu autogoverno popular-indígena, da defesa do meio ambiente, do protagonismo das mulheres, da valorização da ancestralidade e dos organismos comunitários de autodefesa e justiça popular, representa hoje a esperança dos povos em decidir o próprio destino e o exemplo de autogestão e autodeterminação. Cherán, após 10 anos, segue resistindo e em alerta contra os cartéis que atuam em dos municípios próximos, apontando o caminho da libertação.     

Ivan Seixas, ex-preso político e guerrilheiro do MRT, fala sobre a luta armada contra a ditadura e o justiçamento de Boilesen

No marco dos 50 anos do justiçamento do empresário fascista Henning Albert Boilesen, entrevistamos o camarada Ivan Akselrud de Seixas, jornalista, ex-preso político e guerrilheiro urbano do Movimento Revolucionário Tiradentes, o MRT. Em 15 de abril de 1971, o Comando Devanir José de Carvalho, composto pela ALN, a Ação Libertadora Nacional, e o MRT, justiçou Albert Boilesen na alameda Casa Branca, em São Paulo. Devanir José de Carvalho, o Comandante Henrique, fundador do MRT e homenageado na ação havia sido assassinado pela ditadura no dia 7 de abril de 1971. A ALN, o MRT e outras organizações como a Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), o Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR) e o Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8) se articulavam na Frente Armada e resistiam a uma brutal repressão no início dos anos 1970. A ação que justiçou Albert Boilesen foi comandada por Carlos Eugênio da Paz, o Clemente, então comandante militar da ALN.     Boilesen, dinamarquês naturalizado brasileiro, era presidente do grupo Ultragaz e um dos organizadores do apoio empresarial ao regime dos generais. Articulava as doações de empresários à Operação Bandeirantes, a famigerada OBAN, acompanhando e participando pessoalmente de sessões de tortura. Na entrevista, o camarada Ivan Seixas nos fala também sobre sua atuação no MRT, a esquerda armada, o papel do PCB, o imperialismo e a relação da burguesia brasileira com a ditadura. CDR: Saudações camarada Ivan, primeiro gostaríamos que se apresentasse aos nossos leitores e falasse um pouco sobre sua trajetória e o Movimento Revolucionário Tiradentes. Ivan Seixas: Sou filho de um casal de comunistas, que se conheceram dentro da sede do Partido Comunista, no Rio de Janeiro. Meu pai era um operário mecânico, paraense, filho de pernambucano com cearense, e minha mãe era uma professora de ensino primário, gaúcha, filha de imigrantes russos, fugitivos dos massacres czaristas. Eu nasci em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, num bairro miserável, quase uma favela, e desde cedo vi meus pais e muitas outras pessoas lutando por condições mínimas de sobrevivência, tais como água, luz, esgoto, transportes, escolas e posto de saúde, entre outras. Meus pais foram expulsos do PCB, em 1953, por criticarem a linha política de uma direção que não tinha como objetivo a tomada do poder. Continuaram a lutar contra a ditadura da burguesia nos movimentos populares e sindicais. As lutas contra a ditadura econômica da burguesia foram agravadas quando houve o golpe militar, em 1964. Todas as pessoas que lutavam por conquistas mínimas de sobrevivência para a classe trabalhadora, passaram a lutar contra a ditadura política implantada pelos militares a serviço da burguesia. À época do golpe de Estado meu pai trabalhava na Petrobras e atuava no sindicato da categoria. Por essa causa perdeu o emprego e passou a constar nas listas sujas, que tinham os nomes dos inimigos da ditadura, que não poderiam ter empregos em nenhuma empresa, pública ou privada. O objetivo era fazer os que lutam passar fome com suas famílias. Meu pai, e por extensão toda a família, passou a fazer parte de organizações clandestinas de luta contra a ditadura. No Rio Grande do Sul, para onde voltamos após o golpe, na tentativa de fugir das listas sujas, meu pai se integrou a um movimento clandestino, que reunia ex-militares brizolistas e comunistas decepcionados com a inação do PCB e sua direção. Era o MR-26 – Movimento Revolucionário 26 de Março, que tinha esse nome por ser remanescente da primeira experiência de luta armada do Brasil pós-golpe, que é conhecida como “Guerrilha de Três Passos”, comandada pelo ex-coronel Jefferson Cardim e que foi deflagrada nesse dia. Em 1970, meu pai foi contatado por um companheiro de Petrobras e do sindicato dos petroleiros, que há tempos tentava esse contato. Trazia um convite dos companheiros do MRT – Movimento Revolucionário Tiradentes, que aglutinava forças na sua luta armada, em São Paulo. O convite foi aceito e nossa família se transferiu para a capital paulista para integrar a luta contra a ditadura. O MRT era uma organização revolucionária composta apenas por operários e trabalhadores de vários segmentos. O comandante da organização, Devanir José de Carvalho, era um torneiro mecânico e fundador do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC paulista, tinha sua base de atuação nessa categoria e nessa região. O segundo comandante era o operário da indústria gráfica Dimas Antônio Casemiro, nascido e atuante na região de Votuporanga, com família de camponeses. O terceiro comandante passou a ser meu pai. Todos comunistas de longa militância e marcados pela divergência com a direção reformista do PCB, desde antes do golpe. O nome do Movimento Revolucionário Tiradentes é uma homenagem ao MRT, braço armado das Ligas Camponesas, criado por Francisco Julião, em 1961. Vários militantes comunistas atuavam nessa organização das Ligas Camponesas como tarefa de seus partidos, notadamente o PCdoB – Partido Comunista do Brasil, que depois romperam com esse partido por ocasião do golpe e foram militar nas organizações de luta armada urbana. Entre esses havia vários que depois foram fundar o MRT em que eu atuei. Era a sinalização de que era uma organização de luta para a tomada do poder. Desde sua origem, o MRT atuou na ação armada e na busca de unidade das várias organizações de luta armada. A sua primeira grande ação foi a captura do cônsul japonês, em São Paulo, feita junto com a VPR – Vanguarda Popular Revolucionária, liderada pelo capitão Carlos Lamarca. A marca da organização sempre foi a dedicação radical e ostensiva na ação contra o inimigo, e a busca da unidade das esquerdas empenhadas na luta armada, numa grande Frente Armada. A linha política central do MRT era marxista-leninista e se definia como um “movimento”, que buscava a reorganização do Partido Comunista, que julgava extinto no Brasil. Por ser leninista, entendia que a luta armada é a forma eficaz e efetiva para a tomada do poder. Por não aceitar a ação armada desgarrada do trabalho político junto às massas trabalhadoras, o grupo dedicado às ações armadas era composto por, no máximo, dez pessoas. Nunca passamos de oito, mas a

VIVA OS 50 ANOS DO JUSTIÇAMENTO DE BOILESEN

Em 15 de abril de 1971, há 50 anos, o Comando Devanir José de Carvalho, formado pela Ação Libertadora Nacional (ALN) e pelo Movimento Revolucionário Tiradentes (MRT) justiçava o sádico empresário dinamarquês, naturalizado brasileiro, Henning Albert Boilesen. A heroica ação mostrou ao mundo a relação direta e umbilical entre a ditadura militar fascista, o empresariado brasileiro e as multinacionais. Albert Boilesen era presidente do Grupo Ultragaz e fundador do Centro de Integração Empresa Escola (CIEE), um dos organizadores do apoio dos empresários à Operação Bandeirante, a OBAN, embrião do DOI-CODI e composta por membros da Aeronáutica, Marinha, Polícia Federal, SNI e órgãos do Governo de São Paulo, que torturou e assassinou centenas de trabalhadores e militantes revolucionários. O Grupo Ultragaz, foi uma das cerca de 80 empresas brasileiras e multinacionais que forneciam apoio ou suporte direito à repressão, entre elas a Volkswagen, FIAT, Chrysler, Ford, General Motors, Toyota, Scania, Rolls-Royce, Mercedes Benz, Brastemp, Telesp, Kodak, Caterpillar, Johnson & Johnson, Petrobras, Camargo Corrêa, Embraer, Monark e outras. Boilesen, assim como, Paulo Henrique Sawaya Filho e Geraldo Resende Matos faziam parte do Grupo Permanente de Mobilização Industrial, frequentando assiduamente o DOPS paulista, participando pessoalmente das sessões de tortura e organizando a relação direta entre industriais como Nadir Dias de Figueiredo da FIESP, bancos e multinacionais com os centros de tortura, a repressão e os assassinatos políticos coordenados pelos delegados Romeu Tuma e Sérgio Paranhos Fleury, que dirigia também o Esquadrão da Morte. O auge da repressão no governo do general Emílio Garrastazu Médici, entre 1969 e 1974, após o AI-5, era uma resposta a ascensão das lutas do povo brasileiro contra a ditadura militar-empresarial, com as grandiosas manifestações estudantis, principalmente a Passeata dos Cem Mil no Rio de Janeiro, e as combativas greves operárias de 1968, como em Contagem (MG) e Osasco (SP), e ao avanço das ações das organizações da luta armada. Diante do imobilismo e da covardia da direção do Partido Comunista Brasileiro (PCB) em construir a resistência ao golpe de Estado de 1964 que derrubou João Goulart e a ditadura militar que se seguiu, um primeiro setor ligado ao trabalhismo e militares nacionalistas perseguidos iniciou a luta armada, primeiro com a Guerrilha de Três Passos (1965) e depois com a Guerrilha do Caparaó (1966-67). Com a radicalização de parte da esquerda cristã através da Ação Popular (depois Ação Popular Marxista Leninista), a saída de parte importante da direção do Partidão que ainda em 1962 formou o PCdoB maoísta, setores da POLOP (Organização Revolucionária Marxista Política Operária) favoráveis a luta armada e os rachas no PCB que deram origem ao Agrupamento Comunista de São Paulo, depois ALN, ao PCBR e as Dissidências Internas a partir de 1967, formou-se um amplo campo de setores que defendiam diferentes concepções de luta armada no Brasil e também atuavam nas lutas operárias, camponesas e estudantis. Em 1968, no auge das lutas populares combativas e ações armadas a esquerda brasileira conseguia balançar o poder da ditadura. Carlos Marighella, em sua “Mensagem aos operários do Brasil através da Rádio Havana – Cuba”, em 1967, durante sua partição na Conferência da Organização de Solidariedade Latino-americana, a OLAS, quando seria expulso do PCB, definia a situação histórica da seguinte forma: “É um círculo vicioso. O movimento de massas avança, em seguida é detido pelo golpe militar. Passa-se algum tempo de ditadura, mais ou menos duradouro, que nada resolve para o povo. Vem a desmoralização dos ditadores. Surgem os líderes burgueses que pleiteiam eleições e democracia para salvar o país (Lacerda, Frente Ampla, etc.). O movimento de massas cresce mais uma vez. Em seguida vem um novo golpe militar e tudo recomeça. É que por meio de eleições ou pela via pacífica jamais o povo brasileiro se libertará. Não há outro caminho para os trabalhadores senão conquistar o poder pela violência e destruir o aparelho burocrático militar do Estado, substituindo-o pelo povo armado.” Com o AI-5 em dezembro de 1968, a atuação ainda mais direta do imperialismo norte-americano nas ações militares e o governo Médici a partir de 1969, a repressão foi tomando contornos cada vez mais brutais e se ampliando também para setores da cultura, da classe média progressista e até mesmo da pequena-burguesia. Do outro lado, as organizações armadas que enfrentavam e resistiam à ditadura com a violência revolucionária formam a Frente Armada, articulando a ALN (maior organização guerrilheira e que havia perdido seus dois principais dirigentes, Marighella em 1969 e Joaquim Câmara Ferreira em 1970), o MRT, a Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), o Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR), o Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8, a antiga Dissidência Interna da Guanabara) e outras com menor participação. É nesse ambiente de aumento da repressão que Devanir José de Carvalho, o Comandante Henrique, operário guerrilheiro e fundador do Movimento Revolucionário Tiradentes (MRT) é sequestrado em 5 de abril, barbaramente torturado e assassinado pela ditadura no dia 7 de abril de 1971, quando a ALN e o MRT decidem executar Boilesen, que havia sido reconhecido por militantes torturadas. A ação que justiçou Albert Boilesen foi comandada por Carlos Eugênio da Paz, o Clemente, então comandante militar da ALN. A execução de Boilesen teve importância fundamental por revelar a participação direta e financiamento da empresários vinculados à Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP) nas torturas e assassinatos políticos. O dinamarquês era responsável pelo caixinha dos empresários, e além de “cobrar ingresso” para outros empresários acompanharem sessões de tortura, fornecia instrumentos aos torturadores, um deles ficou conhecido como a “pianola Boilesen”. A ação do Comando Devanir José de Carvalho ocorreu na alameda Casa Branca, em São Paulo, mesmo rua onde Marighella havia sido executado em 4 de novembro de 1969, e deixou muito evidente o papel dos empresários não só na articulação com a ditadura militar, como no sadismo em participar das sessões torturas de militantes da luta armada e de trabalhadoras e trabalhadores, visto que as empresas que participavam e apoiavam a ditadura usaram também a repressão, os métodos de torturas e assassinatos políticos contra seus

Manifesto do 1º de Maio Global – UM MUNDO, UMA LUTA!

Em todo o mundo, nós, trabalhadoras e trabalhadores, somos submetidos a níveis de superexploração para aumentar as taxas de lucro dos capitalistas e seu sistema de produção. Independentemente do nosso lugar de residência, de nosso gênero, sexualidade e nacionalidade, querendo ou não, estamos envolvidos em uma mesma luta. Os cortes nos serviços públicos e sociais, a precarização do trabalho, o arrocho salarial, as privatizações, o aumento do custo de vida, assim como a mercantilização da educação e a destruição dos ecossistemas e do meio ambiente, são apenas alguns dos sintomas do sistema econômico global. Um sistema baseado na exploração e na competição, que impõem a mercantilização de todos os aspectos de nossas vidas. Vivemos em uma situação crescente de exploração, assim como, de alienação de nossas necessidades e relações de trabalho. Isso ocorre tanto com trabalhadores como com os estudantes, e cada vez mais com jovens e crianças. A lógica dos mercados e dos Estados capitalistas impõem a produtividade e a competição acima do desenvolvimento humano. A reivindicação por uma Renda Básica Universal em nível global pode ser o primeiro passo para avançar na superação das relações de superexploração dos trabalhadores. Não pretendemos apenas parar, pretendemos impor nossas demandas. Considerando a natureza transnacional do sistema capitalista, também é necessário a articulação de trabalhadores e trabalhadoras em nível global. Conectando-nos através das fronteiras e das as relações globais que definem nossas condições locais, fazendo visíveis nossas lutas. Dessa forma, se abrem novas potencialidades e possibilidades de ação na luta contra a exploração e as condições de vida e trabalho precários. A capacidade de luta dos trabalhadores aumenta muito com a unidade como classe trabalhadora internacional. Especialmente em tempos de chauvinismo e racismo, desejamos uma luta comum, e nos negamos a sermos jogados uns contra os outros. Por uma vida digna para todos e todas! Abaixo as fronteiras! Nota sobre a pandemia de Coronavírus O mundo segue atravessando a grave pandemia de Covid-19. Como em todas as crises, os trabalhadores e pobres são os mais afetados. Diversas empresas obrigam a continuar produzindo sem condições sanitárias, negando o direito à quarentena. Se aprofundam as demissões em massa e os trabalhadores autônomos e ambulantes não possuem qualquer assistência social. Imigrantes e refugiados vivem sem locais dignos e condições sanitárias mínimas. Nós, lutamos por: – Garantia de renda e necessidades básicas para todos trabalhadores e trabalhadoras do mundo; – Condições sociais e sanitárias dignas para todos e todas; – Garantia do acesso livre e gratuito as vacinas contra a Covid-19 para todo o mundo; – Imediata suspensão dos pagamentos de água, energia, gás, aluguéis, telefone e internet. Que os ricos paguem por sua crise! Participam da iniciativa do 1º de Maio Global 2021: SAC – Suécia ∙ CGT – Espanha ∙ IWW – Reino Unido ∙ IWW – Alemanha ∙ FAU – Alemanha ∙ GWTUC – Bangladesh ∙ FOB – Brasil ∙ IP – Alemanha ∙ SR1M – Alemanha ∙ IWW – Irlanda Leia a chamada original em inglês e outros idiomas em globalmayday.net/gmd2021

Devanir José de Carvalho: homenagem a um operário militante

No dia de hoje, 5 de abril, quero prestar uma homenagem a um operário, torneiro mecânico, trabalhador da Vilares, que deu sua vida pela classe trabalhadora e nunca traiu sua classe ou decepcionou seus filhos, sua companheira e seus companheiros. É um exemplo a ser seguido. No dia 5 de abril de 1971, caiu meu Comandante Henrique, Devanir José de Carvalho, que foi levado ao DOPS (Departamento de Ordem Política e Social) para ser barbaramente torturado pela equipe do Esquadrão da Morte, do delegado Sérgio Fleury, militares do DOI-CODI e pelo Cônsul dos EUA, em São Paulo, Claris Howley Halliwell. Comandante Henrique não forneceu aos torturadores nem mesmo seu nome. “Quando chegou aqui, Henrique deu uma cusparada na cara do Doutor Fleury. Não falou nem mesmo o nome dele”, me contou o torturador Carlinhos Metralha para me amedrontar sobre o que me esperava lá naquele lugar de torturas e extermínio. Quando Henrique caiu, eu ainda estava solto e atuando no grupo de ação do MRT – Movimento Revolucionário Tiradentes. Para salvar Henrique das terríveis torturas, organizamos às pressas a captura do presidente da FIESP, Teobaldo de Nigris, que financiava e presenciava sessões de torturas junto com Henning Boilesen. Seria uma troca um por um. A vida do presidente da FIESP, entidade patrocinadora das torturas e da perseguição aos operários de São Paulo, pela vida do Comandante de quase todas as ações contra a ditadura em São Paulo. Não deu tempo. As torturas se prolongaram por quase 3 dias seguidos e no dia 7 de abril, por volta das 19 horas, Fleury, o capitão Ênio Pimentel Silveira, capitão Dalmo Lúcio Muniz Cirilo, o major Carlos Alberto Brilhante Ustra e o cônsul dos EUA em São Paulo, Claris Howley Halliwell, entre outros, executaram Devanir José de Carvalho sem que ele tivesse fornecido seu nome. Quando estávamos na porta da casa de Nigris, recebemos a informação de dentro do DOPS de que Fleury e cambada haviam assassinado Devanir “para não fazer dele um segundo Bacuri”. Essa mesma frase ouvi do torturador Carlinhos Metralha, numa referência ao Comandante Bacuri, Eduardo Collen Leite, torturado por longos 109 dias e assassinado dentro da Fortaleza dos Andradas, do Exército, na Baixada Santista. Os militares de hoje, que mantém o genocida delinquente presidencial, querem manter a impunidade para seus colegas de farda, que torturaram Devanir e tantos brasileiros e brasileiras, que lutavam contra a outra ditadura, instalada sob o patrocínio, orientação e manutenção de uma potência estrangeira, os EUA, do senhor Claris Howley Halliwell. Os mesmos militares que assassinaram Eduardo Collen Leite, o Comandante Bacuri, dentro da fortaleza do Exército, na Baixada Santista. Os nomes de Devanir José de Carvalho, Comandante Henrique, operário e gênio militar, de Eduardo Collen Leite, Comandante Bacuri, e tantos outros e outras militantes da luta contra a ditadura e pela libertação da Classe Trabalhadora da exploração capitalista, sempre serão lembrados pelo nosso povo. Já essa rastaquera que assaltou o país não. DEVANIR JOSÉ DE CARVALHO, PRESENTE! ABAIXO A DITADURA, DO PASSADO E DO PRESENTE! Por Ivan Seixas, jornalista, ex-preso político, guerrilheiro e militante do Movimento Revolucionário Tiradentes – MRT.

Haiti: por uma nova Revolução Negra contra a ditadura neoliberal

O povo haitiano protagonizou a primeira revolução libertadora latino-americana, abolindo a escravidão e conquistando a independência do país. A vitoriosa rebelião negra de São Domingos, liderada por Jean-Jacques Dessalines na abertura do séc. XIX (1791-1804), sacudiu o Caribe colonial, aterrorizou senhores de escravos e inspirou diversas rebeliões negras em todo o mundo. Mas desde sua libertação do domínio colonial francês, o país passa por um interminável ciclo de governos despóticos, intervenções estrangeiras, golpes, tiranicídios, rebeliões e profunda pobreza. Nos últimos meses o Haiti vive uma situação de rebelião popular permanente, com mobilizações massivas nas ruas contra o governo neoliberal de Jovenel Moïse, a corrupção e as condições sociais do povo, e ao mesmo tempo, entrou em uma nova uma espiral de caos e violência reacionária. A situação política se deteriorou ainda mais, quando em 7 de fevereiro desse ano o presidente reacionário Jovenel Moïse consumou um novo Golpe de Estado. Membro do partido neoliberal Tèt Kale (PHTK), o corrupto Moïse tem 52 anos e é empresário. Chegou ao poder em meio a acusações de fraude e após eleições com apenas 21% de participação, em 2016. A crise do seu governo teve início com o esquema de corrupção que desviou mais de 2 bilhões de dólares do fundo da Petrocaribe e das agressivas medidas neoliberais aplicadas, impostas após um acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), que acabaram com os subsídios dos combustíveis e iniciaram a privatização do setor elétrico do país. Com o Golpe de Estado, Moïse tenta manter seu mandato indefinidamente usando a violência política paramilitar e a repressão contra o povo e a oposição, contando com o apoio de potências imperialistas, principalmente dos Estados Unidos, Canadá e França. O legislativo foi fechado em janeiro, após os parlamentares entregarem seus mandatos e agora o governo golpista quer alterar a constituição através de um referendo em 25 de abril organizado pelo Conselho Eleitoral Provisório (CEP), cujos membros foram indicados pelo próprio Moïse, e que tem o apoio da Organização das Nações Unidas (ONU) e da OEA. As centrais sindicais do país, organizações de trabalhadores rurais e urbanos, movimentos de mulheres, diversas agrupações da diáspora, além do próprio judiciário, parlamentares, câmaras empresariais, a Conferência Episcopal, setores evangélicos e a ordem dos advogados conformam a oposição e se colocam contra essa nova ditadura neoliberal, dando início a uma situação de duplo poder, já que o governo Moïse mantém o controle do Estado haitiano – em particular as suas forças repressivas – enquanto a grande maioria dos setores da sociedade civil decidiram nomear um presidente provisório – o juiz Joseph Mécène Jean Louis – com o objetivo de comandar o que chamam de “transição de ruptura” e convocar eleições a médio prazo. Esse presidente provisório tem o apoio de toda oposição, que inclui setores progressistas e liberais, assim como, nacionalistas e anti-neoliberais que se articulam no polo de oposição mais radical chamado de Fórum Patriótico Popular. O setor conservador da oposição, por sua vez, compete pelo apoio da Embaixada dos EUA. O grande número de fundações, agências de cooperação, ONGs coloniais e igrejas neopentecostais norte-americanas tentam cooptar e desmobilizar os movimentos de trabalhadores rurais e urbanos, mas isso não foi suficiente para impedir que o povo haitiano fosse para as ruas protestar em mobilizações radicalizadas e massivas contra o Golpe de Estado, a violência estatal, a corrupção e a ingerência estrangeira. As grandes mobilizações nacionais continuam nesse mês de abril. Em fevereiro, trabalhadores paralisaram o país com uma Greve Geral e outra foi convocada no último dia 15 de março. A longa tradição combativa e de luta pela vida do povo haitiano é marcada também por tragédias. Em 2010 um terremoto deixou cerca de 300 mil mortos e mais 300 mil feridos, destruindo parte da capital, Porto Príncipe. Após o terremoto, uma epidemia de cólera tomou conta da ilha afro-caribenha, que tem cerca de 10 milhões de habitantes e é um dos países mais pobres do mundo. Os governos imperialistas, principalmente os EUA, intervém e ocupam militarmente o Haiti por décadas, com a desculpa de realizar “missões humanitárias”. As últimas ações militares se deram com a ocupação da MICIVH (1993) e depois com a sanguinária Minustah (2004-2017), quando o país foi ocupado por tropas da ONU lideradas pelo Brasil durante os governos do PT/PMDB e coordenadas por figuras como carcomido e fascista general Augusto Heleno, atual ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) do governo genocida Bolsonaro/Mourão. A ocupação militar do Haiti pela Minustah, com massacres, estupros e diversas violações de direitos humanos prepararam as tropas brasileiras para a inédita política de ocupação militar de territórios urbanos no Brasil, as Unidades de Polícia Pacificadora, as famigeradas UPPs, implementadas pela política de segurança pública genocida dos governos do PT/PMDB. Desde 1957 todos os governos haitianos tiveram intervenção do imperialismo norte-americano, que também patrocinou os golpes que derrubaram o governo do ex-padre progressista Jean-Bertrand Aristide, primeiro em 1996 e depois em 2004. O povo negro haitiano segue com uma disposição heroica de luta e resistência nas ruas, em um país destruído economicamente, esgotado pela pobreza extrema, tragédias ambientais, corrupção, políticas neoliberais e intervenções imperialistas. Apenas a unidade anti-imperialista e a aliança entre trabalhadores da cidade e do campo, a juventude combativa e as organizações populares podem derrotar a ditadura neoliberal de Jovenel Moïse e garantir a construção de um futuro digno para o sofrido povo haitiano. ABAIXO A DITADURA NEOLIBERAL DE MOÏSE E O IMPERIALISMO NO HAITI!TODO PODER AO POVO! POR UMA NOVA REVOLUÇÃO NEGRA E LIBERTADORA!